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31 de março de 2011

HENRY BRANDON, O SINISTRO DR. FU MANCHU

Quem diria que o amedrontador Cicatriz de “Rastros de Ódio” começou no cinema numa comédia do Gordo & Magro. Isso ocorreu, em 1934, já como bandidão, ameaçando Ollie e Stan em “Era uma vez Dois Valentes” (Babies in Toyland). E também poucos poderiam supor que aquele jovem ator de 22 anos, alemão de nascimento, se tornaria um dos grandes vilões da tela. Para isso acontecer teve que mudar seu nome verdadeiro que era Heinrich Von Kleinbach adotando o nome artístico de Henry Brandon, muito mais fácil de ser gravado pelos fãs. Nascido em Berlin, em 1912, seus pais imigraram para os Estados Unidos antes mesmo de Henrich começar a andar. Bem cedo Brandon se decidiu pela carreira de ator e ganharia grande destaque criando o personagem 'Dr. Fu Manchu' no seriado “Os Tambores de Fu Manchu”, de 1940, que fez enorme sucesso entre a garotada que vibrava com os filmes em episódios. Antes de protagonizar Fu Manchu, Brandon atuou como coadjuvante nos seriados “Jim das Selvas” (com Grant Withers, Brandon era O Cobra), “Agente Secreto X-9” (com Scott Kolk, Brandon era Blackstone) e “Buck Rogers” (com o ‘Rei dos Seriados’ Larry Buster Crabbe, Brandon era o Capitão Laska). Nesse período apareceu em alguns filmes importantes, entre eles “Amor e Ódio na Floresta” (The Trail of the Lonesome Pine), com Henry Fonda; “O Jardim de Alá”, com Marlene Dietrich; “Uma Nação em Marcha” (Wells Fargo), com Joel McCrea; “Beau Geste”, com Gary Cooper; “O Filho de Monte Cristo”, com Louis Hayward. O sucesso de “Os Tambores de Fu manchu” foi tamanho que foi anunciado que haveria uma continuação, o que deixou as crianças alvoroçadas em grande expectativa. Mas essa sequência nunca aconteceu e a carreira de Henry Brandon limitou-se a papéis secundários que ele intercalava com atuações no teatro que ele amava até mais que o cinema. Com 1,96 de altura, o que incomodava os galãs menores e com sua forte feição germânica, Henry Brandon interpretou não só alemães, mas também orientais, asiáticos, europeus em geral, nativos africanos e norte-americanos. O grande problema dessa versatilidade é que ficou estigmatizado como ator multi-racial e somente no palco é que conseguia demonstrar o excelente intérprete que era, especialmente em tragédias gregas como “Medéia”, em que como ‘Jason’ atuou ao lado de Judith Anderson.


Mas grandes papéis estavam reservados para a carreira de Henry Brandon e um deles foi no espetacular faroeste “Vera Cruz”, de 1954, em que interpretou o refinado e irritadiço Capitão Danette, em memorável cena com Burt Lancaster, na recepção no palácio do Imperador Maximiliano. Em sua longa carreira Henry Brandon interpretou por 26 vezes índios de quase todas as tribos indígenas norte-americanas, mas foi como o comanche Cicatriz (Scar) que se imortalizaria, sendo para sempre lembrado como o mais sinistro índio dos faroestes, em “Rastros de Ódio”. A sombra de Cicatriz projetada sobre a lápide onde estava escondida a pequena Debbie é imagem indelével e assustadora criada por John Ford. E a cada aparição de Cicatriz na tela aumentava a tensão desse grande western. A partir daí Henry Brandon atuaria exaustivamente, nunca lhe faltando trabalho, seja no cinema ou na TV. Repetiria um papel de chefe índio (Quanah Parker), sob a direção de John Ford em “Terra Bruta”, em 1961. Próximo do final de sua carreira seria visto como oficial nazista em “Sou ou não Sou”, de Mel Brooks, em 1983. Henry Brandon, que nunca foi casado, manteve duradoura amizade com Mark Herron, ator que chegou a ser casado com Judy Garland. Henry faleceu em 1990, aos 77 anos, permanecendo para sempre na memória dos cinéfilos como um daqueles vilões que gostávamos muito de odiar.

Um comentário:

  1. Adoro essas matérias com atores que se destacaram apenas como coadjuvantes. Gostei muito de saber mais da carreira do inesquecível "Scar" de "Rastros de Ódio".
    Caramba, não é que aquele índio era... ALEMÃO???!!!

    Edson Paiva

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