UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

11 de março de 2011

DIVIDINDO O OSCAR COM UM CAVALO

Kid Sheleen e seu cavalo
Os gêneros cinematográficos comédia e western nunca foram muito bons de Oscar. Ao longo de tantos anos de entrega do prêmio máximo do cinema norte-americano, a Academia de Cinema de Hollywood poucas vezes concedeu a estatueta a faroestes e comédias ou a artistas que atuaram neles. A premiação de 1966 foi uma enorme surpresa pois quem ouviu a célebre frase “...and the winner is...” para Oscar de Melhor Ator havia feito um western e pior ainda, western em tom de comédia chamado “Dívida de Sangue” (Cat Ballou). Entre os indicados para o prêmio, naquela noite, estavam Oskar Werner, Richard Burton, Rod Steiger e o grande favorito Laurence Olivier. Por fora, montado num pangaré aparentemente movido a álcool, corria Lee Marvin, que acabaria sendo o grande vencedor. Para desgosto do produtor, diretor, roteirista, esposa, filhos, pai, mãe e um enorme etc. sempre repetido a cada prêmio, Lee, num dos discursos mais curtos e mais engraçados de todos os tempos disse apenas: “Half of this probably belongs to a horse out in the Valley somewhere". (Metade dele provavelmente pertence a um cavalo que deve estar por aí em um vale qualquer.) Porém engana-se quem pensa que foi fácil para Lee chegar até esse Oscar. Para começar o papel havia sido escrito para Kirk Douglas, que ao ler o script declarou que jamais faria algo tão ridículo e estúpido. O agente de Jack Palance fez de tudo para conseguir o papel para Jack. No entanto o diretor Elliot Silverstein insistiu que Lee Marvin seria o ator ideal, contrariando o produtor e toda a cúpula da Columbia que só conhecia Lee Marvin como um tough guy acostumado a jogar café fervendo no rosto de mulheres. Silverstein era bom observador e percebeu que Lee havia proporcionado momentos muito engraçados em “Os Comancheiros” e em “O Aventureiro do Pacífico”. Durante a pré-produção foram feitos diversos takes para testes e Lee Marvin não convencia como o pistoleiro beberrão Kid Sheleen. Lee chegou a ser dispensado pelo produtor a dois dias do início das filmagens, mas o que a Columbia não esperava é que Elliot Silverstein ameaçasse sair junto com Lee e aí então todo o trabalho preliminar (e muito dinheiro) seria perdido. O diretor ganhou o braço de ferro e Lee Marvin fez o mundo inteiro rir com sua hilariante interpretação, deixando tristes apenas um inglês, um galês, um alemão e o novaiorquino Rod Steiger. “Dívida de Sangue” abriu um novo filão no cinema norte-americano que foi o western-comédia pois depois do sucesso de “Cat Ballou” muita gente tentou fazer rir montando um cavalo e trocando tiros. Até mesmo Kirk Douglas virou “Cactus Jack, o Vilão”, alguns anos depois, ao lado de Ann-Margret que por sinal era a primeira opção da Columbia para ser Cat Ballou, perdendo o papel para a novata Jane Fonda. Tudo foi perfeito e irresistivelmente engraçado em “Cat Ballou”, com narração musical de Stubby Kaye e Nat King Cole. Pena que o grande cantor não tenha chegado a ver o sucesso do filme pois morreu em 15 de fevereiro de 1965 e o filme só foi lançado em junho do mesmo ano. Um conselho para alguém que esteja meio triste: assista “Cat Ballou” e morra de rir com Lee Marvin e seu cavalo.

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