Kirk Douglas chega hoje, dia 9 de dezembro, ao seu centésimo aniversário, ele que foi um dos maiores astros de sua geração e que inscreveu com letras de ouro seu nome na cinematografia mundial. Esta postagem relembra os faroestes de Kirk Douglas resenhados no WESTERNCINEMANIA, homenagem a quem tantas emoções levou aos cinéfilos em geral e aos westernmaníacos em especial.
UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN
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9 de dezembro de 2016
4 de agosto de 2016
O DIA EM QUE JOHN WAYNE ESCAPOU DE APANHAR DE ALGUÉM MAIS FORTE QUE ELE
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John Wayne e Kirk Douglas |
A não ser quando dirigido por John
Ford, John Wayne atormentou a vida de quase todos os diretores com quem
trabalhou depois de ficar famoso. Certa vez, durante as filmagens de “Rio
Lobo”, o Duke se intrometeu tanto na direção que Howard Hawks disse a ele: “Como é bom ganhar sem trabalhar. Digo isso
pois você é quem está dirigindo este faroeste...” Por sinal “Rio Lobo” foi o
mais fraco dos filmes que o Duke fez com Hawks. Se essas coisas aconteciam
quando Wayne era contratado para atuar, imagine-se o que ocorria quando ele
produzia algum filme através da sua Batjac. Esse foi o caso de “Gigantes em
Luta” (The War Wagon) em que Kirk Douglas atuou ao lado de Wayne, western
produzido pela Batjac em 1967. Douglas declarou tempos depois: “Olhem, eu sou meticuloso quando estou produzindo algum filme, mas John
Wayne é muito mais chato do que eu. John chega nos sets de filmagem antes de
todo mundo, checa tudo minuciosamente e fica o tempo inteiro dando palpites.
Pobre do Burt Kennedy que não sei como aguentou passar por aquilo...”
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Burt Kennedy e John Wayne |
O
provocador Kirk Douglas - Burt Kennedy foi contratado para
dirigir e teve que se submeter ao temperamento inquieto e nem sempre polido de
John Wayne. Kirk Douglas, que recebeu 300 mil dólares e mais uma porcentagem
sobre os lucros do filme, entendeu-se melhor com o Duke, a quem gostava de
provocar. Numa sequência em que John Wayne ‘dirigia’ em lugar de Burt Kennedy,
Wayne posicionou os atores como gostava de fazer, ladeando-o e ele falando ora
com os da direita e ora com os da esquerda. Enquanto Wayne falava com os atores
à sua esquerda, Kirk à sua direita se afastou sorrateiramente e quando Wayne
foi olhar para ele, Kirk estava agachado... enchendo uma caneca do café que
estava numa fogueira. Nervoso Wayne perguntou: “Por que você saiu de perto de mim?” Sorrindo, o galhofeiro Kirk
respondeu: “Assim a cena fica mais
natural...”, com o que Wayne acabou concordando. Se com Douglas não ocorreu
nenhum problema maior, o mesmo não se pode dizer em relação a Howard Keel.
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Howard Keel |
Gigantes
quase em luta - Passado o tempo dos musicais, Howard Keel começou a ter
cada vez menos propostas de trabalho e aceitou interpretar o índio Levi Walking
Bear em “Gigantes em Luta”. John Wayne com seu costume de dar instruções desprovido
de qualquer delicadeza, empurrou Howard Keel com força para a posição que ele
queria e o ator-cantor não gostou. Isso se
repetiu mais duas vezes até que Keel perdeu a paciência. Howard tinha a mesma
altura de John Wayne (1,93m), mas era 12 anos mais novo e muito mais forte que
o Duke que ainda se recuperava da retirada de um pulmão dois anos antes,
respirando muitas vezes com a ajuda de um tubo de oxigênio. Ao ser empurrado mais
uma vez, todos que estavam no set empalideceram ao escutar o que Howard Keel
disse para Wayne: “Pare com isso! Se você
me empurrar de novo eu vou esquecer quem você é e como você está e vou empurrar
você com um soco na sua cara!” Mais que todos Wayne ficou surpreso e calado
por alguns segundos, pedindo em seguida desculpas a Keel. Se Duke resolvesse brigar sabia
que levaria a pior
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John Wayne socando Howard Keel em "Gigantes em Luta". |
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John Wayne e Kirk Douglas |
O
Duke quase atropelado - Esperava-se que Wayne despedisse
Keel, o que não aconteceu, ainda que as relações entre os dois demonstrasse
claramente que jamais poderiam ser amigos. E também Keel nunca mais foi
empurrado por Wayne que se mostrou a partir daí mais prudente. O simpático e
muito querido Howard Keel encontrou uma boa oportunidade anos mais tarde na interminável
série “Dallas”, na qual atuou por dez anos em 268 capítulos. Claro que Wayne
nunca empurrou Kirk Douglas, também produtor e de certa forma muito melhor
sucedido que o Duke. Realizados no mesmo ano de 1960, “Spartacus”, produção da
Bryna de Douglas, foi um extraordinário sucesso de público e crítica, enquanto
“O Álamo” deixou Wayne praticamente a zero financeiramente e desagradou boa
parte da crítica. “O Álamo” rendeu 20 milhões de dólares e o épico de Douglas
bateu nos 60 milhões. A diferença é que Wayne acabou não recebendo um único centavo
de dólar pelo filme da sua vida. O republicano Wayne e o democrata Douglas
nunca trocaram uma só palavra sobre política pois sabiam que se isso
acontecesse a mútua admiração poderia esfriar.
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Na foto à esquerda pode-se observar o quanto Howard Keel estava mais forte que John Wayne; à direita Howard Keel parecendo Sansão. |
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Howard Keel vendo-se Doris Day sentada. |
Artista
queridíssimo - Se Howard Keel acertasse o combalido John Wayne, seria como
se a carroça blindada e carregada de ouro de “The War Wagon” tivesse passado
por cima dele. Ainda bem que isso não aconteceu e Keel será sempre lembrado
como o ‘Adam’, o mais velho dos irmãos Pontipee em “Sete Noivas para Sete
Irmãos”. Ou ainda como Wild Bill Hickok no igualmente adorável “Ardida como
Pimenta” (Calamity Jane) no qual Keel aparece vestido como índio pagando uma
aposta perdida para Calamity. Figura marcante em tantos musicais inesquecíveis da MGM,
impondo-se não apenas pelo seu porte mas também por sua fantástica voz de
barítono, nos anos 60 Keel atuou em dois faroestes produzidos por A.C. Lyles em
sua famosa série cujos elencos eram formados apenas por veteranos como Howard
Keel. A imagem deixada por Howard Keel em Hollywood foi a de um verdadeiro
gigante gentil, querido que era por toda a comunidade artística. Menos, claro,
que por John Wayne.
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Doris Day (Calamity Jane) e Howard Keel (Wild Bill Hickok); à direita Howard Keel vestido como índio em "Ardida como Pimenta". |
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Howard Keel e Betty Hutton em "Bonita e Valente" (Annie Get Your Gun); à direita Jane Powell com Howad Keel em "Sete Noivas para Sete Irmãos". |
12 de julho de 2016
28 de maio de 2016
QUAL O MAIS PREMIADO WESTERN DO CINEMA? “OS IMPERDOÁVEIS” OU “DANÇA COM LOBOS”?
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"Cimarron", Oscar em 1931. |
Produzidos em anos muito próximos, “Dança
com Lobos” (Dances with Wolves) e “Os Imperdoáveis” (Unforgiven),
respectivamente 1990 e 1992, esses dois faroestes juntos ganharam uma penca de
prêmios Oscar como jamais o gênero western imaginou receber. Foram onze, no
total, sete para o filme de Kevin Costner em doze indicações; e quatro para o
de Clint Eastwood em nove nominações. Quem chegou mais próximo desses números
foi “Butch Cassidy”, em 1969, que conquistou quatro Oscars tendo sido indicado
para sete categorias. Porém “Dança com Lobos” e “Os Imperdoáveis” venceram em
categorias consideradas mais importantes, como as de Melhor Filme e Melhor Diretor,
tendo ainda “os Imperdoáveis” propiciado a Gene Hackman o de Melhor Ator
Coadjuvante. Anteriormente apenas “Cimarron” (1931) havia recebido o Oscar de
Melhor Filme e foi necessário esperar quase seis décadas para um faroeste
voltar a receber o cobiçado prêmio. Além do Oscar, “Dança com Lobos” e “Os Imperdoáveis”
receberam lauréis em muitas outras premiações e festivais em diversos países.
Cada um desses dois filmes têm fãs
ardorosos e não raro cinéfilos discutem qual deles seria o melhor, contenda cujo
consenso é quase impossível pois os argumentos de lado a lado são muito convincentes.
Uma possibilidade de se chegar a uma conclusão seria ver qual desses dois
westerns recebeu mais láureas, não apenas da Academia de Cinema de Hollywood,
mas mesmo assim o resultado é pouco objetivo pois eles concorreram em anos
distintos, enfrentando concorrentes igualmente distintos. De concreto fica a
certeza que muito dificilmente um outro western voltará a conquistar tantos prêmios
em academias, associações e sindicatos de categorias específicas como “Dança
com Lobos” e “Os Imperdoáveis”. Mesmo porque a produção de westerns é cada vez menos
frequentes e os de qualidade são verdadeiras raridades. Contados os prêmios
recebidos no mundo todo, “Dança com Lobos” abocanhou nada menos que 50 prêmios,
enquanto o faroeste de Clint Eastwood levou para casa 40 lauréis. Em caso de
dúvida, o melhor que o westernmaníaco faz é rever os dois excepcionais filmes e
fazer seu próprio julgamento, numa muito prazerosa tarefa.
12 de fevereiro de 2016
COMO JOHN WAYNE LEVOU O OSCAR VENCENDO ATORES EXCEPCIONAIS
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Acima John Wayne e Rock Hudson em "Jamais Foram Vencidos"; abaixo Rock. |
No final dos anos 60 o mundo havia
mudado bastante. A convulsão social parisiense em maio de 1968; os três dias de
rock, drogas e sexo em Woodstock; a interminável guerra do Vietnã. O cinema refletia
essa agitação global com filmes ultraviolentos como “Bonnie & Clyde” e “Meu
Ódio Será Sua Herança” ou filmes atrevidos que tocavam em temas polêmicos como “Bob
and Carol and Ted and Alice” e “Perdidos na Noite”. John Wayne, há duas décadas
na lista dos campeões de bilheteria e um dos mais queridos atores
norte-americanos era reconhecido e temido por sua visão política retrógrada e
defensor intransigente de um discutível ideário social. Em 1969 John Wayne
filmou para a 20th Century-Fox “Jamais Foram Vencidos” (The Undefeated), tendo
como coastro Rock Hudson. Todos sabiam que Hudson era gay e tudo indicava que
para o Duke seria difícil a convivência com ele durante os dois meses de
filmagens pois John Wayne, decididamente, não gostava de gays. Para surpresa
geral ambos se deram bastante bem, respeitosamente bem, ainda que intimamente o
Duke não aceitasse a opção sexual de Hudson. Certo dia, durante as filmagens em
Sonora, no México, Rock Hudson estava diante das câmaras e John Wayne sentado
observava, tendo sua filha Aissa, então com 14 anos, a seu lado. Wayne comentou com Aissa: “Veja só o rosto de Rock Hudson. Que
desperdício um rosto desse numa bicha. Imagine, filha, o sucesso que eu faria
se tivesse um rosto igual ao dele”.
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John Wayne e John Schlesinger |
Concorrência
fortíssima - Quando “Jamais Foram Vencidos” foi lançado, era dada como
certa a indicação de John Wayne para o Oscar por sua interpretação como ‘Rooster
Cogburn’ em “Bravura Indômita” (True Grit), o que de fato aconteceu. John Wayne
havia sido indicado uma única vez ao prêmio, isso em 1949, por sua atuação em
“Iwo-Jima – O portal da Glória”, tendo perdido para Broderick Crawford por seu
trabalho em “A Grande Ilusão”. 20 anos mais tarde e John Wayne teria nova
oportunidade de disputar o cobiçado prêmio máximo do cinema, ainda que suas
chances fossem, aparentemente, remotíssimas. Isto devido aos demais indicados:
Richard Burton por “Ana dos Mil Dias”, Peter O’Toole por “Adeus, Mr. Chips”,
Dustin Hoffman e John Voight ambos por “Perdidos na Noite”. Para avaliar suas
chances, John Wayne decidiu assistir aos três filmes na sala de projeção de sua
casa e considerou extraordinárias as atuações de Burton e O’Toole. Os dois
atores britânicos juntos acumulavam oito indicações até aquele ano, cinco para
Burton e três para O’Toole, o que os tornava candidatos ainda mais fortes ao
prêmio. Então John Wayne foi assistir ao filme de John Schlesinger, diretor
abertamente gay e que em “Perdidos na Noite” mostrava um jovem cowboy
recém-chegado a Nova York e que termina por se prostituir.
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O Duke como Rooster Cogburn; John Voight e Dustin Hoffman à direita; Richard Burton como Henrique VIII e Peter O'Toole como Mr. Chips. |
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John Wayne recebendo o Oscar pelas mãos de Barbara Streisand. |
‘O
conjunto da obra’ - John Wayne confessou que assistiu
horrorizado a “Perdidos na Noite”, não conseguindo entender como um filme como aquele obtivera o certificado (‘R’) de censura pois não deveria ser exibido em
cinema algum dos Estados Unidos. Porém se o drama de Schlesinger o impressionou
negativamente, Wayne ficou comovido e maravilhado com as interpretações de
Hoffman e Voight em “Perdidos na Noite”. Mais perdido ficou ele em relação às
probabilidades de vencer atores tão fantásticos, chegando a dizer que o prêmio
deveria ser dado a Dustin Hoffman, mas tinha certeza que Richard Burton, então
marido de Liz Taylor, seria o vencedor. Porém grande parte dos membros da
Academia, de maioria liberal, pensava diferente e resolveu que, apesar de suas posições
conservadoras e de ser politicamente um ultradireitista, chegara a vez de John
Wayne levar a estatueta para casa. Entre as hipóteses dessa escolha estavam:
tudo que Wayne havia feito em sua longa carreira pelo cinema; a injustiça
cometida com sua não premiação pela interpretação como ‘Ethan Edwards’ em
“Rastros de Ódio”; a luta contra o câncer que ele havia vencido alguns anos
antes e que emocionara todo país. Como ‘Rooster Cogburn’, John Wayne havia tido
mais uma de sua muitas boas interpretações, mas daí a vencer os demais
concorrentes, só mesmo se as referidas questões extra-“True Grit” falassem mais
alto. E como falaram! Na noite de 7 de abril de 1970, no Dorothy Chandler
Pavilion, em Los Angeles, John Wayne recebeu das mãos de Barbara Streisand o
Oscar que premiava, como se costuma dizer, “o conjunto da obra” do maior cowboy
do cinema.
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John Wayne |
Idolatrado
cowboy - Dustin Hoffman ganharia, em anos posteriores, o Oscar duas
vezes e John Voight uma vez. Peter O’Toole teria de se contentar com um Oscar
Honorário recebido quando já era um velhinho e Richard Burton nem isso. Quanto a John Wayne, claro que o prêmio
ficou bem na estante de sua casa em Newport Beach, na Califórnia. Mas hoje, 46 anos
depois daquela premiação, pode-se afirmar que o Oscar quase nada acrescentou à
veneração que os cinéfilos tem por John Wayne, uma das figuras máximas do
universo cinematográfico. Com ou sem o prestigiado prêmio, o truculento, homofóbico e reacionário John Wayne
nunca deixou de morar no coração dos westernmaníacos.
10 de dezembro de 2015
OS POUCO RECOMENDÁVEIS QUATRO WESTERNS ESTRELADOS POR FRANK SINATRA
Comemora-se no 12 de dezembro de 2015 o
centenário de nascimento de Frank Sinatra, um dos mais importantes artistas do
século passado. Sinatra destacou-se na música e como ator fez uma bela carreira
chegando mesmo a receber um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por seu excelente
desempenho em “A Um passo da eternidade”. A filmografia de Frank Sinatra contém
muitos dramas, comédias, policiais, filmes de guerra e como não poderia deixar
de ser musicais. Alguns dos musicais estrelados pelo ‘The Voice’ são
verdadeiramente antológicos, destacando-se “Um Dia em Nova York”, “Marujos do
Amor” e “Alta Sociedade”, além dos clássicos “Meus Dois Carinhos”, “Eles e Elas”
e “Can-Can”, este último um filme injustamente menosprezado. E Sinatra fez westerns também, quatro apenas
numa filmografia de mais de 50 títulos, mas não será por esses westerns que ele
será lembrado pois o melhor desses quatro filmes é apenas regular. Certamente
muito se falará de Sinatra nesta semana e o WESTERNCINEMANIA homenageia o
cantor-ator lembrando dos filmes em que Sinatra usou chapéu, calçou botas,
lenço no pescoço e, meio desajeitado, colocou um Colt na cintura.
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Gene Kelly e Sinatra em "Marujos do Amor"; Sinatra, Jules Munshin e Gene Kelly em "Um Dia em Nova York"; Sinatra e Grace Kelly em "Alta Sociedade". |
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Sinatra entre Kim Novak e Rita Hayworth em "Meus Dois Carinhos"; Marlon Brando e Sinatra em "Eles e Elas"; Sinatra, Shirley MacLaine e Louis Jourdan em "Can-Can". |
“Redenção
de um Covarde” (Johnny Conchos), 1956, direção de Don McGuire – O primeiro
western de Sinatra, por ele produzido e que acabou sendo o melhor deles, mesmo longe
de ser um grande filme. Sinatra interpreta um covarde que se redime motivando a população da pequena cidade a enfrentar uma dupla de bandidos. Sinatra tem boa atuação após se consagrar como ator dramático em “O Homem do Braço de Ouro” (1955) e também
no drama noir “Meu Ofício é Matar”, sem falar de Sinatra como 'Angelo Maggio' em "A Um Passo da Eternidade". Em "Redenção de um Covarde" William Conrad, Leo Gordon e Claude Akins
são alguns dos atores coadjuvantes, todos com muito mais jeito de cowboy que
o desengonçado Sinatra.
“Os
Três Sargentos” (Sergeants 3), 1962, direção de John
Sturges – Este é um daqueles filmes em que os atores parecem se divertir mais que a
plateia, não demonstrando a menor preocupação com o público pagante. No auge da fama e do poder, Sinatra gostava
de reunir seu grupo de amigos – Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford,
Joey Bishop e outros – e tornar os sets de filmagens uma verdadeira farra. Sinatra deu um jeito
até de colocar Sammy Davis Jr. como uma espécie de Gunga Din neste filme. Apesar do nome
prestigioso de John Sturges na direção e algumas boas sequências, a melhor
coisa dessa comédia-western é Henry Silva como um índio. Nota três para esses
três sargentos.
“Os
Quatro Heróis do Texas” (4 for Texas), 1963, direção de Robert
Aldrich – Os quatro do Texas do título são Sinatra, Dean Martin, Ursula Andrews
e Anita Ekberg, duas mulheres irresistíveis naqueles tempos. Ursula arrasara no
primeiro 007 com o agente Sean Connery contra o Dr. No; e a imagem da sueca
Anita na Fontana di Trevi (“La Dolce Vita”) causara enorme impacto. Juntá-las a
Sinatra e Dean Martin num western parecia uma boa fórmula para o sucesso, ainda
mais com a competência no gênero de Aldrich. Mas Sinatra coloca tudo a perder
com uma visível má vontade de atuar num filme em que o espectador fica
esperando para ver os quatro heróis que nunca surgem. Vale pelos coadjuvantes
Charles Bronson e Victor Buono.
“O
Mais Bandido dos Bandidos” (Dirty Dingus Magee), 1970, direção de
Burt Kennedy – Outra comédia-western, outra tentativa frustrada de Sinatra se
mostrar engraçado no Velho Oeste, desta vez como o bandido ‘Dingus Billy Magee’.
E o diretor Burt Kennedy, que vinha de uma série esplêndida de westerns e de
dois bastante engraçados na série “Support Your Local...”, realizou aquele que
certamente é seu mais massacrado filme. Ninguém gostou, nem o público e menos
ainda a unânime crítica. Com ele Sinatra encerrou suas aventuras no Velho Oeste
quando o gênero já não era mais o mesmo. Mais uma vez dois coadjuvantes são
responsáveis pelos momentos engraçados do filme, salvando-o da ruindade total:
George Kennedy e Jack Elam.
20 de outubro de 2015
O TRÁGICO ACIDENTE QUE TIROU A VIDA DE FRED KENNEDY E ATORMENTOU JOHN FORD
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Fred Kennedy |
Fred Kennedy era stuntman, dublando
atores em cenas de perigo. Iniciou sua carreira nessa profissão aos 29 anos no
clássico de Michael Curtiz “As Aventuras de Robin Hood”, em 1938. Fred
encontrou-se com John Wayne pela primeira vez em “Rio Vermelho” (Red River) e
foi o Duke quem o apresentou a John Ford. Fred Kennedy era atarracado nos seus
1,75m de altura e o irascível diretor com sua habitual e ferina franqueza disse
que ele era baixo demais para dublar seus atores pois quase todos esbarravam
nos 1,90m. Alguns, como o próprio Wayne, passavam dessa altura. Mas como Fred
arriscava-se corajosamente, especialmente nas perfeitas quedas de cavalo,
acabou aceito por John Ford, juntando-se a Cliff Lyons, Frank McGrath, Fred
Graham, Chuck Hayward como parte da Ford Stock Company na seção dos stuntmen.
Chuck Roberson só viria a fazer parte dessa equipe a partir de 1956,
tornando-se o dublê quase oficial de John Wayne pelas duas décadas seguintes.
Antes de Roberson, coube a Fred Graham dublar John Wayne dezenas de vezes.
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Claude Jarman Jr. e Fred Kennedy em cena de "Rio Grande", com John Wayne e Victor McLaglen. |
Presença
constante nos westerns de Ford - O primeiro filme de Fred Kennedy sob
a direção de John Ford foi “Legião Invencível” (She Wore a Yellow Ribbon),
vindo a seguir “Caravana de Bravos” (Wagon Master), “Rio Grande” (Rio Bravo),
“Depois do Vendaval” (The Quiet Man) e “Rastros de Ódio” (The Searchers). Os
dublês recebiam por dia de trabalho quando eram contratados para os filmes, mas
além da diária recebiam também por cena arriscada, como as quedas de cavalos. John
Ford gostava de aproveitar os dublês em pequenos papéis, o que fazia com que
eles fossem enquadrados também como atores, passando a receber adicionalmente o
pagamento mínimo estipulado pelo Screen Actors Guild, o sindicato da categoria.
Em “Rio Grande” Fred Kennedy teve uma participação maior como ator
interpretando o Soldado Heinze, aquele mal-encarado que provoca e trava luta a
socos contra Claude Jarman Jr.
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Chuck Hayward com John Wayne. |
Favor
especial do diretor - Em outubro de 1958 John Ford deu
início às filmagens de “Marcha de Heróis” (The Horse Soldiers) e convocou o
grupo de stuntmen que o acompanhava normalmente. Os dois ‘Freds’ (Graham e
Kennedy) não faziam parte da lista pois a idade começava a pesar para ambos. Pesado
e mais lento, Graham estava com 49 anos e Kennedy com 48 também não mostrava
mais a antiga forma. Como eram amigos de John Ford e membros da Ford Stock
Company, foram contratados somente como atores para pequenos papéis. Próximo de
finalizar as sequências de ação com filmagens em Homochitto River, no
Mississipi, Ford foi procurado por Kennedy que lhe pediu para atuar como dublê.
Kennedy disse ao diretor que o Natal se aproximava e ele ficaria muito
agradecido se pudesse receber uns dólares a mais resultantes de trabalho como
dublê em algumas quedas de cavalo. Havia uma sequência em que William Holden é
jogado fora de sua montaria e Ford, para atender ao amigo Fred, arriscou
deixá-lo dublar Holden. Ford tinha à mão, entre outros, Chuck Hayward, que
passa quase o filme todo em cima de um cavalo, estando em excepcional forma
física, como se vê quando adentra a cavalo o saloon em Newton, sendo derrubado
do animal pelo Coronel Marlowe (John Wayne) irritado e inconformado com a
atitude do Capitão interpretado por Chuck Hayward.
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Fred Kennedy com John Wayne. |
Morte
em cena - O dia 5 de dezembro constava na programação de filmagem
como o momento da queda de William Holden que seria então dublado por Fred
Kennedy. Este se apresentou e galopou até provocar a queda do cavalo, truque
relativamente simples e que pode ser visto inúmeras vezes em “Marcha de Heróis”
e em centenas de outros filmes. Ford orientou Kennedy para que após a queda ele
permanecesse no chão até que a atriz Constance Towers se aproximasse dele, esperando
o diretor gritar ‘Corta!’, Kennedy se
levantaria e Bill Holden tomaria seu lugar no chão. Com a câmara filmando, Fred
Kennedy cai do cavalo, Constance Towers corre até ele e antes que fosse ouvido
o grito ‘Corta!’, foi a atriz quem
gritou angustiada, levantando-se e afastando-se horrorizada. Constance
percebera que Fred Kennedy estava imóvel, com os olhos arregalados e o pescoço
aparentemente quebrado, o que foi confirmado pelo médico presente para desespero
de todos na locação, especialmente de John Ford. As filmagens foram suspensas
naquele dia, sendo retomadas no dia seguinte.
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John Wayne |
Estranha
displicência - John Ford não havia gostado nada do roteiro de “Marcha de
Heróis”, duvidando que ele pudesse resultar em um bom filme. Ford chegou a
dizer que, para dar certo, aquele western deveria ser realizado em... Lourdes.
Ford referia-se ao santuário localizado na pequena cidade francesa de Lourdes,
onde, numa gruta, a menina Bernadette Soubirous afirmou ter visto uma aparição
de Nossa Senhora. Ford estava necessitado de dinheiro e aceitou dirigir esse western
que lhe renderia o salário de 350 mil dólares mais uma porcentagem sobre os
lucros que o filme viesse a dar. Nem o fato de estar cercado pelos amigos
Wayne, Hoot Gibson, Ken Curtis (genro de Ford), Hank Worden, Jack Pennick, Willis
Bouchey, Anna Lee, Danny Borzage, Stan Jones, Cliff Lyons, Chuck Hayward e os ‘Freds’
Graham e Kennedy melhoraram o humor do diretor que se mostrava displicente e
desinteressado como nunca se vira antes. Mesmo assim, depois de dois meses de
filmagens, “Marcha de Heróis” encaminhava-se para o final.
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À esquerda Hank Worden, Ken Curtis e Fred Graham; à direita Constance Towers, Judson Pratt e Frd Kennedy. |
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John Wayne e Constance Towers |
Final
alterado pela amargura - John Ford sentiu-se o responsável
pela morte de Fred Kennedy e seu normalmente irritadiço temperamento somente
piorou, acrescentando-se ainda uma apatia que só não contaminou os demais
atores e técnicos porque souberam compreender a angústia que atormentava o
diretor. Wayne, Holden e Constance, o trio central de atores, praticamente
passou a se autodirigir diante da falta de interesse de Ford. Para complicar
ainda mais a situação, Ford decidiu alterar o final, que previa o retorno
triunfal do destacamento sob as ordens do Coronel Marlowe após a arriscada
missão no Sul. A desolação de John Ford fez com que o final de “Marcha de
Heróis” fosse amargo, com o personagem de William Holden tornando-se
prisioneiro dos confederados e os personagens de Constance Towers e John Wayne
separando-se apesar de unidos pelo amor que se revelara entre ambos. Por sorte,
a maior parte das filmagens já havia sido realizada e Ford realizara algumas
sequências com sua inconfundível marca, o que fez com que o filme, mesmo sem se
equiparar às tantas obras-primas resultasse excelente. Para John Ford, no
entanto, “Marcha de Heróis” seria lembrado, para sempre, como o filme em que
morreu Fred Kennedy.
21 de julho de 2015
AUDIE MURPHY, TIM HOLT E RICKY NELSON, PEQUENOS SHERIFFS NO CINEMA
Um gibi semanal com aventuras em
capítulos fascinou centenas de milhares de crianças no Brasil e na Itália no
final dos anos 40 e início dos anos 50. O tamanho desse gibizinho era um terço
de um gibi normal e seu título era ‘O Pequeno Sheriff’, apelido de Kit
Hodgkin, o herói adolescente que se tornou xerife de Prairie Town. E a meninada sonhava em ver na tela das matinês
dominicais o jovem mocinho, assim como assistia Rocky Lane, Roy Rogers, Durango
Kid, Gene Autry, Tim Holt, Tom Mix, Buck Jones, Hopalong Cassidy e Monte Hale. Esses
mocinhos, cujas aventuras eram publicadas nos gibis, se autointerpretavam nos
filmes, ao contrário de outros heróis dos quadrinhos que eram personificados por
atores. O 'Capitão Marvel' foi vivido por Tom Tyler, que também interpretou o 'Fantasma' em seriados, assim como Lewis Wilson e Robert Lowery foram 'Batman', Dick
Purcell foi o 'Capitão América' e Don Barry e Bill Elliott cavalgaram como 'Red
Ryder', na versão cinematográfica da criação de Fred Harman.
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Tim Holt e Audie Murphy |
Kit
Hodgkin no cinema - Naquele tempo raros garotos brasileiros sabiam que, ao contrário dos mocinhos e heróis citados acima (todos norte-americanos), ‘O
Pequeno Sheriff’ era uma criação italiana do escritor Tristano Torelli com
desenhos de Dino Zuffi. E o que isso poderia importar para eles que vibravam
mesmo era com o destemor de Kit Hodgkin enfrentando bandidos maiores que eles,
peles vermelhas de tribos diversas e mesmo animais como cobras, ursos e bisões.
Para aqueles meninos cinema e histórias em quadrinhos se completavam, daí a
esperança de ver o intrépido adolescente fazer no cinema o mesmo que fazia nos
gibis. E ficavam a imaginar quem poderia interpretar Kit Hodgkin, vindo logo à
mente a figura de Tim Holt, talvez mesmo a inspiração de Dino Zuff para seus
desenhos. À medida que os anos passavam e Kit crescia, outros mocinhos
apareciam nas telas das matinês, como Rex Allen, Rod Cameron, Rory Calhoun e Audie
Murphy. Nenhum fã de ‘O Pequeno Sheriff’ deixou de imaginar Audie Murphy como
Kit Hodgkin pois o ator-herói da II Guerra Mundial lembrava bastante a criação
de Torelli, especialmente no rosto juvenil e tamanho diminuto.
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Ricky Nelson |
Tex
Willer chega às telas - Passaram-se os anos e ‘O Pequeno
Sheriff’ continuou sendo editado e outros atores surgiram, entre eles o cantor
Ricky Nelson, outro que entrou para o imaginário dos fãs do gibizinho em tiras.
Mais de três décadas após seu lançamento, ‘O Pequeno Sheriff’ continuou nas
bancas de revistas e nas livrarias da Europa e dos Estados Unidos com
reedições, algumas até luxuosas, distante do pequeno e baratíssimo gibizinho
semanal. ‘Tex Willer’, que foi lançado três meses depois de ‘O Pequeno Sheriff’
chegou ao cinema em 1983 interpretado por Giuliano Gemma, que pouco lembra a
criação de Bonelli e Gallepini, e isso fez com que os já adultos leitores de ‘O
Pequeno Sheriff’ voltassem a sonhar com seu herói na tela grande. Mas a morte já levara Audie Murphy
(1971) e Tim Holt (1973) ao passo que Ricky Nelson nem filmes fazia mais,
atuando só na TV. Ricky viria a falecer em 1985.
Sonhos
e lembranças - O sonho acabou, mas as lembranças ficaram e, quando se
encontram os fãs de ‘O Pequeno Sheriff’, é inevitável lembrarem que seu herói
preferido não chegou jamais ao cinema. Nem com Audie Murphy, Tim Holt ou Ricky Nelson.
Discute-se então qual a capa mais bonita ou qual a aventura mais emocionante do
inesquecível gibizinho semanal que tanta felicidade levou aos pequenos
leitores.
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Dois exemplares de 'O Pequeno Sheriff' no formato adotado para a Série Ouro (3.ª Série). |
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Capa de exemplar da Série Rubi, a 4.ª e derradeira série de 'O Pequeno Sheriff' editado no Brasil. No Exterior a criação de Torelli-Zuff continuou a ser editada. |
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Uma edição francesa de 'O Pequeno Sheriff' e o pôster de "Tex, o Senhor do Abismo", western estrelado por Giuliano Gemma. |
6 de abril de 2015
JIM BOWIE, SUA FACA E A TRAJETÓRIA CINEMATOGRÁFICA DO LENDÁRIO HERÓI
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Acima desenho retratando Jim Bowie; abaixo montagem com Alan Ladd e o colecionador de facas Beto Nista. |
Hollywood, ajudada pela televisão,
nunca deixou de explorar as figuras lendárias da rica história norte-americana
e uma das principais e mais focalizadas em filmes é a de Jim Bowie. Invariavelmente
mostrado como herói, Bowie ganhou maior notoriedade com sua morte ocorrida no
cerco do Álamo, em 1836 A biografia verdadeira de Jim Bowie apresenta um homem
bastante diferente daquele que o cinema ajudou a criar pois esse pioneiro era,
na realidade, homem briguento, tendo sido especulador de terras, traficante de
escravos e contrabandista antes de virar herói nacional. James Bowie, nascido
em 1796, no Kentucky, foi criado na Louisiana, vivendo algum tempo em New
Orleans, adquiriu posteriormente a cidadania mexicana quando o Texas ainda
pertencia ao México. Por ocasião da anexação daquele território aos Estados
Unidos, Bowie passou a defender o Texas para os norte-americanos. Jim Bowie era
considerado um homem alto comparativamente à média de altura de seu tempo.
Tinha ele 1,80m de altura e 80 quilos de peso, sendo chamado por muitos como
Big Jim Bowie e carregava na cintura a famosa faca que recebeu o seu nome. Do
modelo original foram criados inúmeros outros modelos de facas Bowie que são os
itens mais estimados dos colecionadores de facas. [O colecionador brasileiro Beto Nista possui nada menos que 60 modelos
diferentes de facas Bowie, todas fabricadas nos Estados Unidos.] Entre os
atores que viveram Jim Bowie no cinema e em filmes e séries produzidos para a
televisão estão Richard Widmark, Alan Ladd, James Arness e muitos outros mostrados
a seguir.
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Os
primeiros Jim Bowie do cinema - A primeira vez que a figura de Jim
Bowie foi levada às telas foi em 1915, em “Martíres do Álamo” (Martyrs of the
Alamo), filme dirigido por W. Christy Cabanne. Nesse filme de 71 minutos supervisionado
por David W. Griffith, quem interpreta Jim Bowie é o ator Alfred Paget. Em 1925 Robert N. Bradbury dirigiu “Davy Crockett at
the Fall of the Alamo” (foto à direita), com Bob Fleming interpretando Jim Bowie. Nesse
filme de 61 minutos Bob Steele, filho do diretor Bradbury tem um pequeno papel,
ainda usando o nome ‘Bob Bradbury Jr.’, antes de adotar o nome artístico que o
tornou famoso. Somente em 1936 o cinema voltaria a focalizar a inglória
resistência do Álamo, desta vez em um filme com atores bastante conhecidos dos
fãs de westerns. O título foi “Heroes of the Alamo” (foto à direita), sob a direção de Harry L.
Fraser, com Lane Chandler como Davy Crockett, Rex Lease como Coronel Travis,
Earle Hodgins como Sephen Austin e Roger Williams vivendo Jim
Bowie.
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O primeiro filme que falou de James Bowie, supervisionado por D.W. Griffith. |
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“Davy Crockett at the Fall of the Alamo” vendo-se Bob Steele entre dois atores; na foto à direita Jim Bowie (Alfred Paget) liderando um grupo de homens. |
Seriado
da Republic Pictures - Os anos 30 se notabilizaram por
produzir muitos seriados que se tornaram clássicos como a trilogia de Flash
Gordon, da Universal, estrelada por Larry Buster Crabbe. Porém uma produtora
recém-criada com a fusão de diversos pequenos estúdios se tornaria uma
verdadeira fábrica de filmes em capítulos que faziam a alegria do público
infanto-juvenil. Era a Republic Pictures que em 1937 lançou “O Aliado
Misterioso” (The Painted Stallion), em 12 episódios dirigidos por William
Witney, Ray Taylor e Alan James. O elenco desse seriado trazia alguns dos mais
importante nomes do cast da Republic, entre eles Ray Corrigan, Hoot Gibson,
Duncan Renaldo, Yakima Canutt, LeRoy Mason, Charles King e Hal Taliaferro,
este como Jim Bowie. Embora tenha a participação do criador da famosa arma
branca, “O Aliado Misterioso” não é sobre o Álamo e sim uma história contando a
saga da primeira caravana que rumou em direção a Santa Fé.
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Cena do seriado "Aliado Misterioso", vendo-se com Ray 'Crash' Corrigan, Hoot Gibson, o menino Sammy McKim e o Jim Bowie Hal Taliaferro à direita. |
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MacDonald Carey como Jim Bowie. |
Perto
e longe do Texas - Em 1937 a Republic Pictures voltou a
falar de Jim Bowie quando contou a história do General Sam Houston em “A Grande
Conquista” (Man of Conquest), dirigido por George Nichols Jr. Nesta produção
atores de prestígio como Richard Dix (Sam Houston), Victor Jory (Coronel
Travis), Robert Barrat (David Crokett) e George Gabby Hayes contracenaram com Robert
Armstrong, o Jim Bowie deste filme biográfico. A próxima aventura de Jim
Bowie no cinema aconteceu no western “Terra Selvagem” (Comanche Territory), de
George Sherman, western B de 1950. MacDonald Carey é Jim Bowie que
intercede numa iminente guerra entre rancheiros brancos que desrespeitam o
Tratado Governamental de Paz com os Comanches. O prêmio para Jim Bowie é
Maureen O’Hara, num elenco que tem ainda Will Geer, James Best e Charles Drake.
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Robert Armstrong, Richard Dix e George 'Gabby' Hayes. |
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Alan Ladd |
Alan
Ladd como Jim Bowie - A década de 50 visitou muitas vezes
o mito Jim Bowie, sua enorme faca e suas aventuras, começando por 1952 quando Alan
Ladd deixou a Paramount depois de “Shane” mudando-se para a Warner Bros.
para ser Jim Bowie em “Nenhuma Mulher Vale Tanto” (The Iron Mistress),
biografia romanceada dirigida por Gordon Douglas. Alan Ladd possivelmente tenha
sido o ator de menor estatura a interpretar Big Jim Bowie num filme que dá
especial atenção à fabricação da enorme faca por seu criador. Virginia Mayo é a
causadora de alguns problemas para Bowie, além dos duelos que ele participa.
Veio em seguida “Sangue por Sangue” (The Man from the Alamo), história de John
Stroud (Glenn Ford) que abandona o Álamo durante os dias de batalha, passando
então por covarde. Jim Bowie, interpretado por Stuart Randall, tem
pequena participação neste filme dirigido por Budd Boetticher em que a mocinha
é Julie Adams.
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Alan Ladd e Virginia Mayo; à direita a faca Bowie. |
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Alan Ladd e a confecção da primeira faca Bowie em "Nenhuma Mulher Vale Tanto". |
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Sterling Hayden |
John
Wayne é passado para trás - Muitas histórias se contam sobre “A
Última Barricada” (The Last Command), western produzido pela Republic Pictures
e que deveria ter sido realizado por John Wayne. O Duke foi enganado por
Herbert J. Yates, o dono da Republic, e quem acabou dirigindo esse épico sobre
a batalha do Álamo foi Frank Lloyd. Sterling Hayden saiu-se muito bem
como Jim Bowie, num elenco que tem ainda Arthur Hunnicutt (David Crockett),
Ernest Borgnine, Richard Carlson e J. Carrol Naish como o Generalíssimo Antonio
Lopez de Santa Ana. No ano seguinte o pequeno estúdio Allied Artists contratou
Joel McCrea para ser Sam Houston e coordenar as tropas que defenderiam o Álamo
em “O Homem do Destino” (The First Texan). A direção ficou a cargo de Byron
Haskin e Jeff Morrow é Jim Bowie,
que ajuda Sam Houston neste filme. No elenco Felicia Farr, Wallace Ford e ainda
James Griffith como Davy Crockett.
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Sterling Hayden em luta contra Ernest Borgnine em "A Última Barricada"; à direita Jeff Morrow em "O Homem do Destino". |
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Scott Forbes |
Série
própria na TV - A iniciante televisão começou a produzir em 1953 uma
série intitulada “You Are There” que levava o telespectador a momentos
diferentes da História Universal. Um dos programas foi “The Defense of the Alamo”
que focalizou o heroico episódio histórico, sendo dirigido por Sidney Lumet,
com Bernard Kates como Jim Bowie e Fred Gwyne (o inesquecível ‘Herman
Monster’), como David Crockett. Em 1955 a série ‘Abertura Disneylândia’ teve
como destaque o episódio “Davy Crockett at the Alamo”, protagonizado por Fess
Parker e com Kenneth Tobey como Jim Bowie, com direção de Norman Foster.
Finalmente em 1956 Jim Bowie ganhou série própria na televisão e Scott
Forbes interpretou Jim Bowie nos 76 episódios da série que ficou no ar por
duas temporadas. Inicialmente as aventuras de Bowie se passavam na Louisiana,
transferindo-se mais tarde para o Velho Oeste.
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Morte de Jim Bowie (Kenneth Tobey) em "Davy Crockett at the Alamo". |
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John Wayne e uma faca Bowie. |
“O
Álamo” da Batjac do Duke - A mais famosa versão cinematográfica
da batalha do Álamo foi a produzida pela Batjac (produtora de John Wayne) e
dirigida pelo próprio Duke em 1960. Wayne conseguiu realizar o sonho de sua
vida com um filme que acabou se tornando um pesadelo comercial para ele que
praticamente perdeu tudo que havia ganho em 30 anos de carreira. “O Álamo” foi
implacavelmente atacado pela crítica em razão das posições políticas de John
Wayne, mas esse épico é um belo western que traz Richard Widmark como
Jim Bowie, num numeroso elenco com destaque para Richard Boone, Laurence Harvey
e Chill Wills, além do próprio John Wayne como David Crockett. Reputado como
fracasso de bilheteria, o que não é verdade pois “O Álamo” lotou salas de
exibição no mundo inteiro, até hoje esse filme de John Wayne rende lucros para
seus distribuidores.
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Cenas de "O Álamo": John Wayne e Richard Widmark e os momentos finais de Jim Bowie (Richard Widmark). |
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Brian Keith e James Arness |
Jim
Bowie na tela pequena - Uma das séries de televisão mais
lembradas dos anos 60 é “O Túnel do Tempo” (the Time Tunnel), que visitou o
Velho Oeste algumas vezes. Em um dos episódios da primeira temporada (1966) a
máquina do tempo leva os doutores Tony Newman (James Darren) e Dough Phillips
(Robert Colbert) ao Texas justamente quando ocorria a batalha do Álamo. O
fortíssimo Jim Davis interpreta Jim Bowie. Por 20 anos o acontecimento
histórico do Álamo foi esquecido pelo cinema e pela televisão, só retornando em
1986 com o filme feito para a TV intitulado “Texas” (The Legend of Texas).
Dirigido por Peter Levin. Michael Beck interpreta Jim Bowie e o outro
papel de destaque ficou para Sam Elliott (Sam Houston). Em 1987 a mesma
televisão produziu “Álamo: Treze Dias de Glória” (The Alamo: Thirteen Days of
Glory), dirigido por Burt Kennedy. James Arness lidera o elenco como Jim
Bowie, secundado por Brian Keith (Davy Crockett) e Alec Baldwin (Coronel
Travis). No entanto quem rouba o filme é Raul Júlia como o extravagante General
Santa Ana. Em 1988 foi produzido e exibido na TV “Alamo – The Price of Freedom”,
filme com apenas 37 minutos de duração com o ator Steve Sandor
interpretando Jim Bowie.
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Cena de "O Álamo", com Patrick Wilson, Billy Bob Thornton e Jason Patric. |
Uma
fracassada versão de “O Álamo” - Depois de “O Álamo” de John Wayne o
cinema se desinteressou da história da gloriosa resistência mas a televisão volta e meia
retornava ao assunto, como em “Texas”, produzido em 1994. David Keith foi
Jim Bowie e John Schneider (o ‘Bo Duke’ da série “The Dukes of Hazzard”)
interpretou Davy Crockett, enquanto Stacy Keach foi Sam Houston. Em 1998 o TV
Movie “Fuga para o Texas” (Two for Texas) conta a história de dois prisioneiros
(os atores Kris Kristofferson e Scott Bairstow) que escapam de uma prisão na
Louisiana e fogem para o Texas. Conhecem e se tornam amigos de Jim Bowie e
chegam ao Texas por ocasião da batalha do Álamo. Peter Coyote é o Jim
Bowie deste filme que tem ainda no elenco Tom Skerritt como Sam Houston. Em
2004 Hollywood decidiu que era o momento de realizar uma superprodução sobre o
histórico evento ocorrido em 1836 no Texas. A Touchstone gastou 95 milhões de
dólares para refilmar “O Álamo”, contratando Billy Bob Thornton (Davy Crockett),
Dennis Quaid (Sam Houston) e Jason Patric para interpretar Jim Bowie,
encabeçando um grande elenco. O público não se interessou pela nova versão, que
rendeu nas bilheterias somente 22 milhões de dólares, o que resultou num dos
maiores fracassos do novo século, com prejuízo nunca recuperado. Ainda está
para ser feito o filme definitivo sobre Jim Bowie e sua ‘Bowie Knife’, pois o
personagem é merecedor de um filme à altura de sua lendária fama.
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Jason Patric como Jim Bowie; Jason Patric com Billy Bob Thornton; pôster de "Fuga para o Texas". |
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