Duas versões de 'Red Ryder': acima Don Barry com Tommy Cook; abaixo Bill Elliott com Bobby (Robert) Blake. |
Após as excelentes participações em
quatro seriados da Republic Pictures, o estúdio teve a certeza que tinha em
Allan Lane um perfeito herói para filmes de aventuras e faroestes. Lane
inicialmente herdou a série western de Don ‘Red’ Barry que pretendia se afastar
daquele nicho para atuar em produções melhores. Como novo mocinho da Republic,
substituindo Don Barry, Allan Lane fez seis westerns B até que ‘Wild’ Bill
Elliott decidiu não continuar com a série ‘Red Ryder’ a principal série western
do estúdio. A história se repetiu e Allan Lane herdou o personagem ‘Red Ryder’,
o qual interpretou em sete filmes da série. Finda a série ‘Red Ryder’ a
Republic possibilitou a Allan Lane ter, finalmente, sua série própria com o
personagem Allan ‘Rocky’ Lane. Os westerns que Lane fez como ‘Red Ryder’
tiveram excelente qualidade e “Diligência de Bandidos” (Stagecoach to Denver),
de 1946, merece atenção por ser o mais diferente da série.
Allan Lane (acima); Roy Barcroft e Peggy Stewart na outra foto. |
Roy
Barcroft espoliando os incautos - Vivia-se o apogeu do film noir e
personagens femininos eram sempre importantíssimas nesse gênero de filme. Um
tanto influenciado pelos filmes noir, em “Diligência de Bandidos” o mistério da
trama gira em torno de uma moça chamada ‘Beautiful’ (Peggy Stewart). Beautiful
é parte da quadrilha de Big Bill Lambert (Roy Barcrifot), escroque que pretende
se apossar de terras valiosas entre as cidades de Elkrom e Denver. Os planos de
Lambert caminham satisfatoriamente e ele tem o xerife Crooked (Ted Adams) como
seu aliado. Lambert provoca a morte de Felton (Ed Cassidy) um Comissário de
Terras que se dirigia a Denver, fazendo com que a diligência em que este
viajava sofresse um acidente. Em seguida Lambert transforma Felton (Stanley Price),
seu assecla de Denver, em Comissário de Terras e com isso facilita suas ações
ilícitas. Na diligência para Denver viajava o menino Dickie (Bobby Hyatt), órfão
de pais e que se dirigia àquela cidade para viver com sua tia. Dickie sai
gravemente ferido do acidente necessitando uma cirurgia que só pode ser
autorizada por um parente próximo. Lambert faz com que Beautiful, também membro
de seu bando, venha de Denver e finja ser a tia de Dickie. Tudo se complica
para Lambert quando Beautiful se condói do estado do pequeno Dickie e anuncia a
Lambert que não mais fará parte de seus planos criminosos. Dickie e Beautiful
permanecem no rancho de Coonskin (Emmett Lynn), amigo de Red Ryder (Allan
Lane). Com a ajuda de Beautiful Red Ryder descobre as trapaças de Big Bill
Lambert e coloca um fim no domínio do bandido.
Peggy Stewart como vilã fumando ao lado de Stanley Price; abaixo Peggy com Allan Lane e o pequeno Bobby Hyatt. |
Trama
melancólica - Os westerns B dos pequenos estúdios de Hollywood tinham
como público predominante crianças e adolescentes e, por essa razão, suas
histórias eram fáceis de serem compreendidas. “Diligência de Bandidos” foge à
regra e apresenta não só uma trama bastante complexa como também uma atmosfera
diferente, quase sombria. O menino Dickie, ameaçado de ficar paralítico, passa
o filme todo imóvel numa cama. Aquela que seria a heroína do filme (Peggy
Stewart, mocinha em dezenas de westerns B) é uma vilã que se arrepende e é
alvejada, morrendo no final. O boboca Coonskin não tem oportunidade de fazer
nenhuma graça e Little Beaver (Bobby Blake – Robert Blake) não participa de
nenhuma ação em ajuda a Red Ryder. Isso tudo faz de “Diligência de Bandidos” um
faroeste um tanto amargo. A Duquesa (Martha Wentworth), tia de Red Ryder, juntamente
com Little Beaver e o sidekick de plantão eram personagens alegres e simpáticos
que compensavam a seriedade de Allan Lane como Red Ryder. Neste faroeste,
porém, todos eles dão espaço para a trama melancólica que se desenrola. Tudo
melhora, no entanto quando Red Ryder entra em ação.
Roy Barcroft trama com seus capangas Edmund Cobb e Ted Adams; abaixo Barcroft levando a merecida lição. |
O
notório bandido - O melhor dos faroestes de Allan
Lane, especialmente quando o vilão é Roy Barcroft, é a inevitável luta que se
trava entre os dois. Esse aguardado momento tem lugar em “Diligência de
Bandidos” bem antes do epílogo do filme e vale pelo filme todo, ainda que se
possa perceber que Allan é dublado por Tom Steele e Barcroft, mais visivelmente,
deixa os socos do mocinho para o dublê Fred Graham levar. Graham possuía vasta
cabeleira e a calvície de Barcroft era pronunciada no alto da cabeça, fato que
a Republic não se preocupou em disfarçar. E por falar em Roy Barcroft, vale
lembrar que qualquer criança sabia desde o início de cada filme que ele era o
bandidão, fato que o pouco sagaz mocinho demora a descobrir, o que incomodava
os espectadores das matinês. Mas tudo se resolvia quando Allan Lane cavalgava
Blackjack e acertava as contas com o malfeitor, de preferência Roy Barcroft. A direção deste faroeste, bem como dos demais cinco filmes da série 'Red Ryder' com Allan Lane, coube a R.G. Springsteen. Peggy
Stewart como vilã redimida está ótima e o time de bandidos é de primeira,
comandado por Barcroft e completado por Ted Adams, Edmund Cobb, Stanley Price e
George Chesebro. “Diligência de Bandidos” foi mais um pequeno western que
ajudou a elevar Allan Lane ao panteão dos grandes mocinhos dos westerns B nos
anos 40, com direito a ter até mesmo uma duradoura série de gibis com seu nome
na década seguinte.
Troca de tiros entre Edmund Cobb e Allan Lane; no lobbycard Emmett Lynn atento à conversa entre Allan Lane e o xerife Ted Adams. |
Pôster sem capricho de "Diligência de Bandidos": Allan Lane mais parecendo Rod Cameron e Bobby Blake que pode ser confundido com Manuel King, o 'Baru' do seriado clássico "A Deusa de Joba", de 1936. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário