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8 de julho de 2011

"O REI DO DESERTO" (TUMBLEWEEDS), ÚLTIMO WESTERN DE WILLIAM S. HART


De 1903, ano do advento de “O Grande Roubo do Trem”, considerado o primeiro filme e primeiro western do cinema, até 1929 quando todos os filmes passaram praticamente a ser falados, foram rodados alguns milhares de westerns. No entanto, de cada dez filmes desse período sobrou apenas um e em péssimo estado de conservação devido à ação do nitrato e mais ainda pela negligência dos estúdios. O primeiro astro dos westerns foi o desajeitado “cowboy” Bronco Billy Anderson, que reinou até a chegada, em 1914, de William Surrey Hart. Embora nascido em Nova York e tendo iniciado sua carreira de ator interpretando Shakespeare, Hart ficou fascinado com a cultura do Velho Oeste e se tornou decididamente um cowboy, tanto como artista como na vida real. Os personagens de William S. Hart eram o retrato da rudeza da vida no Oeste, sem nenhum refinamento e eram também íntegros e corajosos no enfrentamento dos vilões traiçoeiros encontrados nos saloons ou nas pradarias. Nascido em 1865, Hart casou-se em 1921, aos 55 anos de idade e já em 1923 foi acusado de ter um filho fora do casamento, fato ocorrido exatamente quando a carreira de William S. Hart já estava em pleno declínio. O surgimento de cowboys mais espetaculares como Tom Mix ou mais jovens como Harry Carey e a idade avançada de Hart foram fatores determinantes para o fim de sua carreira. Seu último filme foi “O Rei do Deserto” (Tumbleweeds), de 1925.

CORRIDA PELA TERRA E PELO AMOR - A persona de William S. Hart está inteira em “O Rei do Deserto”, na figura de Dan Carver, vaqueiro que juntamente com seu pardner Kentucky Rose (Lucien Littlefield), decidem se casar e viver a vida de sitiantes. Ambos tomam essa decisão após conhecerem duas mulheres: a jovem e bonita Molly Lassiter (Barbara Bedford) e a viúva Riley (Lillian Leighton). Claro que Kentucky, uma espécie de sidekick de Dan Carver, fica com a gorducha e autoritária viúva. Os cowboys juntam-se às mulheres na famosa corrida por um lote de terra em Oklahoma, corrida organizada pelo Governo dos USA. Surgem os comparsas Bill Freel (Richard Nell) e Noll Lassiter (J. Gordon Russell) para ameaçar os sonhos dos cowboys apaixonados. Para complicar a trama, Noll Lassiter, um dos bandidos, é irmão de Molly. Ao final Carver e Kentucky conseguem seus lotes que dividirão com as futuras esposas. A direção é creditada a King Baggot, mas William Hart co-dirigiu este western de 78 minutos cuja história é de Hal G. Varts. “O Rei do Deserto” é um pequeno épico muito bem realizado, apenas não se tornando uma obra-prima pela falta de melhor ritmo da história e por sua edição bastante simplista.

William S. Hart observa os bandidos Richard Nell e
J. Gordon Russell; atrás à esquerda Lucien Littlefield
COWBOY DE CARÁTER FORTE - Todos aqueles que gostam de westerns devem conhecer alguns exemplares do gênero ainda do cinema mudo pois foram pioneiros como William S. Hart que traçaram as fórmulas para os mocinhos do cinema falado. O que mais chama a atenção na interpretação de William S. Hart é sua autenticidade como cowboy, além de sua grande habilidade como ator. Nas sequências em que a timidez de Dan Carver é demonstrada, percebe-se o ótimo ator que Hart era. E acima de tudo seu porte, sua indestrutível firmeza de caráter, típica dos mocinhos e que foi herdada por vários deles como Buck Jones e mesmo John Wayne. Hart interpretou bandidos algumas vezes, mas até como fora-da-lei seus personagens eram respeitados pela retidão de caráter da qual ele nunca abriu mão nos filmes. Sem nenhuma semelhança física, um ator que lembra William S. Hart é Robert Duvall, especialmente pelo despojamento de autêntico homem do Oeste que Duvall sempre exibe em suas interpretações em faroestes. Quanto à acusação da qual foi vítima, William S. Hart conseguiu provar que era sem fundamento, mas mesmo assim seu casamento não resistiu. Hart faleceu em 1946, aos 81 anos. O local onde residia, em Los Angeles passou a ser chamado de William S. Hart Park e é onde se localiza o Actors Studio da Costa Oeste, escola por onde passaram muitos dos grandes atores de cinema norte-americano. Homenagem mais que justa ao esse imortal herói do Velho Oeste do cinema.


2 comentários:

  1. Hart é uma lenda. Um dia espero ver um western dele.

    O Falcão Maltês

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  2. Caro Nahud,

    Estamos então quites, meu amigo. Também nunca vi um filme do Hart. Porém, vi um filme com um ator que, duvido que tenha visto; assisti a Odio Destruidor com Bill Elliott. Ponto para mim?
    jurandir_lima@bol.com.br

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