É sempre uma traição cruelmente anunciada colocar um ator de excelentes recursos interpretativos coadjuvando outro menos talentoso. É exatamente isso que acontece em “Traição Cruel” (Ride Clear of Diablo), western estrelado por Audie Murphy e com Dan Duryea roubando praticamente todas as sequências em que contracena com o mocinho do filme.
William Pullen (acima); Audie, Paul Birch e Russell Johnson nas fotos abaixo |
UM BANDIDO AMIGO - Produzido pela Universal Pictures em 1954, “Traição Cruel” foi escrito por Ellis Marcus e roteirizado por George Zuckerman e D.D. Beauchamp, contando uma história de vingança. Clay O’Mara (Audie Murphy) recebe uma carta comunicando que seu pai e seu irmão mais novo foram mortos por ladrões de gado e ruma para Santiago com a intenção de encontrar os autores do crime. O autor da carta foi Tom Meredith (William Pullen), advogado do pai de O’Mara. Meredith foi o autor do crime contando com a cumplicidade de Fred Kenyon (Paul Birch), o xerife de Santiago, e de Jed Ringer (Russel Johnson). Meredith é o mentor de todas as ações criminosas e instrui o xerife Kenyon a indicar como autor do crime o bandido Whitey Kincade, procurado pela Justiça e que se encontra na cidade de Diablo. O’Mara solicita e consegue ser comissionado como delegado do xerife Kenyon e nessa condição encontra Kincade e o conduz preso a Santiago onde é julgado e absolvido devido a um falso testemunho prestado por Jed Ringer. Após ser libertado Kincade decide revelar a O’Mara como atua o bando de Meredith, agora contando com a ajuda do malfeitor Tim Lowerie (Jack Elam). Kincade e O’Mara enfrentam o grupo liquidando-os e vingando a morte do pai e do irmão.
Dan Duryea recebendo vários tiros |
DAN DURYEA ABSOLUTO - Este é um daqueles westerns estrelados por Audie Murphy bastante agradáveis de se ver. Os personagens são quase todos estereótipos do gênero, exceção de Dan Duryea, e a história é linear e sem nenhum mistério, mas a presença de Dan Duryea interpretando um homem mau atípico é suficiente para diferenciar este faroeste e dar a ele um charme nem sempre encontrado nos muitos outros westerns de Murphy. Jesse Hibbs dirigiu o ator em três outros westerns e em “Traição Cruel” Hibbs conta a história com segurança e cenas de ação de excelente qualidade. Há uma sequência espetacular de perseguição a cavalo em que Audie muda de um cavalo para outro (não há informação sobre quem foi o dublê). Após a mudança de montaria é o próprio Audie quem galopa, sem sela, um maravilhoso corcel branco tendo três bandidos em sua perseguição e um sorridente Dan Duryea também galopando sensacionalmente um pouco mais afastado. Essa cena de grande beleza plástica não é o único momento de emoção de “Traição Cruel” pois entre outras boas cenas de ação está o tiroteio final com uma antológica morte de Duryea alvejado por tiros fatais, sequência que é verdadeira aula de como morrer em frente às câmaras.
Espetacular sequência a galope: acima um dublê de Audie Murphy; abaixo Audie montando em pelo e Dan Duryea a galope |
AUDIE E SUSAN CABOT - “Traição Cruel” é ainda valorizado pela bela cinematografia do pouco conhecido Irving Glassberg e a costumeira excelente direção de arte e cenários dos westerns da Universal. O elenco tem nomes de prestígio como Jack Elam, Denver Pyle e Paul Birch, porém dois dos principais vilões são interpretados pelos inexpressivos Russell Johnson e William Pullen, especialmente último. A ressaltar ainda a presença de um menos conhecido mocinho dos "Bs", Eddie Dew. A bela Abbe Lane, então casada com o maestro Xavier Cugat, interpreta duas canções, uma delas “Noche de Ronda”, de autoria de Agustín Lara, que só viria a nascer no ano de 1900. Susan Cabot é a atriz perfeita para fazer par com Audie Murphy, não só pelo seu tamanho como também por seu limitado talento como intérprete. O mocinho Audie Murphy é o mesmo de tantos outros filmes, sempre aplicadamente procurando fazer o melhor possível, mas esse melhor é quase nada perto de Dan Duryea. Certo que Duryea chega a ser excessivo nas gargalhadas sarcásticas, tantas são as vezes em que elas se repetem, mas sua presença em cena é sempre fascinante. Dan Duryea atuou em outros dois westerns, com Audie Murphy – “A Passagem da Noite” (The Night Passage) e “Gatilhos em Duelo” (Six Black Horses), isto depois de dar trabalho a mocinhos do calibre de Gary Cooper e James Stewart. “Traição Cruel” é um western que deve ser visto porque Dan Duryea como badman torna qualquer faroste obrigatório.
Audie Murphy e Susan Cabot; abaixo Abbe Lane cantando "Noche de Ronda" |
Audie Murphy e Dan Duryea em momento de "Traição Cruel"; abaixo expressões ameaçadoras de Jack Elam |
Parece covardia, não, Darci? Evidente que Dan Duryea jamais seria páreo para o Audie no quesito atuação, e mesmo este reconhecia suas limitações como ator.
ResponderExcluirDuryea era um excelente ator, e nos westerns ele também fazia o bandido como ninguém. Soa um pouco estranho ele fazer um “bandido bom amigo”, nós tão acostumados a vê-lo como vilão e dos mais desalmados, o que não quer dizer que convença do contrário. Mas evidente que o talento de Duryea soa que naturalmente, e bem possível, talvez ele mesmo não tenha se apercebido que acabou “roubando” de Audie grande parte da atração da fita. Nem por isso, se deve subestimar Audie Murphy, pois era um ator esforçado, em busca mesmo de aprendizado e aperfeiçoamento. Mas infelizmente, também não foi muito longe.
A Susan Cabot foi bem lembrada. Tanto no tamanho quanto no talento, ela e Audie eram limitados. Susan teve uma morte trágica, assassinada pelo próprio filho, em 1986.
Ótimo filme em uma ótima matéria. Um forte abraço
Paulo Néry
PS- Ah Darci, esqueci...O CAVALEIRO SOLITÁRIO embora não seja um dos meus westerns favoritos, não considero ruim, só não esta entre meus diletos, ao contrário dos IMPERDOÁVEIS, que considero entre os vinte melhores, e cuja trama já acho bem mais...radical!
ExcluirPaulo
Dan Duryea, no gênero só perde para Lee Marvin, por sinal seu aluno que superou o mestre. Neste blog há uma postagem contando as vidas das Susan Cabot e Suzan Ball.
ExcluirUm abraço
Considero Audie o pior mocinho do gênero western. Ele é muito chato.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Esse é o Nahud Jr., curto e direto como seria Bob Mitchum ou Bogey...
Excluirrsrsrsr...se vê!
ExcluirSem duvida Audie era um ator um ator muito ruim que fez alguns
ResponderExcluirwesterns bons. Era inexpressivo em todas as situações dramaticas, romanticas ou de ação. Entretanto ele trabalhava
constantemente e em certos finais de semana não tinhamos outra
opção a não ver o mesmo Audie de sempre. Seus filmes deviam dar
lucro porque na época o genero western era predomimante.SC
Neste momento exato fica dificil tecer qualquer comentário sobre qualquer filme de Murphy. Se ele mesmo disse que fez dezenas de filmes iguais, como vamos nós, depois de tantos anos de os ter visto conseguir recordar alguma coisa de algum deles? Seria preciso reve-los para por comentários.
ResponderExcluirO fato é que Duryea era sim um ator de mão cheia. Ao lado de Audie nem se pode comparar.
Acredito que assisti a 95% dos filmes que A Murphy fez. Até pensei que havia visto todos, quando esta semana no 68 da SKY passou Antro da Perdição. E eu não o havia visto ainda, segundo meu controle por ator.
Este nada mais é senão outro faroeste com Audie Murphy. Com um porém, no entanto; ele é uma versão mais recente e mais deplorável de Atire a Primeira Pedra, aquele faroeste em P&B com J Stewart e Marlene Dietrich, de 1939, dirigido por George Marshal. Por falar em Marshal, ele mesmo voltou a dirigir esta versão que terminou se tornando ainda pior que a primeira.
jurandir_lima@bol.com.br
Nobre Nery;
ResponderExcluirO Darci já fez um post sobre a
Susan Cabot. No entanto eu não recordo dele ter tocado neste ponto de sua morte.
Vou correr na Internet para ver isso melhor. Desconhecia completamente este lado de sua vida.
Até que sabia da Lana Turner, do Marlon Brando, e de alguns outros. Mas não desta moça.
Abraço e grato pela novidade que me está arrastando a uma boa pesquisa.
jurandir_lima@bol.com.;br
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirJurandir, deixando a odéstia de lado, não acredito que alguém tenha escrito a respeito de Susan cabot e Suzan Ball. O CINEWESTERNMANIA o fez contando as trágicas vidas de ambas. Leia o que você escreveu na época:
ResponderExcluirDentre os, por volta dos quase 250, tópicos colocados em pauta por nosso editor desde a criação do WESTERNAMANIA, este foi o que mais me impressionou por seu conteudo notável, historico e trágico. Passei a conhecer duas mulheres muito lindas e que, mesmo não despontando no topo como grandes atrizes, moveram historias pontuadas de realces dignos de bons filmes, dado ao historico de suas vidas.
E até nosso querido Édson Paiva fez um comentário sobre o post a respeito das atrizes.
Um abraço
Darci;
ResponderExcluirFica difícil se fazer um comentário e, ao mesmo tempo, ir no blog, que é enorme, apanhar noticias passadas para dar uma informação mais precisa.
Entretanto, disse eu, que recordava que o Mania havia feito um comentário sobre a Susan Cabot, mas que não recordava se havia esta informação ou não (sobre como foi sua morte).
Depois, revendo a postagem, observei que havia sim tal informação, o que não torna o que eu falei uma tragédia merecedora de uma observação tão desnecessária, já que em minhas palavras não pontuei nada que tornasse a situação tão grave como a que pode ter compreendido.
Não falei também que ninguém havia postado nada das vidas das duas atrizes e sim do comentário feito pelo Nery, que realmente me levou à Internet para saber daquela situação mais a fundo.
Também o que não justifica sua observação tão cheia de enfase e que, nem sei mesmo se necessitava-se de um retorno seu quanto ao assunto, uma vez ele ter sido muito leve e sem propósito outro senão ser sincero.
Ora; se este blog tocou no assunto Ball/Cabot, isso não quer dizer nada além de que passamos a saber algo da vida de ambas. Também o que não quer dizer que não citaste fatos sobre a vida delas, principalmente quanto à Ball e seu romance com Tony, por exemplo. E vejo isso como se um ponto de sua vida sim.
É preciso que procuremos tornar nossos comentários e falas coisas naturais, pessoais e imprejudiciais, para que não fiquemos catando nelas qualquer tipo de jogo ou outras intenções.
Ninguém se senta diante de um computador para falar qualquer coisa sobre uma postagem com intenções outras senão a de dar sua modesta opinião, como é sempre o meu caso, sem qualquer intenção de ferir dignidades, opiniões ou sentimentos das pessoas, principalmente de alguém como ti, a quem respeito muito, a quem dedico uma atenção toda especial, assim como a quem quero um bem irmanesco.
Precisamos ser mais pacientes e mais condescendentes para com qualquer situação, já que intolerancia fere e dói.
OBS; Veja, acima de seu comentário, este sem muita felicidade, datado de 08/02, como existe um link do Nery expurgado, ou estornado, depois que ele descobriu sua postagem sobre as Susans (olha; 1 com s e outra com z). Foi ali que ele comentou sobre a Cabot, que eu disse desconhecer, mas que constava mesmo de sua postagem sobre elas. (observe ele, o Nery, fazendo seu comentário no post delas e o que ele diz. E foi por isso que ele retirou seu comentário, o que está acima do seu e sobre o qual eu citei).
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir, apenas procurei lembrá-lo que o CINEWESTERNMANIA já possuía um post sobre a atriz. Procurei lembrar também que você já havia inserido um comentário e, inclusive, reproduzi seu próprio comentário. Como você mesmo escreveu, o blog é muito vasto e cresce a cada dia na minha intenção única de levar aos fãs do faroeste material próprio para ler sobre o gênero. Lamento bastante não conseguir ser sempre feliz nos meus comentários, ainda que eu procure não ferir sensibilidades aguçadas.
ResponderExcluirDarci;
ResponderExcluirLi sua resposta e não vou ficar alimentando este tipo de desentendimento que não nos levará nunca a lugar algum.
Mas é verdade que tenho sensibilidade aguçada sim. E que, como eu faço, fatos extre comentários sobre materias do blog deveriam vir para nosso conhecimento somente através de email pessoal.
Assim evitariamos terceiros conhecerem estas bobas divergencias. Detesto contrariar as pessoas que gosto, como é o seu caso. Mas...siga minha orientação; quer me dizer algo, faça-o por email, conforme costumo agir.
Sem mágoas alguma.
jurandir_lima@bol.com.br
PS; estou na cola do rapaz de O Pagador de Promessas.
Caro Jurandir, você, neste espaço, fez uma crítica contundente a uma resposta que fiz a comentário seu; afirmou que fui infeliz nos meus comentários; nas entrelinhas diz que sou intolerante, impaciente e não condescendente. Respondo-lhe quase em tom de desculpas por desagradá-lo e você vem me dizer para seguir sua orientação e dizer, por e-mail, aquilo que você chama de desentendimento. Isto quer dizer que você pode escrever o que bem entender e eu, caso não concorde com suas críticas, devo me manifestar em particular.
ResponderExcluirEste espaço é democrático. Qualquer um pode manifestar sua opinião a favor ou contrária sobre aquilo que escrevo. Este espaço não faz nenhum tipo de censura ou prévia aprovação ao que os leitores escrevem. O blog, no entanto, se reserva o direito de tentar se justificar, especialmente a críticas não referentes ao conteúdo do CINEWESTERNMANIA e sim aos procedimentos que adoto para esclarecer possíveis dúvidas.
Fazendo minhas as suas palavras, sem mágoa alguma, um abraço do Darci
Jostaria muito conseguir cópia dublado.exelente filme.
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