Poster original do lançamento de "O Dólar Furado". |
O crítico Orlando Lopes Fassoni. |
Os filmes de arte do Cine Coral, aquele que apresentava 'sempre um filme excepcional'. |
Mais
dólares no mercado de faroestes - Depois de quase seis meses em exibição
numa das maiores e mais respeitáveis salas de cinema de São Paulo (o Cine Coral) e
de ser retirado de cartaz, os exibidores ouviram reclamações do público que
exigiam o retorno de “O Dólar Furado” aos cinemas. Nesse ínterim, exatamente em
5 de setembro de 1966, foi lançado em São Paulo outro faroeste produzido na
Itália que se tornaria lendário. Esse filme era igualmente estrelado por um ator quase
desconhecido chamado Clint Eastwood e tinha como diretor um certo 'Bob Robertson'. Intitulava-se, “Por um Punhado de Dólares”. O público fazia
comparações entre esse filme e “O Dólar Furado”, discutindo qual dos dois era o
melhor. Os bem informados jornalistas, por sua vez, já haviam divulgado que
esses e outros faroestes eram diferentes porque produzidos... na Itália, apesar
dos nomes ingleses de atores, diretores e técnicos. No dia 3 de dezembro de
1966, quando “Por um Punhado de dólares” já estava na 13.ª semana
consecutiva de exibição e “Doutor Jivago” se eternizava no Cine Metro, ocorreu
o relançamento de “O Dólar Furado” no Cine Éden. Essa sala exibidora ficava na
Avenida São João, próximo ao Cine Metro e a ‘briga’ com “Doutor Jivago”
continuou. O filme estrelado por Omar Shariff já estava na 20.ª semana de
exibição e “O Dólar Furado” reiniciava sua caminhada de sucesso, agora no Cine
Éden, onde permaneceu por mais 14 semanas, totalizando 38 semanas, ou oito
meses em cartaz, como se dizia naquele tempo.
Vencedor
moral - “Doutor Jivago” encerrou sua carreira com 49 semanas
consecutivas em exibição, 47 delas no Cine Metro e as duas últimas no Cine
Scala. Foi, certamente, um dos filmes com maior tempo de permanência em exibição em
São Paulo. Por sua vez, o bang-bang italiano dirigido por ‘Kelvin Jackson Paget’, se considerado seu custo e a quase nenhuma publicidade que teve, foi o ‘vencedor moral’ desse embate surdo. Nenhum outro faroeste fez
tanto sucesso em São Paulo, constituindo um novo público que passou a exigir
mais e mais faroestes com aquele estilo, muito diferentes dos norte-americanos.
“Shenandoah”, “Juramento de Vingança”, “Os Filhos de Katie Elder”, “Nevada
Smith”, “Raça Brava” e outros faroestes produzidos nos Estados Unidos e exibidos naqueles meses de 1966/67 não
conseguiam permanecer mais que duas ou três semanas em exibição, enquanto
filmes que tinham a palavra 'dólar' no título ficavam semanas em cartaz e sempre
com casas cheias. Curiosamente, com raríssimas exceções, a crítica
cinematográfica detestava os faroestes made-in-Italy, o que não diminuía a
procura do público pelos novos heróis que se multiplicavam com nomes diabolicamente
estranhos como Django, Sartana e Sábata.
Orlando Lopes Fassoni, falecido em 2010 em São Paulo, aos 67 anos. |