UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

29 de maio de 2011

ROBERT DUVALL, O COWBOY NATURAL


Os anos 60 e 70 nos deram uma extraordinária geração de atores composta por Jack Nicholson, Dustin Hoffman, Robert Redford (todos nascidos em 1937), Robert De Niro, Al Pacino e Gene Hackman. Também dessa geração, ainda que muito menos lembrado, é Robert Duvall, isto apesar da sucessão de grandes interpretações de Duvall, algumas delas certamente entre as melhores dos últimos 50 anos no cinema. Para comprovar essa afirmação é só lembrar as criações de Duvall para Tom Hagen, o advogado de “O Poderoso Chefão I e II”, o delirante Coronel Bill Kilgore em “Apocalypse Now” e o Coronel Bull Meechum em “O Dom da Fúria”. Cada vez que Robert Duvall entra em cena em um filme temos a certeza de mais um desempenho perfeito e Duvall supera Nicholson, Hoffman, Redford e Hackman em um quesito: fez mais westerns que todos eles juntos. (Pacino e De Niro jamais fizeram um western.)

Robert Duvall em "Joe Kidd"
MORTO POR JOHN WAYNE E POR CLINT EASTWOOD - Robert Duvall passou praticamente toda a década de 60 atuando na TV, tendo raríssimas oportunidades no cinema. Em 1969, porém, faria seu batismo no faroeste em “Bravura Indômita” (True Grit), interpretando o fora-da-lei Ned Pepper e tendo a honra de ser morto por Rooster Cogburn na famosa cena que John Wayne segura as rédeas com a boca, atirando com rifle e revólver ao mesmo tempo. O segundo western de Robert Duvall foi no violento “Mato em Nome da Lei” (The Lawman), de 1971, um daqueles bons westerns que Burt Lancaster fez quase em sequência. Em 1972, agora como chefe de quadrilha, Duvall foi morto por Clint Eastwood em “Joe Kidd”. Outra vez como fora-da-lei, Robert Duvall interpretou Jesse James no prestigiado “Sem Lei e Sem Esperança” (The Great Northfield Minesotta Raid), dirigido por Philip Kauffman. O gênero western esperaria quase 20 anos pelo retorno de Duvall às selas, que se deu na primorosa série “Pistoleiros do Oeste” (The Lonesome Dove), feita para a TV, mas cuja qualidade excepcional o transformou num verdadeiro cult para os fãs de faroestes. Interpretando 'Gus' McCrea, Robert Duvall proporcionou uma inesquecível e enternecedora interpretação ao lado de Tommy Lee Jones. “Pistoleiros do Oeste” é um elegíaco western que foi ao ar em quatro episódios num total de seis horas de duração (373 minutos). Sabe-se lá por qual razão, aqui no Brasil o filme foi lançado totalmente editado com apenas 190 minutos, ou seja, assistimos apenas à metade do hoje clássico “Lonesome Dove”. E essa mutilada edição nacional não contém o making-of e o farto material que completa o DVD norte-americano, este sim com a metragem original. Antes de “Pistoleiros do Oeste”, Robert Duvall interpretou um personagem country em “A Força do Carinho” (Tender Mercies) que lhe valeu o Oscar de Melhor ator em 1984.

"PACTO DE JUSTIÇA" - Em 1993 Robert Duvall reencontrou-se com seu amigo Gene Hackman com quem chegou a dividir quarto quando ambos atuavam na Broadway. Hackman e Duvall esteveram no elenco do excelente “Gerônimo – Uma Lenda Americana” (Geronimo – An american Legend), no qual Duval interpretou o batedor Al Sieber. No ano de 2003 comemorou-se o centenário do western e esse ano foi verdadeiramente glorioso para Robert Duvall e para os apreciadores de faroestes. Duvall é descendente indireto do General Robert E. Lee e teve a oportunidade de interpretá-lo em “Deuses e Generais” (Gods and Generals), excelente biografia do General Thomas Stonewall Jackson. Poucas vezes se viu nas telas uma encarnação tão perfeita do General Lee como a de Robert Duvall. Proprietário de uma fazenda na Virginia, inúmeras sequências de “Deuses e Generais” foram filmadas na fazenda de Duvall. Nesse mesmo ano de 2003 Kevin Costner interpretou e dirigiu “Pacto de Justiça” (Open Range). Kevin sabia perfeitamente o risco que correria ao chamar Robert Duvall para desempenhar o papel de seu pardner 'Boss' Spearman. O risco inevitável era ver Duvall reeditar a já lendária interpretação como 'Gus' McCrea em “Pistoleiros do Oeste” e atrair todas as atenções dos espectadores. “Pacto de Justiça” é um filme emocionante, sincero e bonito no qual tudo deu certo e Kevin Costner, Annette Bening e todo o elenco estão perfeitos, mas acima de todos está a atuação magnífica de Robert Duvall. Em 2006 outra vez a TV roubou Duvall do cinema e ele encabeçou o elenco de “Rastro Perdido” (Broken Trail), western que aborda o inusitado tema da exploração sexual de mulheres chinesas no Velho Oeste.

QUANTO MAIS VELHO MELHOR - Clint Eastwood desmontou definitivamente aos 62 anos. Duvall, que tem a mesma idade de Clint continuou cavalgando no cinema, sempre convincente com sua enorme naturalidade. Em plena atividade aos 80 anos, a qualquer momento Robert Duvall pode dar aos fãs de westerns uma nova e agradável surpresa atuando em mais um faroeste, gênero que ele tanto aprecia. Para falar de Duvall vale até fazer uso daquela batida frase dizendo que ele é como o vinho. Pois em suas atuações têm mantido aquele nível excepcional que só os verdadeiramente grandes atores conseguem ter.

4 comentários:

  1. O Duvall é uma maravilha. Vi um dia desses A ÁGUIA POUSOU, um thriller de guerra mediano de John Sturges, onde ele é a melhor coisa do filme, mesmo fazendo um oficial nazista simpático.

    O Falcão Maltês

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  2. Rendo-me, sem nenhum receio de estar cometendo qualquer injustiça a outros enormes atores, às atuações convincentes e irreparáveis deste ator formidável.
    Entregar um papel a este equilibrado e natural profissional é como carimbar um filme ao sucesso e a soberania de uma atuação impecável.
    Desconheço os filmes como Sem Lei e sem Esprança, Geronimo e Pistoleiros do Oeste. Jamais os vi passar ou sendo comentados. Porém, graças a Deus, tive a graça e a grandeza de ter visto esta ator interpretar Robert E Lee em Deuses e Generais e fazer par com Kostner em Pacto de Justiça, um dos melhores trabalhos que vi qualquer ator fazer em qualquer época no cinema. Magnifico! E digo mais; NINGUÈM competiria com este para aquela interpretação, pelo menos não como a que ele o fez. Duvall praticamente ensina como se por um desempenho dentro de uma linha e limite calculado e convincente de que tudo a quilo ali estava mesmo ocorrendo. Ele arrasta todo o filme dando a este uma conotação realista, natural e viva. Porém, o também bom Costner, apesar de ter sido engolido pela atuação de seu parceiro, está muito bem. E com ele todo o elenco, sem qualquer tipo de seleção. Todos estão muito bons!
    Eu já o havia visto perfeito em Joe Kid, filme, acho, que de 1971, onde já ensaia sua qualidade técnica, que a terminaria desenvolvendo com a eximia perfeição em Deuses e Generais e Pacto de Justiça.
    Que maravilha que ainda o temos aí, disposto e apto a nos maravilhar a qualquer momento com mais uma estupenda e surpreendente interpretação
    jurandir_lima@bol.com.br

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  3. Excelente o artigo sobre Robert Duvall, na minha opinião um dos melhores atores que o cinema já viu. Mas acredito que tenha havido um pequeno engano quando da referência ao seu personagem em " Bravura Indômita" TRUE GRIT de 1969. O vilão Luck Ned "Pepper", não foi morto por Rooster Cogburn, e sim por Labuff, que atirou do alto de um morro. Desculpem a observação, e obrigado pela oportunidade. fiquem com Deus.
    Douglas.

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  4. Olá, Douglas. Obrigado pelo elogio. Você tem razão pois o tiro de misericórdia contra Ned (Robert Duvall) foi disparado por La Boeuf (Glenn Canpbell), mas Cogburn (Duke) já havia alvejado Ned que inclusive diz: "Estou todo furado...". Um abraço do Darci.

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