UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

9 de maio de 2011

LUCIEN BALLARD, O CINEGRAFISTA DE "MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA"

No ano de 1970 a National Society of Films Critics premiou Lucien Ballard com o prêmio de “A Melhor Cinematografia” daquele ano por seu extraordinário trabalho em “Meu Ódio Será Sua Herança”. Claro que o prêmio mais famoso do cinema (o Oscar) ignorou solenemente a obra-prima de Sam Peckinpah em todas as categorias, inclusive a de fotografia. Lucien Ballard era o diretor de fotografia preferido do exigente Sam Peckinpah, assim como Henry Hathaway e Budd Boetticher, sempre que possível queriam contar com Lucien Ballard para dar mais qualidade a seus filmes.

Lucien Ballard nasceu em 1904 e seu espírito aventureiro levou-o quando jovem até a China. Retornando aos Estados Unidos ele foi trabalhar na Paramount, onde fez de tudo, até chegar a operador de câmera. Após trabalhar num filme com Clara Bow, esta o convidou para ir à noite a uma festa que ela estava dando e Lucien só voltou para sua casa três dias, quando declarou: “Puxa vida, esse negócio de cinema foi feito para mim!” Foi depois chamado para o filme “Marrocos” de Josef Von Sternberg, este diretor gostou do trabalho de Lucien e o chamou para seus próximos filmes. Posteriormente Ballard trabalhou ao lado do conceituado Gregg Toland em “O Proscrito”. Em 1944 foi o diretor de fotografia de “Ódio que Mata”, filme de suspense com a atriz Merle Oberon com quem Ballard acabou se casando em 1945. A linda atriz de “O Morro dos Ventos Uivantes” havia sofrido um desastre de automóvel que lhe deixara várias cicatrizes no rosto. Lucien Ballard criou então um spotlight compacto com o qual conseguia disfarçar inteiramente as marcas do rosto de Merle Oberon. Ballard chamou o spotlight de “Obie”, em homenagem à esposa. Em 1952 trabalhou pela primeira vez com Henry Hathaway em “Missão Perigosa em Trieste” (com Tyrone Power). Lucien Ballard teve, a partir daí, inúmeras colaborações com Hathaway, entre elas “Os Filhos de Katie Elder”, “Nevada Smith” e “Bravura Indômita”. Em 1955 Ballard foi diretor de fotografia para Budd Boetticher no filme sobre touradas “O Magnífico Matador”, com Anthony Quinn, iniciando-se outra longa parceria diretor-cinegrafista. Boetticher e Ballard trabalharam juntos em “Fibra de Heróis”, da famosa série Boetticher-Randolph Scott. Quando Lucien Ballard atuou como cinegrafista da série “The Westerner”, criada por Sam Peckinpah, iniciou com este também uma colaboração que no cinema começou com “Pistoleiros do Entardecer”, prolongando-se com “Meu Ódio Será Sua Herança”, “A Morte Não manda Recado”, “Junior Bonner” e “Os Implacáveis”. Outro excelente trabalho de Lucien Ballard em um western foi “E o Bravo Ficou Só”, de 1968, com Charlton Heston.

Lucien Ballard faleceu em 1988, aos 84 anos, deixando uma obra admirável e enriquecendo sobremaneira a arte cinematográfica, especialmente em westerns. Por isso, no início de um filme nos créditos, se aparecer o nome de Lucien Ballard como diretor de fotografia podemos ter a certeza de um trabalho perfeito de um grande cinegrafista. O Canal TCM, especializado em filmes antigos exibe hoje (10/5/2011) “Expresso para Berlim”, de Jacques Tourneur, com Merle Oberon, com cinematografia de Lucien Ballard. Vale conferir o trabalho do homem que ajudou a imortalizar “Meu Ódio Será Sua Herança”.

O casal Burgess Meredith e Paulette Goddard com o casal
Merle Oberon e Lucien Ballard

Um comentário:

  1. Somente tenho a lamentar amar tanto o cinema e nunca ter me ligado muito em produtores, cinegrafiscas, editores e outras atividades cruxiais na confecção de uma obra cinematograf.
    Sempre dei muita importancia aos diretores, atores, atrizes e coadjuvantes, renegando outros nomes e funções tão vitais numa produção.
    Ultimamente, depois de me ligar mais a pessoas com mais vasto conhecimento nesta memorável arte, que é gostar de cinema e entender sua raiz e criação, tenho me apegado mais a estes detalhes e observando o quão eram de similar importancia a outros auxiliares numa criação cinematográfica.
    Assim, me resta somente agradecer a estes homens, que são tão sábios nesta arte que tanto adoro, que digo; não sinto inveja de vocês pq eu também amo esta arte, mas hoje eu os enxergo com olhos mais cuidadosos e perscrutadores, pois meu desejo de aprender mais é como se uma sina para mim.
    jurandir_lima@bol.com.br

    ResponderExcluir