UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

5 de maio de 2011

A CRUEL TORTURA DE JOHN WAYNE EM "RIO GRANDE"


John Ford é um dos maiores diretores que o cinema já teve, mas se o assunto é faroeste, o velho Jack é unanimemente considerado o maior entre todos os mestres do faroeste. Ford conseguia colocar em seus filmes a dose exata de sentimentalismo e humor, o que combinado com a ação e a presença de grandes astros (o principal deles era John Wayne) resultava invariavelmente em mais um clássico do gênero. E todos sabem que não era nada fácil lidar com o temperamento irlandês do “Old Man”, como ele era chamado, claro, pelas costas. Pela frente todos o tratavam de Mr. Ford, inclusive John Wayne. Mas sob a aparência tirânica de John Ford se escondia um verdadeiro e refinado gozador que nunca perdia uma oportunidade de brincar com a turma que dirigia. As vítimas principais das gozações de John Ford eram Victor McLaglen, Ward Bond e John Wayne. Um bom exemplo foi o que ele fez com Duke no filme “Rio Grande”.

O DESEJO DE JOHN WAYNE – “Rio Grande” fechou a famosa Trilogia da Cavalaria (os demais foram “Forte Apache”/ ”Sangue de Bravos” e “Legião Invencível”). “Rio Grande” tinha como estrela a maravilhosa Maureen O’Hara e foi rodado em apenas 30 dias, sendo os primeiros 22 dias no Monument Valley e o restante nos estúdios da Republic. Todo o elenco teve que comer muita poeira e passar calor durante o dia e frio à noite naquele vale monumental que era o cenário preferido de Ford. Esse lugar de arrebatadora beleza natural era iluminado, todas as manhãs, pelo esplendoroso rosto da cativante irlandesa Maureen O’Hara que com seu sorriso e seu olhar irradiava inconfessáveis desejos em todos os homens naquela locação (Victor McLaglen, Ben Johnson, Harry Carey Jr., Chill Wills, J. Carroll Naish, Grant Withers, Ken Curtis e os demais Sons of the Pioneers, Cliff Lyons, Jack Pennick, Fred Kennedy, Chuck Roberson e Chuck Hayward e Stan Jones). John Wayne até comentara com McLaglen que não via a hora de fazer a sequência em que deveria beijar a ruiva Maureen, dizendo que iria fazer a cena delicadamente para melhor sentir os lábios da atriz. Pois terminaram as filmagens no Monument Valley e nada da cena do beijo. Maureen parecia cada dia mais encantadora e o Duke sem poder ganhar o prêmio maior que era tê-la em seus braços. Toda a equipe então rumou para Hollywood onde, nos estúdios da Republic, Duke continuava cada vez mais ansioso para beijar Maureen. Mas não era louco de perguntar alguma coisa a Ford pois sabia que a resposta seria a de sempre: “Quer dizer que você agora está querendo dirigir meu filme?”. John Wayne chegou a comentar com Harry Carey Jr. dizendo a ele: “Várias vezes já estivemos no set para a cena e ‘that sunofabitch old man’ (esse velho f.d.p.) não faz a maldita cena...” Chegou o último dia de filmagem, rodaram pela manhã, foram almoçar, retomaram o trabalho à tarde e só às 17 horas, pouco antes de dar o filme por terminado é que Ford chamou Duke e Maureen para fazerem a tão esperada (pelo ator) cena do beijo que se vê na tela. E como era o hábito de John Ford, foi feito apenas um take, sem ensaio. E John Wayne teve que se contentar com aquele único beijo... Pode-se até imaginar que Ford dava pouca atenção às cenas de amor, mas não era isso não. O Old Man era mesmo um cruel e sarcástico gozador. Quase tão bom quanto era bom dirigindo westerns. Ford daria a John Wayne novas e melhores oportunidades de abraçar e beijar Maureen O’Hara em “Depois do Vendaval” e em “Asas de Águia”. E Maureen e o Duke se encontrariam ainda em “Quando um Homem é Homem” e em “Jake, o Grandão”, o último encontro desse grande casal de amigos no cinema e na vida real.




Um comentário:

  1. Com toda certeza que algum "amigo" de Duke, uns daqueles para quem confiava seus mórbidos desejos, abriu o bico para Ford. E o tirânico diretor, somente com a finalidade de martirizar nosso ansioso Duke, o molestou, amarrotou, pirraçou, maltratou e maltratou. E, apenas qdo. ele quis, quando ele, Ford, achou que era a hora, fez a bendita cena. E olhem; o nefasto diretor, de tão "amigo" de Wayne que era, nem sequer repetiu a cena. Que sujeito perverso!
    Gosto disso. São climas que circundam muitas filmagens e que somente ficamos tendo conhecimento destes instantes em informações como estas.
    Por esta razão, para quem estiver lendo meu comentário, não deixem jamais passar em vão nada do que este blog se reporte. Isto porque, assim como eu, estarão aprendendo, somando conhecimento, sabendo hoje, do que jamais saberia sobre nossos grandes herois e ídolos, se o perfeccionista e querido Darci não tivesse a idéia de por seu conhecimento no ar e nos maravilhar com tão lindos e inéditas, para nós, ocorrencias. São fatos saborosos, lindos, pitorescos, deliciosos de connhecer!
    Por tudo isso eu repito com naturalidade; obrigado, Darci Fonseca. Obrigado por nos inteirar de tantas e tantas pesquisas que fizeste e que, se fosse um egoista inato, manteria tudo isto somente para ti.
    jurandir_lima@bol.com.br

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