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18 de maio de 2011

"DUELO AO SOL", UMA PROVA DE AMOR EM FORMA DE FILME

Parte do grande elenco de "Duelo ao Sol": Walter Huston,
Joseph Cotten, Jennifer, Greg e Lionel Barrymoore
“Duelo ao Sol” é um western onde amor e ódio se encontram. E esse filme sempre despertou apaixonadas discussões entre aqueles que o admiram e os que decididamente não gostam dele. Independentemente das qualidades ou defeitos do filme que David O. Selznick fez para sua então recém-conquistada mulher Jennifer Jones, vale à pena conhecer um pouco mais de tudo que foi necessário para começar, filmar e concluir “Duelo ao Sol”.

Roteiro - Selznick escolheu a novela de Niven Busch que foi adaptada para o cinema por Oliver H.P. Garrett e por Ben Hetch. Mas quem escreveu a versão final, deixando-a na medida para Jennifer Jones, foi, claro, o apaixonado David. E Selznick também escreveu o texto do prólogo, que foi lido por Orson Welles.

Diretor – Oficialmente o filme é creditado a King Vidor (6.280), mas também dirigiram partes de “Duelo ao Sol” os seguintes diretores: William Diertele (3.526) que dirigiu a famosa introdução e fez vários re-takes, ou seja, tomadas pós-filmagens. William Cameron Menzies (104), dirigiu a cena da festa. Josef Von Sterberg (473), chamado para fazer close-ups especiais de Jennifer Jones, quase todos sem diálogos. Diretores de 2.ª unidade: Otto Brower (2.939) e B. Reeves Eason (496). Também dirigiram cenas não identificadas Hal C. Kern (147) e Sidney Chester Franklin (54). Os números entre parênteses indicam o número de metros de filmes que cada diretor foi responsável. Ainda atuaram na 2.ª unidade os diretores Lowell J. Farrell e Harvey Dwight.

Fotografia – Os cinegrafistas Lee Garmes e Harold Rosson filmaram “Duelo ao Sol”. Ray Rennahan foi quem filmou o prólogo. Os cinegrafistas das 2.as unidades foram Charles Boyle, W. Howard Greene e Rex Wimpy.

Editores – Para editar “Duelo ao Sol” foram necessários estes três editores, devidamente supervisionados por Selznick que pessoalmente olhava fotograma por fotograma editado: Hal C. Kern, William . Ziegler e John Faure.

Música – A música foi composta por Dimitri Tiomkin, mas houve necessidade do trabalho de sete orquestradores para deixar tudo como Selznick queria. David queria tanto agradar sua adorada Jennifer que após ouvir o tema de amor composto por Tiomkin, disse ao compositor: “Você não está entendendo nada. Eu quero uma música f..., música de verdade.” Tiomkin respondeu: “Você cuida da f... do seu trabalho que eu cuido da f... da música. E quer saber mais. Eu vou embora deste filme f...”. Selznick deu o braço a torcer e o que se ouve no filme é o tema de amor de Tiomkin.


Gregory Peck (Lewt McCanles) e Jennifer Jones (Pearl Chavez)
PROVA DE AMOR – Com centenas de pessoas envolvidas na produção, muitos deles profissionais caríssimos, o custo final de “Duelo ao Sol” ficou em inacreditáveis oito milhões de dólares, valor que ajustado pela inflação chegaria hoje a 100 milhões de dólares. Desse montante, dois milhões de dólares foram gastos com a publicidade do filme. O filme fez enorme sucesso, rendendo nos Estados Unidos 13 milhões de dólares (que hoje seriam 140 milhões de dólares). Perdeu no ano de 1946 apenas para “Os Melhores Anos de Nossas Vidas", de William Wyler, que custou somente dois milhões de dólares, ou seja, um quarto do que Selznick gastou. Quando relançado com grande sucesso em 1959, “Duelo ao Sol” conseguiu finalmente dar lucro ao produtor Selznick. Não se tem notícia em Hollywood de tamanha prova de amor traduzida em um filme, como a que David demonstrou pela sua amada Jennifer Jones. Pena que “Duelo ao Sol” não tenha repetido o quase unânime sucesso artístico de “E o Vento Levou”, também produzido por Selznick quando ainda não conhecia a atriz que roubou de Robert Walker. Ainda assim é um filme amado por muitos cinéfilos, quase tão amado quanto Jennifer Jones o foi por David O. Selznick.

Robert Walker, Jennifer e David; Selznick e Jennifer

4 comentários:

  1. Amo esse filme. É um dos meus favoritos. Já vi inúmeras vezes e sempre fico emocionado. E que elenco! Jones, Peck, Gish, Barrymore, Huston, Marshall... Só o Joseph Cotten é que é meio insosso.

    O Falcão Maltês

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  2. JURANDIR ESCREVEU
    Jenifer Jones era uma mulher muito linda! E se ela preferiu Selznick a seu namoraro Walker, e isso não ocorreu por motivos interesseiros, então ela não o amava ou ele não a merecia por, ou de alguma forma. No meu ponto de ver as coisas eu ainda sou daqueles que diz; "cada qual que cuide de si". Lamento apenas a morte prematura do razoável Walker.
    Quanto a Duelo ao Sol digo o mesmo que o Nahud; já o vi diversas vezes e o verei novamente a cada vez que tenha oportunidade.
    Duelo ao Sol é um classico, é perfeito, com atores de primeira, bem dirigido, com um cenário empolgante, uma musica fantastica, enfim, nasceu para dar certo, e deu.
    Selznick investiu, como disse o Darci, forte no seu amor. E deve ter valido a pena, porque Jenifer era de arrasar! Olhem com carinho para o rosto desta mulher!
    jurandir_lima@bol.com.br;

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  3. DUELO AO SOL é tão Western quanto E O VENTO LEVOU. Ou seja, quase nada tem de Western, sendo sim um tremendo novelão, um folhetim barato. Mas O'Selznick transformou esse primário novelão em um grande filme com a sua impressão digital em todos os setores. É claro que os trabalhos de Vidor, Dieterle, Lee Garmes, Rennahan, Rosson, Tionkim e, principalmente, William Cameron Menzies foram importantíssimos, mas a "regência" foi mesmo de Selznick, um dos poucos produtores que eram cineastas de fato. Selznick tem uma trabalho autoral nos poucos filmes que supervisionou pessoalmente (entre os muitos filmes que produziu). Até o REBECCA de Hitchcock é meio selznickiano (foi produzido por Selznick). Concordo que DUELO AO SOL é um filme exótico, exacerbado, melodramático e muito grandiloquente, mas é inegável que é um grande filme com várias sequências espetaculares.O elenco é muito bom, notadamente se destacam Huston, Gish e Barrymore .Um abraço.

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