Na década de 50 o cinema nacional iniciou um novo gênero cinematográfico, fugindo dos dramas urbanos e comédias musicais que eram as marcas do nosso cinema. Quase que simultaneamente a Vera Cruz e a Atlântida lançaram faroestes. Em São Paulo, produzido pela Vera Cruz, um faroeste passado no Nordeste e que ganhou prêmios pelo mundo afora, que foi “O Cangaceiro”, de Lima Barretto, realizado em 1953. No Rio de janeiro, em 1954, a Atlântida, especializada em comédias e paródias, pegou carona no sucesso de “Matar ou Morrer” e Carlos Manga dirigiu “Matar ou Correr”, que fez tanto ou maior sucesso que o western de Fred Zinnemann.
CICLO CAMPINEIRO - Em Campinas, cidade distante 90 quilômetros de São Paulo, teve início também em meados dos anos 50 o quase desconhecido Ciclo Cinematográfico Campineiro. Esse ciclo não teve uma empresa cinematográfica estruturada, tendo os filmes realizados o apoio financeiro de fazendeiros da região que acreditavam no potencial artístico de apaixonados pela 7.ª Arte. Em 1954 Antoninho Hossri escreveu, dirigiu e montou “Da Terra Nasce o Ódio”, drama rural que já indicava semelhanças com os faroestes norte-americanos. Interessante notar que o título desse filme nacional acabou sendo adaptado anos mais tarde para um grande western de Hollywood que foi “Da Terra Nascem os Homens”, que em Inglês teve o título de “The Big Country”. O ator principal de “Da Terra Nasce o Ódio” era o campineiro Maurício Morey. Em 1955 o mesmo Antoninho Hossri escreveu e dirigiu “A lei do Sertão”, decididamente um faroeste nacional. Milton Ribeiro, que havia interpretado 'Galdino' em “O Cangaceiro”, volta a ser bandido com o nome de 'Trovoada' em "A Lei do Sertão". O mocinho era outra vez Maurício Morey.
“HOMENS SEM PAZ” - Em 1957 o diretor Carlos Coimbra filmou a vida do bandido Diogo da Rocha Figueira no filme intitulado “Dioguinho”, também considerado um faroeste nacional. Dioguinho foi interpretado por Hélio Souto e no elenco também estava John Herbert, o mocinho de “Matar ou Correr”. Nesse mesmo ano de 1957 com suporte financeiro parecido com o do Ciclo Campineiro, foi produzido “Homens Sem Paz”, filmado em Lucélia, cidade do Oeste de São Paulo próxima a Presidente Prudente e Santo Anastácio. “Homens Sem paz” foi dirigido por Lorenzo Serrano, espanhol radicado em São Paulo. “Homens Sem Paz” é um autêntico faroeste caboclo com cavalgadas, lutas, troca de tiros e o final feliz em que o mocinho beija a mocinha que está na garupa de seu cavalo. O mocinho é novamente Maurício Morey e o bandidão é Édio Esmânio, conhecido como 'Tarzan Brasileiro'.
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Maurício Morey nas duas fotos acima e na foto principal |