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26 de maio de 2011

GAIL RUSSEL - O DESTINO TRÁGICO DE UMA LINDA ATRIZ


Nem John Wayne e nem Gail Russell jamais confirmaram o caso de amor que tiveram fora das câmeras, mas é inegável que algo muito especial houve entre os dois artistas. Ver os dois filmes que o Duke fez com Gail, o carinho enorme que ele dedicou a ela e os tempestuosos divórcios que se seguiram à “amizade”, que eles juraram ser o único elo entre os dois, tornam impossível não acreditar que Gail e John Wayne se amaram. Mas se Gail Russell teve a felicidade de ser amada pelo mais famoso cowboy do cinema, ela teve, paralelamente, uma das mais trágicas carreiras que se tem notícia.


UMA NOVA HEDY LAMAR – O sonho de quase toda jovem nos anos 40 era ser estrela de cinema. Se a moça fosse bonita, então seu destino fatalmente seria um dos grandes estúdios de Hollywood. Elizabeth Russell era uma jovem lindíssima nascida em Chicago em 21 de setembro de 1924. Para facilitar as coisas Elizabeth mudou-se com a família para Santa Mônica, na Califórnia, muito mais perto da capital do cinema. Nos planos de Elizabeth não estava o torvelinho que envolvia os filmes, pois o que ela desejava mesmo era ser artista plástica. Para isso estudava na Santa Mônica High, onde também estudava uma outra moça de sobrenome Russell, igualmente bonita, um pouco mais alta e que atendia pelo nome de Ernestine Geraldine Russell. Assim como Elizabeth adotaria mais tarde o nome artístico de Gail Russell, a moça alta passaria a ser conhecida no cinema como Jane Russell. Descoberta por acaso, aos 18 anos Gail Russell já havia sido contratada pela Paramount. O estúdio a convencera que a arte cinematográfica era tão importante quanto qualquer outra arte, só que pagava bem melhor. Apresentada como uma nova Hedy Lamar, devido à sua esplendorosa beleza, Gail era excessivamente tímida, o que não a impediu de estrear em um dos filmes da série ‘Henry Aldrich’ (“Henry Aldrich Gets Glamour”), em 1943. Essa série era a resposta da Paramount ao sucesso estrondoso que Mickey Rooney obtinha na Metro com sua série “Andy Hardy”. A seguir, em 1944, Gail fez uma ponta em “A Mulher que não sabia Amar”, com Ray Milland. O próximo filme de Gail Russell, já como estrela, foi ao lado do mesmo Ray Milland em “O Solar das Almas Perdidas”. Gail interpretou ‘Stella’, personagem que ajudou a tornar inesquecível a canção-tema “Stella by Starlight”, de Victor Young. Para enfrentar sua conhecida timidez diante das câmaras, Gail foi induzida por profissionais mais experientes a tomar uma bebida antes de cada cena, para relaxar e ter melhor desempenho. A partir de 1945 Gail Russell atuou em uma série de filmes, entre os quais “Almas em Flor”, “Mocidade em Flor”, “Medo que Domina” com Joel McCrea, Quase uma Traição” e “Calcutá”, ambos com Alan Ladd, então o principal galã da Paramount. Vieram depois “Ao Cair da Noite” e “A Noite tem Mil Olhos”, este ao lado de Edward G. Robinson.

Gail com o marido Guy Madison e com o amigo John Wayne


 CASAMENTO, DECLÍNIO E O TRÁGICO FIM – Entre esses filmes Gail Russell teve a oportunidade de contracenar com o grande astro John Wayne em “O Anjo e o Bandido” (Angel and the Badman), em 1947 e em “O Rastro do Bruxa Vermelha” (Wake of the Red Witch), em 1948. Nesta altura de sua carreira as pequenas doses tomadas para encorajamento no trabalho passaram a se tornar mais frequentes. A bebida era necessária agora para comer, para dormir e para qualquer outra atividade a qual Gail se propusesse. O álcool tornara-se o companheiro da insegura atriz cujo rosto começava a demonstrar as marcas deixadas pelo traiçoeiro “amigo”. Dessa fase são os filmes “Capitão China” e “El Paso” (ambos ao lado de John Payne) e “Canção da Índia”, com Sabu. Repentinamente Gail afastou-se do cinema e acabou por ceder à longa corte que o jovem e simpático ator chamado Guy Madison lhe fazia. Casaram-se em julho de 1949 e separaram-se seis meses depois. Mais tarde houve uma reconciliação seguida de divórcio em 1954. Durante o casamento com Madison, Gail não conseguiu se afastar do vício, o que dificultou a vida conjugal, sendo que ela foi detida pela polícia e presa diversas vezes por dirigir embriagada. Mas o fim de seu casamento com Guy Madison tinha por trás o nome de John Wayne. Os estúdios, por sua vez, não queriam saber de uma atriz que tinha fama de bêbada. O último trabalho razoável de Gail Russell foi ao lado de um ator iniciante conhecido por Rock Hudson, em “escola de Bravos”, em 1951. Gail Russell estava sempre nos noticiários, mas não devido a seus filmes e sim aos problemas com guardas de trânsito da Califórnia e também por ser acusada de responsável pelo fim do casamento de John Wayne. A produtora Batjac de John Wayne produziu em 1956 o western “Sete Homens Sem Destino” (Seven Men From Now) e John Wayne chamou Gail Russell para o papel principal ao lado de Randolph Scott, papel esse que John Wayne não pode fazer devido a seu compromisso com John Ford em “Rastros de Ódio”, rodado no mesmo período. Gail Russell teria ainda outra boa oportunidade em “Epílogo de uma Sentença”, ao lado de Jeff Chandler. Nesse filme dirigido por Jack Arnold a insegura Gail ratificou que era mesmo boa atriz. Marcada pelos episódios escandalosos Gail Russell não mais encontrou trabalho como atriz, a não ser duas aparições em séries de TV, uma delas em “O Rebelde”, com Nick Adams interpretando o rebelde Johnny Yuma. O último filme de Gail Russell foi “Silent Call”, modestíssima produção que quase ninguém viu. Se pouca gente assistiu ao último filme de Gail, ela própria também não chegou a vê-lo pois em 27 de agosto de 1961 Gail foi encontrada morta no pequeno apartamento alugado em que vivia. Estava cercada por garrafas de vodka vazias e pelas inúmeras telas que pintara. Sem encontrar trabalho no cinema, Gail voltara a pintar para sobreviver. Pouco antes de morrer Gail havia dito a sua mãe que tentaria voltar ao cinema, o mesmo cinema que lhe deu uma efêmera fama e que, indiretamente, foi o responsável por lhe roubar a beleza e por lhe tirar a própria vida.

Gail Russell próxima do fim, aos 36 anos


2 comentários:

  1. Que tragédia a vida desta mulher, esquecida totalmente até mesmo pelos escritores, roteiristas e estudios , que poderiam ter feito um espetacular filme sobre toda a desgraça que se abateu sobre a curta e miserável vida desta, que eu considero, um dos mais belos rostos do cinema. Seria o menos que ela mereceria, uma fita narrando e epopéia de quedas despencadas no dorso desta boa e muito linda estrela.
    No fundo eu creio que sua felicidade e o livramento de todas suas mazelas caminharam nos braços e colo de John Wayne. Braços fortes e, possiivelmente, um amor retraído que não resvalou ou pendeu para ela.
    Com certeza estaria ali, no homem de sua vida, a salvação de toda sua infelicidade e tragédia. Um amor não resolvido pode arrastar uma vida a um despenhadeiro, da forma que a concretização de um sonho assim pode salvar uma vida de uma ruina programada pelo destino.
    E este destinho tinha um nome muito conhecido e também muito querido por todos nós; John Wayne
    jurandir_lima@bol.com.br

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  2. É lamentável que "colegas"profissionais a tenham induzido ou a incentivado a beber para se descontrair e ter naturalidade, começa sempre assim...Até ser tornar um vício e não ter mais controle.E acabou que tudo se perdeu assim...A juventude, a beleza ,o talento, o amor próprio e a própria vida dessa pobre alma.

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