UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

28 de abril de 2011

EDDIE DEAN E A DURA VIDA NA POVERTY ROW


Em Hollywood havia uma rua chamada Gower Street onde ficavam algumas pequenas companhias cinematográficas. Ao redor da Gower Street encontravam-se outras igualmente modestíssimas produtoras, o que levou aquela região a receber o apelido de Poverty Row, que pode ser traduzido livremente por “Zona da Pobreza”. Praticamente todos os estúdios da Poverty Row eram especializados em filmes de baixíssimo orçamento, a grande maioria deles B-westerns. A companhia mais poderosa entre essas pequenas produtoras era a Republic Pictures. Mas houve uma que ficou bastante conhecida dos frequentadores das matinês domingueiras, que foi a Producers Releasing Corporation, mais conhecida por PRC. Essa companhia tinha em seu elenco de contratados um mocinho chamado Eddie Dean que nunca foi o favorito de nenhum menino apaixonado por filmes de mocinho. A concorrência naquele tempo era enorme e Eddie Dean tinha que brigar com os famosos Roy Rogers, Durango Kid, Tim Holt, Rocky Lane, Bill Elliott e Hopalong Cassidy, ou seja, não era nada fácil se sobressair diante de mocinhos tão queridos. Mesmo assim Eddie Dean, usando seu próprio nome como mocinho nos filmes, conseguiu aparecer em 19 westerns produzidos pela PRC entre os anos de 1945 a 1948. Nos dois primeiros teve a companhia de um mocinho que se iniciava e tinha o nome de Al LaRue. Como usava um chicote acabou virando “Lash” La Rue e no Brasil foi o personagem de um dos gibis mais famosos que era Don Chicote. O sidekick de Eddie Dean em grande parte dos seus westerns foi o ator Roscoe Ates que interpretava o boboca Soapy Jones. E o diretor Ray Taylor dirigiu a maior parte dos filmes em que Eddie Dean atuou. Dean usou nessa série três cavalos Cooper, White Cloud e Flash, o que dava um nó na cabeça da garotada que além de conhecer os mocinhos adorava saber os nomes dos cavalos de cada um.

E TOME CENAS DE ARQUIVO - A PRC economizava tanto em seus filmes, usando cenas de arquivo, o chamado “stock footage”, que em alguns filmes Eddie Dean aparecia montando Cooper e, de repente, estava montando White Eagle ou Flash, para desespero dos pequenos espectadores que achavam isso uma heresia. Porém quando a PRC exagerou de verdade na economia foi no último western que Eddie Dean fez como mocinho naquele estúdio, em 1948, e que se chamou “The Tioga Kid”. Estudiosos dos B-westerns conseguiram cronometrar que nesse filme de 54 minutos, apenas 15 minutos eram de material novo, ou seja, filmado para aquele western. O restante havia sido utilizado no western de Eddie Dean chamado “The Drifter River”, que tinha no elenco William Fawcett e Dennis Moore, que também atuaram em “The Tioga Kid”. Mudaram a mocinha, substituindo Shirley Patterson por Jennifer Holt, mas usaram Flash, um cavalo que Eddie Dean não vinha usando nos seus últimos filmes. Economia era a palavra de ordem na PRC, mas nesse caso o que o estúdio fez foi lesar os pequenos consumidores que iam vibrar com os mocinhos nos cineminhas de bairro com cadeiras de madeira. Eddie Dean, além de bom intérprete era também compositor de talento e como cantor possuía uma das mais belas vozes entre os cowboys cantores. Imortalizou a si próprio não como o discreto mocinho da PRC, mas com sua composição “Hillbilly Heaven”, canção que falava dos grandes cantores da música country. (procure pelo vídeo nos arquivos do mês de fevereiro do Cinewesternmania)

2 comentários:

  1. Darci,

    Há muito tempo estávamos precisando de um site assim tão ricamente especializado como o seu. Nós amantes da sala escura, muito te agradecemos.

    http://www.salalatinadecinema.blogspot.com

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  2. Olá, M
    Espero que não seja aquela personagem de Peter Lorre naquele filme do Fritz Lang (rsrsrs).
    Obrigado pelas palavras elogiosas e vou procurar sempre melhorar a qualidade do blog.
    Um abraço do darci

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