UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

21 de setembro de 2011

O 'GÊNIO' QUE SEPAROU DALE EVANS DO REI DOS COWBOYS ROY ROGERS


Nunca houve no cinema um casal tão feliz nos filmes e na vida real como Roy Rogers e Dale Evans. Casamentos no cinema houve muitos, mesmo no círculo dos pequenos estúdios, como os enlaces de Don Red Barry-Peggy Stewart (1940-1944), Alan Rocky Lane-Sheyla Ryan (1945-1946) e Lash LaRue-Reno Browne. O casamento de Roy Rogers com sua querida Dale Evans durou 51 anos, só terminando com a morte do ator. E mais que isso, resultou em 28 filmes para o cinema e uma longa série de sete anos para a televisão. E tem muita gente que quando se fala em casais no cinema só lembra de Lucille Ball-Desi Arnaz, Katharine Hepburn-Spencer Tracy, Doris Day-Rock Hudson ou William Powell-Myrna Loy, os três últimos, por sinal, nem casados eram.

UM GÊNIO CHAMADO YATES - Roy Rogers fez seu primeiro filme aos 24 anos, em 1935, enquanto Dale Evans só estreou no cinema em 1942, aos 30 anos de idade. Encontraram-se em 1944 no filme “Pulseira Misteriosa” (Cowboy and the Señorita), da série Roy Rogers na Republic Pictures. Roy Rogers havia tido uma longa série de partners entre elas Penny Edwards, Pauline Moore, Joan Woodbury, Helen Talbot, Estelita Rodrigues, Adrian Booth, Peggy Stewart, Carol Hughes, Jacqueline Wells, Sheyla Ryan, Sally Payne, Ethel Wales, Ruth Terry, lembrando apenas as mais conhecidas. Roy Rogers teve como leading-lady até mesmo uma certa Doris Day, homônima da grande atriz e cantora. Certa ocasião, o dono da Republic, o detestado Herbert J. Yates, cismou de juntar Roy Rogers com a linda Lynne Roberts. Só que antes Yates decidiu que ela deveria mudar de nome, passando a se chamar Mary Hart. E com esse nome fez sete filmes com Roy Rogers nos anos de 1938 e 1939 apenas porque o gênio Herbert J. Yates considerava que a dupla Rogers e Hart da Republic faria sucesso igual aos imortais compositores (Richard) Rogers e (Lorenz) Hart.


Alguns dos westerns de Roy Rogers com a atriz Lynne Roberts
que o 'iluminado' Yates cismou em mudar o nome para Mary Hart

CASAMENTO REAL - Roy Rogers parecia haver encontrado a partner perfeita em Dale Evans, tanto que nos anos de 1944 a 1946 fizeram 15 filmes juntos e o público os identificava como o mais perfeito casal de mocinho e mocinha das telas. Roy era o King of the Cowboys e Dale a Queen of the Cowboys. Em 1946 Dale Evans se divorciou de seu terceiro marido, ficando portanto disponível para novo casamento, caso alguém se interessasse. Roy Rogers, por sua vez, ficou viúvo também em 1946, cumprindo aquele período normal de luto, após o que também estava disponível. Ora, o que poderia acontecer senão o Rei e a Rainha dos Cowboys se casarem? Provavelmente já estivessem se gostando a bastante tempo, mas só se casaram em dezembro de 1947, 13 meses depois da viuvez de Roy Rogers. O casamento foi o maior acontecimento do ano não só na Poverty Row, mas em toda Hollywood, pois Roy Rogers era um dos artistas que mais lucro davam em Hollywood, tanto que em 1946 foi o 10.º colocado entre os Top Ten Money Makers Stars, atrás de Bing Crosby, Ingrid Bergman, Van Johnson, Gary Cooper, Bob Hope, Humphrey Bogart, Greer Garson, Margaret O’Brien e Betty Gable. Esta certo que era tempo de guerra, mas John Wayne, Barbara Stanwyck, Katharine Hepburn, Spencer Tracy, Joan Crawford, James Cagney e tantos outros não foram lutar contra o Eixo...

Roy e Dale separados pelo dono da Republic;
Dale Evans mostrando que era uma bela atriz
O DITADOR DA REPUBLIC - A felicidade havia se instalado não só na Republic Pictures, mas em cada um dos fãs de Roy e Dale, em sua predominância crianças. Eis que ressurge o ditador do estúdio com mais um lampejo de sua genialidade. Herbert J. Yates chamou o casal Roy e Dale e informou que eles não mais atuariam juntos pois o público, segundo ele, não iria ao cinema ver filmes onde um cowboy conquista a própria mulher. De nada adiantaram as ponderações do casal e de todos que trabalhavam na Republic. Yates, sem contemplação, separou Roy Rogers de Dale Evans. A partir de “Primavera nas Serras” (Springtime in the Sierras), em 1947, Roy Rogers teve como partner Jane Frazee em cinco filmes, Adele Mara, Gail Davis e a linda Lynne Roberts (a ex-Mary Hart, lembram?). Roy Rogers mantinha-se como o Cowboy N.º 1 na preferência dos frequentadores das matinês, mas seus filmes não eram os mesmos. Estava faltando algo. Algo, não, alguém e esse alguém era Dale Evans. Durante o tempo em que esteve distante do marido nas telas, Dale Evans atuou em dois filmes policiais que foram “The Trespasser”, com Warren Douglas e “Slippy McGee”, com Don Red Barry. Roy Rogers sempre foi um homem cordato e de boa índole, incapaz de fazer ameaças a alguém senão teria pressionado Yates. Mas não foi preciso pois o onipotente mogul da Republic reuniu Dale e Roy novamente em “Mistério do Lago” (Susanna Pass). E desta vez foi para sempre porque dois anos depois, em 1951, seria rodado “Reduto de assassinos” (Pals of the Golden West), último filme de Roy e Dale para a Republic. Partiram para uma nova vida distante daquele autocracia chamada Republic Pictures onde tinham que fazer tudo que o dono da casa ordenava. Roy e Dale fundaram a produtora própria e passaram a fazer filmes para o novo veículo que passava a dominar o cenário do show-business, a televisão. Desnecessário dizer que ficaram milionários e melhor que isso, felizes para sempre longe do tiranete da Republic.



2 comentários:

  1. Assumo a falha... nunca lembrei do casal Evans-Rogers... Na verdade, não sabia que eles eram casados. Mais um ótimo post, Darci.

    O Falcão Maltês

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  2. Conheci Roy Rogers quando era muito garoto, com sua série de tv que era exibida no horário de almoço, lá pela segunda metade da década de 1970. Não lembro mais em qual canal, talvez a extinta tv Tupi.
    Ele ajudou a consolidar meu gosto pelos bang-bangs ainda que a série fosse naquela linha ingênua mas, por isso mesmo, adequada ás crianças de então.

    Que diferença os heróis daquele tempo para os da criançada de hoje, não? Tínhamos Roy Rogers e Daniel Boone, para citar apenas dois mocinhos perfeitos 100% em caráter e valores, enquanto hoje a meninada admira Freddy Kruger e semelhantes!!!

    Obrigado novamente, Darci! Lembrar esses heróis de antigamente é muito prazeroso.

    Edson Paiva

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