Aos sete anos de idade, no Cine
Mercurinho em Taubaté, cidade do Vale do Paraíba (São Paulo), Sebastião Santos descobriu as matinês. Passou a
gostar tanto de cinema que, quando tinha um dinheirinho a mais, ficava para a
sessão seguinte para assistir mais filmes. Adolescente passou a dividir o
cinema com tudo aquilo que os jovens praticavam, porém jamais passava uma única semana
sem ir ao cinema. Foi nesse tempo que começou a colecionar discos de seus
cantores preferidos, entre eles Carlos Galhardo, Nélson Gonçalves, Vicente
Celestino e Roberto Carlos que já fazia bastante sucesso. Colecionar era algo que desde cedo atraía Sebastião, que para os amigos era o sorridente Sebá. (Na foto ao lado o Cine Palas, em Taubaté, um dos que Sebá frequentou incontáveis vezes)
Nelson Pecoraro |
E veio a década de 80 e com ela a
chegada do Video Home System, o popular VHS, que permitiu a Sebá iniciar sua
coleção de filmes. Coincidiu com esse momento a aproximação de Sebá com o
famoso Clube dos Amigos do Western, criado pelo médico Aulo Barretti e que então se reunia aos sábados no
Fotocineclube Bandeirantes, na Rua José Getúlio em São Paulo. Sebá passou não
só a frequentar a confraria mas também a adquirir fitas de gêneros que não se
encontrava nas locadoras. Eram os faroestes ‘B’, aqueles que ele assistira no
Cine Mercurinho e também os saudosos seriados, especialmente os da Republic
Pictures. Quem forneceu a Sebá os primeiros faroestes e seriados foi Nélson
Pecoraro, que dominava o processo de telecinagem e dessa forma possibilitava a
passagem dos filmes em 16mm para as fitas VHS.
Rex Allen |
O acervo de Sebá não parava de crescer
quando então surgiu o DVD, mídia para a qual a respeitável coleção foi toda
transferida. O advento do DVD somado ao domínio da informática-internet
possibilitou ao colecionador taubateano ‘baixar’ os filmes, legendá-los e
personalizá-los com autoração particular levando seu nome. Hoje Sebá Santos é
um dos maiores colecionadores de filmes do Brasil, com um acervo que já
ultrapassou os doze mil títulos. Isso mesmo, 12.000 filmes de todos os gêneros
mas com um declarado amor pelo faroeste. E não apenas os westerns clássicos ou
os queridos ‘Bezinhos’, mas também a fase pioneira do cinema dos tempos de
William S. Hart, de quem Sebá tem inúmeros títulos. Entre todos os cowboys, o mocinho preferido de Sebá
é Rex Allen, de quem possui a série completa de westerns produzida pela Republic
Pictures. Muito da enorme coleção de
Sebá Santos foi por ele exibida no programa “Matinê”, que manteve na TV Cidade,
de Taubaté, para gaudio dos muitos fãs de westerns e seriados.
Sebá Santos |
Viajando por todo o país por força de
sua atividade profissional, Sebá por onde passava encontrava sempre alguma
preciosidade que ampliava seu acervo, o mesmo ocorrendo nas suas andanças pelo mundo, ele que gosta
muito de viajar. Em sua casa, em meio à sua coleção, o maior problema de Sebá é
selecionar quais filmes irá assistir, mas uma coisa é certa: os westerns sempre
serão prioridade. Sebá Santos atendeu ao pedido de WESTERNCINEMANIA e
relacionou quais os dez westerns que mais aprecia, aqueles que considera os
melhores na vastidão do gênero. Eis as preferências do amigo Sebá devidamente
por ele comentadas.
1.º) Matar ou Morrer (High Noon), 1952 –
Fred Zinnemann
Feito em uma época em que o
tradicionalismo estava bem instalado no gênero, com obras de baixo orçamento
sendo lançadas aos montes, este longa-metragem mostrou-se revolucionário e
controverso por apresentar o que não se esperava. A figura do xerife deixa de
ser sinônimo do cara durão, ou qualquer coisa que se resuma a adjetivo, e passa
a ser humano. Além de mostrar este lado, o filme ainda oferece como bônus o
fato de sua história se passar em tempo real, que apenas aumenta a tensão e a pressão
do conflito mental do protagonista. É uma das poucas vezes em que vemos uma
abordagem tão distinta e tão realista, se posso dizer, do mito do Faroeste.
Positiva ou negativa, tudo que é diferente sempre causa uma impressão. Para
alguns esta obra é uma heresia, para outros uma demonstração do melhor que o cinema tem para oferecer. Gary Cooper
levou o Oscar por este filme, o primeiro faroeste psicológico filmado em tempo
real.
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2.º) Os Brutos Também Amam (Shane), 1953 –
George Stevens
Um grande filme que discute o que é ser
um pistoleiro, cavalgando sem destino pelas planícies (ao som de uma bela
trilha sonora), apresenta-se como espectador alguém totalmente misterioso, na
trajetória de Shane (Alan Ladd), que abandona as armas para trabalhar em uma
fazenda onde eles proveem seu próprio sustento, mas é obrigado a voltar ao
ofício, devido estarem sendo reprimidos por grandes fazendeiros do vale.
Faroeste cheio de problemas e foge do estereótipo de herói invencível e
autoconfiante encontrado nos filmes do gênero.
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3.º) Sete Homens e Um Destino (The
Magnificent Seven), 1960 – John Sturges
Refilmagen de “Os Sete Samurais”, de
Akira Kurosawa. A música-tema composta por Elmer Bernstein, primordial, acabou
virando jingle de uma marca de cigarros. Mexicanos atacados por bandoleiros
contratam sete pistoleiros para defender sua aldeia que era saqueada costumeiramente
pelo bando liderado por Calvera. Este filme rendeu mais três versões sempre com
o mesmo título. Interpretações magistrais.
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4.º) Duelo de Titãs (Last Train from Gun
Hill), 1959 – John Sturges
O xerife de Gun Hill (Kirk Douglas)
Matt Morgan, desloca-se ao rancho feudal mais importante da comarca, que é
comandado por seu amigo de infância Craig Belden (Anthony Quinn). Procura o
assassino de sua esposa, como pista ele tem a sela gravada com as iniciais de
seu amigo. Porém não suspeita que o assassino de sua mulher é quem ele menos
espera. Interpretação magistral de Kirk Douglas e Anthony Quinn, um colorido
sensacional.
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5.º) A Conquista do Oeste (How the West Was
Won), 1962 – Henry Hathaway, John Ford, George Marshall
Partindo para uma viagem para o Oeste
nos anos 30, a família Prescott vai de encontro a um homem chamado Linus, que
os ajuda a lutar contra um grupo de ladrões. Linus casa-se com Eve Prescott e
trinta anos depois, vai para uma guerra civil com o filho deles. A irmã de eve,
Lily, vai mais para o interior do Oeste e se aventura com um apostador de
jogos, indo até São Francisco, em 1880. Imagem para encher os olhos, um dos
primeiros filmes filmados em Cinerama (projeção com três projetores de imagem
em Cinemascope). Conta a história da colonização dos Estados Unidos. Nas
imagens em Blue Ray atual podemos ver a linha divisória da projeção de cada
câmera.
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6.º) Josey Wales – O Fora-da-Lei (Outlaw
Josey Wales), 1976 – Clint Eastwood
Após ter sua família assassinada pela
União, pelo Capitão Terrill, sem poder fazer nada sai em busca de vingança.
Wales se junta ao Exército Confederado, mas se recusa a se render quando a
guerra termina. Seus amigos soldados entregam as armas e são massacrados por
Terrill. Wales, então, atira em alguns homens de Terrill e vai para o Texas,
onde tenta recomeçar a vida, mas a recompensa por sua cabeça coloca em perigo a
vida dele e sua nova família. Sequência magistral e um dos melhores faroestes
feitos na década de 70.
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7.º) Dança com Lobos (Dances with Wolves),
1990 – Kevin Costner
Protagonizado e dirigido por Kevin
Costner, o oficial da cavalaria que serviu na Guerra Civil americana John
Dunbar decide escolher um lugar para se estabelecer próximo à fronteira, onde
se afeiçoa pela tribo dos índios Sioux. No transcorrer do filme ele tenta
entender o modo de vida dos Sioux, o homem branco abre mão de sua carreira e
vida pregressa para defender aqueles que julga oprimidos. Apesar de ter como
herói um caucasiano, que é parte da tal tribo, Dunbar é uma exceção ao sofisma,
já que se converte em um deles, entendendo em níveis sentimentais quais são os
anseios e qual é a espiritualidade desses. Parte do filme falado na língua
indígena, os atores tiveram que estudar para participar desta produção.
Belíssima fotografia.
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8.º) Da Terra Nascem os Homens (The Big
Country), 1958 – William Wyler
Gregory Peck é um marinheiro da Nova
Inglaterra que, aposentado, resolve ir se estabelecer no Oeste, onde se casaria
com a filha de um fazendeiro (Carroll Baker). Se torna motivo de escárnio entre
os fazendeiros e cowboys da região. Sua noiva decepcionada por achar que seu
noivo era um covarde, o repele. Acontece que o homem tem um princípio de vida
muito forte: não precisa provar nada para ninguém, a não ser para ele mesmo, e
começa um romance com uma moça local que acreditava nele (Jean Simmons). Um dos
melhores filmes de westerns já feitos, tem tudo, ação, romance, ganância,
inveja, covardia, filme completo, imagens belíssimas, sequência muito boa, etc.
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9.º) Rastros de Ódio (The Searchers), 1956 –
John Ford
Ethan Edwards (John Wayne) retornando
da guerra, procura sua família no Oeste, tendo sua família sido massacrada
pelos Comanches, sua sobrinha sequestrada, parte em busca de vingança contra os
índios que exterminaram sua família, ao mesmo tempo que tenta resgatar, com
vida, sua sobrinha. Baseado em uma obra
de Alan LeMay, é um dos westerns mais clássicos já feitos.
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10.º) Vera Cruz (Vera Cruz), 1954 – Robert
Aldrich
Dois pistoleiros americanos viajam para
o México no meio da Revolução Mexicana. Eles são contratados para proteger uma
representante da nobreza e o tesouro que carrega, de um possível roubo, quando
percebem, já estão envolvidos com a guerra. Interpretação magistral de Burt
Lancaster e Gary Cooper e com a participação da lindíssima Sarita Montiel, pena
que ela não demonstre seus dons artísticos nesse filme (sua voz).
Ao lado das estantes repletas de DVDs estão quadros com os mocinhos dos westerns B que Sebá tanto admira, entre eles Rex Allen, Rocky Lane e Durango Kid. |
Filmes, filmes e mais filmes, de todos os gêneros na gigantesca coleção do taubateano Sebá santos. |