UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

30 de novembro de 2021

OS MELHORES WESTERNS DE TODOS OS TEMPOS, ELEITOS PELA CONFRARIA DOS AMIGOS DO WESTERN DE SÃO PAULO

Há 22 anos a revista 'PARDNER' que eu, Darci Fonseca, editava para a Confraria dos Amigos do Western (SP) publicou o resultado de uma enquete que a revista fez para eleger os dez melhores westerns de todos os tempos. 55 membros da confraria, todos especialistas no gênero, votaram e os dez primeiros faroestes foram analisados por alguns dos sócios da confraria. Nesses 22 anos muitos bons westerns foram produzidos e até poderiam fazer parte da seleta lista elaborada, mas acredito que não haveria maiores alterações quanto ao resultado final. Eis a matéria completa:
















22 de outubro de 2021

TOP-TEN WESTERNS DE ELTON BRASIL

 

Há dezenas e dezenas de grupos especializados em westerns no Facebook. Um dos pioneiros em língua portuguesa e dos melhores era o “Fãs de Faroestes”, infelizmente desativado por seu administrador ELTON BRASIL. Esperamos que Elton volte a qualquer hora a ativar o grupo para deleite dos membros que faziam postagens e debatiam sobre as mesmas falando de suas preferências no gênero. Pelo seu amplamente demonstrado conhecimento de faroestes, não poderia o Westerncinemania deixar de conhecer os westerns preferidos de Elton e ele prontamente nos atendeu indicando seu Top-Ten Westerns. Vamos a eles:


 1.º) ERA UMA VEZ NO OESTE (C’Era Una Volta Il West), 1968 - Sérgio Leone 



2.º) DA TERRA NASCEM OS HOMENS (The Big Country), 1958 - William Wyler 


3.º) POR UNS DÓLARES A MAIS (Per Qualche Dollaro in Più), 1965 - Sérgio Leone 


4.º) O MATADOR (The Gunfighter), 1950 - Henry King 


5.º) MATAR OU MORRER (High Noon), 1952 - Fred Zinnemann 


6.º) DUELO DE TITÃS (Last Train from Gun Hill), 1959 - John Sturges 


7.º) RASTROS DE ÓDIO (The Searchers), 1956 - John Ford 


8.º) SETE HOMENS E UM DESTINO (The Magnificent Seven), 1960 - John Sturges


9.º) RIO VERMELHO (Red River), 1948 - Howard Hawks 


10.º) COM O DEDO NO GATILHO (Hell Bent for Leather), 1960 - George Sherman 



28 de julho de 2021

NO RASTRO DA VIOLÊNCIA (THE QUICK AND THE DEAD) – SAM ELLIOTT COMO ESTRANHO MISTERIOSO E GALANTEADOR

 

          Westerns feitos para a TV geralmente são logo esquecidos, como é o caso de “No Rastro da Violência”, produzido pela HBO em 1987. Baseado em “The Quick and the Dead”, uma das muitas entre a centena de obras escritas por Louis L’Amour, o livro foi lançado em 1982 e curiosamente em 1985, com o mesmo título, foi filmado o faroeste de Sam Raimi que entre nós foi chamado de “Rápida e Mortal”, com elenco estelar encabeçado por Sharon Stone, Gene Hackman, Leonardo Di Caprio e que teve até a participação de Woody Strode. Louis L’Amour, um dos mais prolíficos autores do gênero western teve muitas de suas histórias filmadas para o cinema, entre elas “Caminhos Ásperos”, “Gigantes em Luta”. A TV também usou histórias de L’Amour, como em “O Aventureiro do Oeste” (Conagher) e “Os Cavaleiros da Sombra” (The Shadow Riders), “Rastros de Vingança” (Crossfire Trail) e a mini-série “The Sackets”. Em todos esses, exceto “Rastros de Vingança” esteve presente Sam Elliott, um ator que, se nascido algumas décadas antes, seria um dos grandes astros dos tempos áureos do faroeste, no calibre de um Randolph Scott ou Joel McCrea, por exemplo.

À esquerda o escritor Louis L'Amour


     O admirado “Shane” (Os Brutos Também Amam) teve praticamente uma refilmagem com o magnífico “O Cavaleiro Solitário” (Pale Rider), um dos grandes faroestes de Clint Eastwood. E o tema foi revisitado por Louis L’Amour neste “No Rastro da Violência” que conta como uma família - casal e um filho - se muda do Leste para iniciar uma nova vida no Oeste deparando-se, quando chegam a um lugarejo denominado Bender Flats, com um bando de foras-da-lei sequiosos por se apropriar dos pertences dos peregrinos. Os viajantes são Duncan McKaskel (Tom Conti), a esposa Susanna (Kate Capshaw) e o menino Tom (Kenny Morrison). O líder dos bandidos é Doc Shabitt (Matt Clark) que na primeira tentativa de intimidação dos McKaskels, descobre que um homem misterioso está protegendo os peregrinos. Shabitt não desiste de seu intento e com seus homens segue o carroção da família e pouco a pouco vê seu bando composto por mais sete capangas se reduzir porque Con Vallian (Sam Elliott), o cavaleiro misterioso os abate em cada confronto. A aniquilação do bando se dá quando McKaskel se junta a Vallian para enfrentar os três últimos bandidos, após o que Con Vallian parte desaparecendo pela pradaria.

Tom Conti, Kenny Morrison e Kate Capshaw
          Além do bando de Doc Shabitt, McKaskel tem que enfrentar o insistente assédio que Vallian faz sem nenhuma cerimônia a sua esposa. E Susanna, de certa forma, corresponde porque se sente atraída por Vallian, embora ame seu marido. E assim como em “Shane” (e em “Hondo), o garoto Tom nutre admiração pelo estranho vendo nele qualidades que gostaria que seu pai tivesse. Mais interessante até do que a própria história que vai se tornando previsível a cada sequência é o triângulo que se forma e que um filme feito para a TV respeita os limites morais. Muito apropriado seria a leitura do livro de L’Amour para descobrirmos se Con Vallian estaria mais próximo do respeitoso ‘Shane’ ou do atrevido ‘pastor’ de “Pale Rider”. Em “No Rastro da Violência” o herói solitário é uma mescla desses dois personagens e sabiamente o roteiro de James L. Barrett deixa a critério do espectador decidir se a senhora McKaskel e Vallian foram além dos beijos e dos momentos de ternura trocados.

Sam Elliott e Kate Capshaw
          Kate Capshaw (na vida real esposa de Steven Spielberg) está deslumbrante e por isso mesmo irresistível, tanto que Red (Jerry Potter), um dos bandidos fica obcecado por ela assim que a vê. O mesmo pode-se dizer de Con Vallian que não perde uma única oportunidade para ressaltar as qualidades de Susanna, dizendo-o tanto para ela como para o marido. Essa situação chega a ser engraçada porque ainda que Sam Elliott esteja longe de ser um comediante, sua expressão é hilária quando exacerba seu cinismo galanteador, a ponto de ser repreendido até pelo pequeno Tom. Louis L’Amour demonstra em diversas falas de Con Vallian, o quanto é conhecedor das coisas do Velho Oeste, como quando faz com que Duncan McKaskel se passe por idiota para que um grupo de índios famintos não os mate. E Sam Elliott com seu buckskin, faca com enorme cabo à cintura e jeito de quem nasceu sobre um cavalo é o mais convincente dos personagens principais, enquanto Tom Conti foi uma péssima escolha e Kate Capshaw é bonita demais para se meter numa aventura como essa rumo àquele perigoso mundo sem lei. Matt Clark moldou seu personagem nos vilões inesquecíveis de John McIntire, mas fica distante do velho John.

Kate Capshaw, Sam Elliott (acima); Tom Conti e Matt Clark
          O título original de “No Rastro da Violência” é enganoso porque sugere haver ao menos um duelo típico dos faroestes, mas isso não acontece. Certo que Con Vallian demonstra sua habilidade ao enfrentar um bandido e mais tarde o índio que o alveja, matando a ambos. Porém os momentos decisivos de frieza no gatilho são executados pelo casal McKaskel e não exatamente em duelos. A mais violenta das sequências ocorre quando Susanna se defende do ataque de Red atingindo-o com pauladas na cabeça deixando seu rosto irreconhecível. Realizado em um tempo em que os cenários e figurinos do Velho Oeste mudaram bastante, este western dirigido por Robert Day foi bem cuidado, acima da média de muitos westerns dos anos 50 e 60. A sucessão de clichês (não faltou sequer a esposa se banhando e sendo observada pelo sorrateiro Vallian), no entanto, comprometem bastante esta boa diversão para os fãs do gênero e certamente não era a intenção da HBO realizar um clássico como “Shane” ou western intrigante como “Pale Rider”.

 

Sam Elliott, Kate Capshaw e Tom Conti; no destaque Jerry Potter


26 de junho de 2021

FRED GRAHAM, UM 'BRIGÃO' NOS FAROESTES E SERIADOS

 

          Pode-se afirmar que há três tipo de cinéfilos. O mais comum é aquele cinéfilo que reconhece os principais astros e estrelas de um filme. Tomando por exemplo o clássico western “Onde Começa o Inferno” (Rio Bravo), esse fã saberia dizer que John Wayne divide o elenco principal com Dean Martin, Angie Dickinson, Ricky Nelson e Walter Brennan. Já o segundo tipo de cinéfilo, mais atento aos chamados e tão importantes coadjuvantes, completaria dizendo que Ward Bond também atua nesse faroeste e que o chefão da quadrilha é John Russell, tendo o irmão (no filme) Claude Akins que passa muito tempo dentro da cela provocando Walter Brennan. E esse fã ainda diria que o casal de mexicanos é interpretado por Pedro Gonzalez-Gonzalez e Estelita Rodrigues. O terceiro tipo de cinéfilo é aquele capaz de reconhecer, além dos citados, muitos dos chamados figurantes que surgem na tela como Bob Steele e Bing Russell. Há uma sequência magnífica de tiroteio em “Rio Bravo”, na qual Duke e Nelson enfrentam e três bandidos na porta do Hotel Álamo. Quem são esses três vilões? Aquele cinéfilo que não deixa escapar nada do filme é capaz de reconhecê-los. Um deles é o pouco conhecido George Mitchell; outro é Eugene Iglesias, portorriquenho que atuou com destaques em inúmeros westerns, entre eles “Onde Impera a Traição” (Duel at Silver Creek). O terceiro bandido, o mais corpulento, foi definido por William Witney como o melhor de todos os stuntmen com quem o famoso diretor trabalhou, isto quando se tratava de uma boa luta a socos, daquelas que não podia de jeito nenhum faltar num bom faroeste. O nome dele é Fred Graham. 

O trio que tenciona surpreender John Wayne em "Rio Bravo":
Eugene Iglesias, George Mitchell e Fred Graham

          Nascido em 1908 como Charles Frederick Graham, o jovem Fred tinha 1,88m de altura aos 20 anos, quando se dividia entre o trabalho como ajudante na MGM e atleta amador de baseball. Em 1934 estava sendo rodado “A Mão Invisível” (Dead on the Diamond), filme sobre baseball estrelado por Robert Young e no estúdio sabiam que Fred Graham praticava esse esporte e por essa razão ele foi chamado para assessorar Young para que este parecesse um jogador de verdade. Graham fez mais que isso e participou como figurante jogador do time do Saint Louis Cardinals. Ward Bond, Walter Brennan e Bruce Bennett também aparecem nesse filme. Daí em diante nunca mais Fred Graham carregou cenários ou empurrou carrinhos na MGM, passando a fazer pequenas figurações e substituindo atores em sequências mais perigosas. Em “O Grande Motim” (Mutiny on Bounty) Graham fez isso pela primeira vez substituindo nada menos que Clark Gable. Mais tarde Robert Taylor e Nelson Eddy foram outros que, apesar das diferenças físicas, foram dublados por Fred Graham que vestia roupas iguais às dos astros. O curioso é que Nelson Eddy só filmava operetas enquanto namorava Jeanette MacDonald... Nesse tempo ninguém chamava Fred Graham pelo nome, mas sim pelo apelido ‘Slugger’ (arremessador de baseball), apelido que ele carregou pelo resto da vida. 

        Da MGM Fred Graham se mudou para a Warner Bros., onde seu primeiro trabalho foi como stunt double de Basil Rathbone em “As Aventuras de Robin Hood”. Rathbone era um verdadeiro ás no manejo da espada, mas necessitava ser substituído nas muitas quedas que o personagem sofria durante os confrontos com Errol Flynn. Tal era o realismo com que Fred se dedicava ao trabalho que em um desses embates fraturou o tornozelo em uma queda. Da Warner Bros. Fred Graham passou por outros estúdios porque aos se tornar bastante conhecido na categoria de stuntman era requisitado para substituir atores mais conhecidos como Cornel Wilde, John Wayne, Gregory Peck, John Payne e até Bob Hope ou mesmo coadjuvantes grandalhões como Harry Woods e Mike Mazurki. E veio o auge da Republic Pictures, a casa dos Western-B e dos seriados, gêneros que, mais que quaisquer outros, continham sequências de ação e para isso Fred Graham era nome certo ali na Powert Row. 

Dick Purcell (Capitão América) esmurra Fred Graham no seriado de 1945

          No estúdio de Herbert J. Yates, Graham foi dublê até do admirado Roy Barcroft, vilão que apanhou praticamente de todos os mocinhos dos B-Westerns mas que quando desempenhava papel importante nos seriados não podia se arriscar e então era Fred Graham quem era surrado em seu lugar como em “Marte Invade a Terra” (The Purple Monster Strikes). Os dublês, salvo exceções como David Sharpe e Tom Steele, não eram contratados pelos estúdios e ganhavam por participação em sequências perigosas. Para melhorar o salário e por estarem presentes nos sets de filmagens acabavam participando de outras sequências ‘mais calmas’. Isso explica como foi possível em seus trabalhos no cinema, que duraram 39 anos, que Graham tenha atuado em 277 filmes e tendo também 230 participações registradas como dublê. Dos seriados dessa época de ouro Graham atuou em nada menos que 20 deles, 17 na Republic Pictures. Quantos aos Westerns-B, são incontáveis e Monte Hale, Rocky Lane, Roy Rogers, Rex Allen, Bill Elliott e Bob Steele tiveram a árdua missão de travar lutas contra o bandidão Fred Graham. 

Cena de "Acusação Injusta" (Heart of the Rockies), de 1951, com Fred Graham
sendo rendido por Roy Rogers enquanto Penny Edwards observa

Fred Graham sente a força do punho de Allan Lane em
"À Procura do assassino" (Silver City Kid), de 1944

          Nos filmes de melhor orçamento dos quais participou como substituto, em algumas edições menos rigorosas, é possível perceber que é Fred Graham e não o ator principal quem distribui e recebe socos. Dublando John Wayne em “Adorável Inimiga” (Tall in the Saddle), “A Pecadora” e em “Ódio e Paixão” (Pittsburgh), pode-se ver que John Wayne está um pouco mais baixo e mais gordo. É em “Ódio e Paixão”que ocorre a memorável briga entre John Wayne e Randolph Scott, uma das mais famosas do cinema e que Fred Graham ajudou a valorizar. 

Cliff Lyons segura John Wayne e Mike Mazurki apenas olha enquanto
Fred Graham prepara um soco de esquerda para atingir o Duke, em "Dakota", de 1945

          Nem sempre havia a preocupação de se encontrar um dublê ‘sósia’ do ator principal, como era o caso de Gary Cooper e seu constante stunt-in Slim Talbot. Importava mais, isto sim, a qualidade do trabalho do stuntman e nisso Fred Graham era imbatível, como bem disse William Witney. Graham desferia socos com precisão e quando era atingido parecia mesmo que o fora de verdade. Esse fato fez com que despertasse a admiração de John wayne por Fred, de quem ficou amigo. Quando Duke se tornou um dos homens mais poderosos de Hollywood, como ator e produtor, Graham sempre era lembrado para participar de seus filmes. Isso aconteceu inúmeras vezes como em “Horizonte de Glórias”, “Iwo-Jima - O Portal da Glória”, “O Rasto da Bruxa Vermelha”, “Sangue de Bárbaros” e claro, nos westerns. Graham pode ser visto em “Sangue de Heróis”, “Legião Invencível” e já maduro em “Marcha de Heróis”, “O Álamo” e “Fúria no Alasca”. Mesmo quando Wayne não atuava, mas era o produtor, como em “Sete Homens sem Destino”, Fred Graham era chamado para participar. 

Como homem da lei em "O Monstro Gigante de Gila", Fred Graham
conversa com Don Sullivan e Shug Fisher entre os dois

          E Fred Graham somente não esteve mais vezes ao lado de John Wayne (e de John Ford) porque se mantinha constantemente ocupado na Republic Pictures e mais tarde em trabalhos nas muitas séries westerns de TV. Nestas Graham até recebia crédito, ao contrário dos filmes que somente nomeavam os astros e principais coadjuvantes. Em “O Monstro Gigante de Gila”, um dos muitos sci-fi-horror dos anos 50, Fred Graham tem o segundo papel em importância no elenco, como o sheriff da localidade que é apavorada pelo lagarto gigante. Além dos muitos westerns clássicos em que atuou, Fred Graham foi visto em filmes importantes como “Sansão e Dalila”, “A Guerra dos Mundos”, “Demétrio e os Gladiadores” e “20 Mil Léguas Submarinas”, entre outros. Nas obras-primas “Janela Indiscreta” e “O Segredo das Joias” Fred Graham esteve presente como ator e pode-se afirmar que todo fã de cinema lembra da figura do policial que persegue James Stewart nos telhados de San Francisco no início de “Um Corpo que Cai”. É Fred Graham quem perde o equilíbrio e se estatela no chão sob o olhar desesperado de Stewart. 

Uma das mais famosas sequências do cinema, no início de "Um Corpo que Cai"
(Vertigo) e quem acaba caindo do telhado é Fred Graham

          Na década de 60 Fred Graham diminuiu consideravelmente seu ritmo de trabalho, até porque o peso dos anos lhe roubaram a forma magnífica que sempre apresentou como um autêntico ‘brawler’ (brigão) das telas. Na vida real, no entanto, Graham era uma pessoa muito gentil e que fazia amigos com facilidade. Em Scottsdale (Arizona), cidade onde resolveu morar, Graham era figura das mais populares e se empenhou na criação do ‘Carefree Southwest Studios’, também conhecido como ‘The Graham Studio’, destinado a atividades cinematográficas. Em 1965 William Witney chamou Graham para interpretar Quantrell em “Bandoleiros do Arizona” (Arizona Raiders), estrelado por Audie Murphy. Em 1972 Fred teve participação em “Meu Nome é Jim Kane”, um western moderno com Lee Marvin e Paul Newman. O último filme de Fred Graham foi “Guns of a Stranger”, faroeste que teve o cantor Marty Robbins no papel principal como um sheriff, assim como Graham, também sheriff. 

  Fred Graham veio a falecer em Scottsdale, em 10 de outubro de 1979, quatro meses após o falecimento de John Wayne. O cinema perdia o seu maior cowboy e também um dos grandes dublês da tela, pouco lembrado mas certamente reconhecido pelos cinéfilos mais atentos e que diziam: “Olha o Fred Graham aí...”

 

Cena de "Pioneiros do Colorado" (Colorado Pioneers), de 1945: Fred Graham prestes

a quebrar a cadeira na cabeça de Bill Elliott que é seguro por Roy Barcroft

28 de maio de 2021

OS COWBOYS MAIS PROLÍFICOS DO CINEMA




 

Pesquisa do editor Darci Fonseca publicada originalmente na revista Pardner.

30 de abril de 2021

GRANDE ÁLBUM DO FAROESTE

 Em 2003, por ocasião da comemoração do centenário do primeiro verdadeiro filme, o western "O Grande Roubo do Trem" (The Great Train Robbery), Darci Fonseca, o editor deste blog, elaborou um álbum do faroeste. Esse álbum dividido em seis categorias apresenta um retrospecto fotográfico dos atores e atrizes que atuaram em westerns através da longa história do gênero. Faltarão muitos nomes importantes, é certo, mas, para compensar, muitos outros nomes que vimos na tela grande ou na TV foram lembrados. Essa matéria foi originalmente publicada na revista 'PARDNER', também editada por Darci Fonseca. Vamos a esses queridos cowboys e cowgirls:











1 de fevereiro de 2021

ENCENAÇÃO DO DUELO DO CURRAL OK (REENACTMENT OF THE GUNFIGHT AT THE OK CORRAL) - Parte 1


 

ENCENAÇÃO DO DUELO DO CURRAL OK (REENACTMENT OF THE GUNFIGHT AT THE OK CORRAL) - Parte 2


Participantes: Beto Nista, Lázaro Narciso Rodrigues, André Bova, André Colombo, Milton Martins, Renan hard e Darci Fonseca - Direção: Darci Fonseca.

ENCENAÇÃO DO FINAL DE "DUELO DE TITÃS" (LAST TRAIN FROM GUN HILL)


 Participantes: Beto Nista, André Bova, Lázaro Narciso, Darci Fonseca, André Colombo - Direção: Darci Fonseca.

1 de janeiro de 2021

A VINGANÇA DO LÁTEGO (MAN WITH THE STEEL WHIP) – ÚLTIMO SERIADO WESTERN DA REPUBLIC PICTURES




Produção econômica e descuidada
- A Republic Pictures, conhecida como ‘A Casa dos Seriados’ e onde foram produzidos alguns dos grandes clássicos desses filmes, usou até onde pode a figura de El Zorro, até que a Disney se apropriou do personagem criado por Johnston McCulley. Mas se havia algo que a Republic sabia fazer melhor que ninguém, além de bons seriados, era resolver as dificuldades a seu modo. Se não era mais possível usar o El Zorro, que se criasse outro mocinho com as mesmas características e foi assim que nasceu ‘El Látego’, que a criançada falava ‘El Latêgo’. Ronald Davidson elaborou o roteiro e Franklin Adreon produziu e dirigiu com a costumeira economia que o estúdio não abria mão de praticar. A começar pelo traje do herói, em tudo parecido com o que foi usado por Linda Stirling em “O Chicote do zorro” (Zorro’s Black Whip), de 1944. Sequências de arquivo foram utilizadas em profusão, como era prática comum nos seriados, mas neste há até uma sequência de flash-back ocupando boa parte de um episódio. Seriados westerns eram mais baratos porque as externas eram filmadas logo ali em Alabama Hills ou no Iverson Ranch, mas percebe-se neste “A Vingança do Látego” que a maior parte das externas, quando não de arquivo, foram feitas mesmo no terreno do estúdio, sem o menor cuidado com o cenário que se altera durante uma mesma sequência.
 

 


Nos mais de 40 anos em que Hollywood produziu seriados o gênero western raramente deixou de ter pelo menos um exemplar anual para alegria dos fãs de aventuras passadas no Velho Oeste. Buck Jones foi, entre os mocinhos famosos, o que mais estrelou seriados westerns, num total de seis e Johnny Mack Brown o seguiu de perto com quatro desses filmes em capítulos. Este blog faz pela primeira vez uma resenha de um seriado e o escolhido foi o último do gênero faroeste produzido pela Republic Pictures: “A Vingança do Látego”, de 1954. Como se sabe os seriados da década de 50 são considerados dos mais fracos, mas para mim este que é focalizado tem um significado muito especial pois foi o último que assisti nas matinês dominicais do Cine Marconi, situado à Rua Correa de Melo, no Bom Retiro, em São Paulo. O ano muito distante era o de 1955. Foi o útimo porque a partir de então não mais aquele pequeno cineminha com cadeiras de madeira exibiu outro seriado, para tristeza da garotada que os adorava e não perdia um episódio desse tipo de filme. O amigo Sebá Santos me providenciou uma cópia de “A Vingança do Látego” e matei a saudade das aventuras daquele cavaleiro mascarado que parecia mas não era o Zorro, imagens que nunca saíram da minha lembrança e que não poderiam deixar de ser comentadas aqui no Westerncinemania. 


Mocinho que monta bem e briga mehor
- A economia se estendeu na escolha do elenco com os principais personagens sendo interpretados por nomes pouco conhecidos do público, à exceção de Roy Barcroft que tem pequena participação, desta vez como sheriff, aparecendo apenas no 8.º capítulo e depois no 10.º e 12.º. O herói mascarado foi vivido por Dick Simmons (foto ao lado), ator então com quase 20 anos de carreira e que só viria a se tornar mais conhecido ao interpretar o ‘Sargento Preston’, da série de TV “O Rei da Polícia Montada” (1955/1958), atuando como Richard Simmons. Dick montava bem, brigava melhor ainda, tinha ótima voz e isso bastava para compensar sua total falta de carisma. Barbara Bestar foi a mocinha, com pouco a fazer na aventura. O trio de vilões foi interpretado por Dale Van Sickel, Lane Bradford e Mauritz Hugo, sendo que nas sequências de ação em que Van Sickel e Bradford travavam luta corporal com Dick Simmons, eram eles próprios que lutavam, dispensando os dublês. Tom Steele, além de fazer figuração como membro da quadrilha, vestia a roupa do Látego e enfrentava os bandidos com sua excepcional forma atlética. 



De olho nas terras dos índios
- Produzido em 12 episódios, “A Vingança do Látego” narra o interesse de Barnett (Mauritz Hugo, na foto ao lado), dono do saloon, em se apropriar das terras da reserva onde vivem os índios. Para isso tenta instigar os habitantes da cidade contra os nativos. Barnett sabe que nessas terras há ouro e daí o seu interesse, contando com o trabalho de seu capanga Crane (Dale Van Sickel) e de Tosco (Lane Bradford), um índio renegado. Barnett não contava era com a interferência de Jerry Randall (Dick Simmons) que se posiciona a favor dos índios protegendo-os. Para ganhar a simpatia dos pele-vermelhas Randall faz reviver a figura lendária de 'El Latego' que no passado teria sido grande amigo dos índios. Crane e Tosco dão trabalho a Randall durante todos os doze capítulos. Randall conta com as informações de Nancy Cooper (Barbara Bestar) a professora da escola local, mas enfrenta os criminosos sozinho, ou melhor, armado com seu Colt e chicote. Ao final a quadrilha é desbaratada e a paz volta a reinar entre brancos e índios. (Nas fotos abaixo vemos Dale Van Sickel com Mauritz Hugo e Lane Bradford com Hugo)



Ricochete no feno
- Uma curiosidade é o título deste seriado que diz que o chicote seria de aço quando de fato, e não poderia ser diferente, ele é feito de couro. E muito bem manuseado por Dick Simmons. “A Vingança do Látego” foi filmado em inacreditáveis 18 dias, entre 2 e 22 de março de 1954 (excluídos os domingos), ao custo exíguo de 175 mil dólares. Mesmo contando com técnicos de reconhecida qualidade como o cinegrafista Bud Thackery e os irmãos especialistas em efeitos especiais Howard e Theodore Lydecker, há uma sequência que provoca risos. É quando El Látego troca tiros com os bandidos dentro de um celeiro e um dos tiros acerta um monte de feno e ouve-se nitidamente o ricochetear da bala. Pela primeira vez no cinema um tiro ricocheteou no feno, ótima gag para uma comédia dos Três Patetas, mas não para um western sério, ainda que para um público menos exigente. (Nas fotos vemos Lane Bradford em luta contra El Látego; abaixo El Látego rendendo Lane Bradford e Dale Van Sickel; Van Sickel tentando matar El Látego com um enorme garfo de feno).



65 anos depois El Látego em ação
- Embora a história resvale na violência contra os nativos, sempre motivada pela ganância dos brancos, não há crítica alguma direta à questão, mesmo o cinema já tendo apresentado westerns como “O Caminho do Diabo” (Devil’s Doorway) e “Flechas de Fogo” (Broken Arrow). Afinal seriados não se propunham a discutir temas como esse. Os seriados, quando assistidos em contexto diferente daqueles para o qual foram propostos, as matinês para crianças e jovens, sempre funcionam de modo diferente. E nem poderia ser de outra maneira. Mas a criatividade, excelentes sequências de ação e alta qualidade técnica continuam admiráveis mesmo aos olhos de adultos, inevitavelmente mais críticos. Porém este “A Vingança do Látego”, mesmo com a carga emotiva da nostalgia de quem o assistiu no cinema há 65 anos, não resiste e ao revê-lo torci para que chegasse logo ao fim. Até porque há tantos e melhores seriados westerns para serem assistidos, como por exemplo “A Tribo Misteriosa” (Daredevils of the West), também da Republic Pictures e estrelado pelo grande Allan ‘Rocky’ Lane. (Na foto Dick Simmons como El Látego).


Pat Hogan e Roy Barcroft