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Celso por ocasião da primeira comunhão. |
Celso Ghelardino Gutierre se apaixonou
por faroestes assistindo às séries de televisão nos anos 60. Entre as séries favoritas
desse paulistano nascido no Ipiranga, o bairro da Colina Histórica, estavam “Roy
Rogers”, “The Lone Ranger” “Rin-Tin-Tin” e “Fury”, e Roy Rogers era o herói
preferido do menino Celso. Quando Celso estava com três anos sua família se
mudou para o progressista município de São Bernardo do Campo, onde foram implantadas
as primeiras fábricas de veículos automotores nacionais. Em São Bernardo Celso
frequentou quando criança o Cine Anchieta, cineminha que resistiu até quando
pode, até dar lugar a uma filial das Lojas Riachuelo. Celso possuía dois
revólveres com cabos brancos e, excetuado o horário de escola, o garoto passava
praticamente o dia todo com o cinturão e revólveres na cintura, que o faziam sentir-se
o próprio Roy Rogers. Mas havia um momento em que, obrigatoriamente Celso devia
tirar o cinturão e isso ocorria na ‘Hora da Ave Maria’, quando a religiosa
mamãe do Celso não admitia que ele portasse aqueles brinquedos, ao menos
naqueles minutos. Obediente, Celso pendurava seu cinturão, acompanhando
atentamente a ‘interminável’ oração ouvida pelo rádio e, quando era pronunciado
o Aaaaam...
Celso já havia colocado o cinto com coldre e revólveres de espoleta, enquanto o
padre prolongava o mééééém... final. Não havia dúvidas que aquele menino iria gostar
muito de westerns e das coisas voltadas para a história do Velho Oeste.
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O maior menino da turma, Celso era escalado no gol nas peladas que disputava em São Bernardo do Campo. |
Reencontro
com Roy Rogers - Passada a despreocupada fase da infância, o adolescente Celso
Ghelardino Gutierre dedicou-se com afinco aos estudos, ingressando na
concorrida Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), formando-se Engenheiro Mecânico.
Alguns anos mais tarde e Celso era um bem sucedido executivo que, mesmo
ocupando importante função numa grande empresa, não conseguia esquecer das
séries que assistira na TV. Essas séries de faroestes já haviam desaparecido da
televisão mas Celso alimentava a remota esperança de um dia poder rever Roy
Rogers, o cavaleiro mascarado Lone Ranger e os demais mocinhos. E eis que no
início dos anos 80 ocorre a revolução do VHS e com ela a onda de nostalgia
trazendo de volta aqueles personagens que nunca se apagaram das memórias de
muitos então senhores como o próprio Celso. Foi quando Celso ficou sabendo que havia
em São Paulo uma confraria criada por um lendário médico paulistano de nome
Aulo ‘Doc’ Barretti. Celso se agregou ao famoso grupo para, aos sábados à tarde
ao lado de outros quarentões, cinquentões e até sexagenários, assistir às
aventuras vividas por Roy Rogers, Tim McCoy, Durango Kid, Buck Jones, Hopalong
Cassidy e demais mocinhos, filmes exibidos sempre num barulhento projetor de 16
mm. Isso vinha acontecendo desde a criação da confraria em 1977. Com o advento
das novas tecnologias de vídeo, Celso se tornou um pequeno colecionador e em
seu acervo luziam prioritariamente os ‘Bezinhos’, especialmente os da Republic
Pictures. Com que alegria Celso adquiriu os westerns de John Wayne produzidos
nos anos 30 e os de Roy Rogers também feitos para o cinema. Mas na confraria
criada pelo ginecologista Dr. Barretti, Celso iria encontrar um novo herói que
ele conhecia só dos gibis e que elegeria como o mocinho de quem mais gostava.
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Cowboys mais baixos como Lazinho Kid Blue e Kit Hodgkin 'crescem' nas fotos ao lado de Celso Rocky Lane. |
Conhecendo
Rocky Lane - Naquele grupo de aficionados por faroestes era regra cada
membro escolher o seu patrono e Celso, que gostava de Roy Rogers, sabia que o dono
do Trigger era o patrono de um sócio que vinha ao clube lá da cidade de
Campinas (SP). Esse sócio era Lázaro Narciso Rodrigues, o Rei dos Cowboys
Brasileiros. Celso então chegou a pensar em adotar ‘Tim McCoy’ como patrono
para constar em sua identidade da confraria. Num certo sábado Nelson Pecoraro,
o programador de filmes do grupo, disse a Celso que ele iria assistir a um
B-western que ele iria gostar bastante. Foi projetado, para alegria e
estupefação de Celso, “Estalagem Misteriosa” (Marshal of Amarillo) com Rocky
Lane e com Roy Barcroft, a habitual vítima dos punhos desse mocinho cujo cavalo
se chamava Blackjack. Nascia naquela tarde ‘Celso
Rocky Lane’, cognome pelo qual até hoje Celso gosta de ser chamado. E chega
a haver, de fato, certa semelhança entre Celso e Rocky Lane, especialmente nas
magníficas e estudadas poses que costuma fazer empunhando suas inconfundíveis e
reluzentes réplicas de Colts. Alto como Rocky Lane, Celso não guarda, porém, as
tão comentadas características negativas da personalidade do ator Allan Lane,
estando mais para o perfil de Roy Rogers. Assim como Roy, Celso é boníssimo,
generoso, educado, verdadeiro gentleman, dando inteira atenção a seus
interlocutores e sempre ouvindo mais do que fala. Quando Celso se expressa fica
patente sua inteligência e cultura, sendo daquelas pessoas com quem todos
gostam de conversar e que raramente usa frases na primeira pessoa ou procura
demonstrar superioridade em qualquer assunto. Um exemplo da generosidade de
Celso é demonstrada quando ele faz questão de emprestar seus magníficos Colts
para os amigos serem fotografados com as réplicas. E nas fotos tiradas em duplas
e trios, se houver algum cowboy mais baixinho, Celso flexiona um pouco as
pernas para reduzir a própria altura e ‘aumentar’ o tamanho dos amigos menores
que ele. Coisa de um espírito nobre e solidário.
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Responda rápido, caro leitor: quem é o verdadeiro Rocky Lane? |
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A semelhança entre Celso e seu ídolo musical, o beatle Paul McCartney, nos tempos de 'Let it Be'. |
Celso,
o cowboy-galã - Se um dia fosse produzido um filme com os membros da
confraria dos amigos do oeste, o mocinho não poderia ser outro pois Celso Ghelardino
Gutierre é o que se costuma chamar de boa pinta. Nos tempos de ginásio e
colégio, Celso era apelidado de ‘Paul McCartney’, tamanha a semelhança e também
pela paixão pelo FabFour de Liverpool, de quem possui todos os álbuns e DVDs.
Celso realizou o sonho de assistir a um show de McCartney e Banda quando o célebre
cantor-compositor se apresentou em São Paulo, em 1994. Entre os muitos amigos
de Celso Ghelardino Gutierre está Carlos Miranda, o Eterno Vigilante Rodoviário
da inesquecível série de TV. Essa amizade teve início quando numa das
formaturas do aluno Celso, o paraninfo era o conhecido ator-tenente coronel da
Polícia Militar, o Vigilante Rodoviário em pessoa. Celso e Carlos se reencontraram
em muitas outras ocasiões solidificando uma amizade que o tempo e a distância
não conseguiram diminuir. A figura do Vigilante Rodoviário remete ao automóvel
Simca Chambord e outra paixão de Celso é o antigomobilismo. E como Celso
entende de automóveis antigos! Certa ocasião o editor do WESTERNCINEMANIA publicou um vídeo da grande exposição bienal de Araxá (MG) e, em meio a dezenas
de automóveis mostrados nesse vídeo havia uma Chevrolet Woody cujo ano de
fabricação estava identificado equivocadamente. Até meio sem jeito Celso
lembrou que aquele era um Chevrolet Freetline Woody Wagon, citando também o ano
correto de fabricação do veículo. Graças a ele o erro foi corrigido. Entre os
veículos que Celso possui está uma réplica do ‘Little Bastard’, o Porsche 550 Spyder,
copiado daquele automóvel que pertenceu a James Dean.
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Celso pilotando seu Porsche 550 Spyder. |
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Celso e suas magníficas réplicas de Colts Peacemakers. |
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John Ford |
John
Ford domina o Top-Ten Westerns de Celso - Assim é o Celso
Ghelardino Gutierre, pessoa que sabe de muita coisa mas que precisa ser
‘cutucado’ para mostrar seu conhecimento. E WESTERNCINEMANIA decidiu que era
hora de ‘cutucar’ o Celso, até porque desde fevereiro último ele passou a ser
mais um brasileiro no time dos aposentados e agora com mais tempo para ver e
rever muitos westerns. Rápido no gatilho Celso Rocky Lane listou os dez
westerns que mais admira ilustrando cada filme com pequenos comentários. Henry
Fonda (e não John Wayne) é o ator que aparece em maior número de filmes da
lista de Celso e outra curiosidade é que Celso tem especial preferência pelos faroestes
mais antigos. Sua lista é composta por quatro filmes dos anos 40, três dos anos
30 e três dos anos 50. E contrariando norma do blog, o editor se permite um
comentário sobre o Top-Ten de Celso Ghelardino Gutierre: Uma lista que tem, entre os cinco
primeiros filmes, quatro de John Ford, sem dúvida alguma, lista de um profundo
apaixonado pelo melhor do faroeste. Eis o Top-Ten Westerns de Celso Ghelardino
Gutierre:
1.º) Os Brutos Também Amam (Shane), 1953 – George Stevens
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Alan Ladd |
A abertura já é marcante, o pistoleiro
solitário diante da imensidão agreste do Wyoming ao som da belíssima música de
Victor Young. Um bom elenco, bem dirigido e uma ótima história transformaram
Shane em um dos melhores westerns já produzidos, um clássico! Alan Ladd no
papel de Shane está perfeito, sem exageros ou estereótipos. Van Heflin, Jean
Arthur estão ótimos, Jack Palance no papel do pistoleiro Jack Wilson está tão
bem que é a própria personificação do mal. E o final com um duelo antológico
entre Shane, Wilson e os irmãos Riker é magistral e Shane percorrendo o mesmo
caminho em que chegou ao Vale, como que fugindo do próprio destino. Muito bem
produzido e dirigido por George Stevens, um grande diretor.
2.º) Rastros de Ódio (The Searchers), 1956 –
John Ford
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John Wayne |
Um western forte com personalidade,
marca de John Ford. Tem uma interpretação perfeita do maior cowboy do cinema,
John Wayne. Aliás, Wayne no final faz uma singela homenagem a Harry Carey -
ator que começou no cinema mudo -, quando ao postar-se à porta do rancho segura
o braço esquerdo à altura do cotovelo, tal qual Carey costumava fazer em muitos
filmes. “Rastros de Ódio” é um filme imperdível para os amantes do gênero e
para os que não o são, é uma obra-prima do genial John Ford. Vale ressaltar que
o consagrado diretor e produtor Orson Welles quando indagado em uma entrevista
sobre os três maiores diretores de cinema, respondeu: “1.º John Ford; 2.º John
Ford e 3.º John Ford”.
3.º) No Tempo das Diligências (Stagecoach), 1939 – John Ford
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O Duke como 'Ringo Kid' |
Filme que colocou John Wayne entre os
maiores nomes do cinema e deu dignidade aos westerns, os transformando em arte!
Ford sob a paisagem do Monument Valley retrata com poesia a vida do oeste
através de seus habitantes, a diligência, a agitação da cidade, os passageiros da
diligência cada um com seus problemas, defeitos e virtudes. O encontro com Ringo
Kid (Wayne) e a partir daí seus desdobramentos quando da ameaça dos índios até
culminar com o duelo entre Ringo e seus inimigos. Outra obra-prima de Ford!
4.º) Paixão dos Fortes (My Darling
Clementine), 1946 – John Ford
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O melhor de todos os Wyatt Earp: Henry Fonda |
Dinâmico western estrelado por um dos
maiores atores americanos do século XX, Henry Fonda e dirigido nada mais nada
menos do que por John Ford, o mestre dos westerns. Relata a história do famoso
e verídico duelo ‘OK Curral’, travado em Tombstone pelo xerife Wyatt Earp
(Fonda), seus irmãos e Doc Holliday (Victor Mature) contra a família Clanton.
Ford dizia que baseou este filme em depoimentos do próprio Earp, que nos anos
1920 frequentou os estúdios onde Ford iniciava sua carreira, mas como o próprio
Ford tinha como máxima: “Se a lenda for mais convincente do que a história,
imprima-se a lenda”, não se sabe se foi assim mesmo que ocorreu. De qualquer
forma o filme é ótimo e tornou-se outra obra-prima do conceituado diretor!
5.º) Sangue de Heróis (Fort Apache), 1948 –
John Ford
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Henry Fonda |
O primeiro filme da trilogia de John
Ford sobre a Cavalaria Americana, estrelado por dois grandes nomes: Henry Fonda
e John Wayne. O palco é a luta dos soldados contra os Apaches. Paralelamente ao
conflito com os índios há o conflito entre o Capitão (Wayne) soldado experiente
e o Coronel (Fonda), extremamente teórico e arrogante. Vale salientar que o
filme demonstra claramente o enaltecimento do exército americano, bem como dos
Estados Unidos, mas não deixa de ser ótimo filme.
6.º) Jesse James (Jesse James), 1939 – Henry King
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Henry Fonda e Tyrone Power |
Estrelado por Tyrone Power (Jesse
James) e por Henry Fonda (Frank James), dirigido por Henry King, o filme conta
a história dos irmãos James desde a infância e os motivos que os levaram a
tornarem-se famosos bandidos. Sem dúvida é uma história romanceada, mas se não
é totalmente fiel à realidade é um ótimo filme em todos os sentidos.
7.º) A Volta de Frank James (The Return of
Frank James), 1940 – Fritz Lang
Henry Fonda (Frank James) vai vingar a
morte, praticada pelas costas pelos irmãos Ford, de seu irmão Jesse. Essa
sequência, dirigida pelo diretor Fritz Lang, não fica nada a dever ao primeiro
filme “Jesse James”, é tão bom ou até melhor do que o primeiro. Um dos pontos
fortes do filme é sem dúvida a interpretação impecável do extraordinário Henry
Fonda.
Na foto ao lado Henry Fonda como Frank James
8.º) Buffalo Bill (Buffalo Bill), 1944 – William
A. Wellman
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Joel McCrea e Anthony Quinn |
Estrelado por Joel McCrea é um western
biográfico, claro que somado à realidade, também, há lenda, mas com muito
critério, resultando em uma obra belíssima. Retrata desde seu período como
batedor até quando, já no século XX, começa a levar seu Show do Western em seu
Circo pelo mundo afora. Retrata seus dramas pessoais, derrotas e vitórias e
termina no picadeiro, quando já idoso, faz sua despedida do público de forma
emocionante. Um grande filme!
9.º) Homem sem Rumo (Man Without a Star),
1955 – King Vidor
Aqui o tradicional cowboy errante não
começa cavalgando pelas pradarias montado em seu cavalo, mas as cruza em um
trem. Kirk Douglas contribui muito com sua interpretação para transformar um
“homem sem uma estrela” que o guie, em um western de primeira! Não se pode
deixar de considerar também a direção competente de King Vidor. Imperdível para
quem gosta de western!
Kirk Douglas como o homem sem rumo
10.º) Uma Cidade que Surge (Dodge City), 1939 – Michael Curtiz
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Olivia de Havilland e Errol Flynn |
O primeiro western do maior ator de aventuras
do cinema, considerado o maior espadachim da tela, Errol Flynn, com uma atuação
convincente e dirigido por um grande diretor de cinema, que fez muitos filmes
com Flynn, Michael Curtiz. Traz também a presença de Olivia de Havilland, que
fazia par constante com Flynn. O filme retrata a vida em uma cidade, onde a lei
ainda não havia se instalado, agitada e violenta. Um filme gostoso de assistir,
bem como muito bem produzido.
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O maior cowboy do cinema observa o cowboy Celso Rocky Lane. |
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Celso Ghelardino Gutierre que poderia ser mocinho de faroestes made-in Hollywood. |