30 de abril de 2014

A COLEÇÃO DE FOTOS DE NEIL SUMMERS COM OS MOCINHOS DA TV


Houve um tempo em que o autógrafo de uma celebridade, mesmo que não passasse de um indecifrável rabisco, possuía enorme valor sentimental e até de venda para colecionadores. Neste novo século, com o advento das câmaras digitais e celulares que também fotografam, quase não se solicita mais autógrafo mas sim uma pose ao lado do ídolo. Muitas vezes o inoportuno e atrevido ‘selfie’. O ator, stuntman e autor Neil Summers há 40 anos já havia descoberto a importância de uma foto ao lado de gente famosa do cinema e da televisão. Nos quatro volumes do ‘The Official TV Western Book’, de autoria de Summers, há em forma de bônus, dezenas de fotos do autor com atores que atuaram na TV e no cinema. A maior parte dessas fotos foram feitas quando os veteranos mocinhos já haviam se aposentado e o tempo deixara suas marcas, o que as torna ainda mais interessantes. WESTERNCINEMANIA publica algumas dessas fotografias extraídas dos acima referidos livros de Neil Summers para que o leitor mate a saudade dos ídolos da TV que raramente são lembrados pela grande imprensa.

NS, Al Wyatt, Rory Calhoun e Monte Hale

John Mills e NS; NS e Leif Erickson

NS e Hugh O'Brian

NS e James Arness

NS, George Montgomery e a escultura de John Wayne de
autoria de Montgomery

Ken Curtis, NS e Buck Taylor

NS e Bob Steele

Lee Aaker, NS e Victor French

Gail Russell e NS

NS e Guy Madison

Wayde Preston e NS

NS e Jack Elam

NS, Clayton Moore e Victor French

James Stacy e NS

Na foto da esquerda estão Stuart Whitman e NS; à direita NS e Ben Cooper

NS, Harry Carey Jr. e a esposa Marilyn

NS e Terence Hill

NS e Kelo Anderson

NS e Don Durant

Fess Parker e NS

NS e Jock Mahoney

NS e Dale Robertson

NS e Will Hutchins

29 de abril de 2014

NEIL SUMMERS, ATOR, STUNTMAN E ESCRITOR COMPLETA 70 ANOS DE IDADE


Nada é mais engraçado que um inglês se fazendo passar por cowboy. Está certo que Richard Harris e Stewart Granger até que se saíram bem nas diversas oportunidades em que atuaram em westerns, mas a fleugma britânica fazia deles estranhos no ninho. Victor McLaglen que também era inglês era sempre um irlandês na Cavalaria. E como esquecer John Cleese como o esquisito Sheriff Langston em “Silverado”? Um inglês, no entanto, passou sem problemas por homem do Velho Oeste e demonstrou como poucos seu amor pelo faroeste, não só como fã do gênero mas e principalmente participando de filmes na condição de dublê e muitas vezes como ator. Esse inglês ainda escreveu livros essenciais sobre as séries westerns de TV e ao completar 70 anos mantém-se em invejável atividade se fazendo presente em praticamente todos os eventos que envolvem a Velha Guarda do Western nos Estados Unidos. Seu nome pode ser menos conhecido, mas o rosto com formato de roedor de Neil Summers todo fã de faroeste conhece.

atores ingleses em faroestes: Stewart Granger, Richard Harris, John Cleese
e Victor Mclaglen.

Neil Summers com o dublê de John Wayne,
o grande Chuck Roberson.
Aos 20 anos com John Wayne - Neil Summers nasceu em 28 de abril de 1944 emKent, próxim a Londres, na Inglaterra. O pai de Neil, Walter Summers era um conhecido esportista campeão de ciclismo Em 1958 sua família se mudou para Phoenix, no Arizona e a grande diversão do adolescente Neil era assistir faroestes pela TV. Justamente nessa temporada foi atingido o ápice do número de séries westerns produzidas pelas três grandes redes de televisão norte-americanas (NBC, CBS, ABC), com 48 programas exibidos semanalmente. O adolescente Neil assistiu ao melhor que o gênero apresentava na telinha dos televisores e ainda havia o cinema com John Wayne comandando uma elite de atores que nos brindava com grandes westerns, secundados pelos incansáveis Randolph Scott e Audie Murphy com os saborosos westerns de menor orçamento. Aos 18 anos, após concluir a Camelback High School, em Phoenix, Neil Summers já havia decidido que iria se aproximar de seus ídolos e a melhor maneira seria conseguir trabalho substituindo-os nas cenas arriscadas, tornando-se dublê. Afinal de contas seu pai, Walter Summers beijara o chão muitas vezes, ciclista famoso que fora na Inglaterra. O primeiro filme em que Summers atuou como stuntman foi “Quando um Homem é Homem” (McLintock), de 1963, estrelado por John Wayne. Esse faroeste teve grande número de stuntmen para as muitas cenas perigosas, algumas delas filmadas num autêntico lamaçal. Summers teve nessa produção da Batjac a companhia de dublês famosos como Tap e Joe Cannut, Jerry Gatlin, Boyd ‘Red’ Morgan, Hal Needham, o ‘Bad Chuck’ Roberson, o ‘Good Chuck’ Hayward e o lendário Tom Steele dos seriados da Republic Pictures. Melhor início de carreira impossível!

Summers acima em "Roy Bean, o
Homem da Lei" e abaixo em
"Meu Nome é Ninguém".
Chance pelas mãos de Sergio Leone - Aos 20 anos de idade Neil Summers teve a honra de trabalhar como dublê num filme de John Ford, mais precisamente o último faroeste do Mestre das Pradarias que foi “Crepúsculo de uma Raça” (Cheyenne Autumn), de 1964. Vieram a seguir trabalhos arriscados, entre outros filmes em “Shenandoah”, “Duelo em Diablo Canyon” (Duel at Diablo), “Eldorado”, “A Noite dos Pistoleiros” (Rough Night in Jericho) e, dirigido por Monte Hellman, em “A Vingança de um Pistoleiro” (Ride in the Whirlwind). Nesse western que tinha Jack Nicholson no elenco o diretor Hellman deu a primeira oportunidade como ator a Neil Summers, percebendo que ele poderia ser mais que um simples stuntman. Summers começou a aparecer mais vezes como ator entre os muitos trabalhos que fazia como dublê, um deles em “Roy Bean, Homem da Lei” (The Life and Times of Judge Roy Bean), protagonizado por Paul Newman e que foi assistido por Sergio Leone. O notável diretor italiano notou a presença de Neil Summers interpretando um personagem chamado ‘Snake River Rufus Krile’ e fez contato com Summers convidando-o para uma participação especial em sua nova produção intitulada “Meu Nome é Ninguém” (Il mio Nome è Nessuno). Entre diversos atores norte-americanos que participaram desse filme, cuja direção é atribuída a Tonino Valerii, estavam Henry Fonda, Geoffrey Lewis, R.G. Armstrong e Leo Gordon e mesmo assim Neil Summers se destacou numa sequência que foi dirigida pelo próprio Leone que inventou para Neil o engraçado personagem ‘Squirrel’ (Esquilo).

Dois volumes do primeiro livro escrito
por Neil Summers.
O autor Neil Summers - Bastante conhecido entre os stuntmen, não faltava trabalho para Neil Summers que também era contratado como ator, como aconteceu em diversos episódios das séries “Gunsmoke” e “Bonanza”. Com isso Neil realizou outro sonho, o de trabalhar com seus ídolos da TV James Arness, Lorne Greene e os demais ‘Cartwrights’. E nos anos 80 Neil apareceu em “Duro na Queda” (The Fall Guy), em que o protagonista Lee Majors vive as aventuras de um... dublê como o próprio Summers. A literatura sobre cinema ou mais especificamente sobre o gênero western era crescente nos Estados Unidos nos anos 80, mas o mesmo não se podia dizer de livros editados sobre séries de televisão. Apaixonado pelas séries de TV, clássicas ou não, Neil Summers se propôs a preencher essa lacuna editorial com a publicação do “The Official TV Western Book”, trabalho gigantesco diante do número enorme de séries a serem pesquisadas. Em 1986 foi lançado o volume 1 que seria seguido pelos lançamentos de outros três volumes, num trabalho que só alguém duro na queda poderia completar. Os quatro livros compõem um dos mais ricos levantamentos fotográficos já editados e têm como bônus fotos recentes dos veteranos atores das séries, muitas delas na companhia do autor (ator e dublê) Neil Summers. E não é demais afirmar que poucos fizeram tantos amigos em Hollywood quanto o inglês Neil Summers.

Livros de autoria de Neil Summers.
Prosseguimento na carreira de ator - O sucesso desse primeiro projeto editorial levou Neil Summers a editar nos anos seguintes “Candid Cowboy, volumes I e II” (1989) e “The Unsung Heroes” (1996), este último sobre os anônimos dublês que substituem os personagens dos filmes nas cenas de perigo. O preço desse livro é quase proibitivo pois custa (novo) a bagatela de 306 dólares na Amazon. Em 2002 novo lançamento falando sobre séries de TV: “The Official TV Western Round Up Book”, capa dura ao custo de 122 dólares. Neil Summers não lançou outros livros desde então, mas mantém-se em plena atividade como dublê em dezenas de filmes de gêneros diversos e também como ator. Neil Summers teve pequenas participações em filmes de sucesso como “Coração Selvagem” (Wild at Heart), “RoboCop, o Policial do Futuro” (RoboCop), “Dick Tracy”, “Lucky Luke”, “Quatro Mulheres e um Destino” (Bad Girls), “Um Sonho de Liberdade” (The Shawshank Redemption), “A Volta de Trinity” (Botte di Natale) e “Appaloosa – Uma Cidade Sem Lei” (Appaloosa). Em 2010 Neil Summers participou dos filmes “Jordan” e “Rancho do Amor”, até agora seus últimos trabalhos como ator.

Neil Summers, que acabou na companhia
de John Wayne...
Memorabilia e muitos amigos - Neil Summers é dono de uma das maiores ‘memorabilia’ cinematográfica (coleção de objetos relacionados ao cinema, TV e filmes em geral) voltada para o faroeste. Grande parte dessa memorabilia está exposta no Gene Autry Museum of Western Heritage, em Los Angeles. O público fica fascinado ao se deparar com Colts, cinturões, chapéus e todo tipo de objetos que pertenceram aos mocinhos da TV, itens que são, geralmente, presenteados a Neil Summers. Ativo participante dos encontros entre os remanescentes dos filmes do gênero western, nenhuma dessas reuniões está completa sem a presença de Neil Summers, uma verdadeira enciclopédia viva. E mais que isso, Neil é uma figura extremamente simpática e que conviveu com os grandes nomes do faroeste do cinema e da TV. Segundo suas próprias palavras, “Tudo que eu queria era estar na tela com meus heróis Roy Rogers, Gene Autry, The Lone Ranger, Matt Dillon, Ben Cartwright e outros. Não só tive a felicidade de conseguir isso como ainda estive ao lado de John Wayne, Clint Eastwood e outros grandes da tela. Só o Duke me matou cinco vezes em seus filmes...” Essa vida venturosa foi um prêmio para Neil Summers que foi um verdadeiro ás entre os dublês do cinema norte-americano. Neil Summers reside em Albuquerque com sua esposa Karen. A ele os parabéns pelos 70 anos excepcionalmente bem vividos próximo de nossos maiores ídolos.

Aspectos do Museu Gene Autry, no qual muitos itens expostos vieram
da coleção particular de Neil Summers.

Neil Summers em "Robocop"; em "Quatro Mulheres e um Destino"
e em "Dick Tracy.

Neil Summers com seus amigos Victor French, Randolph Scott e Al Wyatt;
Summers muito bem acompanhado por Penny Edwards e Vera Hruba Walston.

Neil Summers fazendo figuração em "Nevada Smith", em cena com
Steve McQueen e Martin Landau. na foto menor numa pose clássica

segurando uma Winchester.

26 de abril de 2014

TOP-TEN WESTERNS DE CELSO GHELARDINO GUTIERRE, O ‘ROCKY LANE’ DE SÃO PAULO


Celso por ocasião da primeira
comunhão.
Celso Ghelardino Gutierre se apaixonou por faroestes assistindo às séries de televisão nos anos 60. Entre as séries favoritas desse paulistano nascido no Ipiranga, o bairro da Colina Histórica, estavam “Roy Rogers”, “The Lone Ranger” “Rin-Tin-Tin” e “Fury”, e Roy Rogers era o herói preferido do menino Celso. Quando Celso estava com três anos sua família se mudou para o progressista município de São Bernardo do Campo, onde foram implantadas as primeiras fábricas de veículos automotores nacionais. Em São Bernardo Celso frequentou quando criança o Cine Anchieta, cineminha que resistiu até quando pode, até dar lugar a uma filial das Lojas Riachuelo. Celso possuía dois revólveres com cabos brancos e, excetuado o horário de escola, o garoto passava praticamente o dia todo com o cinturão e revólveres na cintura, que o faziam sentir-se o próprio Roy Rogers. Mas havia um momento em que, obrigatoriamente Celso devia tirar o cinturão e isso ocorria na ‘Hora da Ave Maria’, quando a religiosa mamãe do Celso não admitia que ele portasse aqueles brinquedos, ao menos naqueles minutos. Obediente, Celso pendurava seu cinturão, acompanhando atentamente a ‘interminável’ oração ouvida pelo rádio e, quando era pronunciado o Aaaaam... Celso já havia colocado o cinto com coldre e revólveres de espoleta, enquanto o padre prolongava o mééééém... final. Não havia dúvidas que aquele menino iria gostar muito de westerns e das coisas voltadas para a história do Velho Oeste.

O maior menino da turma, Celso era
escalado no gol nas peladas que
disputava em São Bernardo do Campo.
Reencontro com Roy Rogers - Passada a despreocupada fase da infância, o adolescente Celso Ghelardino Gutierre dedicou-se com afinco aos estudos, ingressando na concorrida Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), formando-se Engenheiro Mecânico. Alguns anos mais tarde e Celso era um bem sucedido executivo que, mesmo ocupando importante função numa grande empresa, não conseguia esquecer das séries que assistira na TV. Essas séries de faroestes já haviam desaparecido da televisão mas Celso alimentava a remota esperança de um dia poder rever Roy Rogers, o cavaleiro mascarado Lone Ranger e os demais mocinhos. E eis que no início dos anos 80 ocorre a revolução do VHS e com ela a onda de nostalgia trazendo de volta aqueles personagens que nunca se apagaram das memórias de muitos então senhores como o próprio Celso. Foi quando Celso ficou sabendo que havia em São Paulo uma confraria criada por um lendário médico paulistano de nome Aulo ‘Doc’ Barretti. Celso se agregou ao famoso grupo para, aos sábados à tarde ao lado de outros quarentões, cinquentões e até sexagenários, assistir às aventuras vividas por Roy Rogers, Tim McCoy, Durango Kid, Buck Jones, Hopalong Cassidy e demais mocinhos, filmes exibidos sempre num barulhento projetor de 16 mm. Isso vinha acontecendo desde a criação da confraria em 1977. Com o advento das novas tecnologias de vídeo, Celso se tornou um pequeno colecionador e em seu acervo luziam prioritariamente os ‘Bezinhos’, especialmente os da Republic Pictures. Com que alegria Celso adquiriu os westerns de John Wayne produzidos nos anos 30 e os de Roy Rogers também feitos para o cinema. Mas na confraria criada pelo ginecologista Dr. Barretti, Celso iria encontrar um novo herói que ele conhecia só dos gibis e que elegeria como o mocinho de quem mais gostava.

Cowboys mais baixos como Lazinho Kid Blue
e Kit Hodgkin 'crescem' nas fotos ao lado
de Celso Rocky Lane.
Conhecendo Rocky Lane - Naquele grupo de aficionados por faroestes era regra cada membro escolher o seu patrono e Celso, que gostava de Roy Rogers, sabia que o dono do Trigger era o patrono de um sócio que vinha ao clube lá da cidade de Campinas (SP). Esse sócio era Lázaro Narciso Rodrigues, o Rei dos Cowboys Brasileiros. Celso então chegou a pensar em adotar ‘Tim McCoy’ como patrono para constar em sua identidade da confraria. Num certo sábado Nelson Pecoraro, o programador de filmes do grupo, disse a Celso que ele iria assistir a um B-western que ele iria gostar bastante. Foi projetado, para alegria e estupefação de Celso, “Estalagem Misteriosa” (Marshal of Amarillo) com Rocky Lane e com Roy Barcroft, a habitual vítima dos punhos desse mocinho cujo cavalo se chamava Blackjack. Nascia naquela tarde ‘Celso Rocky Lane’, cognome pelo qual até hoje Celso gosta de ser chamado. E chega a haver, de fato, certa semelhança entre Celso e Rocky Lane, especialmente nas magníficas e estudadas poses que costuma fazer empunhando suas inconfundíveis e reluzentes réplicas de Colts. Alto como Rocky Lane, Celso não guarda, porém, as tão comentadas características negativas da personalidade do ator Allan Lane, estando mais para o perfil de Roy Rogers. Assim como Roy, Celso é boníssimo, generoso, educado, verdadeiro gentleman, dando inteira atenção a seus interlocutores e sempre ouvindo mais do que fala. Quando Celso se expressa fica patente sua inteligência e cultura, sendo daquelas pessoas com quem todos gostam de conversar e que raramente usa frases na primeira pessoa ou procura demonstrar superioridade em qualquer assunto. Um exemplo da generosidade de Celso é demonstrada quando ele faz questão de emprestar seus magníficos Colts para os amigos serem fotografados com as réplicas. E nas fotos tiradas em duplas e trios, se houver algum cowboy mais baixinho, Celso flexiona um pouco as pernas para reduzir a própria altura e ‘aumentar’ o tamanho dos amigos menores que ele. Coisa de um espírito nobre e solidário.

Responda rápido, caro leitor: quem é o verdadeiro Rocky Lane?

A semelhança entre Celso e seu ídolo
musical, o beatle Paul McCartney,
nos tempos de 'Let it Be'.
Celso, o cowboy-galã - Se um dia fosse produzido um filme com os membros da confraria dos amigos do oeste, o mocinho não poderia ser outro pois Celso Ghelardino Gutierre é o que se costuma chamar de boa pinta. Nos tempos de ginásio e colégio, Celso era apelidado de ‘Paul McCartney’, tamanha a semelhança e também pela paixão pelo FabFour de Liverpool, de quem possui todos os álbuns e DVDs. Celso realizou o sonho de assistir a um show de McCartney e Banda quando o célebre cantor-compositor se apresentou em São Paulo, em 1994. Entre os muitos amigos de Celso Ghelardino Gutierre está Carlos Miranda, o Eterno Vigilante Rodoviário da inesquecível série de TV. Essa amizade teve início quando numa das formaturas do aluno Celso, o paraninfo era o conhecido ator-tenente coronel da Polícia Militar, o Vigilante Rodoviário em pessoa. Celso e Carlos se reencontraram em muitas outras ocasiões solidificando uma amizade que o tempo e a distância não conseguiram diminuir. A figura do Vigilante Rodoviário remete ao automóvel Simca Chambord e outra paixão de Celso é o antigomobilismo. E como Celso entende de automóveis antigos! Certa ocasião o editor do WESTERNCINEMANIA publicou um vídeo da grande exposição bienal de Araxá (MG) e, em meio a dezenas de automóveis mostrados nesse vídeo havia uma Chevrolet Woody cujo ano de fabricação estava identificado equivocadamente. Até meio sem jeito Celso lembrou que aquele era um Chevrolet Freetline Woody Wagon, citando também o ano correto de fabricação do veículo. Graças a ele o erro foi corrigido. Entre os veículos que Celso possui está uma réplica do ‘Little Bastard’, o Porsche 550 Spyder, copiado daquele automóvel que pertenceu a James Dean.

Celso pilotando seu Porsche 550 Spyder.

Celso e suas magníficas réplicas de Colts Peacemakers.

John Ford
John Ford domina o Top-Ten Westerns de Celso - Assim é o Celso Ghelardino Gutierre, pessoa que sabe de muita coisa mas que precisa ser ‘cutucado’ para mostrar seu conhecimento. E WESTERNCINEMANIA decidiu que era hora de ‘cutucar’ o Celso, até porque desde fevereiro último ele passou a ser mais um brasileiro no time dos aposentados e agora com mais tempo para ver e rever muitos westerns. Rápido no gatilho Celso Rocky Lane listou os dez westerns que mais admira ilustrando cada filme com pequenos comentários. Henry Fonda (e não John Wayne) é o ator que aparece em maior número de filmes da lista de Celso e outra curiosidade é que Celso tem especial preferência pelos faroestes mais antigos. Sua lista é composta por quatro filmes dos anos 40, três dos anos 30 e três dos anos 50. E contrariando norma do blog, o editor se permite um comentário sobre o Top-Ten de Celso Ghelardino Gutierre: Uma lista que tem, entre os cinco primeiros filmes, quatro de John Ford, sem dúvida alguma, lista de um profundo apaixonado pelo melhor do faroeste. Eis o Top-Ten Westerns de Celso Ghelardino Gutierre:


1.º) Os Brutos Também Amam (Shane), 1953 – George Stevens
Alan Ladd
A abertura já é marcante, o pistoleiro solitário diante da imensidão agreste do Wyoming ao som da belíssima música de Victor Young. Um bom elenco, bem dirigido e uma ótima história transformaram Shane em um dos melhores westerns já produzidos, um clássico! Alan Ladd no papel de Shane está perfeito, sem exageros ou estereótipos. Van Heflin, Jean Arthur estão ótimos, Jack Palance no papel do pistoleiro Jack Wilson está tão bem que é a própria personificação do mal. E o final com um duelo antológico entre Shane, Wilson e os irmãos Riker é magistral e Shane percorrendo o mesmo caminho em que chegou ao Vale, como que fugindo do próprio destino. Muito bem produzido e dirigido por George Stevens, um grande diretor.

2.º) Rastros de Ódio (The Searchers), 1956 – John Ford
John Wayne
Um western forte com personalidade, marca de John Ford. Tem uma interpretação perfeita do maior cowboy do cinema, John Wayne. Aliás, Wayne no final faz uma singela homenagem a Harry Carey - ator que começou no cinema mudo -, quando ao postar-se à porta do rancho segura o braço esquerdo à altura do cotovelo, tal qual Carey costumava fazer em muitos filmes. “Rastros de Ódio” é um filme imperdível para os amantes do gênero e para os que não o são, é uma obra-prima do genial John Ford. Vale ressaltar que o consagrado diretor e produtor Orson Welles quando indagado em uma entrevista sobre os três maiores diretores de cinema, respondeu: “1.º John Ford; 2.º John Ford e 3.º John Ford”.

3.º) No Tempo das Diligências (Stagecoach), 1939 – John Ford
O Duke como 'Ringo Kid'
Filme que colocou John Wayne entre os maiores nomes do cinema e deu dignidade aos westerns, os transformando em arte! Ford sob a paisagem do Monument Valley retrata com poesia a vida do oeste através de seus habitantes, a diligência, a agitação da cidade, os passageiros da diligência cada um com seus problemas, defeitos e virtudes. O encontro com Ringo Kid (Wayne) e a partir daí seus desdobramentos quando da ameaça dos índios até culminar com o duelo entre Ringo e seus inimigos. Outra obra-prima de Ford!

4.º) Paixão dos Fortes (My Darling Clementine), 1946 – John Ford
O melhor de todos os Wyatt Earp:
Henry Fonda
Dinâmico western estrelado por um dos maiores atores americanos do século XX, Henry Fonda e dirigido nada mais nada menos do que por John Ford, o mestre dos westerns. Relata a história do famoso e verídico duelo ‘OK Curral’, travado em Tombstone pelo xerife Wyatt Earp (Fonda), seus irmãos e Doc Holliday (Victor Mature) contra a família Clanton. Ford dizia que baseou este filme em depoimentos do próprio Earp, que nos anos 1920 frequentou os estúdios onde Ford iniciava sua carreira, mas como o próprio Ford tinha como máxima: “Se a lenda for mais convincente do que a história, imprima-se a lenda”, não se sabe se foi assim mesmo que ocorreu. De qualquer forma o filme é ótimo e tornou-se outra obra-prima do conceituado diretor!

5.º) Sangue de Heróis (Fort Apache), 1948 – John Ford
Henry Fonda
O primeiro filme da trilogia de John Ford sobre a Cavalaria Americana, estrelado por dois grandes nomes: Henry Fonda e John Wayne. O palco é a luta dos soldados contra os Apaches. Paralelamente ao conflito com os índios há o conflito entre o Capitão (Wayne) soldado experiente e o Coronel (Fonda), extremamente teórico e arrogante. Vale salientar que o filme demonstra claramente o enaltecimento do exército americano, bem como dos Estados Unidos, mas não deixa de ser ótimo filme.

6.º) Jesse James (Jesse James), 1939 – Henry King

Henry Fonda e Tyrone Power
Estrelado por Tyrone Power (Jesse James) e por Henry Fonda (Frank James), dirigido por Henry King, o filme conta a história dos irmãos James desde a infância e os motivos que os levaram a tornarem-se famosos bandidos. Sem dúvida é uma história romanceada, mas se não é totalmente fiel à realidade é um ótimo filme em todos os sentidos.

7.º) A Volta de Frank James (The Return of Frank James), 1940 – Fritz Lang
Henry Fonda (Frank James) vai vingar a morte, praticada pelas costas pelos irmãos Ford, de seu irmão Jesse. Essa sequência, dirigida pelo diretor Fritz Lang, não fica nada a dever ao primeiro filme “Jesse James”, é tão bom ou até melhor do que o primeiro. Um dos pontos fortes do filme é sem dúvida a interpretação impecável do extraordinário Henry Fonda.
Na foto ao lado Henry Fonda como Frank James

8.º) Buffalo Bill (Buffalo Bill), 1944 – William A. Wellman 
Joel McCrea e Anthony Quinn
Estrelado por Joel McCrea é um western biográfico, claro que somado à realidade, também, há lenda, mas com muito critério, resultando em uma obra belíssima. Retrata desde seu período como batedor até quando, já no século XX, começa a levar seu Show do Western em seu Circo pelo mundo afora. Retrata seus dramas pessoais, derrotas e vitórias e termina no picadeiro, quando já idoso, faz sua despedida do público de forma emocionante. Um grande filme!

9.º) Homem sem Rumo (Man Without a Star), 1955 – King Vidor
Aqui o tradicional cowboy errante não começa cavalgando pelas pradarias montado em seu cavalo, mas as cruza em um trem. Kirk Douglas contribui muito com sua interpretação para transformar um “homem sem uma estrela” que o guie, em um western de primeira! Não se pode deixar de considerar também a direção competente de King Vidor. Imperdível para quem gosta de western!
Kirk Douglas como o homem sem rumo

10.º) Uma Cidade que Surge (Dodge City), 1939 – Michael Curtiz
Olivia de Havilland e Errol Flynn
O primeiro western do maior ator de aventuras do cinema, considerado o maior espadachim da tela, Errol Flynn, com uma atuação convincente e dirigido por um grande diretor de cinema, que fez muitos filmes com Flynn, Michael Curtiz. Traz também a presença de Olivia de Havilland, que fazia par constante com Flynn. O filme retrata a vida em uma cidade, onde a lei ainda não havia se instalado, agitada e violenta. Um filme gostoso de assistir, bem como muito bem produzido.

O maior cowboy do cinema observa o cowboy Celso Rocky Lane.

Celso Ghelardino Gutierre que poderia ser mocinho de faroestes
made-in Hollywood.