UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

31 de outubro de 2011

PARDNER Nº 3 BIOGRAFANDO SÉRGIO BILL ELLIOTT

A revista "PARDNER" n.º 3 já está digitalizada e disponível
no blog dessa que foi uma publicação dedicada ao CAW -
Confraria dos Amigos do Western durante quase dez anos.
Essa edição focaliza Sérgio Pereira, mais conhecido por
Sérgio Bill Elliott, contando um pouco de sua vida e como
ele cativou o tough guy Dr. Aulo Barretti sendo convidado
para assistir faroestes na casa do famoso médico paulistano.
Leia também o ensaio de Achilles Hua "Obrigado, Mr. Curtiz,
por tantos e tão bons faroestes!". O Mestre Clóvis Ribeiro
conta a história de Flecha Dourada, heróis dos quadrinhos.
Acesse a revista PARDNER através deste endereço:



30 de outubro de 2011

UMA BANCA DE REVISTAS EM OUTUBRO DE 1951

Alguns vão matar a saudade, outros irão conhecer algumas
das revistas de uma banca de revistas de exatos 60 anos atrás.
Antes de entrar no cinema era normal passar numa banca
e escolher uma revista ou um gibi para folhear enquanto
a sessão não tinha início...
Para os fãs de faroestes havia Aí, Mocinho! (com Dan Duryea na capa),
ou ainda as pequenas Super X (Monte Hale) que era quinzenal
e o inesquecível gibizinho semanal O Pequeno Sheriff, produzido
originalmente na Itália. Esse gibi de formato diminuto contava as
histórias de Kit Hodgkin, o jovem xerife da cidade de Prairie Town
que como nos seriados do cinema continuavam na próxima edição.
O Tarzan já era Lex Barker e Cinelândia era
uma das mais vendidas, passando a sofrer a concorrência de
Cinemin, cujo número 1 seria lançado em novembro trazendo
na capa Ricardo Montalbán e Jane Powell.

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O cinema era também focalizado em revistas como Álbum Gigante
(que estampava o Sansão Victor Mature na capa), Edição Maravilhosa
 e a romântica O Idílio (ambas falando do filme "O Castelo Invencível",
com Richard Greene e Barbara Hale). Rosalinda trazia na capa
Howard Keel e Esther Williams e havia gibis para todos os
gostos, entre eles Superman, O Herói (com Johnny Sheffield na
capa) e Mindinho. Álbum para colecionar cromos de automóveis
também estava nas bancas e outro gibizinho clássico importado
da Itália era Xuxá, criado a partir de "Sciuscia", de Vittorio De Sica.

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Num tempo em que pouquíssimas pessoas possuiam televisores,
o sucesso era mesmo o rádio e vendiam muito as semanais
Radiolândia e Revista do Rádio, além de A Modinha Popular.
As mulheres românticas se emocionavam com Grande Hotel e as
semanais O Cruzeiro e Manchete eram as revistas de variedades.
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Bem antes da Folha de S. Paulo o prédio da Rua Barão de Limeira, 425
produzia os jornais Folha da Manhã e Folha da Noite, concorrendo
com o poderoso O Estado de S. Paulo e também com
O Diário de S. Paulo, Diário Popular, Correio Paulistano e outros.

29 de outubro de 2011

CINETESTEMANIA N.º 4 - DEZ ÍNDIOS BRANCOS

Teste seu conhecimento sobre atores brancos
que interpretaram índios em faroestes.
São dez perguntas e não é fácil tirar 10.
As respostas estão no último quadro.


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27 de outubro de 2011

ATIRE A PRIMEIRA PEDRA (Destry Rides Again) – ADMIRÁVEIS JIMMY STEWART E LA DIETRICH


A carreira de Marlene Dietrich entrou em declínio nos Estados Unidos após o fim da parceria de sete filmes da atriz alemã com Josef Von Sternberg, em 1935. Ela retornou então para a Europa e estava filmando em Paris quando recebeu um telefonema de Hollywood, do produtor Joe Pasternak, oferecendo a ela o papel principal em um... western. Era inimaginável uma atriz como Marlene, uma das mulheres mais glamurosas do mundo, em meio a cowboys e dançando num enfumaçado e barulhento saloon. Como porém Marlene Dietrich havia saído por baixo da América, decidiu aceitar o desafio de atuar pela primeira vez em um faroeste. Marlene não poderia imaginar que esse filme seria não apenas um retumbante sucesso de bilheteria mas também que ela, aos 38 anos de idade voltaria a seus dias de glória na terra do cinema. Esse western é “Atire a Primeira Pedra” (Destry Rides Again), uma daquelas comédias que merecem ser chamadas de obra-prima.

Destry e o séquito de Kent (acima)
e de sombrinha e gaiola (abaixo)
TOM DESTRY IMPONDO A LEI À SEU MODO - A história intitulada “Destry”, de autoria de Max Brand havia sido filmada anteriormente com Tom Mix como protagonista, sendo então adaptada por Felix Jackson, Henry Myers e Gertrude Purcell para o filme produzido por Pasternak, sofrendo profundas alterações, recebendo novos personagens e um saboroso tom de comédia. A ação se passa na turbulenta cidade de Bottleneck, típica cidade do Velho Oeste onde todos obedecem ao poderoso Kent (Brian Donlevy), o dono do 'Last Chance Saloon'. Praticamente todas as ações transcorrem nesse tumultuado saloon, de onde Kent dirige a cidade com a ajuda de Slade (Samuel S. Hinds), misto de prefeito e juiz. O trapaceiro Kent e o covarde juiz Slade são acostumados a eliminar até mesmo os xerifes que eles colocam no cargo, como é o caso do xerife Keogh que misteriosamente desapareceu da cidade dando lugar ao bêbado Washington ‘Wash’ Dimsdale (Charles Winninger). O que a dupla de escroques não esperava é que, ao ficar sóbrio e ver a estrela de xerife em seu peito, Wash decidisse levar a sério a responsabilidade de seu cargo. Para isso ‘Wash’ manda chamar Thomas Jefferson Destry (James Stewart), filho do antigo e falecido Destry, um exemplo de coragem e honestidade. O jovem Tom Destry tem uma forma de agir incomum, pois só bebe leite e não carrega armas. Mal chegou Bottleneck e Tom Destry se desentende com Frenchy (Marlene Dietrich), a principal artista do Last Chance Saloon. Frenchy é cúmplice de Kent nos golpes aplicados na mesa de pôquer contra os pobres rancheiros mas se enamora de Tom Destry, e o ajuda a derrotar o torpe Kent, o sórdido Juiz Slade e os bandidos que lhes prestam serviços. Ao final, porém, Frenchy é ferida ao tentar salvar Destry de um tiro disparado pelo traiçoeiro Kent.

A irresistível Frenchy
A LASCIVIDADE TOMA CONTA - “Atire a Primeira Pedra” é um daqueles filmes tão deliciosos de se assistir que lamentamos quando ele termina. A alegria quase inocente que toma conta de quase todas as cenas poderia ser ainda melhor e mais atrevida se a censura não houvesse cortado inúmeras frases maliciosas como quando, Frenchy após esconder moedas dentro de seu decote, ouve o personagem de Allen Jenkins exclamar: “Há muito ouro nessas colinas”. Mas com Marlene na tela não há sequer necessidade de diálogos para que a lascividade tome conta, bastando suas roupas, seu andar, seus movimentos, seu cigarro sendo levado aos lábios e o irresistível murmúrio de sua sensual voz rouca. Além disso Marlene ainda canta três canções, uma delas a provocante “See what the boys in the back room will have”, pura libidinagem que mereceu ter se tornado clássica. Este western porém sequer tem em Marlene a personagem principal, uma vez que o protagonista é James Stewart que com aquele seu jeito de Stan Laurel e com sua maneira única de falar se impõe cena a cena, não só se mostrando muito engraçado mas convencendo num personagem dificílimo do aparentemente apalermado cowboy, mocinho capaz de segurar uma sombrinha e uma gaiola, num perfeito contraponto com a figura tempestuosa de Marlene. A cavalo apenas por segundos, como que para justificar o título “Destry Rides Again”, Stewart faz uso maior de suas idiossincráticas filosofices, apesar de sua pontaria certeira com os revólveres. Aquela intensidade dramática única de James Stewart que se revelaria mais forte nos westerns da parceria com Anthony Mann pode ser percebida nas poucas sequências dramáticas de “Atire a Primeira Pedra”, prenúncio que o desajeitado Stewart viria o maior dos cowboys do cinema entre os artistas do primeiríssimo time de Hollywood.

Una Merkel, Mischa Auer (acima);
Charles Winninger e Brian Donlevy (abaixo)
ELENCO DE MORRER DE RIR - O que torna “Atire a Primeira Pedra” irresistível é o ritmo conseguido por George Marshall, já em 1939 um veterano cineasta, cuja carreira perdurou por 53 anos, de 1916 a 1969. Entre os bons westerns dirigidos por Marshall estão “O Renegado do Forte Petticoat” (The Guns of Fort Petticoat), com Audie Murphy; “O Irresistível Forasteiro” (The Sheepman), com Glenn Ford; “A Vingança dos Daltons” (When the Daltons Rode), com Randolph Scott; “Gloriosa Vingança" (Texas), com William Holden e Glenn Ford; e uma das partes de “A Conquista do Oeste” (How the West Was Won). Nenhum desses trabalhos de George Marshall conseguiu reeditaro ritmo e a qualidade de “Atire a Primeira Pedra”. O que sem dúvida muito colaborou para o brilho deste western foi o excepcional conjunto de coadjuvantes característicos encabeçado pelo russo Mischa Auer, tão engraçado interpretando o cossaco Boris Stravogin de Bardicheff, como nas comédias “Do Mundo Nada se Leva” e “Irene, a Teimosa" (My Man Godfrey). E há Charles Winninger; o bartender Billy Gilbert (que interpretou o inesquecível Herring, paródia de Herman Goering em “O Grande Ditador”, de Chaplin); e Tom Fadden perdendo sua fazenda na mesa de pôquer. Nunca se viu no cinema vilões mais engraçados que Brian Donlevy se autoparodiando com seus esgares; Samuel S. Hinds, o execrável prefeito de Bottleneck; Allen Jenkins (o ascensorista que namora Thelma Ritter em “Confidências à Meia-Noite”). A fantástica trilha sonora de autoria de Frank Skinner seria utilizada em diversos outros westerns "B" e em seriados. A cinematografia de Hal Mohr com belo trabalho de iluminação agradou tanto a Marlene Dietrich que ele a chamou para ser o fotógrafo do outro western que ela participou 12 anos depois, "O Diabo Feito Mulher" (Rancho Notorius). O mesmo George Marshall dirigiria uma nova versão de “Destry” em 1955, com Audie Murphy, criando uma sequência em que Mari Blanchard se atraca numa luta contra Mary Wickes, lembrando uma das mais memoráveis sequências de “Atire a Primeira Pedra” que é a briga de Marlene Dietrich e Una Merkel no 'Last Chance Saloon'. Em diversos outros filmes, como em “Frenchie” de 1950 (com Joel McCrea e as briguentas Shelley Winters e Marie Windsor), tentou-se produzir cena parecida, mas Marlene Dietrich era uma só, única e inimitável. Una Merkel brilha bastante como a esposa megera que manda em Mischa Auer querendo moldá-lo ao seu falecido marido que a tudo vigia no retrato pendurado na parede do quarto.

Uma briga entre mulheres que entrou para
a história do cinema: Merkel e Dietrich
ALEGORIA POLÍTICA - “Atire a Primeira Pedra” é um filme contagiante com incrível mistura de ação e música temperados com a sensualidade de Marlene Dietrich, satirizando o próprio faroeste. Mas o filme possui dois defeitos: primeiro, é um western; e segundo, é uma comédia. Poucos westerns foram elevados à condição de marco cinematográfico, escapando da discriminação que o gênero sempre sofreu; o mesmo pode ser dito das comédias, sempre relegadas pelos críticos a um plano inferior em relação aos dramas. Quando de seu lançamento “Atire a Primeira Pedra” não foi bem aceito e rotulado de western impuro. Outros autores viam nele uma paródia da situação política do mundo pré-II Guerra Mundial, com Brian Donlevy personificando Hitler e Tom (Thomas Jefferson) Destry como o hesitante norte-americano não adepto das armas. E há ainda a francesa indecisa Frenchy sem saber de que lado ficar, francesa ironicamente com o sotaque alemão de Marlene Dietrich. E como esquecer o russo (Mischa Auer) envergonhado da dominação exercida pela mulher. Pode até ter havido a intenção do produtor húngaro Joe Pasternak de realizar uma alegoria política, mas a combinação de comédia e aventura ditada por George Marshall prevaleceu para alegrar o mundo naqueles tempos de terror. Realizado há mais de 70 anos “Atire a Primeira Pedra” continua sendo um western-comédia perfeito em que James Stewart faz rir bastante e Marlene Dietrich levando a sexualidade aos westerns, tem oportunidade de demonstrar porque é uma inesquecível e insubstituível dama do cinema.

O cenário político de 1939 é alvo de observações

26 de outubro de 2011

HÁ 50 ANOS ERA LANÇADO "O ÁLAMO", DE JOHN WAYNE, EM SÃO PAULO

Cartazes de cinema do dia 28 de outubro de 1961 anunciavam o lançamento
da superprodução "O Álamo", dirigida e interpretada por John Wayne.
Minha lembrança de "O Álamo", lançado no Cine Normandie, que ficava
na Av. Rio Branco a alguns quarteirões da Cinelândia, era das enormes
filas que davam a volta ao quarteirão. A espera para comprar ingresso
foi de várias horas, num sábado em que só foi possível entrar na sala
de projeção do Cine Normandie na sessão da meia-noite. Interessante
notar no cartazete o preço do ingresso que foi majorado para 180 cruzeiros,
enquanto o Cine Comodoro (o mais caro da cidade pois exibia o processo
Cinerama) tinha o preço do ingresso estipulado em 150 cruzeiros.


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O Cine Olido reprisava (5.ª semana) "Duelo ao Sol", enquanto
"Psicose", de Hitchcock, era anunciado nos Cines Ipiranga e Astor;
o Cine Metro continuava exibindo "Duas Mulheres" com Sofia Loren;
Alain Delon prosseguia em cartaz com "O Sol por Testemunha";
o sucesso de Richard Widmark era "Caminhos Secretos".

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Outros filmes em cartaz há 50 anos em São Paulo eram "Pepe",
com Cantinflas; "Aventuras nos Mares do Sul", em Cinerama;
a maravilhosa Susan Hayward e James Mason estrelavam a comédia
"Eu, Ela e o Problema" (alô, Ivan, o 'problema' era Julie Newmar, a Catwoman);
Marlon Brando podia ser visto na reprise de "Desirée, o Amor de Napoleão";
Gordon Scott era o Rei das Selvas em "A Maior Aventura de Tarzan";
o esdrúxulo elenco de "A Vida Íntima de Adão e Eva" trazia Mickey Rooney,
Mamie Van Doren e o cantor Paul Anka; Edmund Purdom estrelava
"O Último dos Vikings" e havia ainda o horror em "O Ataúde do Vampiro".

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O cinema europeu estava representado na última semana de outubro de
1961 por Jean Marais em "O Corcunda"; Belinda Lee, Alberto Sordi e Renato
Salvatori estrelavam "Renúncia de um Trapaceiro"; Fritz Lang era o diretor
de "Os Mil Olhos do Dr. Mabuse"; Bernardette Lafont mostrava como era  o
"Amor Livre" e a estonteante Claudia Cardinalle era a estrela de
"Vidas Íntimas", que tinha no elenco Mylène Demongeot
 
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A bela italiana Giovanna Ralli era uma das "Camareiras Indiscretas";
o nudismo levava público ao Cine República em "Mr. Smith no Mundo Naturista";
outro filme para o público masculino era "Uma Noite no Tabarin";
o cinema japonês era representado por "O Corvo Amarelo" e "Lírio no Lodo".

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Mazzaroppi batia recordes de público com "Tristeza do Jeca" no seu cativo
Cine Art-Palácio; Maurício do Valle antes de ser Antonio das Mortes
era o principal ator de "Além do Rio das Mortes";
os fãs do cinema mexicano não podiam reclamar pois a rumbera
Maria Antonieta Pons estrelava "Nascida em Acapulco".

25 de outubro de 2011

QUADRILHAS DOS WESTERNS (V) - BANDIDOS EM TOMBSTONE: "SEM LEI E SEM ALMA"


“Sem Lei e Sem Alma” é um dos westerns preferidos dos fãs de faroestes, classificando-se em 21.º na enquete feita pelo CINEWESTERMANIA no corrente ano. As presenças de Burt Lancaster (Wyatt Earp) e de Kirk Douglas (Doc Holliday) sem dúvida muito contribuíram para o status de mais essa versão do lendário tiroteio ocorrido no OK Corral em 26 de outubro de 1881. Porém o que torna “Sem Lei e Sem Alma” ainda mais agradável de ser visto (e revisto) é seu grande elenco com as presenças femininas de Jo Van Fleet e Rhonda Fleming e um time de coadjuvantes masculinos contando com DeForest Kelley, John Hudson, Earl Holliman, Ted De Corsia, Martin Milner, Kenneth Tobey, Lee Van Cleef, entre outros. Um dos destaques do filme é o quarteto de bandidos formado por John Ireland, Lyle Bettger, Dennis Hopper e Jack Elam que destacamos como uma das grandes quadrilhas dos faroestes.


DENNIS HOPPER (Billy Clanton) – Nascido em 1936, Dennis Hopper começou sua carreira participando de dois dramas clássicos que foram “Juventude Transviada” e “Assim Caminha a Humanidade”. Em ambos Hopper já deixava entrever o rebelde que seria em toda sua carreira e vida pessoal. Entre os westerns que fez estão “Caçada Humana”, “Os Filhos de Katie Elder”, “A Marca da Forca”, “Bravura Indômita”, “Kid Blue não Merece a Forca” e “Mad Dog Morgan”. Em 1969 Dennis Hopper dirigiu e interpretou Billy (the Kid) no marco cinematográfico que foi “Sem Destino”. Vieram depois “Apocalypse Now” de Coppola, “O Amigo Americano” de Win Wenders e “Veludo Azul”, de David Lynch. O vilão Frank Booth criado por Dennis Hopper em “Veludo Azul” colocou o ator definitivamente entre os mais cruéis e assustadores bandidos do cinema em todos os tempos. Proibido, nos anos 50, por Louis B. Mayer de pisar na MGM, Dennis Hopper mostrou ao poderoso chefão da Metro que aquele território era de fato pequeno para um ator como ele. Hopper foi casado por oito (8) dias com Michelle Phillips, cantora (Mamas and Papas) e atriz. Dennis Hopper faleceu aos 74 anos em 2010 e foi o 25.º colocado na Enquete dos Melhores Homens Maus de CINEWESTERMANIA .


JOHN IRELAND (Johnny Ringo) – Nascido em Vancouver, Canadá, em 1914, John Ireland iniciou a carreira de ator na Broadway, em Nova York. Em 1945 estreou no cinema no filme de guerra “Um Passeio ao Sol”. Em 1946 fez seu primeiro western dirigido por John Ford, a obra-prima “Paixão dos Fortes”, também uma versão do tiroteio no OK Corral, interpretando Billy Clanton. Em 1948 John Ireland se defrontou com John Wayne no clássico “Rio Vermelho”, de Howard Hawks, filme em que conheceu Joanne Dru, com quem se casou. Ireland foi Bob Ford, o assassino de Jesse James em “Eu Matei Jesse James”, de Sam Fuller. Em 1950 atuou em “A Grande Ilusão”, interpretação que lhe valeu uma indicação para o Oscar. Na década de 50 John Ireland era presença constante em faroestes, sendo os mais importantes “A Volta de Jesse James” em protagoniza Jesse James; “O Último Caudilho” onde foi William Quantrill; “A Lei dos Brutos”, de Roger Corman. John Ireland fechou a década como o gladiador Crixus em “Spartacus”. Atuou também no épico “A Queda do Império Romano”. Já com a carreira em declínio Ireland apareceu em diversos spaghetti-westerns. Em 1975 esteve ao lado de Robert Mitchum em “O Último dos Valentões”, remake do clássico “Farewell, my Lovely”. Quando John Ireland faleceu, em 1992, aos 78 anos, continuava em plena atividade participando de séries na TV. John Ireland foi o 23.º colocado na Enquete dos Melhores Homens Maus de CINEWESTERMANIA .


LYLE BETTGER (Ike Clanton) – Houve reclamações pela ausência de Lyle Bettger entre os 50 bandidos relacionados na enquete de CINEWESTERMANIA. Nada mais justo pois nenhum outro bandido dos westerns foi mais refinado, elegante e traiçoeiro que Lyle Bettger, ator nascido em 1915 e que estreou no cinema em 1950 no policial noir “Casei-me com um Morto”. Em 1952 o louro Lyle Bettger teve papel destacado em “O Maior Espetáculo da Terra”. Depois desse sucesso Lyle Bettger foi visto em inúmeros faroestes, entre eles “Tambores da Morte” e “Antro da Perdição”, ambos estrelados por Audie Murphy; “Hordas Selvagens”, com Jeff Chandler; “O Justiceiro Mascarado” (The Lone Ranger). Nos anos 60 Lyle Bettger atuou em “O Domador de Cidades”; em “Nevada Smith”, com Steve McQueen; em “Na Pista dos Bandoleiros”, com Robert Taylor; e no bizarro “A Guitarra Mais Rápida do Oeste”, com o cantor Roy Orbison. Quando participou do filme “O Senhor das Ilhas”, no Havaí, Lyle Bettger adquiriu uma propriedade em Maui, uma das ilhas daquele paradisíaco Estado norte-americano, onde passou a viver. O último trabalho da carreira de Lyle foram suas participações na série “Hawaii 5-0”, filmada no Havaí. Lyle Bettger se casou em 1940 com Mary Rolfe, com ela vivendo por 56 anos até o falecimento da esposa em 1996. Bettger faleceu aos 88 anos em 2003.


JACK ELAM (Tom McLowery) – Dependendo da versão do episódio ocorrido no Corral OK aumenta ou diminui a participação de Tom McLowery (ou McLaury) no sangrento tiroteio. Em “Sem Lei e Sem Alma” a participação de Jack Elam como McLowery é bastante reduzida, sendo ele baleado por Wyatt Earp (Burt Lancaster) após uma tresloucada investida contra o Marshal de Dodge City. No recente “Tombstone - A Justiça Está Chegando”, Tom McLaury é interpretado por John Philbin. Em “Wyatt Earp”, de Kevin Costner, é Alec Baldwin quem personifica Tom McLaury, o membro do bando dos Clanton. Jack Elam foi o 3.º colocado na Enquete dos Melhores Homens Maus de CINEWESTERMANIA. Como um dos bandidos favoritos Jack Elam mereceu uma postagem especial intitulada “Jack Elam, o Bandido do Olhar Atravessado”, que pode ser lida neste blog.

24 de outubro de 2011

QUEM FOI O HOMEM QUE PRODUZIU “RASTROS DE ÓDIO”?


Muitas pessoas já perderam a conta de quantas vezes assistiram “Rastros de Ódio”. E a cada revisão é sempre aquela mesma intensa emoção sentida aos primeiros acordes que antecedem as vozes do conjunto “The Sons of Pioneers” interpretando a canção “The Searchers” (What makes a man to wander / What makes a man to roam...) até a abertura da porta que descortina o Monument Valley e a chegada de Ethan Edwards. O primeiro nome dos créditos – C.V. WHITNEY – chama a atenção pois era um nome estranho jamais visto em outro filme. Quem seria afinal C.V. Whitney?


Cornelius Vanderbilt
Whitney ("Sonny")
HERDEIRO DE FORTUNAS - Duas das mais ricas famílias dos Estados Unidos se uniram através do maatrimônio de Harry Payne Whitney e Gertrude Vanderbilt. Dessa união nasceu Cornelius Vanderbilt Whitney, cujo apelido era “Sonny” que se tornou único herdeiro de um império chamado Minnesota Mining and Manufacturing, conglomerado multinacional de empresas mais conhecido por “3M”. Aos 55 anos cansado de ver sua fortuna crescer, seus cavalos vencerem os mais variados derbys e passando da idade de jogar pólo, seu esporte preferido, “Sonny” decidiu que deveria diversificar ainda mais seus investimentos e ganhar dinheiro também na indústria cinematográfica. Para isso conversou sobre o assunto com Merian C. Cooper, produtor de “King Kong” e mais tarde sócio de John Ford na produtora Argosy que produziu entre outros filmes a Trilogia de Cavalaria de John Ford e “Depois do Vendaval”. “Sonny” disse a Merian C. Cooper que somente colocaria dinheiro num projeto que desse lucro e se possível desse também bom resultado artístico. Cooper que havia adquirido, em 1954, os direitos de uma novela escrita por Alan LeMay intitulada “The Searchers”, disse ao milionário C.V. Whitney que poderia oferecer o projeto a John Ford e a John Wayne, o que seria meio caminho andado para um ótimo e lucrativo filme. C.V. Whitney era um admirador confesso dos westerns de John Ford, especialmente de “Sangue de Heróis”, “Legião Invencível” e “Rio Grande” justamente os três westerns que compuseram a Trilogia de Cavalaria.

TRATATIVAS COMERCIAIS - As tratativas foram iniciadas e foi acertado que John Ford receberia 125 mil dólares e mais 10% dos lucros do filme para dirigi-lo, o que hoje representaria pouco mais de um milhão de dólares e mais os 10% dos lucros do filme. John Wayne, por sua vez, receberia 500 mil dólares (valor hoje correspondente a 4,2 milhões de dólares) porém sem participação nos lucros. O passo seguinte seria escolher um estúdio para fazer uma parceria para a distribuição do filme. A Metro-Goldwyn-Mayer aceitou participar mas na base de 50% e 50%, o que não foi aceito. A Columbia fez uma proposta mais vantajosa na base de 35% para o estúdio e 65% para o produtor que é quem entraria com o dinheiro. A Warner Bros. fez proposta igual de 35% e 65%, mas com algumas vantagens na questão dos impostos para “Sonny” Whitney que só discutia negócios cercado por seu time de economistas. Jack Warner ganhou a parada e como “Sonny” nada entendia de cinema, Merian C. Cooper e Patrick Ford, o filho de John Ford seriam os produtores executivos, aqueles que cuidam de todos os detalhes de filmagem, começando pela contratação de técnicos e atores.
À esquerda Merian C. Cooper quando das filmagens de "King Kong"; abaixo John Wayne e John Ford descansam sob o sol inclemente de Monument Valley, cenário de "Rastros de Ódio".

A dura vida de bilionário: Whitney e uma
de suas quatro esposas
O LUCRO DE “SONNY” – C.V. Whitney quase abandonou o projeto quando soube que o custo final da produção apresentado seria de 3,5 milhões de dólares, o mesmo acontecendo com Jack Warner quando descobriu que haveria locações em Monument Valley para onde deveriam ser transportados todos os equipamentos técnicos pertencentes ao estúdio. Com muita conversa Merian C. Cooper superou as dificuldades com Cornelius V. Whitney, enquanto foi necessário o próprio John Wayne ter um diálogo olho no olho com Jack Warner, ocasião em que o ator ameaçou nunca mais fazer um filme para aquele estúdio. O custo final de “Rastros de Ódio” foi de 3.750.000 dólares e quem complementou o orçamento foi mesmo Whitney. Corrigido pela inflação o custo do filme hoje teria sido de 38 milhões de dólares. Lançado nos Estados Unidos em março de 1956, “Rastros de Ódio” rendeu em seu primeiro ano de exibição aproximadamente cinco milhões de dólares. Considerando-se que “Rastros de Ódio” tenha rendido no resto do mundo outros cinco milhões de dólares, C.V. Whitney teve um lucro de pelo menos 2,75 milhões de dólares, enquanto John Ford embolsou posteriormente 275 mil dólares.

LEGADO À ARTE - Aconselhado por seus assessores financeiros, “Sonny” Whitney voltou suas atenções para a televisão, comprando logo meia dúzia de estações naquele novo e próspero meio de comunicação e entretenimento. Os números indicavam que cada ano menos espectadores iam ao cinema enquanto crescia de forma incontida o número de televisores nos lares norte-americanos. Mesmo assim a C.V. Whitney Productions produziria dois filmes de orçamentos bastante modestos que foram “The Missouri Traveller”, com Brandon De Wilde e Lee Marvin, em 1958 e “Ódio Destruidor”, com Patrick Wayne e Dennis Hopper, em 1959. C.V. Whitney faleceu em 1992, aos 93 anos de idade e é para os fãs de faroestes um nome importante pois a ele se deve a realização da obra máxima de John Ford, da melhor atuação de John Wayne no cinema e, sem nenhuma dúvida, de um dos melhores filmes de todos os tempos independentemente de gênero. Uma verdadeira obra de arte que é “Rastros de Ódio”.
Ethan Edwards retornando para uma casa que nunca será sua

23 de outubro de 2011

O QUE ACONTECEU COM A BARBA DE GABBY HAYES?


Gabby Hayes era tão ídolo da garotada que freqüentava as matinês para assistir filmes faroestes quanto os mocinhos Hopalong Cassidy, John Wayne, Roy Rogers e Bill Elliott. Gabby Hayes tinha até histórias em quadrinhos próprias que eram publicadas no Brasil em gibis como “O Guri” e “Super X”. O nome verdadeiro desse querido sidekick era George Francis Hayes e em seus primeiros filmes ele usava o nome de George Hayes, nome com que apareceu nos primeiros westerns B de John Wayne, aqueles produzidos pela Lone Star. Em “O Cavaleiro Solitário” (Randy Rides Alone), de 1934, George Hayes interpreta o bandido Marvin Black, num tempo em que não usava apelido e nem a famosa barba.

George Hayes como o bandido Marvin Black procurado por John Wayne;
abaixo à esquerda George Hayes e à direita entre o Duke e Yakima
Cannut em uma cena de "O Cavaleiro Solitário"

Gabby Hayes com William
Boyd, com Bill Elliott e
com Roy Rogers
O VENTANIA DE HOPALONG CASSIDY - George Hayes começou a ficar famoso quando se tornou o sidekick de Hopalong Cassidy, com quem fez 22 westerns. Nessa série produzida por Harry Sherman e distribuída pela Paramount, George Hayes interpretava o personagem ‘Windy’ Halliday. Aqui no Brasil o engraçado ‘Windy’ virou ‘Ventania’, ficando conhecido por esse apelido. Em 1939 a Republic Pictures ‘roubou’ George Hayes de Hopalong Cassidy, isto é, do produtor Harry Sherman, fazendo dele o sidekick de Roy Rogers, o novo mocinho da Republic. Harry Sherman ficou inconformado e conseguiu na Justiça que George Hayes fosse impedido de usar o nickname ‘Windy’, como se dependesse do apelido o sucesso do irascível sidekick. Já no primeiro western de George Hayes ao lado de Roy Rogers, intitulado “Traição Infame” (In Old Caliente), de 1939, o novo sidekick da Republic ganhou o apelido ‘Gabby’, passando a ser conhecido como George ‘Gabby’ Hayes. A dupla Roy Rogers-George ‘Gabby’ Hayes fez 28 faroestes, até que a Republic decidiu que Gabby Hayes passaria a ser sidekick de Bill Elliott. Gabby e Bill Elliott fizeram dupla em 10 westerns, após o que Gabby voltou a ser sidekick de Roy Rogers em outros 14 westerns da Republic.

GABBY HAYES FICA SEM BARBA - Roy Rogers fazia um filme após o outro, até que conseguiu tirar três meses de férias, avisando Gabby Hayes que iria passar todo esse tempo viajando. George Gabby Hayes então disse à esposa Olive que iria aproveitar para raspar a barba, coisa que não fazia há mais de dez anos. Quando terminou a remoção daquela sua marca registrada, Gabby se olhou no espelho e se achou muito feio, horrível mesmo. No mesmo dia avisou o estúdio que estava saindo de viagem, arrumou as malas e foi com Olive para Palm Desert. Nesse local Gabby Hayes permaneceu por dois meses, praticamente escondido, sem sair do hotel e sem mesmo colocar a cabeça na janela, pois envergonhado não queria ser visto por ninguém. Quando sua barba estava crescida foi que ele voltou à Republic e ao convívio dos amigos. Assim como alguns mocinhos não queriam ser vistos ou fotografados sem seus chapéus, George Hayes somente se sentia bem como Gabby Hayes com sua vasta e simpática barba. Todos os garotos das matinês pronunciavam o nome do sidekick como Gabi Aies e certamente foi muito estranho descobrir a pronúncia correta do nome artístico de George, que era Gabby Hayes.

Gabby Hayes acima em foto característica e abaixo com a esposa Olive, com quem não era nem um pouco malcriado.

21 de outubro de 2011

ATIRE A PRIMEIRA PEDRA QUEM NÃO AMOU MARLENE DIETRICH


1939 será sempre lembrado como o Ano de Ouro do Cinema pelos grande filmes produzidos naquele ano. Todos lembram que foi em 1939 que foram lançados “...E o vento Levou”, “O Mágico de Oz”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, “No Tempo das Diligências”, “Gunga Din”, “O Corcunda de Notre-Dame”, “Ninotchka” e A Mulher Faz o Homem”. Porém foi também em 1939 que o público riu bastante com um faroeste cômico que só não ficou mais famoso porque a concorrência nesse ano estava fortíssima. O filme era “Atire a Primeira Pedra” (Destry Rides Again), dirigido por George Marshall e estrelado por Marlene Dietrich e James Stewart tornando-se um clássico bastante imitado. Quem assiste a “Atire a Primeira Pedra” não esquece especialmente das muitas risadas provocadas por Tom Destry (James Stewart) o cowboy que não usa armas e é alvo de deboche de toda a cidade de Bottleneck, principalmente de Frenchy (Marlene Dietrich) artista do 'Last Chance Saloon'. Mas se o que se viu no filme é interessante, o que se passou nos bastidores também não deixa de ser.

Joe Pasternak queria ser amante;
Erich Maria Remarque era o amante
SOBRE O CADÁVER DE HITLER - Quem deveria interpretar a dançarina do saloon era Paulette Goddard, que chegou a receber o script e aprová-lo. Porém seu marido na época se chamava Charles Chaplin que também leu o script, vetando a participação da esposa que por sinal era sua contratada como atriz. Sem Paulette o produtor Joe Pasternak pensou em Marlene Dietrich. A atriz alemã era casada com o alemão Rudolf Sieber mas todos sabiam que ela era amante do escritor alemão Erich Maria Remarque, um homem extremamente ciumento. Onde Marlene estava, Remarque estava atrás, inclusive nos sets de filmagem pois o escritor sabia muito bem que sua amante era uma notória devoradora de homens. O húngaro Joe Pasternak entendeu que também tinha direito de namorar Marlene e tentou conquistá-la, sendo rechaçado pela atriz com uma frase que ficaria famosa: “Só farei sexo com você sobre o cadáver de Adolf Hitler”. Pasternak ficou irritadíssimo e mais ainda quando percebeu que James Stewart era o alvo de Lili Marlene. A atriz alemã não perdoava nenhum ator desde que ele fosse charmoso e simpático. Se fosse bonito, então Marlene o arrastava para seu camarim para tomar champanhe francês...

Aconteceu de tudo em
"Atire a Primeira Pedra"
CHAMPANHE NO CAMARIM - Logo nas primeiras cenas com James Stewart ficou claro que Marlene estava interessada em mostrar a Jimmy as delícias do amor europeu. Por ele ser solteiro tudo seria mais fácil, desde que Erich Maria Remarque não percebesse. Como Remarque era uma sombra de Marlene, Pasternak decidiu se vingar proibindo a entrada do amante de Marlene nos sets onde era rodado “Atire a Primeira Pedra”. Marlene adorou e o tímido Jimmy Stewart também e na primeira oportunidade ela o levou para seu camarim e pelo tempo que lá permaneceram tomaram não apenas uma taça de champanhe, mas muito mais que isso. E os encontros se repetiram outras vezes o que fez com que o entrosamento de Jimmy e La Dietrich em “Atire a Primeira Pedra” beirasse a perfeição. Stewart contou para seu amigo Henry Fonda que Marlene havia sido a primeira mulher com quem ele foi para a cama que não lembrava sua mãe. (???) Hollywood é não só a capital do cinema mas também a capital da fofoca e não demorou para chegar aos ouvidos de Remarque que sua amante o estava traindo.

Remarque, o escritor furioso
O ASTUTO JAMES STEWART - Em 1939 os alemães estavam bastante agitados e Remarque mais ainda, bravo sem razão com Pasternak e depois desconfiado com razão de Jimmy Stewart. A esperta Marlene disse a Remarque que James Stewart estava mesmo era apaixonado por Olivia De Havilland. Para se certificar disso Remarque contratou dois detetives para seguir Olivia e James Stewart e o que os detetives lhe contaram o deixou mais nervoso, prometendo acabar com aquele romance de qualquer maneira, se preciso fosse até com violência. Mas não foi necessário Remarque ficar furioso como o führer porque James Stewart ao perceber o perigo que corria com aquele obsessivo alemão atrás dele simplesmente não aceitou mais tomar champanhe no camarim de Marlene. Ela que estava acostumada a dispensar seus amantes e não ser dispensada por eles, nunca perdoou James Stewart, tanto que em suas memórias escritas em 1987 cita o ator apenas de passagem e até com certo desdém.

Duke e Marlene em "A Pecadora"
A LISTA DE LA DIETRICH - Marlene continuou a mesma devoradora de homens e John Wayne que o diga. Paulette Goddard cresceu, perdendo aquele jeitinho provocante de adolescente e Chaplin logo se desinteressou dela. Anos mais tarde Erich Maria Remarque se encantou com a então madura Paulette Goddard e se casou com ela. Marlene Dietrich permaneceu casada com Rudolf Sieber até a morte dele em 1976 (ficaram ‘casados’ 52 anos), mas o caderno de Marlene com os nomes de seus amantes era maior que muitas listas telefônicas, inclusive com um número inacreditável de nomes femininos. Mas como tudo se passava em Hollywood, é o caso de se dizer “atire a primeira pedra” quem nunca pecou na cidade do pecado...

Marlene e o maridão Rudolf Sieber com a filha Maria;
abaixo Paulette Goddard com os maridos Chaplin e com Remarque

19 de outubro de 2011

JOSÉ SIMÕES FILHO, O AMIGO BRASILEIRO DE BUCK RAINEY


Buck Rainey é um dos mais importantes autores de livros sobre faroestes. Mais que isso, é um dos precursores desse mercado editorial ao lado de William K. Everson, Alan G. Barbour, Don Miller, Edward Buscombe e David Rothel. Porém, diferentemente destes autores, Buck Rainey foi o primeiro a escrever uma obra de referência contendo fichas técnicas de todos os westerns produzidos nos grandes estúdios e também nos pequenos estúdios, aqueles da chamada Poverty Row (Rua da Pobreza). Umberto Hoppy Losso diante de extasiados amigos que admiravam seu lendário livro sobre os seriados da Republic Pictures intitulado “Valley of the Cliffhangers” gostava de retirar da estante um outro livro, dizendo naquela sua saudosa forma arrebatada: “Este aqui é o Chutenápis, do Buquirranei, a verdadeira bíblia do faroeste!” Em seu Inglês arrastado Hoppy Losso queria dizer mesmo era “Shoot-em-Ups” (The Complete Reference Guide to Westerns of the Era Sound) e o nome do autor é Buck Rainey em parceria com Les Adams, enciclopédia editada em 1978. Na esteira de “Shoot-em-Ups” foram lançados anos depois “The Western”, de Phil Hardy (1983) e “The Encyclopedia of Westerns”, de Herb Fagen (2003), mas nenhuma dessas enciclopédias são tão completas como “Shoot-em-Ups”. Tanto esse livro como “Valley of the Cliffhangers” o santista Hoppy Losso adquiriu através de José Simões Filho, um morador lá da pequena Guaçuí, cidade do Espírito Santo.

O jovem Simões, estudante de Medicina
e cowboy nas horas de folga
CHANCELA DO CORREIO DE GUAÇUÍ - Assim como Hoppy Losso, muitos westernmaníacos conseguiram adquirir seus primeiros livros made-in-USA com passagem obrigatória por Guaçuí pois quem os comprava era José Simões Filho. Ninguém conhecia pessoalmente esse misterioso personagem que estava ficando tão importante quanto Tom Mix, Buck Jones, John Wayne e Roy Rogers. Alguns westernmaníacos como Doc Barretti chegaram a conversar muitas vezes com ele por telefone, o que somente aumentava o mistério que cercava José Simões Filho. E Guaçuí foi ficando muito mais conhecida, pelo menos na esfera dos fãs de faroestes de São Paulo. Sabia-se que José Simões Filho praticamente nascera dentro de um cinema, o Cine Éden pertencente a seu pai e local onde iniciou sua paixão por faroestes e seriados. O que ninguém conseguia entender é como ele fazia para importar tantos livros raros e caros. É verdade que as livrarias dos grandes centros como São Paulo também importavam livros sobre cinema mas era verdadeiro golpe de sorte encontrar livros específicos sobre faroestes. Demoraria ainda alguns anos até Jeff Bezos mudar em 1994 a forma de comprar livros ao criar a Amazon, a maior loja virtual do mundo. Ainda bem que antes de Jeff Bezos com a sua Amazon havia José Simões Filho o lendário westernmaníaco da pequena Guaçuí.

Os compadres de Buck Rainey
- entre eles José Simões Filho
MUCHAS GRACÍAS, GOOD FRIEND - José Simões Filho, que é professor, não apenas importava os livros que aumentavam o conhecimento dos fãs de faroestes e seriados como também fazia contatos diretos com os autores, como por exemplo Buck Rainey. O autor de “Shoot-em-Ups” descobriu que aqui no Brasil, numa cidade que ele Rainey não conseguia encontrar nos Atlas que tinha em mãos havia um brasileiro que possuía farto material fotográfico sobre faroestes B e seriados. Buck Rainey estava preparando novos livros sobre westerns, mocinhos, seriados e seus heróis e não teve dúvidas, iniciou correspondência com José Simões Filho para que o misterioso brasileiro lhe fornecesse fotos que nem nos Estados Unidos ele conseguia encontrar. Bastante solicito José Simões Filho prestou ajuda ao autor norte-americano que não esqueceu do brasileiro, como pode ser visto em livros como “Heroes of the Range”, por exemplo, na página vii/“Acknowledgements”. Nessa página Buck Rainey faz um agradecimento especial aos seus ‘compadres’ Rod Cameron, Buster Crabbe, Russell Hayden, Jennifer Holt, Tim Holt, Kermit Maynard, Don Miller, George O’Brien, Duncan Renaldo, Charles Starrett, Bob Steele e JOSÉ SIMÕES FILHO, dizendo a eles “muchas gracías, good friends”.

O escritor Buck Rainey com Iron Eyes Cody
TESOURO NA WEB – Se a confraria dos amigos do western – CAW, fundada pelo Dr. Aulo Barretti transformou-se em verdadeira Faculdade de Faroeste, os Mestres dessa grande escola como Clóvis Ribeiro, Jorge Cavalcanti, Dionísio Nomellini Neto, Sérgio Pereira, Umberto Hoppy Losso, Aulo Doc Barretti, Nelson Pecoraro, Cláudio Caltabiano e Diamantino da Silva aprofundaram seus conhecimentos nas obras importadas dos States e que chegavam a São Paulo após a passagem obrigatória por Guaçuí. Assim como o professor José Simões Filho muito ajudou os cowboys brasileiros, especialmente os paulistanos do CAW e também o grande Buck Rainey, ele agora com o advento da web tem ajudado a todos que buscam fotos de westerns e seriados em seus incontáveis álbuns disponibilizados na Internet. São milhares de fotos de atores, atrizes, posters e lobby cards dos westerns e seriados, além, claro, de policiais e outros gêneros. É só acessar o Orkut de José Simões Filho e se deparar com esse verdadeiro tesouro reunido em 70 anos de amor pelo cinema. Desnecessário falar mais sobre esse tão importante brasileiro de Guaçuí, mas como poucos o conhecem pessoalmente, CINEWESTERMANIA homenageia e agradece ao professor José Simões Filho, um apaixonado por faroestes.

Livros de Buck Rainey, quase todos na estante de José Simões Filho