UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

29 de novembro de 2011

'TUCO' NA CORDA – SERGIO LEONE MATANDO ELI WALLACH DE SUSTO


Eli Wallach desembarcou em Roma contratado que foi por Sergio Leone para interpretar o bandido ‘Tuco’ em “Três Homens em Conflito” (I Buono, Il Brutto, Il Cattivo), novo faroeste do rotundo diretor italiano. De Roma Eli Wallach foi junto com Clint Eastwood para Madrid e de lá novo vôo para uma localidade ao Sul do Mediterrâneo chamada Almería. Com poucas acomodações em Almería, Eli e Clint tiveram que dormir juntos numa cama de casal. Clint perguntou qual lado Eli preferia e o ator novaiorquino escolheu o lado esquerdo da cama, enquanto Clint ficou do lado direito. Coincidentemente essas eram as posições políticas de ambos. Na manhã seguinte os dois atores norte-americanos seguiram de carro para o local das filmagens. Clint conhecia bem os métodos de Sergio Leone pois esse era o terceiro filme que fazia com ele. Lee Van Cleef, o outro personagem-título também conhecia o estilo criativo de Leone.

ENFORCAMENTO DE TUCO - O trabalho de Eli com Leone começaria logo com a cena do enforcamento de ‘Tuco’. Eli que montava razoavelmente bem tinha que ficar em cima de um cavalo, com as mãos amarradas para trás e uma grossa corda no pescoço e a outra ponta amarrada numa árvore. ‘Tuco’ seria enforcado e Leone pediu para o ator John Bartha, que interpretava o xerife, ler a sentença de morte: “De acordo com o poder que estou investido, sentencio o acusado Tuco Benedicto Pacífico Juan Maria Ramirez a ser enforcado pelo pescoço até a morte.” Leone então explicou que no momento de ser enforcado ‘Blondie’ que estava numa esquina ali próximo dispararia um tiro de carabina acertando a corda que explodiria. Houve uma pausa para descanso e Eli Wallach pediu para Leone providenciar algodão para encher os ouvidos do cavalo que assim não se assustaria. Leone respondeu: “Bene, Eli. Non è pericoloso!”. Depois do café Eli retornou e montou no cavalo, mãos amarradas atrás e corda no pescoço à espera da ação. Clint dispara o rifle e o estampido faz o cavalo disparar enquanto o explosivo cortou a corda. Eli desesperado começou a gritar e apertava a barriga do cavalo com as pernas tentando fazê-lo parar, o que só aconteceu quase 100 metros adiante.



NON È PERICOLOSO! - Eli foi socorrido, desceu do cavalo, teve as mãos desamarradas e espumando de raiva perguntou para Leone se ele havia colocado algodão nos ouvidos do cavalo. A resposta seca foi: “Non, non è pericoloso.” E avisou que refariam a cena agora com o cavalo disparando assustado ao primeiro tiro de ‘Blondie’ mas com Eli preso com uma corda amarrada às suas costas. Após o tiro ele ficaria pendurado balançando. ‘Blondie’ então dispararia mais dois tiros e a corda se romperia com os explosivos quando ‘Tuco’ já estivesse próximo ao chão. Eli caiu de uma altura de 1,20m e olhou direto para Leone que exultante gritou: “Magnífico!” Eli Wallach já estava batizado para o resto de “Três Homens em Conflito” e certamente deve ter sentido saudade dos tempos em que a grande dificuldade era resistir aos encantos de Carroll Baker e seu baby-doll em “Boneca de Carne” de Elia Kazan... Eli Wallach, o inesquecível ‘Calvera’ de “Sete Homens e Um destino” (The Magnificent Seven) continua filmando aos quase 96 anos de idade que completará no próximo dia 7 de dezembro.


27 de novembro de 2011

A ‘GESTAÇÃO’ DE “RASTROS DE ÓDIO” (The Searchers)


Muitas pessoas gostam de um filme e o assistem cinco ou dez vezes, até perder a conta de quantas ocasiões se emocionou com um filme preferido. E há aqueles que não satisfeitos em conhecer inteiramente uma obra cinematográfica ainda querem saber o que se passou na preparação ou nos bastidores desse filme. “Rastros de Ódio” (The Searchers) é um desses casos apaixonantes e isso tanto é verdade que são muitos os autores que através de ensaios ou livros sobre faroeste procuram dissecar a obra máxima de John Ford. CINEWESTERNMANIA traz algumas informações a mais entre tantas conhecidas sobre “Rastros de Ódio”.

John Ford
ROTEIRIZANDO EM ALTO-MAR - A história “The Avening Texans”, de autoria de Alan LeMay, foi publicada no jornal Saturday Evening Post em 1954. Merian C. Cooper, sócio de John Ford na Argosy Productions leu a história de LeMay, se interessou e comprou os direitos da mesma para o cinema. Cooper mostrou a história para John Ford depois que já havia conseguido produtor para o western, o ricaço Cornelius Vanderbilt Whitney. John Ford gostou da história e com a produção pré-encaminhada, fez aquilo que sempre fazia antes de rodar um filme: reuniu sua turma no seu iate ‘Araner’ para deixar o texto mais cinematográfico. Em janeiro de 1955 embarcaram no ‘Araner’ o roteirista Frank S. Nugent (genro de Ford), Wingate Smith (cunhado de Ford) e os atores John Wayne e Ward Bond, amigos pessoais do diretor. Enquanto o grupo lia o texto original de Alan LeMay as idéias iam surgindo e sendo anotadas para o roteiro final de Nugent. E as modificações foram tantas que ao final havia praticamente uma outra história, ou senão vejamos.

OS TEXANOS VINGADORES - Para começar o título original (The Avening Texans) foi mudado para ‘The Searchers”. Na história de Alan LeMay, Ethan Edwards (John Wayne) chama-se Amos; Martin Pawley (Jeffrey Hunter) é 100% branco e não 1/8 Cherokee como aparece no filme; Debbie (Natalie Wood) não se casa com Scar; Debbie, que era ‘Dry Grass Hair’ (Cabelo de Grama Seca) para os Comanches depois de escapar dos índios, passa alguns dias perdida no deserto até ser encontrada por Martin Pawley, com quem passa a namorar; a personagem Laurie Jorgensen (Vera Miles) é namorada de Charles McCorry (Ken Curtis). Na história original não havia os personagens do Reverendo-Capitão Samuel Johnston Clayton (Ward Bond) e nem o de Mose Harper (Hank Worden). Da cabeça de Ford saiu também um personagem de nome Emílio Gabriel Fernández y Figueroa, numa clara homenagem a seus amigos mexicanos, o ator-diretor Emílio Fernández e o célebre cinegrafista Gabriel Figueroa. A mais crucial das diferenças: Ethan Edwards morre ao final. As alterações, como foi dito, tornaram a história mais cinematográfica. Excepcionalmente mais cinematográfica.

A GRANDE FAMÍLIA FORD - As filmagens começaram em setembro de 1955 e duraram 50 dias de grande sofrimento para toda a equipe que teve que se deslocar ao Monument Valley onde foi rodada a maior parte do filme. O elenco foi se delineando à medida que a história tomava forma em pleno alto mar ao balanço do ‘Araner’ e grande parte daqueles que iriam atuar no filme eram de alguma forma ligados a John Ford. Muitos pertenciam à Ford Stock Company, grupo que Ford utilizava com freqüência, como Wayne, Bond, John Qualen, Hank Worden, Jack Pennick e Cliff Lyons. Outros eram quase parentes de John Ford, como Olive Carey (comadre), Harry Carey Jr. (afilhado), Ken Curtis (genro) e Patrick Wayne (filho de John Wayne). Dorothy Jordan, que interpreta Martha Edwards era esposa do produtor Merian C. Cooper. Os demais atores foram indicados pela própria Warnes Bros.
Nas fotos à direita, do alto para baixo:
Olive Carey/Harry Carey Jr.;
John Qualen/Dorothy Jordan;
Ken Curtis/ Hank Worden;
Patrick Wayne/Ward Bond.

O DIA EM QUE NATALIE WOOD SE SUBMETEU AO TESTE DO... PESO - O caso mais interessante do elenco foi o de Natalie Wood, a quem John Ford não conhecia. Encaminhada ao escritório de John Ford, o Pappy conversava com John Wayne quando a franzina jovem de 17 anos entrou. Ford mediu Natalie de alto a baixo e a adolescente atriz tremeu de medo. Ford então pediu a John Wayne que a erguesse com as duas mãos, o que o gigantesco Duke fez com extrema facilidade. Quando Duke a colocou no chão novamente, Ford sentenciou: “Você será Debbie! Agora só falta uma menina de uns sete anos parecida com você para interpretar a Debbie jovenzinha Você conhece alguma?” Natalie respondeu a Ford que tinha uma irmã de nove anos, chamada Svetlana, mais ou menos parecida com ela. Ford ainda perguntou se aquele não era um nome russo e Natalie confirmou dizendo que seu verdadeiro nome também era russo: Natasha. As irmãs Lana e Natalie foram contratadas. “Rastros de Ódio” estreou no dia 13 de março nos Estados Unidos (7 de maio em São Paulo), fazendo relativo sucesso de público mas sem se tornar um campeão de bilheteria. Pouquíssimos críticos perceberam quando de seu lançamento a magnitude desse western de John Ford e foi preciso um certo crítico francês chamado Andrè Bazin abrir os olhos do mundo para a importância de “Rastros de Ódio”.

25 de novembro de 2011

O ÚLTIMO PÔR-DO-SOL (The Last Sunset) – MELODRAMA NO FAROESTE


Kirk Douglas havia acabado de produzir e estrelar “Spartacus” em 1960, trazendo de volta à cena cinematográfica o nome de Dalton Trumbo, autor do roteiro desse épico. Mais heróico que o próprio escravo-gladiador, Kirk Douglas foi o único homem em Hollywood que teve coragem de dar crédito a Trumbo, um dos dez roteiristas proibidos de trabalhar pela famigerada HUAC (House Un-American Activities Comitte). Colocado na lista negra de Hollywood pelo movimento perverso que ficou conhecido como “Caça às Bruxas”, Dalton Trumbo continuou a produzir roteiros porém tendo que usar ‘fronts’, ou seja, outros roteiristas obtendo os créditos por seus trabalhos. E foi assim que dois roteiros de autoria de Trumbo ganharam prêmios Oscar: “A Princesa e o Plebeu” (1953) e “Arenas Sangrentas” (1956).

Dalton Trumbo: vítima da sordidez humana
Ainda sob pseudônimos, são de Dalton Trumbo os roteiros dos faroestes “Como Nasce um Bravo” (Cowboy), de Delmer Daves, com Glenn Ford; “O Caçador de Fronteira” (The Deerslayer), de Kurt Neumann, com Lex Barker; “Reinado de Terror” (Terror in a Texas Town), de Joseph Lewis, com Sterling Hayden. Kirk Douglas se tornara um dos homens mais poderosos do cinema norte-americano e encomendou novo roteiro a Trumbo, desta vez baseado na história “Sundown at Crazy Horse”, de autoria de Howard Rigsby, um faroeste que se chamou “O Último Pôr-do-Sol” (The Last Sunset).


Rock Hudson, Dorothy Malone, Carol Linley
e Kirk Douglas
PAIXÃO E MORTE - O filme de Robert Aldrich conta a história de Brendan O’Malley (Kirk Douglas), personagem estranho que se dirige para o México para reencontrar Belle (Dorothy Malone), mulher com quem teve um relacionamento há quase 20 anos. Belle agora é esposa do rancheiro- pecuarista John Beckenridge (Joseph Cotten), padrasto de Melissa (Missy), filha de Belle. O solitário O’Malley é seguido por Dana Stribling (Rock Hudson), xerife de uma cidade texana que quer prendê-lo por haver assassinado o cunhado de Stribling. O’Malley tenta se envolver com Belle e para isso pede o consentimento do marido dela, John Beckenridge, mas é rejeitado por Belle. Stribling e O’Malley são contratados por Beckenridge para levar seu gado até o Texas. A prisão de O’Malley é então adiada por Stribling. John Beckenridge é morto numa discussão numa cantina no México e Stribling acaba se apaixonando por Belle. Por sua vez, Melissa se apaixona por O’Malley, envolvendo-se com ele. Desesperada Belle conta a O’Malley que Melissa é sua filha e que a relação deles é incestuosa. Após o gado ser levado a seu destino O’Malley se defronta com Stribling num duelo suicida.

UMA TRAGÉDIA NO VELHO OESTE - Vladimir Nabokov havia chocado o mundo com seu romance “Lolita”, lançado em Francês em 1955 e com versão autorizada para o Inglês somente em 1958. Nabokov mudou o universo da Literatura e certamente influenciou outros autores. O romance de Nabokov somente chegaria ao cinema em 1962 pelas mãos de Stanley Kubrik, abordando o tema da pedofilia. Antes disso, porém, Dalton Trumbo passou perto dessa questão com o personagem ‘Missy’, de apenas 16 anos e pela primeira vez abordou num faroeste o tema de incesto. Mas não é isso que faz de “O Último Pôr-do-Sol” um dos mais extraordinários roteiros já escritos para um western. Além dessa delicada questão o roteiro de Trumbo é um tenso melodrama digno daqueles que Douglas Sirk dirigiu para a Universal Pictures tendo Rock Hudson como ator principal. Mesmo com a ação se passando em cenários abertos, os personagens principais (Stribling, Belle, O’Malley e Melissa) parecem viver num ambiente claustrofóbico no qual incessantemente expõem as paixões que afloram, bem como o ciúme e o visceral antagonismo. O’Malley é o centro motivador de todas as reações culminando com a juvenil paixão que desperta em Missy (Melissa) e os momentos que passa com ela. O’Malley, homem, aparentemente sem princípios, é tomado repentinamente de dilacerante arrependimento com a descoberta de ser o pai da jovem. E vê apenas na própria morte a solução da tragédia em que se deixou envolver. Mais até que um sensível melodrama, “O Último Pôr-do-Sol” se aproxima das grandes tragédias gregas como nenhum outro western ainda o havia feito.

Chuck Roberson dublando Rock
Hudson (acima); briga encarniçada
entre Kirk e Rock Hudson (abaixo)
DETALHES DA VIDA RURAL - Mesmo que o roteiro de Dalton Trumbo não fosse tão rico em nuances psicológicas, “O Último Pôr-do-Sol” seria um belo faroeste, com bom ritmo entremeando os muitos diálogos com ótimas cenas de ação. As sequências de condução do gado durante uma tempestade são excelentemente dirigidas por Aldrich e fotografadas pelo húngaro Ernest Lazlo, assim como o duelo final entre O’Malley e Stribling, com tomadas de diversos ângulos e montagem nervosa que aumenta a emoção. Tudo isso embalado pela música do vienense Ernest Gold que venceria o Oscar de composição musical em 1961 por “Êxodus”. Esses aspectos técnicos emolduram os diálogos brilhantes escritos por Trumbo, especialmente nas falas poético-filosóficas ou cínico-jocosas de O’Malley. Kirk Douglas faz praticamente todas suas cenas, dispensando o uso de doublês, exceto na cena em que com animal violência segura um cão que está prestes a avançar sobre ele. E Rock Hudson é dublado em algumas cenas por Chuck Roberson como na sequência em que durante a luta com O’Malley cai sobre uma fogueira ficando com o colete em chamas. O cuidado de Trumbo com o realismo da vida dos cowboys leva o espectador a tomar conhecimento de situações inusitadas nos faroestes como a vaca ter as patas amarradas enquanto é ordenhada por Regis Toomey e Rock Hudson fazendo com que um bezerro recém-nascido adote Carol Linley como sua ‘mãe’. Carol Linley usando pela primeira vez o vestido amarelo que pertenceu a sua mãe e descalça por não haver ali um sapato adequado, enquanto Kirk Douglas canta a bela canção “Pretty Little Girl in the Yellow Dress”, de Dimitri Tiomkin e Ned Washington. Tantos cuidados com detalhes tornam imperdoável que o duelo ao pôr-do-sol ocorra próximo do meio-dia, como indicam as sombras de Rock e Kirk.

 
KIRK DOUGLAS E SEU FILME - “O Último Pôr-do-Sol” foi uma produção da Bryna, companhia produtora de Kirk Douglas, o que permite imaginar o quanto ele se impôs na realização deste western. Douglas chamou Rock Hudson para interpretar Dana Stribling em “O Último Pôr-do-Sol”, não sem razão pois Rock havia sido o campeão de bilheterias em 1959 e foi o segundo, atrás de Doris Day, em 1960. Rock, que havia interpretado com sucesso o fazendeiro Jordan ‘Bick’ Benedict em “Assim Caminha a Humanidade” (Giant), nunca convencera inteiramente como cowboy nos poucos faroestes que fez. Apesar de bom ator Rock parece bastante deslocado como sheriff neste filme de Aldrich. E Kirk Douglas, como dono do filme faz o que quer, a começar pelo estranho traje que usa na parte final do filme, vestido de preto com calças excessivamente justas, o cinturão mais esquisito dos westerns e a Derringer que não troca por nenhum revólver convencional. Uma figura! Ainda assim Douglas se ajusta perfeitamente ao personagem O’Malley e abre espaço até para cantar “Cucurucucu Paloma” em Espanhol, sequência que certamente ele como produtor exigiu ao diretor Robert Aldrich. Não houve um bom entendimento entre o bastante profissional Rock Hudson e Kirk Douglas durante as filmagens, culpa dos temperamentos diferentes e da costumeira arrogância de Douglas. A resposta do ator-produtor pode ser sentida no deboche com que Douglas faz um mexicano imitar Rock Hudson dançando após Rock haver dançado um fandango com Dorothy Malone. Nunca mais Rock Hudson ou Robert Aldrich trabalharam novamente com Kirk Douglas.

Joseph Cotten
 A IRRESISTÍVEL DOROTHY MALONE - Capítulo à parte em “O Último Pôr-do-Sol” é Dorothy Malone, cuja sensualidade foi excepcionalmente aproveitada por Aldrich. Maravilhosa, sedutora e irresistível atriz, Dorothy, aos 35 anos, espalha sua voluptuosidade em cada cena que participa. Dorothy não era uma atriz de grande talento dramático mas é um dos pontos altos deste western. O contraponto quase perfeito à lascividade de Dorothy é a presença angelical de Carol Linley, então com 20 anos durante as filmagens. A melhor interpretação do elenco de “O Último Pôr-do-Sol” ficou por conta de Joseph Cotten, como o amoral marido de Dorothy Malone. Seu desempenho na sequência em que é provocado por dois sulistas numa cantina é antológica dentro de uma carreira repleta de grandes atuações, carreira iniciada 20 anos antes em “Cidadão Kane”. Completam o elenco Regis Toomey e o trio de bandidos que ameaça os homens e as mulheres que transportam o gado, Rad Fulton, Jack Elam e Neville Brand, em papéis pequenos para que houvesse mais espaço para os excessos de Kirk Douglas. O seguidor deste blog Jurandir Bernardes de Lima defende a tese que Robert Aldrich só conseguiu fazer bons filmes quando teve em mãos bons roteiros. “O Último Pôr-do-Sol” é um roteiro de qualidade quase incomparável para um western e ainda assim Aldrich não conseguiu fazer de “O Último Pôr-do-Sol” uma obra-prima, mesmo que possa ser considerado um faroeste clássico pela temática complexa e bem desenvolvida. Talvez a explicação possa ser dada com uma pergunta: Como domar o ego de Kirk Douglas justamente no ápice de sua carreira como ator e produtor? E foi justamente esse ator indomável o responsável por trazer de volta ao cinema o grande e perseguido Dalton Trumbo no último pôr-do-sol do reacionarismo de Hollywood.

24 de novembro de 2011

O FALCÃO MALTÊS CITA CINEWESTERNMANIA

O blog de Antônio Nahud Júnior é obrigatório para os cinéfilos
que amam verdadeiramente o cinema. Não apenas porque
Nahud é profundo conhecedor da 7.ª Arte, mas e especialmente
pela elegância, cultura, inteligência e sensibilidade com que aborda
os tópicos sempre interessantes e didáticos que posta.
Devido a tudo isso Nahud é hoje uma referência para os
apaixonados por cinema que se deleitam com "O FALCÃO MALTÊS"
E não é que o Sam Spade bahiano, entrevistado que foi pelo blog
"Poses e Neuroses", ao ser perguntado quais outros blogs
apreciava, lembrou do WESTERNCINEMANIA!
Esse fato nos enche de orgulho porque ter um seguidor do
calibre de Antônio Nahud Júnior nos dá a certeza de estarmos
no caminho certo no objetivo de não deixar esquecido o
western, gênero que ainda têm tantos apaixonados.
Abaixo, parte da entrevista de Antônio Nahud Júnior, entrevista que
merece ser lida na íntegra, o que pode ser feito acessando o endereço abaixo:


23 de novembro de 2011

QUADRILHAS DOS FAROESTES (VI) - "O ÚLTIMO PÔR-DO-SOL" (THE LAST SUNSET)


Não chega a ser bem uma quadrilha o trio de bandidos cheio de más intenções que se agrupa aos cowboys que conduzem gado em “O Último Pôr-do-Sol” (The Last Sunset). Esses três bandidos ficam de olho não apenas no gado que pretendem roubar mas também em Dorothy Malone e Carol Linley, as duas mulheres que são disputadas por Rock Hudson e Kirk Douglas. Dois dos homens maus – Jack Elam e Neville Brand – já foram biografados neste blog e volta e meia aparecem nesta seção. Já Rad Fulton, o mais jovem dos bandidos, este é menos conhecido.

RAD FULTON – Nascido em 25/11/1925, em Dearborn, Michigan, o jovem James Westmoreland queria ser ator e para isso firmou contrato com Henry Wilson, que era agente de Rock Hudson. O verdadeiro nome de Rock Hudson era Roy Harold Scherer Jr., mas o agente Henry Wilson decidiu mudar seu nome e com o novo nome ‘Rock Hudson’ o ator virou um dos astros mais populares de Hollywod. Wilson mudou também o nome de Westmoreland que passou a ter o nome artístico de Rad Fulton, nome com que estreou no cinema em 1956 em “Rumo ao Desconhecido”, estrelado por William Holden. Rad Fulton participou de alguns filmes importantes como “Escola do Vício” com Russ Tamblyn, “Até o Último Alento” com Natalie Wood, “Esse Sargento é de Morte”, com Andy Griffith. O primeiro western de Rad Fulton foi “Com o Dedo no gatilho” (Hell Bent for Leather), com Audie Murphy, em 1960 e a seguir “O Último Pôr-do-Sol”. Descontente com o rumo de sua carreira o ator rompeu com o agente Wilson e passou a usar seu verdadeiro nome, James Westmoreland. A mudança de nome pouco ajudou e depois de alguns trabalhos na televisão Rad Fulton/James Westmoreland desapareceu do cenário artístico.

JACK ELAM – Há pouco tempo um fã de faroestes disse que alguém lhe havia recomendado assistir a um western Made-in-Italy. Relutante pois não gosta de spaghetti-westerns ele se dispôs a assistir ao filme que se chama “Era Uma Vez no Oeste” (C’Era Uma Volta Il West), a obra-prima de Sergio Leone e um dos mais importantes faroestes da história do cinema, independentemente da procedência. A pessoa em questão contou que colocou o DVD e passados dez minutos de filme apenas um ‘rosto asqueroso’ aparecia na tela, em close-up e com uma mosca passeando em seu rosto. Enojado esse fã de westerns retirou o DVD “Era Uma Vez no Oeste” e colocou um western norte-americano, legítimo. Azar dele! Deixou de ver uma obra-prima do cinema, mas pelo menos viu (ainda que com asco) a maravilhosa homenagem que Leone prestou a Jack Elam, um dos maiores homens maus do cinema. Acostumado a morrer logo nos filmes, às vezes até sem dizer uma única frase, Jack Elam teve para si aquela fantástica cena inicial, como que para compensar o pouco aproveitamento que teve na primeira fase de sua carreira. Com o passar do tempo Jack Elam se tornou um dos mais requisitados coadjuvantes de Hollywood. Leia mais sobre ele no post “Jack Elam, o Bandido de Olhar atravessado”, aqui no WESTERCINENMANIA.

NEVILLE BRAND – Focalizado recentemente por este blog no post “Neville Brand, um Valente Homem Mau”, este ator, assim como Jack Elam mereciam ser melhor aproveitados em “O Último Pôr-do-Sol”. Porém esse western de Robert Aldrich não é um filme sobre mocinhos e bandidos, mas sim uma obra que explora o consciente de habitantes do Velho Oeste e paixões despertadas. Os três bandidos participam de um único segmento da história, o suficiente para a maldade de Neville Brand ser colocada a prova. Isso acontece quando o personagem de Rock Hudson e seu cavalo afundam na areia movediça e Neville, ao invés de tentar salvar ao menos o ser humano prestes a ser engolido pela areia, vira-lhe as costas para consumar seu intento criminoso junto com seus comparsas. Em “O Último Pôr-do-Sol” Neville Brand interpreta Frank Hobbs que é morto por Belle Beckenridge (Dorothy Malone), numa das raras senão a única vez, em que o ator sucumbe alvejado por uma mulher.






22 de novembro de 2011

HÁ 83 ANOS NASCIA UMBERTO LOSSO, O HOPALONG CASSIDY BRASILEIRO


Umberto Losso foi o grande cowboy da Confraria dos Amigos do Western – CAW, grupo que reuniu os apaixonados por faroestes em São Paulo. Losso foi quem despertou nos demais membros do grupo a adormecida vontade de brincar de mocinho e isso aconteceu quando de forma pioneira apareceu para uma reunião vestido como Tim McCoy. Losso foi logo imitado por muitos outros e surgiram então no clube paulistano o Durango Kid, o Bob Steele, o Bill Elliott, o Tom Tyler, o Roy Rogers e até o Pequeno Sheriff. Pouco depois Losso fez uma vestimenta de Ken Maynard, depois uma outra de Buck Jones, até confeccionar um traje de Hopalong Cassidy. As fotos de Umberto Losso vestido como Hopalong Cassidy se espalharam pelos Estados Unidos e Canadá onde os fãs de westerns se admiravam com a semelhança entre o pequeno brasileiro e o mocinho de azul e cabelos prateados do cinema e dos gibis. Passou então a ser chamado de Hoppy Losso.
 
Hoppy Losso enfrentando de uma só vez José 'Bob Steele' Dantas,
Yokio 'Yellow Kid' Yoshida e George Tyler Cavalcanti
Depois de 20 anos de convívio com seus amigos, subindo a Serra do Mar para todos contagiar com sua alegria, generosidade e conhecimento sobre faroestes e cinema, Hoppy Losso nos deixou em 23 de janeiro de 2007. Foi o fim de uma era que certamente nunca mais se repetirá pois pessoas como Umberto Losso são raras neste mundo. Se vivo estivesse Hoppy Losso completaria 83 anos no dia 23 de novembro de 2011, razão pela qual CINEWESTERMANIA rende homenagem lembrando carinhosamente do Hopalong Cassidy brasileiro.

Hoppy Losso era também um artista como ilustrador, tendo desenhado
uma incontável galeria de astros e estrelas do cinema como Glenn Ford.
Losso desenhou também seus amigos cowboys e a si mesmo, ao lado
de sua esposa Irene, por todos chamada de 'Duquesa'.

Conheça um pouco mais sobre Umberto Losso e sua arte
acessando os endereços abaixo:




21 de novembro de 2011

JUSTIÇA A MUQUE (Lumberjack) – O LENHADOR HOPALONG DERRUBANDO BANDIDOS


A melhor fase dos filmes de William Boyd como Hopalong Cassidy foram aqueles realizados no período da Paramount com produção de Harry ‘Pop’ Sherman. Pelo menos é o que afirmam os catedráticos como Les Adams, Don Miller e Buck Rainey, corroborados pelo brasileiro Umberto Losso, expert no personagem criado por Clarence E. Mulford. Como se sabe, William Boyd começou a gritar ‘Hop-a-long, Topper!’ já maduro, aos 40 anos com a cabeleira precocemente prateada. Porém “Justiça a Muque” (Lumberjack), de 1944, ainda da fase da Paramount, é um espetacular western B que certamente deve ter levado ao delírio a garotada que o assistiu nas matinês domingueiras dos anos 40.


A ETERNA AJUDA AOS MAIS FRACOS - O roteiro de autoria de Norman Houston e Barry Shipman conta a história da jovem Julie Peters Jordan (Ellen Hall) que fica viúva minutos após seu casamento pois o marido é alvejado por asseclas comandados por Taggart (Hal Taliaferro), que trabalha para os escroques Keefer (Douglass Dumbrille) e Fenwick (Francis McDonald). Os malfeitores estão interessados na propriedade florestal da jovem viúva a quem tentam intimidar. Não contavam, porém, com a presença de Hopalong Cassidy e seu amigos California Carlson (Andy Clyde) e Jimmy Rogers (Jimmy Rogers). Após muitas tramas de Keefer e Fenwick, todas elas atrapalhadas por Hoppy e seus companheiros, os bandidos decidem usar de mais violência. É quando Hopalong Cassidy abandona suas vestes características e se torna um lenhador, ajudando os demais lenhadores e a mocinha Julie em meio à floresta de pinheiros, aniquilando o bando de Keefer e Fenwick.
Nas fotos ao lado Hoppy com Andy Clyde e Jimmy Rogers;
a mocinha Ellen Hall; o trio de bandidos Hal Taliaferro, Francis McDonald, de paletó e Douglass Dumbrille (sentado)

 

Hopalong Cassidy em ação sem
seu traje tradidiconal
JUSTIÇA A MACHADADAS - Se o roteiro é de grande simplicidade, o mesmo não pode ser dito deste faroeste dirigido pelo especialista Lesley Selander. Diferentemente da maioria dos filmes da série Hopalong Cassidy, em que a ação se concentra no final, “Justiça a Muque” tem um ritmo empolgante e a boa forma de William Boyd muito contribui para isso. As lutas a socos de Boyd/Hoppy não podem ser comparadas às de Rocky Lane, Roy Rogers, Buck Jones ou Bob Steele, pois o ex-astro dos filmes de Cecil B. DeMille nunca teve a agilidade daqueles mocinhos, além do peso da idade. Mas Boyd não faz feio e enfrenta várias vezes Hal Taliaferro e seus capangas em lutas emocionantes. “Justiça a Muque” é completado com excelente produção, dezenas de extras e eletrizantes cenas de ação, culminando com uma sequência digna dos melhores seriados em que Hopalong luta em cima de uma ponte contra Francis McDonald. A cena da morte do bandido interpretado por Douglass Dumbrille é antológica com a explosão de bananas de dinamite próximas a um enorme pinheiro que desaba sobre a cabana onde o vilão está escondido.

HOPPY NA FLORESTA – O trio principal de bandidos é de primeira linha com os ótimos Francis McDonald e Douglass Dumbrille secundados por Hal Taliaferro. E do lado do herói Hopalong está o eficiente Andy Clyde proporcionando boas risadas, além de Jimmy Rogers, filho de Will Rogers. Assim como seu irmão Will Rogers Jr., Jimmy não conseguiu seguir os passos de seu inesquecível pai, tendo carreira curta no cinema. A bonita e pouco conhecida mocinha Ellen Hall também não deixou sua marca nos faroestes B porque não conseguiu se decidir entre dançar ou ser cowgirl. Ellen atuou em “Cidade do Barulho” (Thunder Town), estrelado por Bob Steele e em “Call of the Rockies”, com Sunset Carson. Em outros gêneros Ellen Hall atuou em “Cinderella Jones”, de Busby Berkeley e em “Um Rapaz do Outro Mundo”, com Danny Kaye. Outro fator que contribui para tornar “Justiça a Muque” ainda mais agradável são os locais de filmagem Big Bear Valley, no Parque Nacional de San Bernardino, na Califórnia, além, é claro, do conhecidíssimo Iverson Ranch, em Los Angeles, palco de centenas e centenas de westerns. O permanente sorriso, simpatia e carisma de William Boyd completam este verdadeiramente imperdível Western B, um dos preferidos de Umberto ‘Hoppy’ Losso.

Umberto 'Hoppy' Losso retirando da sua coleção de Hopalong Cassidy
em VHS "Justiça a Muque" (Lumberjack), por volta do ano 2000.

19 de novembro de 2011

JOHN AGAR, UMA LIÇÃO DE SUPERAÇÃO


John Agar foi o homem que conquistou a “Namoradinha da América”, Shirley Temple. A menina-prodígio foi a campeã de bilheteria norte-americana por quatro anos seguidos (1936/37/38/39), deixando para trás Clark Gable, Greta Garbo, Gary Cooper e outras superestrelas do cinema. Nos anos 40 Shirley tornou-se uma linda adolescente e as revistas só falavam em quem seria seu primeiro namorado. Zazu Pitts, estrela do cinema mudo deu uma festa em sua casa em 1943 e convidou uma sua amiga. Esta compareceu acompanhada de seu filho, o jovem sargento da U.S. Air Force John George Agar, de 22 anos que estava de folga da sua companhia. Nessa festa, entre outros convidados estavam os pais de Shirley Temple e ela própria nos seus ainda inocentes 15 aninhos. Shirley e John começaram a namorar ali mesmo e o casamento ocorreu dois anos depois, em 1945, naquele que foi o acontecimento do ano em Hollywood, com direito a festa na mansão de David O. Selznick e a presença do grand monde cinematográfico. O famoso produtor de “...E o Vento Levou” prometeu ao noivo que, após sua baixa da U.S. Air Force, faria dele um ator de cinema. O sonho de Selznick era ter Shirley e seu marido como seus contratados e claro, ganhar muito dinheiro.

O casamento do ano em Hollywood
O FIM DO CASAMENTO - John Agar nasceu em Chicago, filho de um próspero comerciante de carnes, estudou na Academia Lake Forest e se graduou na Pawling Preparatory School. Ao final desse curso já estava ajudando seu país na 2.ª Guerra Mundial como preparador físico das tropas que seguiam para combate. Com quase 1,90 de altura John Agar tinha um físico privilegiado e estampa de galã. A carreira de Shirley Temple vinha decaindo visivelmente depois que ela perdera o encanto infantil, ainda que tivesse se tornado uma mulher muito bonita, agora casada com o ex-sargento e futuro ator. Em 1948 John Agar fez sua estréia no cinema em “Sangue de Heróis” (Fort Apache) western dirigido por John Ford e elenco encabeçado por Henry Fonda e John Wayne, contando com a participação de Shirley Temple, então com 19 anos. Em 1948 John e Shirley tiveram uma filha e mesmo assim nem tudo corria como era de se esperar naquele casamento. Shirley e John Agar fizeram ainda outro filme juntos intitulado “Uma Aventura em Baltimore”, em 1949 e depois disso nunca mais se encontraram nas telas ou fora delas pois o casamento acabou nesse mesmo ano. John Agar mostrou ser exatamente o oposto daquilo que a doce Shirley sonhava para marido. John passou a trair sua jovem esposa com outras mulheres, além do que, invariavelmente, voltava para casa somente pela manhã depois de passar as madrugadas em casas noturnas bebendo além da conta. Por diversas vezes John foi detido pela polícia de Los Angeles por dirigir embriagado.

CARREIRA PROMISSORA - John Wayne havia ficado amigo de John Agar em "Sangue de Heróis" e o indicou para o elenco de “Iwo-Jima, o Portal da Glória”, outro grande sucesso do Duke, desta vez dirigido por Allan Dwan. John Ford por sua vez não havia gostado muito de John Agar mas mesmo assim aceitou tê-lo no elenco de “Legião Invencível” (She Wore a Yellow Ribbon), o mais bonito plasticamente e poético western da Trilogia de Cavalaria dirigida por Ford. Esses dois filmes são de 1949. Em 1950 John Agar atuou em outro filme de guerra, “Breakthrough” e no ano seguinte seria dirigido por Raoul Walsh no western “Embrutecidos pela Violência” (Along the Great Divide), primeiro western de Kirk Douglas. A seguir Agar interpretou o Falcão Escarlate em “O Tapete Mágico”, escapismo estrelado por Lucille Ball em 1951. Foi em 1951 que John Agar se casou novamente, desta vez com a pouco conhecida atriz Loretta Barnett, um ano mais nova que ele. Em 1952 John Agar participou de “Avalanche de Ódio” (Woman of the North Country) aventura com Rod Cameron, filme que indicava claramente que a carreira de Agar havia caído de nível. Depois de ser dirigido por John Ford, Allan Dwan e Raoul Walsh, John Agar seria dirigido em seus próximos filmes por diretores acostumados com produções de pequeno orçamento, muitos deles no gênero da moda no início dos anos 50 que era a ficção-científica.
Nas fotos ao lado John Agar com John Wayne, Henry Fonda e Shirley Temple em "Sangue de Heróis"; com Joanne Dru em "Legião Invencível; com Kirk Douglas em "Embrutecidos pela Violência".

John Agar com Lori Nelson
e abaixo com Mara Corday
FICÇÃO CIENTÍFICA SEM PORNOGRAFIA - Depois dessa auspiciosa fase inicial de sua carreira como ator John Agar atuaria nos próximos 40 anos em muitas sci-fis, conjunto de filmes que fez dele um verdadeiro ídolo dos admiradores desse gênero. Alguns desses filmes foram “O Homem Foguete”, “The Mole People”, “The Brain from Planet Arous”, “Attack of the Puppet People”, “Invasores Invisíveis”, “Journey to the Seventh Planet”, “Hand of Death”, “Women of the Prehistoric Planet”, “Night Fright”, “Fear”, “Nightbreed” e “Obsessão”. Entre os filmes de ficção-científica da carreira de John Agar três se sobressaem por serem de melhor qualidade: “A Revanche do Monstro” e “Tarântula”, ambos dirigidos por Jack Arnold e ainda “A Filha do Médico e o Monstro”, de Edgar G. Ulmer. Agar se destacou tanto no gênero que foi vítima de duas situações esdrúxulas. A primeira ocorreu em 1962 quando foi estrelar na Dinamarca o filme intitulado “Journey to the Seventh Planet”, dirigido por Sidney W. Pink. Achando que a Dinamarca era terra da liberdade sexual, a imprensa norte-americana ligou o nome do diretor ao gênero pornô, chamado nos Estados Unidos de “pinky” e noticiou que o ex-marido de Shirley Temple havia ido à Escandinávia para fazer um filme pornográfico. Mas o filme era apenas mais uma ficção-científica na filmografia de Agar sem nada de pornográfico ou naturalismo. Ídolo desse gênero, a revista “Famous Monsters of Filmland” publicou uma edição especial nos anos 70 informando que John Agar havia morrido. Foi necessário Agar comparecer a diversos festivais do gênero para provar que estava vivo e autografar milhares de exemplares da revista que o dava como morto, num inesperado revival de sua fama, descobrindo o quanto era querido.

O mocinho John Agar
MOCINHO DE FAROESTES - Além dos filmes de ficção-científica/horror John Agar atuou também em dramas e aventuras como “Isca de Amor” e “Trágica Noite de Amor”, ambos com Cleo Moore e os dois dirigidos por Hugo Haas; “Caçado como Fera”, estrelado e dirigido por Edmond O’Brien; “Raymie”, com David Ladd e Julie Adams; “The Day of the Trumpet” (filme de guerra rodado nas Filipinas); “O Jovem e o Valente”, com Rory Calhoun; “Amor e Desejo”, um dos últimos filmes de Merle Oberon, em 1963; “O Massacre de Chicago”, de Roger Corman com Jason Robards. John Agar participou de “A Rosa do Oriente”, rara e pouco conhecida comédia estrelada pelo mocinho Audie Murphy. Outro gênero em que John Agar fez muitos filmes foi o faroeste e, além dos já citados, ele atuou em “The Lonesome Trail” (1955), com Wayne Morris; “Crimes Vingados” (Star in the Dust), de 1956, com Richard Boone e Mamie Van Doren como mocinha; “Flesh and the Spur”, com Marla English; “Ride a Violent Mile” (1957), dirigido por Charles Marquis Warren e co-estrelado por Penny Edwards; “Frontier Gun” (1958); “O Juiz Enforcador” (Law of the Lawless), 1964, com Dale Robertson e Yvonne De Carlo; “Stage to Thunder Rock” (1964), com Barry Sullivan e Scott Brady; “A Vingança do Foragido” (Young Fury), em 1965, com Rory Calhoun e Virginia Mayo; “Duelo no Oeste” (Johnny Reno), 1966, com Dana Andrews; “Waco”, 1966, com Howard Keel. Estes últimos faroestes são da famosa série produzida por A.C. Lyles quase que exclusivamente com atores veteranos como era o próprio John Agar.

AJUDA DE JOHN WAYNE - A derradeira fase de John Agar em faroestes foi fruto de sua antiga amizade com John Wayne que se lembrou dele chamando-o para o elenco de “Jamais Foram Vencidos” (The Undefeated), em 1969; “Chisum”, em 1970; “Jake, o Grandão” (Big Jake), em 1971. Esses três filmes em muito ajudaram John Agar em sua recuperação já que aos 50 anos de idade ele vivia uma fase difícil de sua carreira não mais conseguindo encontrar trabalho em produções de melhor qualidade. John Wayne sabia da luta que Agar travava há tempos contra o alcoolismo, ajudado por sua esposa Loretta Agar. Em 1976 John Agar atuou na versão de “King Kong” do produtor Dino De Laurentiis, estrelada por Jeff Bridges. Os últimos trabalhos de John Agar no cinema são pouco memoráveis sendo que ele fez também muitas participações em séries de televisão.
John Agar com seu amigo John Wayne e abaixo em "King Kong".


FINAL DE VIDA FELIZ - Apesar de todos os problemas que enfrentou na vida John Agar continuava com sua radiante simpatia, o que fez com que passasse a se dedicar com êxito à venda de apólices de seguros, atividade que completava sua inconstante renda como ator. Todos quantos haviam atuado com John Agar no cinema ou na televisão exultavam ao encontrá-lo numa clara demonstração do quanto ele era querido. Se o primeiro casamento de John Agar não deu certo, o segundo com sua bonita esposa pode-se dizer que foi muito feliz, resultando em dois filhos (Martin Agar e John G. Agar III) e tendo durado 50 anos, até a morte de Loretta no ano 2000. John Agar faleceu dois anos depois, em 7 de abril de 2002, vítima de complicações resultantes de enfisema pulmonar. A revista “Wildest Westerns”, editada por Ed Lousararian, prestou homenagem a John Agar por ocasião de sua morte publicando nas páginas centrais diversas fotos do ator com seus amigos, entre eles Glenn Ford, John Wayne, Adam West, James Garner e Robert J. Wilke. Para os fãs de faroestes a participação de John Agar em “Sangue de Heróis” e “Legião Invencível" já seria suficiente para que ele fosse sempre lembrado, mas além disso há ainda a bela contribuição que John Agar deu aos westerns e os amigos que dele nunca se esqueceram.
Nas fotos ao lado John Agar com Glenn Ford; com Adam West (Batman); e abaixo com os atores Jack Ging, Robert J. Wilke e James Garner.



18 de novembro de 2011

DEAN MARTIN NO DELICIOSO ACONCHEGO DE RAQUEL WELCH


Dean Martin parecia estar sempre de bem com a vida, conquistando a todos com seu bom humor, alegria contagiante, elegância e aparente indiferença aos grandes problemas do mundo, resultando tudo isso num charme irresistível. Não à toa Dean Martin era ídolo de Elvis Presley e de Frank Sinatra que queriam ser como ele, mas Dino era um só, único, espontâneo e sem esforço, naturalmente cool...

Dean, Frank e Jerry. Que geração!!!
TROCANDO OS PAPÉIS COM SINATRA - Algumas passagens sobre Dean Martin mostram bem como era esse fantástico cantor, ator e apresentador. Em seus shows no Sands em Las Vegas, Dean Martin gostava de tirar o paletó do smoking, arregaçar a manga da camisa, mostrar o músculo do braço e perguntar para a platéia: “Sabem como eu consegui estes músculos? Carregando Jerry Lewis por tantos anos...” A platéia morria de rir. Certo dia, Frank Sinatra morto de inveja com o sucesso que Dino fazia nos sketches que apresentavam, falou para o grande amigo: “Dino, enquanto eu faço o cara certinho você faz o cara malandro e debochado e todo mundo ri das suas piadas. Amanhã vamos trocar nossas falas. Eu faço o malandro e você faz o cara certinho pois também quero fazer o público rir um pouco.” Dean Martin que nunca discordava de nada e nem de ninguém respondeu: “OK, Dago, vamos trocar de papéis...” Começa o show da noite seguinte, Sinatra diz suas falas e o povo fica em silêncio; quando Dean interpreta o ‘certinho’, com as falas sem graça, a platéia rompe em gargalhadas. E foi assim até o fim do sketch, até que Sinatra, no palco, não aguentou e perguntou, apontando para a platéia: “Dino, por que eles só riem de você?” A resposta provocou mais uma sonora e escrachada reação do público: “Dago, eles acham que eu sou engraçado, é só isso...”

Raquel Welch com Dean Martin em
"O Preço de um Covarde"
UM FAVORZINHO DE JAMES STEWART - Todos que atuaram com Dean Martin adoraram trabalhar com ele, desde Montgomery Clift, passando por John Wayne, até chegar no sisudo James Stewart e a deliciosa Raquel Welch, seus companheiros em “O Preço de um Covarde” (Bandolero). Nesse western na cena final o personagem de Dean Martin é baleado, cai e é socorrido por Raquel Welch que o abraça desesperadamente encostando a cabeça de Dean de encontro a seus seios. Chega então o personagem de James Stewart, irmão de Dean no filme e diz algumas frases para Raquel. Andrew McLaglen orientou os atores a la John Ford achando desnecessário fazer um ensaio, apesar de maliciosamente Dean Martin lembrar que uma cena como aquela deveria ser ensaiada muitas vezes até ficar boa. Antes de rodar a cena Dino chamou James Stewart num canto e disse a ele: “Jimmy, vê se você dá aquelas suas famosas gaguejadas para o Andy mandar repetir tudo outra vez. Prometo que um dia faço o mesmo por você...” Jimmy respondeu com gravidade: “Claro, Dean, pode contar comigo...” McLaglen gritou “Action!”, Dean Martin caído no chão, Raquel o abraça e aperta junto a seu corpo. Stewart chega, diz suas falas com clareza e perfeição, sem gaguejar uma só vez, para desespero de Dean Martin que estava com os olhos fechados e ouvidos abertos no aconchegante colo de Raquel até que McLaglen grita: “Corta! Perfeito, Jim!” Raquel solta Dean Martin, este se levanta, sacode a poeira da roupa, e lança um olhar meio insatisfeito para James Stewart. Este sorri, dá uma piscadela de sarcástica cumplicidade para Dino e diz a eles, “Vamos todos tomar um café”. A irresistível Raquel Welch só soube o que se passou naquela cena muitos anos depois, lendo o livro Memories are Made of This, de Deana Martin mostrando por inteiro quem foi seu adorado pai.


16 de novembro de 2011

WESTERNTESTEMANIA N.º 5 - MARIE WINDSOR


Marie Windsor nunca teve o mesmo status de estrela de Bette Davis, Joan Crawford ou Barbara Stanwyck. Talvez Marie Windsor seja menos conhecida até que Agnes Moorehead ou Judith Anderson. Porém, quando era para ser má (e isso ocorria em quase todos os seus filmes) Marie Windsor era igual ou mais terrível que as citadas acima. Marie foi uma das piores mulheres do cinema. Alguns dos títulos de seus filmes parecem ter sido criados para ela, como por exemplo “A Força do Mal”, “A Vergonha de Ser Profana”, “Mulher Sem alma” e “A Intrusa”. Considerada por muitos a ‘Rainha dos Filmes B’, Marie Windsor atuou em dois clássicos dos chamados ‘Double Feature’, aqueles complementos de programas duplos: “Rumo ao Inferno”, de Richard Fleischer; e “O Grande Golpe” de Stanley Kubrick.
CINETESTEMANIA homenageia Marie Windsor com dez faroestes em que ela
atuou quase sempre destilando cruelmente sua maldade.

Confira as respostas deste teste cinematográfico estão após a décima pergunta.


1 – Marie Windsor está abraçada a Bill Elliott em “Retribuição a um Bandoleiro” (The Showdown). O ator à esquerda foi vencedor de três Oscars. Quem é ele?
a) Dean Jagger / b) Walter Brennan / c) Arthur Kennedy

2 – Nesta foto de “Massacrados” (Little Big Horn) Marie Windsor contracena com qual ator?
a) John Agar / b) John Hodiak / c) John Ireland


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3 – John Wayne espreita Marie Windsor que está com um homem em “Estranha Caravana” (The Fighting Kentuckian). Esse ator era amigo pessoal de John Wayne e era também roteirista. Quem é ele?
a) Paul Fix / b) Bruce Cabot / c) Barton MacLane

4 – Marie Windsor e Fred MacMurray atuaram juntos num faroeste. Qual o título desse filme?

a) “Na Fúria de uma Sentença” / b) “Fúria do Destino” / c) “Fúria Sanguinária”

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5 – Na foto acima James Garner e Marie Windsor contracenam em qual filme?
a) “Uma Cidade Contra o Xerife” / b) “Ouro é o que Vale” / c) “Látigo, o Pistoleiro”


6 – Marie Windsor em “Destino Violento” (The Parson and the Outlaw) abraça um ator que interpretou Rodolfo Valentino no cinema. Quem é esse ator?

a) Brad Dexter / b) Anthony Dexter / c) Fred Dexter

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7 – Marie Windsor e John Wayne novamente juntos num faroeste em que ele interpretou o papel-título. Qual o nome do personagem do Duke nesse filme com Marie?
a) McLintock / b) Cahill / c) Chisum

8 – Randolph Scott, de costas, contracena com Marie Windsor. Qual o nome desse filme?

a) “Feras Humanas” / b) "Homens que são Feras” / c) “Fúria ao Entardecer”

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9 – Marie Windsor sendo abraçada por um ator em “Terras Sagradas” (The Tall Texan). Quem é esse ator?

a) William Holden b) Wayne Morris / c) Lloyd Bridges

10 – O ator que está com Marie Windsor nesta cena em “Do Oeste para a Fama” (Hearts of the West) é filho de um ator que fez vários westerns. Quem está na foto como Marie Windsor?

a) Peter Fonda / b) Patrick Wayne / c) Jeff Bridges

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