UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

30 de abril de 2015

GEOFFREY LEWIS, O EXCELENTE COADJUVANTE E AMIGO DE CLINT EASTWOOD


Neste primeiro quadrimestre de 2015 muita gente ligada ao cinema desapareceu. Merecem ser lembrados o eterno ‘Mr. Spock’ Leonardo Nimoy, o mal-encarado Gregory Walcott, o sólido galã australiano Rod Taylor, a exuberante Anita Ekberg, o elegante e cativante Louis Jourdan, o engraçadíssimo James Best que nos fazia rir como o estabanado Roscoe P. Coltrane, Sheriff de Hazzard County e que atuou em muitos faroestes nos anos 50. Outro ator falecido neste ano, exatamente em 15 de abril último foi Geoffrey Lewis, que será sempre lembrado por ter feito parte da ‘Clint Eastwood Stock Company’. Geoffrey atuou em nada menos que sete filmes do seu amigo dono da Malpaso deixando neles suas marca de excelente ator característico.

James Best como o sheriff Roscoe P. Coltrane - Anita Ekberg - Louis Jourdan
Gregory Walcott - Leonard Nimoy

Geoffrey Lewis em 'Bonanza', em 1970
Um beatnick em Hollywood - Geoffrey Bond Lewis nasceu em San Diego, Califórnia, em 31/7/1935 e aos dez anos mudou-se com a família para New Jersey. Na adolescência Geoffrey demonstrou talento artístico o que o levou a estudar Arte Dramática e Dança, iniciando sua vida artística em pequenas casas de espetáculos onde Geoffrey chegou a fazer shows sozinhos contando histórias engraçadas e até cantando e dançando. Eram os tempos dos beatnicks e Geoffrey fez parte desse movimento sócio-cultutal, adotando filosofia de vida despojada de bens materiais. Demorou bastante para Geoffrey ter oportunidade como ator fora dos teatros off-Broadway, inicialmente na televisão, participando de inúmeras séries de TV, a primeira delas num episódio de “Bonanza”, em 1970. Mudando-se para a Califórnia, Geoffrey Lewis passou a atuar também em filmes e em 1971 estreou em “A Máquina de Matar”, estrelado por Joe Don Baker. Em 1972 Geoffrey foi visto em dois westerns: “The Culpepper Cattle Co.”, com Gary Grimes, o rapazinho de “Houve uma Vez o Verão”; o outro faroeste foi “Má Companhia”, com Jeff Bridges. Em 1973 Geoffrey Lewis foi pai pela terceira vez com o nascimento da menina Juliette Lewis e nesse mesmo ano a vida do ator iria mudar com seu encontro com Clint Eastwood. Isso aconteceu em “O Estranho Sem Nome” (High Plains Drifter), nascendo desse encontro uma amizade que perduraria por muitos anos e mais seis filmes estrelados por Eastwood.

Geoffrey Lewis e John Savage; Lewis em "O Estranho Sem Nome".

Olhar de homem mau.
Amizade com Clint Eastwood - Em 1973 ainda, Lewis atuou em “Dillinger”, com Warren Oates interpretando o famoso bandido John Dillinger caçado pelo FBI. Nesse mesmo ano Geoffrey Lewis foi para a Europa juntamente com Henry Fonda, R.G. Armstrong, Leo Gordon e Neil Summers para participar de uma produção de Sergio Leone, amigo de Clint Eastwood. “Meu Nome é Ninguém” (Il Mio Nome è Nessuno) foi o título dessa primeira experiência europeia de Lewis. De retorno a Hollywood, um diretor novato chamado Michael Cimino foi contratado pela Malpaso de Clint Eastwood para dirigir “O Último Golpe”, policial estrelado por Clint e ainda com Jeff Bridges, Catherine Bach (a Daisy Duke da série “The Dukes of Hazzard”) e George Kennedy no elenco; e mais uma vez Geoffrey Lewis estava num filme do amigo Eastwood.

Jeff Bridges, George Kennedy, Clint Eastwood e Geoffrey Lewis em "O Último Golpe";
Lewis barbeando Terence Hill em "Meu Nome é Ninguém".

"Dillinger": Warren Oates, Harry Dean Stanton, Geoffrey Lewis e John P. Ryan;
Cloris Leachman, Geoffrey Lewis, Michelle Phillips e Warren Oates.

Giuliano Gemma ameaça Geoffrey Lewis.
Western com Giuliano Gemma - Geoffrey Lewis teve participações destacadas em “Quando as Águias se Encontram” (com Robert Redford) e em “O Vento e o Leão” (com Sean Connery), assim como em “Os Aventureiros do Lucky Lady” (com Gene Hackman e Burt Reynolds). A continuação das aventuras de John Morgan (Richard Harris) intitulada “O Retorno do Homem Chamado Cavalo”, teve Geoffrey Lewis em importante participação. De passagem pela Europa, Geoffrey Lewis fez um pequeno papel em “Sela de Prata” (Sella d’Argento) estrelado pelo astro dos westerns spaghetti Giulianno Gemma. Se Clint Eastwood era um amigo com a cabeça no lugar e que se tornara o astro mais rentável nas bilheterias, os demais amigos de Geoffrey Lewis, ex-beatnicks ou hippies, faziam parte de um grupo de malucos capazes de perpetrarem as aventuras cinematográficas mais esquisitas. Entre esses filmes esteve o western “Shoot the Sun Down”, com Christopher Walken, com Lewis no principal papel.

Clint Eastwood e Geoffrey Lewis.
Clint, Geoffrey e um chimpanzé - Em 1978 Clint Eastwood contrariando alguns conselhos decidiu produzir uma comédia em que contracena com um chimpanzé. O filme foi “Doido para Brigar... Louco para Amar”, com Geoffrey Lewis como irmão de Clint, ambos filhos da irresistível Ruth Gordon. Essa comédia que tinha praticamente toda a ‘Clint Eastwood Stock Company’ no elenco bateu recordes de bilheteria, gerando a continuação “Punhos de Aço, com o mesmo elenco central. A continuação reuniu, entre outros, Roy Jenson, Bill McKinney, John Quade, Dan Vadis, aqueles atores que estavam em quase todos os filmes de Clint Eastwood. O público lotou os cinemas para ver mais uma vez o trio Clint, Geoffrey e Clyde (o chimpanzé) levando broncas da mãe Ruth Gordon. Mas se esses filmes da Malpaso foram sucesso, o contrário se deu com “O Portal do Paraíso”, monumental fracasso dirigido por Michael Cimino e que teve a participação de Geoffrey Lewis, quase irreconhecível como um montanhês.

Fotos de "Doido para Brigar... Louco para Amar", Clint, Geoffrey,
Beverly D'Angelo e o chimpanzé Clyde.

Filhos, filhos e mais filhos - O poderoso Clint Eastwood tudo podia e fazia o que queria, com sua Malpaso e outro filme diferente de Clint foi “Bronco Billy”, uma singela ode aos artistas circenses que nostalgicamente lembravam os heróis do Velho Oeste. Também em “Bronco Billy” Geoffrey Lewis estava ao lado de Eastwood, com quem fazia uma dupla cada vez mais constante. “Tom Horn” foi o penúltimo filme de Steve McQueen que teve também a presença de Geoffrey Lewis no elenco. Separado da primeira esposa que gerou três filhos em três anos de casamento, Lewis logo se casou outra vez e... continuou a aumentar a prole, encomendando mais crianças com a nova mulher. Seis é o total de filhos de Geoffrey Lewis, embora haja fontes que indiquem que ele teve dez filhos. Afastado do amigo Clint Eastwood, Geoffrey Lewis passou a atuar mais na televisão, retornando ao cinema com destaque em “Dez Minutos para Morrer”, policial com Charles Bronson. Em 1985 Lewis fez parte do elenco, ao lado de Divine, Tab Hunter, Cesar Romero, Henry Silva e Woody Strode de “A Louca Corrida do Ouro”, amalucada comédia que não fez o sucesso esperado.

Geoffrey Lewis e a filha Juliette Lewis num set de filmagem; Geoffrey e Tab Hunter.

Jean-Claude Van Damme e Geoffrey.
Séries de TV - Nove anos depois de “Bronco Billy”, Geoffrey Lewis voltou a trabalhar com Clint Eastwood em “O Cadillac Cor-de-Rosa”. Em 1992 uma das filhas de Geoffrey, a jovem Juliette Lewis de 19 anos foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por seu desempenho em “Cabo do Medo”. Como filha de Nick Nolte, Juliette foi aterrorizada por um diabolicamente vingativo Robert De Niro. Claro que o papai Lewis saboreou o sucesso da filha. Os produtores sabiam da versatilidade de Geoffrey Lewis e de suas excelentes caracterizações, lembrando dele para filmes como “Tango e Cash”, com Sylvester Stallone e Kurt Russell; “Duplo Impacto”, com Jean-Claude Van Damme; “O Passageiro do Futuro”, com Pierce Brosnan; “O Homem Sem Face”, com Mel Gibson e com o mesmo Gibson e James Garner “Maverick”. A série de TV “In the Heat of the Night”, estrelada por Carroll O’Connor durou oito temporadas e Geoffrey Lewis participou da série desde seu início, em 1988, até 1993, atuando em 110 episódios da série. Geoffrey retornaria à TV, desta vez como astro principal, da série “Land’s End”, que durou apenas uma temporada. Em 1997 Geoffrey Lewis estava com 62 anos quando Clint Eastwood (então com 67 anos), chamou o amigo para participar de “Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal”, filme que Clint somente dirigiu e produziu. Foi o último encontro cinematográfico dos dois amigos.

Cena de "O Cadillac Cor-de-Rosa", com Clint, Lewis e Bernadette Petters;
Mel Gibson aponta a arma para Geoffrey Lewis em "Maverick".

Geoffrey Lewis já nos anos 2000.
Adepto da Cientologia - Geoffrey Lewis nunca deixou de atuar, seja em filmes ou em episódios de séries para a televisão, mesmo quando os primeiros sintomas do Mal de Parkinson começaram a se manifestar, no início do ano 2000. Lewis era adepto da Cientologia, crença que ensina que os homens são seres imortais e professando essa crença criou o grupo “Navegações Celestiais”, que produzia vídeos, tendo Geoffrey como narrador. Em 2012 Geoffrey Lewis e Richard Roundtree estrelaram o drama de guerra “Retreat!”, que parecia ser o último trabalho de Lewis como ator. O agravamento da doença de Geoffrey ocorreu em 2012 quando foi diagnosticada também a demência, o que dificultou o término do filme “High and Outside” em que Lewis é o ator principal. O site IMDb informa que esse filme será lançado em maio de 2016. Na manhã de 15 de abril de 2015, aos 79 anos de idade, Geoffrey Lewis que estava hospitalizado há algum tempo faleceu nos braços da filha Brandy. Segundo contou sua filha, mesmo doente, Geoffrey jamais perdeu o bom humor e a alegria de viver o que transmitiu a todos que o conheceram. Para os fãs ficará para sempre a imagem do irrepreensível ator de voz bonita e que era capaz de ser tanto um vilão sádico como o mais humano dos personagens.

Geoffrey e a filha Juliette; Geoffrey e a esposa Paula Hochhalter;
abaixo no hospital Geoffrey recebe a visita dos músicos Chick Corea e Geoff  Levin,
também cientologistas e uma das filhas; na outra foto Juliette Lewis e o marido
juntos com Geoffrey e a esposa Paula.



27 de abril de 2015

CAMARADAS (JUST PALS) – ENCONTRO DE JACK (JOHN) FORD COM BUCK JONES


John Ford se iniciou no cinema como diretor na Universal, em 1917, dirigindo 35 filmes nesse estúdio, boa parte deles os westerns em parceria com Harry Carey como ator. Em 1920 John Ford, que usava o nome artístico de ‘Jack Ford’, conseguiu arrancar um aumento do sovina alemão dono da Universal, Carl Laemmle, passando de 150 dólares para 300 dólares por semana. Enquanto isso Harry Carey viu também seu salário dobrar só que de 1.250 dólares para 2.500 dólares semanais. A insatisfação de John Ford com a enorme diferença salarial entre ele e Harry Carey fez com que não só os dois deixassem de fazer filmes juntos, mas com que o diretor se mudasse para a Fox, com um contrato que lhe garantia 600 dólares toda semana. Na Fox, John Ford dirigiria mais de 50 filmes, tornando-se um dos mais admirados e premiados diretores do cinema norte-americano.

Carl Laemmle, William Fox, Jack (John) Ford e Harry Carey

Buck, diferente de Harry e de Tom - William S. Hart foi o primeiro verdadeiro grande mocinho do cinema e reinou absoluto até ver-se ameaçado pelo trio formado por Tom Mix, Harry Carey e Buck Jones. Após a I Guerra Mundial ocorreu o declínio da carreira de William S. Hart e o público espectador se dividia entre o extravagante Tom Mix, o sisudo Harry Carey e Buck Jones. Mais atlético que Carey e menos aprumado que Mix, Buck Jones era contratado da Fox, assim como o próprio Tom Mix. Com a chegada de John Ford ao estúdio, William Fox pensou em impulsionar ainda mais a carreira de Buck Jones confiando a ‘Jack’ a direção dos seus dois próximos filmes. Realizados ambos em 1920, o primeiro deles foi “Camaradas” (Just Pals), comédia dramática que não chega a ser um western autêntico, ainda que permita a Buck Jones mostrar suas habilidades como exímio cavaleiro. Buck também exibe a força de seus punhos e mais que isso, revela-se nas mãos de Ford um muito bom ator, o que os westerns rotineiros certamente não permitiam deixar perceber. 

Buck Jones, Tom Mix e William S. Hart

Buck Jones e Georgie Stone
De vagabundo a herói - Com roteiro de Paul Schofield baseado em história de John Mcdermott, “Camaradas” tem Buck Jones como Bim, o vagabundo da cidade que sente um brutal cansaço apenas vendo pessoas trabalhando. Mas apesar de desprezado por todos, o indolente Bim tem bom coração e se condói quando vê o menino Bill (Georgie Stone) ser maltratado pelo guarda da estrada de ferro. Bill é um pequeno hobo (vagabundo que viaja escondido nos trens) que desperta em Bim uma inusitada responsabilidade e desejo de abandonar o ócio. Quem também contribui para isso é Mary Bruce (Helen Ferguson), a professora da escola local, por quem Bim se sente atraído. Mary Bruce namora Harvey Cahill (William Buckley), um desonesto funcionário que dá um desfalque na empresa em que trabalha. Descoberto, Cahill recorre então a Mary Bruce pois sabe ela guarda o dinheiro do fundo da escola, quantia que acaba nas mãos do embusteiro namorado. Cahill trama com bandidos um roubo ao banco da cidade, assalto que é evitado por Bim que ainda consegue resolver o sequestro de um rico menino. Por sua coragem Bim é recompensado com dez mil dólares e também com a admiração de Mary, com quem inicia uma nova vida.


Georgie Stone e Buck Jones.
Forma-se o estilo de Ford - “Camaradas” é uma das raras películas da fase inicial de John Ford que sobreviveram ao tempo, tornando-se por isso mesmo indispensável para os que estudam a obra do diretor ou simplesmente gostam seus filmes. Nos 50 minutos de duração de “Camaradas” é perceptível o estilo que Ford desenvolveria poucos anos depois, assim como a influência inevitável dos dramas de David W. Griffith. Estão presentes a narrativa simples e concisa e a direção de atores segura. E que não se pense que o filme de Ford copia Chaplin na relação entre o vagabundo e uma criança pois “Camaradas” foi filmado um ano antes de “O Garoto”, do genial Carlitos. Ao contrário deste, o sentimentalismo em “Camaradas” é mais contido e a mão de Ford para a comédia é muito pesada se comparada à graça de Chaplin. As gags do filme de Ford são explicadas através dos letreiros pois visualmente elas não funcionam a contento. A obra de John Ford é comumente chamada de ‘Americana’, ou seja, é um conjunto de fatos, histórias e folclore que perfazem a cultura e comportamento do povo norte-americano. Em “Camaradas” Ford começa a penetrar no delicioso universo do cidadão simples que desenvolveria esplendidamente nos filmes que fez com Will Rogers e que teria sua culminância dramática com o Tom Joad de “Vinhas da Ira”.


Duke R. Lee, Helen Ferguson e Buck Jones.
Buck Jones, mais que um valente cowboy - Primeiro filme de John Ford contando com George Schneiderman como cinegrafista, parceria que teve o apogeu com “O Cavalo de Ferro” (The Iron Horse), em 1925 e em “Três Homens Maus” (3 Bad Men), em 1926. Buck Jones está excelente como o desleixado e vadio personagem que se torna herói. E Buck é uma agradável surpresa para quem se acostumou vê-lo apenas como o destemido defensor da lei e da ordem distribuindo sopapos nos bandidos. O menino Georgie Stone, então um veterano do cinema aos 11 anos de idade, parece um pouco crescido para o desafortunado personagem infantil. A mocinha é Helen Ferguson e como era comum nos filmes da época, frágil e graciosa. Em praticamente todos os filmes silenciosos, as caracterizações são caricatas e “Camaradas” não foge à regra, sendo o melhor exemplo o xerife que não perde uma só oportunidade para afirmar que “A lei vai se encarregar do problema”. Ressalte-se a qualidade da cópia e a trilha musical adicionada a esta edição de 2007 do filme de Jack (John) Ford.

Cenas de "Camaradas", vendo-se Buck Jones; Buck e Georgie Stone;
o assalto ao banco e bandidos em disparada.




25 de abril de 2015

TOP-TEN WESTERNS DO CINÉFILO INGLÊS JOHN WAYNE HAWTHORNE


John Wayne Hawthorne
John Garry Hawthorne é inglês de nascimento mas costuma dizer que nasceu no país errado pois gostaria de ser um homem do Velho Oeste. E John Garry chegou a dizer a seu pai, em certa ocasião, que gostaria de ser filho de John Wayne e não de Mr. Hawthorne. John Garry modificaria até o próprio nome se pudesse, para ser chamado de ‘John Wayne’ em homenagem ao seu maior ídolo. No Facebook ninguém vai encontrar ‘John Garry’ e sim ‘John Wayne Hawthorne’, comprovação do quanto ele idolatra o maior dos cowboys do cinema. Residindo em Liverpool, cidade natal dos quatro Beatles, J.W. Hawthorne gosta de usar as roupas de cowboy que possui reunindo-se com amigos para participar de eventos sobre o gênero western que ocorram na Inglaterra ou no Reino Unido em geral. E nessas ocasiões o assunto não poderia ser outro senão falar sobre faroeste. O principal desses eventos é realizado anualmente na cidade de Breen e a atração maior é a disputa pelo 'Fast Draw Trophy' (Troféu de Saque Rápido). John Wayne Hawthorne é um dos destaques dessa competição tendo sido o segundo colocado em 2011 e vencendo a acirrada disputa no ano seguinte. 


Jack Palance
Jack Palance, a personificação da maldade – Sobre “Shane” (Os Brutos Também Amam), J.W. Hawthorne diz que o filme de George Stevens foi muito influente, especialmente nos westerns de Clint Eastwood. Estes apresentavam também um cavaleiro solitário chegando das planícies para ajudar oprimidos rancheiros. Assim como Shane, nunca se sabe de onde veio e para onde vai o cavaleiro solitário dos filmes de Eastwood. J.W. Hawthorne  considera que a interpretação de Shane foi uma das melhores da carreira de Alan Ladd, secundado por um grande elenco. Segundo J.W. Ben Johnson, Van Heflin e Brandon de Wilde estão muito bem e Jack Palance é a personificação da maldade num faroeste.

Clint Eastwood
Os westerns de Leone – Vivendo na Europa, onde o Western-Spaghetti é reverenciado por autores do porte de Sir Christopher Frayling e Alex Cox, J.W. Hawthorne afirma que gosta dos filmes de Sergio Leone estrelados por Clint Eastwood. Diz ele: “A Trilogia dos Dólares” foi feita numa mescla do estilo de John Ford e Howard Hawks. O Estranho Sem Nome de Clint Eastwood é um personagem forte e há sempre um grande vilão e um cenário encantador nesses westerns. 'Por um Punhado de Dólares' (Per um Pugno di Dollari) foi uma perfeita introdução do herói que não perdeu a química em 'Por uns Dólares a Mais' (Per Qualche Dollaro in Più).  E 'Três Homens em Conflito' (Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo) é igualmente brilhante, fechando a Trilogia”. Já “Era Uma Vez no Oeste” (C’Era Uma Volta Il West) não agradou a J.W. Hawthorne que sobre o filme fez este comentário: “Muita coisa acontece com personagens saltando de um evento para outro, sem tempo para serem melhor introduzidos. Leone tentou colocar muita coisa nas mais de duas horas desse filme, deixando tudo muito confuso. Melhor seria ter dividido o material em dois filmes”.

Claire Trevor
Artistas preferidos - Falando de John Ford, J.W. Hawthorne diz que foi o ‘Pappy’ quem colocou o Monument Valley no mapa cinematográfico, tornando-se o mais marcante de todos os cenários de faroestes. E lá Ford foi fazendo um filme diferente do outro e a maioria deles com John Wayne e com o elenco que sempre o acompanhava participando de seus filmes, a famosa 'Ford Stock Company' . Depois de John Wayne (muito depois...) J.W. Hawthorne admira os atores Clint Eastwood, Ben Johnson, James Stewart, Jeff Chandler, Henry Fonda, Richard Widmark, Anthony Quinn, Kirk Douglas, Charles Bronson e Alan Ladd. Entre as atrizes favoritas de J.W. Hawthorne estão Maureen O’Hara, principal leading-lady de John Wayne, Claire Trevor, Lauren Bacall, Jean Arthur e Jane Russell.



TOP-TEN WESTERNS DE JOHN WAYNE HAWTHORNE

Entre tantos faroestes que já assistiu, inevitavelmente existem na estante de J.W. Hawthorne aqueles que ele mais gosta e que considera os melhores. A pedido do WESTERNCINEMANIA o cinéfilo britânico listou seu Top-Ten Westerns, do qual, como não poderia deixar de ser, constam muitos filmes de seu ídolo John Wayne. O primeiríssimo deles com considerações feitas por J.W. Hawthorne.

1.º) Rastros de Ódio (The Searchers), 1956 – John Ford

Filmado em 1956 por ‘Pappy’ Ford e estrelado por Duke Wayne, Ward Bond e Jeffrey Hunter, “The Searchers” é um filme que impressiona por sua força e grandiosidade. Para mim é um dos filmes mais sombrios da filmografia de John Wayne e no qual ele nos emociona com sua interpretação. Como Ethan Edwards o Duke passa pelo rancho de seu irmão e percebe-se que houve algo entre Ethan e sua cunhada Martha. Os anos passados longe de Martha não o fizeram esquecer seus sentimentos pela esposa do irmão, assim como não diminuíram o racismo que ele demonstra quando se dirige ao sobrinho que tem 1/8 de sangue Cherokee. Ethan demorou três anos para procurar a família após finda a Guerra Civil onde ele lutou e há um mistério sobre por onde ele teria andado nesse tempo. John Wayne interpreta um personagem complexo e é impossível imaginar algum outro ator capaz de igualar a assustadora composição que Wayne deu a Ethan Edwards. “The Searchers” é um filme com muitas questões não respondidas explicitamente, permitindo interpretações variadas do espectador. Quando lançado, em 1956, o filme não causou forte impressão passando por um western rotineiro, porém, com o passar do tempo as excepcionais qualidades de "The Searchers" foram reconhecidas fazendo dele um autêntico clássico.

John Wayne

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2.º) Bravura Indômita (True Grit), 1969 – Henry Hathaway

John Wayne

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3.º) O Último Pistoleiro (The Shootist), 1976 – Don Siegel

John Wayne

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4.º) Josey Wales O Fora-da-Lei (Outlaw Josey Wales), 1976 – Clint Eastwood

Clint Eastwood

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5.º) Legião Invencível (She Wore a Yellow Ribbon), 1949 – John Ford

John Wayne

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6.º) Região do Ódio (The Far Country), 1954 – Anthony Mann

James Stewart

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7.º) Rio Vermelho (Red River), 1948 – Howard Hawks

John Wayne

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8.º) Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch), 1969 – Sam Peckinpah

Ben Johnson, Warren Oates e Edmund o'Brien.

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9.º) A Vingança de Ulzana (Ulzana’s Raid), 1972 – Robert Aldrich

Burt Lancaster

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10º) Os Profissionais (The Professionals), 1966 – Richard Brooks

Lee Marvin



FOTOS DE JOHN WAYNE HAWTHORNE



J.W. Hawthorne diante de um quadro de seu maior ídolo;
J.W. com o amigo Frank Doran.

J.W. com outros dois cinéfilos cowboys.

J.W. e Frank Doran passeando pela cidade de Breen, onde anualmente, durante toda uma
semana, ocorre um encontro voltado para o Western, com os fãs trajando-se a caráter
como personagens do Velho Oeste, em meio a apresentações de artistas de Country &
Western music. Uma das principais atrações são as competições de saque mais rápido
entre os participantes. J.W. Hawthorne não perde um único desses encontros.

Numa montagem feita por J.W. Hawthorne, ele e os amigos de Oklahoma,
os gêmeos Timothy e Terrance Hawkins, a quem proximamente deverá visitar.
O cenário é o alojamento de Nathan Brittles (John Wayne) em "Legião Invencível"
(She Wore a Yellow Ribbon), no Monument Valley.

20 de abril de 2015

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE ANTHONY QUINN – TODOS OS WESTERNS DESSE INESQUECÍVEL ATOR


Tony Quinn e um de seus dois Oscars.
Algo que nunca mudou nas plateias dos cinemas foi a vontade de admirar, nas telas, rostos bonitos. Valentino, Greta Garbo, Robert e Liz Taylor, Cary Grant, Kim Novak, Tony Curtis, Alain Delon, Rock Hudson e as gerações de Tom Cruise para frente. Diante dessa realidade, só mesmo com muito talento para um feio como Anthony Quinn, com seu rosto enorme e inconfundível aparência mestiça, para poder vencer como ator. Inicialmente ator característico com seu tipo bruto e violento, interpretando índios, latinos, piratas e qualquer outro tipo interracial. Com o tempo o cinema percebeu e reconheceu que Anthony Quinn, mais que qualquer outro ator, era capaz de tornar um filme memorável independente do personagem por ele vivido. Nos westerns foi também assim e Anthony Quinn pouco a pouco passou da condição de figurante para a de coadjuvante e logo a astro de grandes filmes do gênero. Hoje, 21 de abril de 2015, comemora-se o centenário de nascimento desse estupendo ator, um dos maiores da história do cinema.

1936 - Jornadas Heróicas (The Plainsman) – Cecil B. DeMille
Gary Cooper é Wild Bill Hickok e Jean Arthur é Calamity Jane. Em seu primeiro ano como ator e quarto filme em que apareceu no cinema, Anthony Quinn faz uma quase figuração neste romance biográfico, interpretando um índio Cheyenne. Conta-se que ao dar um palpite sobre a cena em que participa, Quinn irritou todo o séquito de assistentes que rodeava o diretor DeMille. Esse atrevimento causou admiração não só no diretor acomo também em sua filha, Katherine DeMille, com quem Quinn se casaria no ano seguinte.

Anthony Quinn entre Gary Cooper e James Ellison.


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1939 – Aliança de Aço (Union Pacific) – Cecil B. DeMille
A expansão da ferrovia pelo Oeste norte-americano, com Barbara Stanwyck e Joel McCrea se vê ameaçada pelo vilão Brian Donlevy que em tem Anthony Quinn seu braço direito. Quinn em papel de maior destaque em mais um filme do sogro Cecil B. DeMille.

Anthony Quinn com Joel McCrea.


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1940 – O Intrépido General Custer (They Died with Their Boots On) – Raoul Walsh
Errol Flynn é o General George Armstrong Custer e Olivia De Havilland sua esposa nesta biografia ultrarromanceada do lendário general da Cavalaria. Anthony Quinn é o chefe Crazy Horse que mata Custer durante a batalha de Little Big Horn.
          * Resenhado no Westercinemania. 


Anthony Quinn e Errol Flynn; pôster italiano de "They Died with Their Boots On",
com destaque especial para Anthony Quinn.


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1943 – Consciências Mortas (The Ox-Bow Incident) – William A. Wellman
Henry Fonda se opõe ao linchamento de três homens injustamente acusados de assassinato. São eles o jovem Dana Andrews, o velho Francis Ford e o mexicano Anthony Quinn. Western que se tornou clássico, perfeito estudo sobre o medo, o ódio e a loucura num clima sombrio e aterrador. Anthony Quinn tem relativo destaque repetindo o tempo todo como resposta às perguntas que lhe são feitas: ‘No Sabe!

Dana Andrews, Francis Ford e Anthony Quinn prestes a serem executados
e em pé Frank Conroy.


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1944 – Buffalo Bill (Buffalo Bill) – William A. Wellman
Outra biografia de personagem famoso do Velho Oeste, com William Frederick Cody (Buffalo Bill) interpretado por Joel McCrea. Maureen O’Hara também no elenco como esposa de Buffalo Bill e Anthony Quinn é o nobre selvagem chefe Cheyenne Yellow Hand, amigo de W.F. Cody.

Anthony Quinn


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1947 – Califórnia (California) – John Farrow
Colonizado por espanhóis, a Califórnia recebe uma caravana vinda do Leste em busca de ouro. Fazem parte da épica caravana Barbara Stanwyck e Ray Milland e entre os habitantes daquele lugar dominado pelos espanhóis está Don Luís Rivera y Hernandez, interpretado por Anthony Quinn.

Anthony Quinn e Ray Milland.


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1952 – Viva Zapata! (Viva Zapata!) – Elia Kazan
Marlon Brando é Emiliano Zapata e Anthony Quinn seu irmão Eufemio neste filme que narra a luta do líder camponês contra a ditadura de Porfírio Diaz. Marlon Brando, carregado de maquiagem como Zapata, foi indicado ao Oscar de Melhor Ator e Anthony Quinn, magnífico em sua interpretação de guerrilheiro latino, foi indicado ao prêmio de Melhor ator Coadjuvante. Quinn levou seu primeiro Oscar.

Anthony Quinn, Harold Gordon e Marlon Brando;
pôster de "Viva Zapata!" destacando Anthony Quinn ao fundo.


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1953 – Seminole (Seminole) – Budd Boetticher
Rock Hudson é um tenente da Cavalaria enviado à Flórida para ‘apaziguar’ os seminoles. Anthony Quinn é o chefe Osceola, amigo de infância do tenente interpretado por Rock Hudson.

Barbara Hale, anthony Quinn e Rock Hudson; Anthony Quinn como o chefe Osceola.


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1953 – A Bela e o Renegado (Ride, Vaquero!) – John Farrow
Anthony Quinn é o mexicano Esqueda que tem como irmão de criação Rio (Robert Taylor). Esqueda não quer a presença dos sitiantes Ava Gardner e Howard Keel naquelas terras. Os três grandes nomes do elenco (Taylor, Ava e Keel) são obscurecidos pela grande interpretação de Anthony Quinn.

Anthony Quinn e Robert Taylor.

Anthony Quinn e Robert Taylor; Howard Keel, Ava Gardner, Taylor e Tony Quinn.


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1953 – Sangue da Terra (Blowing Wild) – Hugo Fregonese
Não propriamente um western, este filme sobre poços de petróleo passa-se num local da América do Sul. Anthony Quinn é o rico marido da inescrupulosa Barbara Stanwyck, que contrata como capataz Gary Cooper sem saber que eles foram amantes no passado. A inevitável tragédia em meio ao ouro negro ocorre ao som da voz da canção-tema ‘Blowing Wild’ composta por Dimitri Tiomkin e cantada por Frankie Lane.


Barbara Stanwyck, Gary Coper e Anthony Quinn.


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1956 – Blefando a Morte (Man from Del Rio) – Harry Horner
Como ator principal neste pequeno western em preto e branco, Anthony Quinn é um atormentado pistoleiro que enfrenta o preconceito numa cidadezinha do Texas. Katy Jurado é a estrela, ao lado de Quinn.
          * Resenhado no Westercinemania. 

Anthony Quinn e Katy Jurado.


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1957 – Jornada Inesquecível (The Ride Back) – Allen H. Miner
Anthony Quinn é um pistoleiro perseguido e encontrado em seu rancho pelo homem da lei William Conrad. Após prender o pistoleiro, a difícil tarefa de Conrad é conduzir Quinn para a prisão. Lita Milan interpreta uma mexicana neste western em preto e branco que é um dos filmes menos conhecidos de Anthony Quinn.
          * Resenhado no Westercinemania. 

Anthony Quinn e William Conrad.


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1959 – Minha Vontade é Lei (Warlock) – Edward Dmytryk
Este foi um dos mais importantes westerns dos anos 50, não só pelo excepcional elenco reunido – Quinn, Henry Fonda, Richard Widmark, Dorothy Malone – mas pela ousadia de tocar quase que explicitamente num assunto tabu nos faroestes: o homessexualismo. Anthony Quinn ao lado e no mesmo nível artístico-interpretativo de Henry Fonda.
          * Resenhado no Westercinemania. 


Dorothy Malone, Anthony Quinn e Henry Fonda; Dorothy e Tony.


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1959 – Duelo de Titãs (Last Train from Gun Hill) John Sturges
Faroeste classico com Anthony Quinn tendo que se voltar contra o amigo xerife Kirk Douglas. Este tem por missão ler o filho de Quinn para ser julgado, o que coloca ambos em confronto num western de enorme tensão dramática. Mais uma soberba interpretação de Anthony Quinn, tanto quanto a de Kirk Douglas.
          * Resenhado no Westercinemania. .

Anthony Quinn e Kirk Douglas.


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1960 – Jogadora Infernal (Heller in Pink Tights) – George Cukor
Sophia Loren é uma atriz de companhia itinerante que roda o Velho Oeste. Anthony Quinn é o empresário e quando a companhia chega a Cheyenne começam os problemas para ambos. Western-comédia diferente, agradável e com grandes interpretações da dupla Quinn-Loren sob a direção de George Cukor no primeiro e único western de sua carreira.
          * Resenhado no Westercinemania. 

Anthony Quinn e Sophia Loren.


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1973 – Rápidos, Brutos e Mortais (Los Amigos/Deaf Smith and Johnny Ears) – Paulo Cavara
Juntar Franco Nero e Anthony Quinn pode ter sido uma ideia promissora de obter sucesso de bilheteria mas que afinal se transformou num fracasso artístico e financeiro. A bela carreira de Quinn no gênero western merecia um final melhor que este western-spaghetti. Quinn é o pistoleiro surdo-mudo que atira pedras no companheiro Franco Nero para chamar sua atenção. A missão dos dois amigos é impedir que um ditador se aproprie do Texas na época pré-Álamo.




Anthony Quinn e Franco nero.