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10 de março de 2011

UMA DISPUTA PARA SER EMILIANO ZAPATA

Anthony Quinn nasceu em Chihuahua, no México e no início dos anos 50 já era reconhecido e respeitado como o mais versátil ator coadjuvante de Hollywood. Mas Quinn queria mesmo era encontrar um papel mais importante para dar impulso à sua carreira. Quando começaram os preparativos na MGM para filmar a história de Emiliano Zapata, Anthony Quinn demonstrou grande interesse em viver na tela o guerrilheiro mexicano. O primeiro roteiro foi feito por Lester Cole que retratou Zapata como um revolucionário comunista. Justamente nesse momento Cole foi uma das vítimas da caça às bruxas do McCarthismo e proibido de trabalhar, o que levou a Metro a engavetar o projeto. Surpreendentemente esse projeto reapareceu na 20th Century-Fox, reescrito por John Steinbeck (“Vinhas da Ira”) e seria dirigido por Elia Kazan, que durante os interrogatórios do Comitê de Atividades Anti-Americanas negou ser comunista e denunciou colegas simpáticos ao Kremlin. O filme se chamaria “Viva Zapata!” e Steinbeck criou um Emiliano sem ideologia e com consciência política própria, forma única do roteiro ser aceito. A Fox queria Tyrone Power no papel principal, mas Elia Kazan não aceitava outro ator que não fosse Marlon Brando para ser Emiliano Zapata. Sem chances de protagonizar a vida de seu conterrâneo Emiliano, Anthony Quinn foi convidado para desempenhar o irmão de Zapata, Eufêmio Zapata. Aceitou para poder participar daquele filme que falava da importante revolução ocorrida no seu país. Quinn sempre contou que seu pai participara ativamente da luta contra a ditadura de Porfírio Díaz e depois contra Victoriano Huerta. O Governo Mexicano não permitiu que “Viva Zapata!” fosse rodado no México, sendo as locações feitas no Texas. Mesmo assim Elia Kazan fez um filme magnífico, ainda hoje o melhor filme norte-americano sobre a Revolução Mexicana. O realismo das imagens é impressionante, Brando está magnífico como Zapata e a cena da morte do líder camponês é antológica. Kazan conseguiu o milagre de transformar uma história política despida de ideologia num filme que envolve o espectador pelo heroísmo pessoal e inconsciente de Zapata. No elenco destaca-se a presença de Joseph Wiseman como um agente comunista e de Jean Peters (a atriz que não sorria). Anthony Quinn, ainda que não totalmente à vontade como Eufêmio, pois queria mesmo era ser Zapata, acabou recebendo um belo prêmio de consolação que foi o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante de 1952.

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