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15 de março de 2011

"SETE HOMENS SEM DESTINO", WESTERN SALVO POR UM CRÍTICO

Os três mais influentes críticos da história do cinema foram Bosley Crowter, Pauline Kael e Andrè Bazin. Os dois primeiros norte-americanos e este último francês. Bazin foi co-fundador do 'Cahiers du Cinemà' e mentor dos críticos (e futuro cineastas da Nouvelle Vague) François Truffaut, Jean-Luc Godard e Claude Chabrol entre outros. A importância de Andrè Bazin para o Faroeste é fundamental pois, ao contrário da maior parte da crítica norte-americana que desdenhava o gênero Western, Bazin via nesse gênero cinematográfico a mais perfeita forma de expressão artística. Anthony Mann, Howard Hanks e John Ford estavam entre os diretores admirados pelo crítico francês. A eles Bazin incluiu sem hesitação o nome de Budd Boetticher após assistir “Sete Homens Sem Destino” (Seven Men from Now), o primeiro dos sete westerns em que Randolph Scott atuou sob a direção de Boetticher, série de filmes hoje considerada clássica. Andrè Bazin faleceu aos 40 anos, em 1958, e entre as críticas que deixou, uma delas publicada no 'Cahiers Du Cinemà' n.º 74, de setembro de 1957, foi profética. Nessa crítica Bazin dizia que “Sete Homens Sem Destino” era um desses importantes filmes relegados ao esquecimento por ser uma produção relativamente modesta e destinada a completar programas duplos de cinemas. Essa foi uma produção da Batjac, produtora de John Wayne que deveria ser o ator principal. Como Duke já havia assumido compromisso com John Ford para atuar em “Rastros de Ódio”, que seria filmado no mesmo período, não pode participar de “Sete Homens sem Destino” que já estava em pré-produção com vários atores e técnicos contratados. John Wayne pediu então a Randolph Scott para substituí-lo. Wayne reservara o principal papel feminino para sua protegida Gail Russell que então já demonstrava em suas delicadas e bonitas feições os efeitos devastadores do álcool. Lee Marvin e Walter Reed completavam o elenco central. Andrè Bazin elevou “Sete Homens Sem Destino” à condição imediata de obra-prima, exaltando suas inúmeras qualidades e lembrando que este somente não era o melhor western de todos os tempos porque havia “O Preço de um Homem” e “Rastros de ódio” que impediam uma afirmação tão taxativa. “Rastros de Ódio” foi relegado a uma condição de western rotineiro e praticamente esquecido, até ser resgatado pela crítica francesa e adquirir o status que hoje possui. Pior que isso sucedeu com “Sete Homens Sem Destino” que desapareceu por completo de circulação, nunca mais sendo exibido nem mesmo nos Estados Unidos. A Batjac que era a dona do filme jamais tomou conhecimento dos crescentes rumores que aquele era um western muito especial. Todo crítico que se preze estuda a obra de Andrè Bazin, sendo essa a origem dos comentários que falavam da importância do filme de Budd Boetticher. Por outro lado, contava-se nos dedos o número daqueles que conheciam “Sete Homens Sem Destino”, mas estranhamente esse filme era sempre citado quando o assunto era Western. Além da crítica de Bazin, estavam disponíveis os outros seis Faroestes da parceria Budd Boetticher-Randolph Scott que apesar de também terem sido rodados com pequenos orçamentos eram todos acima da média. “O Homem que Luta Só” (Ride Lonesome) e “Cavalgada Trágica” (Comanche Station) são sempre lembrados nas relações de melhores Westerns feitas por críticos de cinema. Finalmente em 2006 o filho mais velho de Duke, Michael Wayne, atendendo a milhares de pedidos e centenas de ameaças, decidiu relançar em DVD o tão elogiado quanto pouco visto Faroeste produzido por seu pai em 1956, ou seja, 50 anos atrás. A quase totalidade das pessoas que assistiram “Sete Homens Sem Destino” (em DVD) o fizeram pela primeira vez e a conclusão de grande parte desse público é que, de fato, Bazin estava certíssimo. Certo não só na sua previsão de desaparecimento desse Western, mas e principalmente quanto a ser “Sete Homens Sem Destino” um  filme extraordinário que nunca poderia ter tido o destino que teve.

4 comentários:

  1. Vi a quase todos os faroestes de Scott, porém de nada excepcional me recordo de muitos deles, principalmente de Sete homens sem destino, fita muito elogiada por todos fãs de faroestes e que pretendo rever, tão logo me surja uma oportund.
    E me espanta este filme não me trazer recordação alguma, pois, o filme de Scott que mais cultuo e que me traz constantes lembranças desde que o vi, foi Obrigado a Matar.
    No entanto, apesar do mesmo não ser uma fita que se despreza, ao contrário, é um bom faroeste, ele vive aceso em minha imaginação por algumas cenas as quais nunca havia visto em outros faroestes, ou sejam, cenas inéditas como;
    aquele agradável e amistoso diálogo diário que a dona da pensão onde Scott morava às manhãs. E a mulher até lhe dava dicas de novas caras estranhas na cidade, assim como pistoleiros que vinham ali para matar o xerife. Ela era seus olhos enquanto descansava.
    Outra cena ineswquecível e inédita é aquela terrivel briga no saloon que o xerife Ware, Scott, tem com o gigante (cujo nome me falha no instante) irmão do pistoleiro que mata no inicio do filme.
    Ware ganha a titanica e desigual luta para o descontrolado irmão do pistoleiro e deixa o saloon em passos normais. Porém, ao dobrar a esquina onde desaparece das vistas dos demais, ele se recosta na parede, faz caretas de dor e começa a tossir, enquanto sua mão corre por suas costelas, que deveriam estar muito machucadas. Aí aparece seu seguidor e amigo, o Wallace Ford, médico e que cura sempre seus ferimentos e tb zela por sua saúde, que lhe ampara e lhe fala algo como;"vamos, não precisa mostrar-se de ferro ou inatingível. Vamos ver estes ferimentos" Não sei bem isso, mas algo neste sentido. E então ele sai quase que carregando o xerife até a cadeia onde lhe dá as atenções de um médico, assim como conselhos.
    Enfim; são coisas como estas que nossas menteszinhas adolescentes, comendo pipoca sem destravar os olhos da tela, memoriza e guarda para sempre, num registro eterno e imutável.
    Um bom trabalho de Joseph Lewis e Scott, assim como da Angela Lansbury e demais elenco.
    Para mim, até que meus olhos vejam algo mais notável e minha mente aceite uma alteração, Obrigado a Matar é o que mais aprecio de Scott.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  2. Jurandir
    Andrè Bazin tinha razão pois "Sete Homens sem Destino" é, como se costuma dizer, acima da média e se considerarmos o baixo orçamento da produção aí então merece mais respeito ainda. - DF

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  3. Sobre “Seven Men From Now” (Sete Homens sem Destino), quando vi pela primeira vez eu tinha uns 14 ou 15 anos, em 1957 ou 1958, fiquei impressionado desde o início quando o personagem interpretado por Randolph Scott encontra dois dos sete homens que ele vinha perseguindo e os mata sem que seja mostrado na tela, só ouvimos os tiros e o relinchar dos cavalos assustados, como também, o duelo entre Scott e Lee Marvin é fantástico, pela inovação de um tema extremamente explorado, o duelo e, também, devido à expressão de surpresa estampada no rosto de Marvin, quando ele é atingido pela bala saída do revólver de Scott é como se ele não acreditasse no que estava ocorrendo (cena a qual o expectador não vê Scott sacar sua arma e atirar). Existem outras seqüências memoráveis, como a provocação de Lee Marvin para com Walter Reed com relação a Russel e Scott dentro do carroção em uma noite de temporal; o diálogo entre Scott e Gail Russel, ela dentro do carroção e Scott debaixo deste e quando Gail Russel está colocando as roupas molhadas no varal, percebemos a forte atração entre ela e Scott, porém, interrompida no momento em que Scott quase beijando Gail se afasta repentinamente em total silêncio. A direção de Budd Boetticher sobre o roteiro original de Burt Kennedy é simplesmente genial no desenvolvimento, enquadramento e nas interpretações de todos do elenco, com destaque para Lee Marvin (grande admirador de Randolph Scott com quem já havia contracenado em outros dois westerns) e o próprio Scott em um papel diferente dos que estava acostumado a representar até então, salvo em “The Spoilers” no qual ele foi o vilão. Outro ponto alto do filme é a fotografia de William Clothier veterano de muitos westerns.
    Sempre que eu revejo “Seven Men From Now”, bem como, os outros seis filmes da parceria Boetticher-Scott-Brown descubro algum fato novo, não percebido anteriormente.

    Mario Peixoto Alves
    peixotoalves@uol.com.br

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  4. Mais uma vez Bazin dando as caras. Parece até é que ele é responsável por transformar a lenda em fato rsrs...

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