A década
de 50 foi uma época incomparável para o western, ou melhor, a principal delas.
Entre os diversos atores que se destacaram atuando nesses filmes, George
Montgomery ocupa um lugar especial não só pelo número de faroestes que fez, mas
também pela qualidade dos mesmos. Nascido no dia 29 de agosto de 1916 (algumas fontes indicam o dia 27 de agosto),
Montgomery estaria completando 100 anos se vivo fosse, mas para os fãs de
westerns ele continua vivo através de seus trabalhos no cinema e nas artes
voltadas ao universo do Velho Oeste. A cinebiografia abaixo foi publicada
originalmente neste blog, sendo aumentada e ampliada com outras informações e a
lista completa dos westerns com George Montgomery.
Início pouco promissor - George Montgomery Letz nasceu na
cidade de Brady, Montana, mesmo Estado onde nasceu Gary Cooper. Caçula entre os
15 filhos de um casal de imigrantes da Ucrania, George foi criado numa fazenda
e aprendeu na prática os rudimentos da vida de cowboy. Cursou por algum tempo a
Universidade de Montana, mas a sua boa estampa e seus 1,91m de altura o
encaminharam para o cinema. Começou fazendo figurações e pequenos papéis nos
filmes de Roy Rogers (de quem ficou amigo), na Republic Pictures e participou
também de seriados. Atuou também como dublê de John Wayne que naquele tempo era
magro como George Montgomery, além de terem quase a mesma altura. Em 1938 a
Republic decidiu provocar os fãs de seriados lançando “O Guarda Vingador” (The
Lone Ranger), com nada menos que cinco atores mascarados e vestidos como o
personagem The Lone Ranger (na foto ao lado, George Montgomery com Lane Chandler, Lee Powell, Hal Taliaferro e Bruce Bennett) . Os ‘Lone Rangers’ iam morrendo um a um até restar
só verdadeiro. O achado da Republic era fazer com que os espectadores tentassem
descobrir qual deles era o verdadeiro herói mascarado. Nesse período George
Montgomery atuava com o nome artístico de George Letz, isto quando conseguia
ser creditado, o que era raro. Ainda assim chamou a atenção da 20th Century-Fox
com quem assinou contrato.
O jovem George Montgomery em quatro poses para serem distribuídas aos fãs. |
Acima George com a esposa Dinah Shore; ambos apoiavam John Fitzgerald Kennedy. |
Sucesso e casamento - A Fox logo mudou seu nome para George
Montgomery pois ‘Letz’ soava um tanto quanto alemão e isso era ruim naqueles
anos, ao passo que ‘Montgomery’ era o sobrenome do famoso Marechal de Campo
inglês Bernard Montgomery. No novo estúdio George apareceu com destaque em
“Coração de Bandido” (The Cisco Kid and the Lady), de 1940, com Cesar Romero
como Cisco Kid. A partir daí George foi colocado como ator principal ou
coadjuvante importante em uma série de filmes juvenis. O estúdio deu a George a
oportunidade de voltar às origens com os westerns “O Cavaleiro do Deserto”
(Riders of the Purple Sage) e “O Último dos Duanes” (The Last of the Duanes),
ambos de 1941. A 20th Century-Fox acreditava no futuro de George Montgomery e o
escalou também como coadjuvante em boas produções contracenando, entre outras
estrelas com Betty Grable, Linda Darnell, Shirley Temple, Carole Landis,
Maureen O’Hara e Gene Tierney. Foi nesse tempo que George Montgomery se
destacou também no noticiário de Hollywood devido a seus romances com Hedy
Lamarr, uma das mais lindas estrelas da tela e com Carole Landis, também muito
bonita. Para surpresa da cidade do cinema George acabou se casando com a
cantora e atriz Dinah Shore. Assim como
aconteceu com muitos astros da tela, a carreira de George Montgomery foi
interrompida devido à 2.ª Grande Guerra tendo ele sido convocado em 1943 e
sendo desligado do Exército ao final do conflito mundial, em 1945.
George com Carole Landis, Betty Grable, Gene Tierney e com Maureen O'Hara. |
George com Ruth Roman e sendo esmurrado por Leo Gordon, respectivamente em "A Filha da Foragida" e em "Oeste Selvagem". |
A caminho do faroeste - George cumpriu o contrato até o final
atuando ainda em mais dois filmes da Fox, um deles personificando o detetive
Philip Marlowe, criação de Raymond Chandler, em “A Moeda Trágica” (The Brasher
Doubloon). Tyrone Power e Gregory Peck eram os principais galãs do estúdio que,
por economia, decidiu não renovar o contrato de muitos jovens artistas, entre
eles George Montgomery. Sorte do western pois George passou a atuar
indistintamente pela Columbia, United Artists e Allied Artists, fazendo cada
vez mais faroestes. Só na década de 50 foram mais de 20, para alegria dos fãs
do gênero. A impressionante sequência de westerns de George Montgomery começou
no final dos anos 40 e prosseguiu durante toda a década seguinte, o que o
coloca ao lado de Randolph Scott e Audie Murphy como o trio de verdadeiros
campeões do gênero. A longa série de westerns de George Montgomery teve início
em 1947 com “A Filha da Foragida” (Belle Starr’s Daughter), com Rod Cameron e
Ruth Roman. O longo ciclo foi encerrado quando George Montgomery interpretou
Pat Garrett em “A Morte a Cada Passo” (Badman’s Country), com Neville Brand e
Buster Crabbe. Em 1958 George Montgomery afastou-se do cinema para se dedicar à
série de TV “Cimarron City”, exibida em 1958 e 1959 e que teve um total de 26
episódios. Montgomery encabeçou o elenco interpretando o prefeito da cidade de
Cimarron. A série, no entanto, não conquistou grande audiência e foi cancelada.
À esquerda George com a bela Lynne Roberts em "Cavaleiros do Deserto"; na TV em "Cimarron City". |
Acima George Montgomery em "A Garra de Aço" e abaixo com Taine Elg em "Watusi, o Gigante Africano". |
Fase globetrotter - George então voltou a fazer filmes,
principalmente no gênero aventura. O primeiro foi “Watusi, o Gigante Africano”,
cujo nome é indicador da contrastante mudança de gênero. Em seguida, estrelados,
roteirizados e dirigidos pelo próprio George Montgomery vieram “Samar, a Ilha
do desespero”, “A Garra de Aço”, “Guerrilhas em Pink Lace”, “From Hell to
Borneo” e “Colheita Satânica”. Os anos 60 foram, decididamente estranhos na
carreira de George Montgomery, que atuou na superprodução inglesa “Uma batalha
no Inferno”, com grande elenco comandado por Henry Fonda. Continuou na guerra e
na Europa em “Missão Bomba 10:10”, filmado na Iugoslávia. Foi à África do Sul
para atuar em “Estranhos ao Amanhecer”, em que contracenou com Deanna Martin,
filha do grande Dino. Depois foi a vez da Espanha, onde George Montgomery atuou
em ”O Pistoleiro do Rio Vermelho” (El Proscrito Del Rio Colorado), faroeste
espanhol. Quase um globetrotter, George voltou aos Estados Unidos onde atuou em
“Geração Alucinada”, numa época em que se começou a fazer filmes sobre drogas
psicodélicas. Em 1967 Montgomery atuou em “Gatilhos do Ódio” (Hostile Guns),
western da série do produtor A.C. Lyles que quase só contratava atores
veteranos. Ao lado de Montgomery estavam neste filme Yvonne De Carlo, Tab
Hunter, Brian Donlevy e Leo Gordon. A carreira de George Montgomery chegou ao
fim com os filmes “Warkill”, em que contracenou com o veterano Tom Drake e em
1970 e com “The Daredevil”, em que George é um piloto de corridas de automóveis
contracenando com a também veterana Terry Moore. O último filme de George
Montgomery foi fazendo uma ponta em “Dikiy Veter”, produzido na Iugoslávia.
Uma das mais belas esculturas de George Montgomery. |
Renomado escultor - George Montgomery teve dois filhos com
Dinah Shore, com quem ficou casado por 20 anos. No mesmo ano de 1963 em que
voltou á vida de solteiro, uma em pregada da casa de George tentou matá-lo e
ainda cometer suicídio, tendo falhado em ambas intenções. O ator não voltou a
se casar, mesmo tendo mantido longo relacionamento, até quase o final da vida
com sua amiga Ann Lindberg. Afastado do cinema, George Montgomery passou a
exercitar seus dotes artísticos, dedicando-se a vários de seus hobbies como
projetar casas, desenhar móveis, pintar e esculpir. George era extremamente
talentoso, mas foi como escultor que seu talento foi mais reconhecido. As
esculturas que fazia eram disputadíssimas obras de arte e, claro, custavam
caro. Entre as mais de 50 esculturas que George produziu estão as de John
Wayne, Clint Eastwood, Ronald Reagan, Gene Autry, e Randolph Scott. George
Montgomery foi um dos mais ativos participantes dos bastante frequentes
encontros de ex-astros dos faroestes com os fãs. Sempre simpático era bastante
querido pelos amigos e pelos admiradores de sua arte e de seus filmes. George
Montgomery faleceu de complicações cardíacas aos 94 anos, no dia 12 de dezembro
de 2000, na Califórnia. Muitos de seus filmes estão hoje disponíveis para que
se constate que ele foi, sem sombra de dúvida, um dos grandes mocinhos do
cinema.
Ao lado das esculturas de George, um jogo de mesa e cadeiras por ele desenhado e construído. |
WESTERNS
DE GEORGE MONTGOMERY
(A partir de 1940)
O
Cavaleiro do Deserto (Riders of the Purple Sage), 1941 – James Tinling
O Último dos Duanes (The Last of the
Duanes), 1941 – James Tinling
A
Filha da Foragida (Belle Starr’s Daughter), 1947 - Lesley Selander
A Voz do Sangue (Davy Crockett, Indian
Scout), 1950 – Lew landers
A Bela Lil (Dakota Lil), 1950 - Lesley Selander
Pista Cruenta (The Iroquis Trail), 1950
O Manto da Morte (The Texas Rangers), 1951 – Phil Karlson
Rebelião de Bravos (Indian Uprising), 1952 – Ray Nazarro
Era da Violência (Cripple Creek), 1952 – Ray Nazarro
Aliança de Sangue (The Pathfinder), 1952 – Sidney Salkow
Alçapão Sangrento (Jack McCall Desperado), 1953 – Sidney
Salkow
Ticonderoga, Forte da Coragem (Fort Ti), 1953 – William Castle
De Homem para Homem ou Pistola
(Gun Belt), 1953 – Ray Nazarro
Rio de
Sangue (Battle of Rogue River), 1954 – William Castle
Até o Último Tiro (The Lone Gun), 1954 – Ray Nazarro
Ases
do Gatilho (Masterson of Kansas), 1954 – William Castle
A Mulher e os Índios (Seminole Uprising), 1955 - Earl Bellamy
Covil
de Feras (Robber’s Roost), 1955 - Sidney Salkow
O Rio dos Homens Maus (Canyon River), 1956 – Harmon Jones
Império
de Balas (Last of the Badmen), 1957 – Paul Landres
Bandoleiros de Durango (Gun Duel in Durango), 1957 – Sidney
Salkow
Ataque
Sanguinário (Pawnee), 1957 – George Waggner
Oeste
Selvagem (Black Patch), 1957 – Allen H. Miner
Duelo
ao Amanhecer (Man from God’s Country), 1958 – Paul Landres
O
Melhor Gatilho (Thoughest Gun in Tombstone), 1958
A
Morte a Cada Passo (Badman’s Country), 1958 – Fred F. Sears
Fúria
Negra (King of Wild Stallion), 1959 – R.G. Springsteen
O Pistoleiro do Rio Vermelho (El Proscrito Del Rio Colorado), 1965 –
Maury dexter
Gatilhos de Ódio (Hostile Guns), 1967 –
R.G. Springsteen
Prezado Darci,
ResponderExcluirRealmente George Montgomery poderia ter alcançado o nível dos atores chamados de classe A como os críticos e comentaristas de cinema os classificam; embora, ele tivesse pré-requisitos para atingi-lo, considerando os filmes por ele estrelados nos anos '40, conforme constam eu sua filmografia. Já assisti a grande maioria de seus filmes tanto westerns como outros gêneros (policial, musical, guerra, capa-espada etc.).
Como já comentei há algum tempo, que conheci George Montgomery pessoalmente, nos anos '60, aqui em Salvador quando o mesmo fora convidado pelo Governador da Bahia para participar de um evento junto com outras celebridades entre elas Henry Mancine e Robert Wagner, que vieram como "Guest" para o "Festival Internacional da Canção" no Rio de Janeiro.
Montgomery foi um dos mais mais procurados pelos fãs e se mostrou simpático e cordial com todos presentes.
Tudo de bom,
Mario Peixoto Alves
Muito bom. George Montgomery é um dos grandes do western. Apenas uma correção no texto: Gregory Peck nunca foi um dos grandes astros da Fox. Era contratado de David O. Selznick. Fez na Fox "As Chaves do Reino", mas sem vínculo contratual. Na época, os astros da Fox: Tyrone Power, Henry Fonda, Dana Andrews e Don Ameche.
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