A história em quadrinhos ‘O Pequeno
Sheriff’ marcou época no Brasil, consumida que era por incontáveis seguidores
das aventuras do jovem xerife de Prairie Town, cidade do Velho Oeste
norte-americano. Não são poucos os que mantêm a coleção completa das duas
primeiras séries (formato 16,5 por 7,5 cm) guardadas a sete chaves, prova inconteste
do carinho pelo gibizinho da Editora Vecchi. Há, no entanto, um apaixonado por
essa HQ que mais que qualquer outro demonstrou verdadeiro amor pela criação dos
italianos Tristano Torelli e Dino Zuffi. Ele é o engenheiro Ari Crispiniano
Ferreira dos Santos, apaixonado também pelo cinema e como não poderia deixar de
ser pelo gênero western.
Paixão
infantil, juvenil e adulta - Soteropolitano de nascimento e
vivendo sempre em Salvador, Bahia, Ari teve seu primeiro contato com as
aventuras de Kit Hodgkin aos sete anos de idade. Airton, irmão mais nove anos
mais velho que o pequeno Ari mostrou a ele, no início dos anos 50, um gibizinho esquisito cujo tamanho
era um terço dos gibis clássicos que eram os mais vendidos naquele tempo
(Flecha Ligeira, Fantasma, Buffalo Bill, Mandrake, Roy Rogers, Capitão Marvel,
Rocky Lane, Super-Homem, Gene Autry, Tarzan, Cavaleiro Negro e outros). Assim
como ocorreu com outros meninos, a identificação de Ari com o xerife
adolescente de Prairie Town foi imediata e o novo aficionado queria agora ler
todos os exemplares anteriores e não perder os próximos. A leitura daquela
história em quadrinhos rica em palavras pouco conhecidas pelo menino foi
determinante no aperfeiçoamento do processo de leitura e no enriquecimento de
seu vocabulário. Ari Crispiniano conseguiu completar toda a coleção de ‘O
Pequeno Sheriff’ com as quatro séries lançadas no Brasil, num total de 442
exemplares. Ari lia também os dois outros gibizinhos editados em tiras: ‘Xuxá’
e ‘Júnior’, este a publicação que lançou Tex Willer no Brasil.
Murillo Garrett, Mariza Lizzia e Maurício Kit |
Os
filhos Kit, Lizzia e Garrett - Para os leitores que desconhecem as
histórias em quadrinhos criadas por Torelli-Zuffi, vale lembrar que os
personagens principais eram os órfãos de pai e mãe ‘Kit Hodgkin’ e sua irmã
‘Lizzie’ (nome algumas vezes grafado ‘Lizzia’). Completavam o elenco ‘Garrett’,
um amigo de Kit e ‘Flozzy’, filha de Garrett e namoradinha de Kit. O amor de Ari
pelo ‘O Pequeno Sheriff’ ganharia um aspecto inusitado que merece ser contado. Ari
se casou e teve o primeiro filho. Em comum acordo com a esposa Maura o casal
decidiu por um nome composto, sendo que que ela colocaria o primeiro nome e Ari
o segundo. O primogênito nascido em 1980 se chamou então Maurício Kit. Veio a
seguir uma menina que, seguindo o mesmo acordo, recebeu o nome Maria Lizzia. O
terceiro filho do casal foi batizado como Murilo Garrett. Houve ainda uma menina
que veio a falecer e que já tinha o nome Maria Flozzy escolhido por seus pais.
De todos os filhos, 'Kit' foi mais bem aceito e como até hoje é chamado pelos
pais e demais familiares o primogênito Maurício. E todos os filhos gostam dos
nomes que receberam, especialmente pela grande alegria que esse fato trouxe ao
papai Ari.
Última capa do número um de 'O Pequeno Sheriff' anunciando o brinde: uma estrela de homem-da-lei; abaixo edição de 'Júnior'. |
Ressuscitando
Tex Willer - Ari Crispiniano teve participação importante no
relançamento de ‘Tex’ no Brasil quando procurou pessoalmente Otacílio d’Assunção
Barros, responsável pelas publicações da Editora Vecchi. Nessa ocasião Ari
conheceu também Renato Costa, sobrinho da viúva Anália Vecchi, proprietária da
editora. Ari emprestou à editora inúmeras edições de ‘Júnior’. Publicada ao mesmo tempo que 'O pequeno Sheriff' e 'Xuxá', 'Júnior' fez sucesso menor queas outras duas séries do mesmo formato. Ari Crispiniano exultou quando foi
publicada, em 1977, a edição especial de “Tex’, graças ao material que forneceu
ao editor. Mesma sorte, no entanto, não teve seu herói preferido – Kit Hodgkin
– que nunca despertou a atenção dos editores para um possível relançamento de
‘O Pequeno Sheriff’. Ari lembra que ‘nossos heróis não envelhecem jamais’ e que
Kit Hodgkin estaria atualmente (2015) com 79 anos de idade. Muito mais ‘idoso’, Tex Willer ainda cavalga pelas pradarias das HQs.
Anotações
filme a filme - Paralelamente à paixão pelas aventuras de Kit Hodgkin,
Ari Crispiniano foi se tornando um cinéfilo, daqueles que (desde criancinha mesmo) fazem
anotações sobre os filmes que assiste. Em seu primeiro caderno de anotações
consta que no dia 3 de janeiro de 1953, no Cine Excelsior em Salvador, Ari assistiu ao primeiro filme de sua
vida que foi “Alice no País das Maravilhas”, produção de Walt Disney. Nos quadros pode ser lido com relato do
próprio Ari Cristiano, comentário sobre seu contato inicial com o cinema e como se
desenvolveu sua paixão pela 7.ª Arte.
Na foto à esquerda o pequeno Ari Crispiniano nos tempos em que começou a fazer as primeiras anotações sobre os filmes que assistia.
Na foto à esquerda o pequeno Ari Crispiniano nos tempos em que começou a fazer as primeiras anotações sobre os filmes que assistia.
O manual elaborado por Ari Crispiano está prestes a ganhar sua 2.ª
edição trazendo entre outros itens interessantes os 100 melhores diálogos do
cinema, os 100 maiores heróis, os 100 maiores vilões, as 100 melhores músicas e
uma relação, por gênero, dos dez melhores filmes de todos os tempos. Como
curiosidade eis os dez melhores filmes de todos os tempos, segundo Ari
Crispiniano (visto na foto à esquerda):
1 – Um Corpo que Cai (Vertigo), 1958 - Alfred Hitchcock
2 – Psicose (Psycho), 1960) – Alfred
Hitchcock
3 – Testemunha de Acusação (Witness for
Prosecution), 1957 - Billy Wilder
4 – Da Terra Nascem os Homens (The Big Country), 1958 – William Wyler
5 – O Sol por Testemunha (Plein Soleil), 1960 – René Clément
6 – Sete Homens e um Destino (The
Magnificent Seven), 1960 – John Sturges
7 – Golpe de Mestre (The Sting), 1973 -
George Roy Hill
8 – Casablanca (Casablanca), 1942 – Michael Curtiz
9 – Matar ou Morrer (High Noon), 1952 – Fred
Zinnemann
10 – Fugindo do Inferno (The Great Escape,
1963 – John Sturges
TOP-TEN
WESTERNS
Os leitores deste blog se acostumaram a
conhecer as opiniões de diferentes cinéfilos a respeito dos melhores faroestes
e Ari Crispiniano gentilmente relacionou seu Top-Ten Westerns para o
WESTERCINEMANIA. Eis a lista dos melhores faroestes de todos os tempos na
opinião do engenheiro, desenhista, escritor e cinéfilo Ari Crispiniano Ferreira
de Souza, com comentários feitos por ele próprio:
1.º) Da Terra Nascem os Homens (The Big Country), 1958 – William Wyler
Charlton Heston |
A personagem principal é a terra, os grandes
latifundiários do Texas, motivo principal porque este filme de fôlego foi
filmado em tela larga no processo Technirama. Faroeste de alto nível dirigido
pela mão segura de Wyler, com elenco vigoroso, música excepcional de Jerome
Morross e a monumental paisagem dos canyons do Rio Colorado. (Ari Crispiniano)
* * * * *
2.º) Sete
Homens e um Destino (The Magnificent Seven), 1960 – John Sturges
Yul Brynner e Steve McQueen |
Um dos grandes momentos do
cinema japonês é quando Kurosawa mostra ao mundo o Japão em 1954 com o roteiro
original de “Os Sete Samurais”. Akira tinha feito “Rashomon” e Sturges adaptou
para fazer este grande faroeste. Yul Brynner lidera um grupo, que são
contratados para protegê-los dos bandidos, de uma aldeia mexicana. Destaque
para Brynner e Wallach (líder dos bandidos) e trilha sonora de Elmer Bernstein. (Ari Crispiniano)
* * * * *
3.º) Matar
ou Morrer (High Noon), 1952 – Fred Zinnemann
Gary Cooper |
Faroeste antológico, feito em tempo
real. 85 minutos, sua duração corresponde ao tempo efetivo em que a ação se
desenrola e por conta disso o filme mostra diversos relógios, intensificando o
suspense à medida que os ponteiros avançam para o meio-dia. Zinneman mostra um
cenário que lembra Prairie Town. Cooper com seus 1,87m lembra a figura de
Garrett nas aventuras desenhadas por Zuffi. Kelly, a eterna rainha, traz ao
espectador um momento de beleza ao filme. (Ari Crispiniano)
* * * * *
4.º) Os
Brutos Também Amam (Shane), 1953 – George Stevens
Alan Ladd |
* * * * *
5.º) Vera
Cruz (Vera Cruz), 1954 – Robert Aldrich
Burt Lancaster |
* * * * *
6.º) No
Tempo das Diligências (Stagecoach), 1939 – John Ford
George Bancroft, John Wayne, Thomas Mitchell e Louise Platt |
* * * * *
7.º) Rastros
de Ódio (The Searchers), 1956 – John Ford
John Wayne |
* * * * *
8.º) A
Conquista do Oeste (How the West Was Won), 1962 - Henry Hathaway / George
Marshall / John Ford
Gregory Peck |
* * * * *
9.º) Cimarron
(Cimarron), 1960 – Anthony Mann
Robert Preston, Glenn Ford e Maria Schell |
* * * * *
10.º) O
Último Pôr-do-Sol (The Last Sunset), 1961 – Robert
Aldrich
Carol Linley e Kirk Douglas |
* * * * *
Menções honrosas: Era Uma Vez no Oeste (C’Era Una Volta Il West), 1968 – Sergio Leone
/ Três Homens em Conflito (Il Buono,
Il Brutto, Il Cattivo), 1966 – Sergio Leone.
Pelo amor de Deus! São sempre os mesmos filmes, com um ou outro diferente.; Um cinéfilo na trilha do outro. E pior ainda o camarada é fá dos personagens de HQ de faroestes italianos desde criancinha, e não cita um faroeste sequer da bota . Escolhe os dois monumentais filmes de Sergio Leone apenas para menção honrosa. Uma lista hoje que não tiver pelo menos um dos dois é pura injustiça. Vera Cruz, Sete homens e um destino, O último por-do -sol?
ResponderExcluirAntonio Trocate
cite pelo menos seu nome
ResponderExcluircomentário de um cinéfilo
ResponderExcluirpaixão infantil do pequeno sheriff
ResponderExcluirgrande cinéfilo
ResponderExcluirmuito bom
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