Poucos dos muitos westerns de Roy
Rogers possuem título e enredo tão prometedores quanto “A Saga do Vale da Morte”
(Saga of Death Valley), de 1939. Com história e roteiro de Karen DeWolf e Stuart
Anthony, esta aventura, de fato, se inicia por volta de 1880, prosseguindo
15 anos depois com os personagens principais já adultos. Esqueça-se, porém, a
árida depressão do Deserto de Mojave, na Califórnia, pois a Republic Pictures,
produtora do filme limitava sempre as sequências externas de suas produções ao
cenário de Alabama Hills, em Lone Pine, não muito distante de Hollywood,
barateando o quanto pudesse o custo dos filmes. E se Roy Rogers não cavalga, de
fato, no Vale da Morte, a promissora história não demora em se tornar muito
próxima a tantos e tantos outros westerns ‘B’, com o mocinho lutando contra o
poderoso criador. A diferença (e que diferença!) é que este é estrelado por Roy
Rogers com Gabby Hayes como seu sidekick.
Roy Rogers com Doris Day |
Irmão
contra irmão - Um rancheiro chamado Rogers (Lane Chandler) é friamente
assassinado e seu filho Tim é sequestrado pelos dois criminosos, enquanto Roy,
o filho mais velho encontra o corpo inerte do pai. O assassino é o
inescrupuloso Ed Tasker (Frank M. Thomas) acompanhado por seu comparsa Brace (Jack Ingram),
que levam consigo o pequeno Tim. Roy abandona a propriedade que passa para o
controle de Tasker. Na cidade de Sundown, o bandido controla o fornecimento de
água e quando Roy (Roy Rogers) retorna ao local adulto, se depara com Tasker
ainda ameaçando e vendendo proteção aos rancheiros locais. Roy adquire uma
propriedade e Tasker logo tenta intimidá-lo, o que aparentemente consegue. Em
Sundown, Roy reencontra Ann Meredith (Doris Day), sua namoradinha de infância
que se decepciona com Roy por aceitar passivamente as ameaças. Pressionado por
Ann, Roy se torna o líder dos rancheiros locais defendendo-os contra Tasker. O
mais violento dos homens de Tasker é seu sobrinho Jerry (Donald Barry), a quem,
numa luta corporal, Roy poderia ter matado, sendo impedido por uma inesperada e
misteriosa força maior. Em verdade Jerry é o novo nome de Tim Rogers, irmão de
Roy, que rebelando-se contra Tasker acaba matando-o e sendo, ao mesmo tempo
morto por ele, com a paz voltando a reinar em Sundown.
Gabby Hayes e Roy Rogers |
Mudança
para o mal - Desenvolver o tema de irmão se confrontar com irmão não é
tarefa fácil num western de 58 minutos de duração que abriga ainda perseguições
a cavalo, luta corpo a corpo, romance e... um pouco de música. O diretor Joseph
Kane se sai razoavelmente bem, no entanto, ao fazer de “A Saga do Vale da Morte”
um faroeste invulgar na filmografia de Roy Rogers na Republic Pictures. Sacrificando
muito do que poderia ser visto na tela entre os dois irmãos, em função de não
tornar o filme excessivamente dialogado e sem as necessárias e tão esperadas
sequências de ação, optou-se por simplificar a trama. Roy Rogers retorna para vingar
a morte de seu pai, reencontrar a menina com quem sonhava se casar e de quem
nunca esqueceu, além de ter um (único) momento em que se vê diante do irmão
agora bandido. Donald Barry é o garoto que cresce e se torna um bandido sanguinário e
que certamente transformaria este faroeste num pequeno clássico se mais
maldades pudesse cometer até se redimir, ao final, enfrentando o homem que mudou
(para o mal) sua vida.
Donald Barry à frente de Frank M. Thomas; Don Barry nos braços de Roy Rogers. |
Don Barry; Doris Day |
O
diminuto vilão - Aos 28 anos de idade, Roy Rogers mostra-se no auge de sua
forma cavalgando Trigger com a conhecida habilidade, além de esbanjar a
simpatia e irradiar a integridade que fizeram dele ‘O Rei dos Cowboys’ no
período de 1943 a 1954. George ‘Gabby’ Hayes era um boboca (sidekick) que de
bobo não tinha nada, seja montando, atirando, lutando ou ainda evitando as mulheres
pouco bonitas que queriam conquistá-lo. Neste filme a pretensiosa é Miss Minnie
(Fern Emmett), enquanto ficou para Doris Day escutar Roy cantando para ela uma
canção (uma única, ainda bem). Outras duas canções são ouvidas durante o filme
sem, porém, que a trama seja interrompida para que Roy ou Jimmy Wakely e seus
Rough Riders as entoasse. Ao final Roy canta a quarta e última canção para
Doris Day. Don ‘Red’ Barry (Donald Barry), antes de se tornar também um mocinho
da Republic (Red Ryder), mostra que se daria muito melhor como bandido a la
James Cagney, não lhe faltando altura para isso, ele que tinha apenas 1,64m de
altura. Em 1939 a excepcional cantora Doris Day estava com apenas 15 anos e
não havia se aventurado na carreira artística que faria dela uma das grandes
estrelas de Hollywood. Evidentemente a homônima Doris Day foi uma atriz de
poucos predicados que desapareceu após uma dúzia de pequenas participações em
filmes, sendo este seu único western.
Primeira
fase de Roy Rogers - No elenco de apoio Lane Chandler e
Hal Taliaferro dois dos cinco mascarados do seriado “O Guarda Vingador” (The
Lone Ranger), sem contar George Montgomery que atuou como figurante e dublê
neste “A Saga do Vale da Morte”, muito antes de se tornar um dos cowboys
favoritos dos westerns B. Este faroeste da primeira e, para muitos, a melhor
fase de Roy Rogers, agrada bastante não só aos fãs do ‘Rei dos Cowboys’, mas a
todos aqueles que, entre um clássico e outro do gênero, nunca deixa de assistir
aos queridos westerns ‘B’ dos pequenos estúdios.
George 'Gabby' Hayes; Roy Rogers e Doris Day; Lane Chandler. |
Os cinco mascarados do seriado "O Guarda Vingador" (The Lone Ranger), entre eles Lane Chandler, Hal Taliaferro e George (Letz) Montgomery, quinteto completado por Lee Powell e Herman Brix. |
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