UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

13 de junho de 2011

GILBERT ROLAND, O CISCO KID GALANTEADOR


Muy macho, muy hombre, muy galanteador, o mexicano Gilbert Roland teve uma brilhante carreira no cinema, especialmente nos westerns em que participou. Nascido em Juarez, México, em 11-12-1905, com o nome de Luís Antonio Damaso de Alonso, fugiu com a família das tropas de Pancho Villa, atravessando o Rio Grande e indo para El Paso, no Texas. Essa mudança destruiu o sonho do jovem Luís Antonio que queria ser toureiro. Indo para Los Angeles, com seu belo porte físico não demorou para chegar ao cinema, onde começou dublando Rodolfo Valentino e Ramón Novarro. Ao assinar seu primeiro contrato adotou o nome de ‘Gilbert Roland’ com o qual se tornaria conhecido, homenageando aqueles que eram seus dois maiores ídolos do cinema mudo: John Gilbert e Ruth Roland. Foi logo notado pelos produtores e mais ainda pelas estrelas, entre elas Natasha Rambova, esposa de Valentino. Natasha foi o primeiro entre os famosos casos do jovem ator. Até a comportada Bette Davis se encantou com Roland ao fazer um teste com ele. E a insaciável Clara Bow depressa se candidatou a conhecer o caliente ator latino de quem todas as estrelas falavam maliciosamente de sua virilidade. A piada mais contada nessa época era que Greta Garbo escapara de Roland por razões óbvias...

Roland com
Norma Talmadge
AUTÊNTICO LATIN LOVER - Guindado ao estrelato, Gilbert Roland compôs par romântico com Norma Talmadge, com quem fez quatro filmes, entre eles “A Dama das Camélias”, em 1927, ela como ‘Marguerite Gautier’ e ele como Armand Duval, dirigido por Fred Niblo. O romance entre os dois fora da tela foi mais tórrido que os dos filmes e aconteceu o inevitável: o marido de Norma, o poderoso produtor Joseph Schenck, não ficou indiferente tentando destruir a promissora carreira do audacioso galã. A próxima conquista de Roland foi Constance Bennett, só que esta conseguiu levá-lo ao altar, numa época difícil para Roland que não conseguia bons papéis devido a Schenck. O casal Roland-Bennett teve duas filhas enquanto o vingativo produtor trabalhava em surdina para prejudicar a carreira de Gilbert Roland, fazendo com que por mais de dez anos o o ator amargasse um semi-ostracismo. Terminado o ‘castigo’, Roland voltou às grandes produções como em “Juarez” (1939), com Bette Davis e “O Gavião do Mar’ (1940) com Errol Flynn. Com o advento da II Guerra Mundial a carreira de Gilbert Roland foi interrompida indo ele defender a Força Aérea Norte-Americana na Europa e no Norte da África. Ao retornar o cenário cinematográfico estava mudado para Roland: separou-se de Constance Bennett e teve dificuldade para encontrar bons papéis nos grandes filmes. Restou a Gilbert Roland apenas a opção de usar seu já bem conhecido nome artístico para dar peso a produções menores.




O MELHOR CISCO KID DO CINEMA - Gilbert Roland atuou, em 1944, no seriado da Columbia “O Falcão do Deserto”, interpretando em papel duplo o herói ‘Kassim’ e seu maléfico irmão gêmeo ‘Hassan’. Atuou também no capa-e-espada “Capitão Kidd”, ao lado de Charles Laughton e Randolph Scott, em 1945. Foi então proposto a Gilbert Roland que interpretasse o personagem ‘Cisco Kid’ quando a série passou a ser feita pela Monogram. Nesse pequeno estúdio Roland viveu o personagem criado por O’Henry em seis filmes que muitos consideram os melhores entre todos os ‘Cisco Kid’ já levados ao cinema. O Cisco Kid de Gilbert Roland não era elegante como o de Warner Baxter, nem afetado como o de César Romero ou enfeitado como o de Duncan Renaldo. O Cisco Kid de Roland tinha como principal característica a macheza mexicana. Com ele o herói de O’Henry passou a beber tequila tomada com sal e limão, além do cigarro sempre no canto da boca (alguém acha que foi Clint Eastwood que inventou esse truque?). O cigarro de Cisco Kid/Roland só saía da boca para descansar atrás da orelha. Roland interpretou Cisco Kid nos seguintes filmes: “Justiceiro Romântico”, “Bandidos do Deserto”, “O Bandido e a Dama”, “Povoado Violento”, “O Rei dos Bandidos” e “Robin Hood em Monterey”. Em 1947 Roland atuou em “Piratas de Monterey” (com Maria Montez e Rod Cameron); no mesmo ano apareceu em “A Orquídea Branca”, com Barbara Stanwyck; em 1949 atuou sob as ordens de John Huston em “Resgate de Sangue” (We’re Strangers), com Jennifer Jones, John Garfield e Pedro Armendáriz, todos ofuscados pela brilhante interpretação de Gilbert Roland como ‘Guillermo Montilla’. Papéis de tipos latinos não eram estranhos para Roland que vinha sistematicamente interpretando esses personagens. Foi assim em “Malaia”, de 1949, em que Roland contracenou com Spencer Tracy e James Stewart. Em 1950 Roland foi dirigido por Emílio ‘El Índio’ Fernández em “Do Ódio Nasce o amor”, versão para o mercado norte-americano do clássico “Enamorada”, de 1946, também dirigido por Fernández, com Maria Félix e Pedro Armendáriz. Nesta refilmagem La Félix foi substituída por Paulette Goddard. Os tempos ruins haviam ficado definitivamente para trás e Gilbert Roland atuava novamente em filmes dirigidos por bons diretores, como em “Almas em Fúria” (The Furies), de Anthony Mann, ao lado de Walter Huston e Barbara Stanwyck.

GRANDES FILMES E FAROESTES - Em 1951 a companhia de John Wayne produziu “Paixão de Toureiro” (The Bullfighter and the Lady), dirigido por Budd Boetticher, em que Roland tem aquela que é considerada por ele próprio a suprema interpretação de sua carreira. Sempre bastante requisitado e já não mais um jovial galã, Gilbert Roland passou então a alternar papéis principais com outros secundários e durante a década de 50 atuou em diversos gêneros de filmes como “Homens do Deserto”, com Burt Lancaster; “Assim Estava Escrito” e “Caminhos Sem Volta”, com Kirk Douglas; “Borrasca”, com James Stewart; “Rochedos da Morte”, com Robert Wagner; “Os Olhos do Padre Tomasino”, com Tony Curtis, invariavelmente interpretando latinos. Os fãs de western não se esquecem de Gilbert Roland em vários faroestes como “O Tesouro de Pancho Villa”, com Rory Calhoun; “Bandido”, com Robert Mitchum; “Trindade Violenta”, com Charlton Heston; “Antro de Desalmados”, com Audie Murphy; “Gigantes em Luta”, com Alan Ladd. O maior momento de Gilbert Roland em um western foi em “Crepúsculo de uma Raça” (Cheyenne Autumn), dirigido por John Ford e estrelado por Richard Widmark. Nesse filme Roland interpretou o chefe índio ‘Dull Knife’, recebendo uma indicação para o Prêmio “Golden Globe”. Roland já estava perto dos 60 anos e John Ford aos 70 anos estava em declínio como diretor. “Crepúsculo de uma Raça” tem belos momentos mas não pode ser considerado entre os grandes trabalhos do Mestre Ford.



Acima, Don Bráulio
FINAL DE CARREIRA COM UM WESTERN - Assim como muitos atores que fizeram carreira em Hollywood, Gilbert Roland também foi para a Europa, desembarcando na Itália para emprestar suas características e excelentes interpretações como bandido em spaghetti-westerns. Atuou em “Vou, Mato e Volto”, “Sartana não Perdoa”, “Cada um por Si” (com Van Heflin), “Deus Criou o Homem e o Homem Criou o Colt”, “Inferno no Oeste”, “Sonora” (com Jack Elam). Já nos anos 70 e 80 Gilbert Roland atuou em “A Ilha do Adeus” (com George C. Scott) e em “Capo Blanco” (com Charles Bronson). O último filme da carreira de Gilbert Roland foi o western “Barbarosa”, saudado como um brilhante faroeste por ninguém menos que a mais exigente crítica de todos os tempos, Pauline Kael (por muitos chamada de ‘Pauline Cruel’). Willie Nelson é quem interpreta ‘Barbarosa’, enquanto Gilbert Roland é ‘Don Braulio’. Sem dúvida, um glorioso ‘adiós’ para o veterano Gilbert Roland após 60 anos de carreira. Em Hollywood contava-se à boca pequena que Gilbert Roland teve nos braços as mais belas mulheres do cinema dos anos 30 e 40. Em 1954, porém, o conquistador Gilbert Roland foi ‘domado’ pela mexicana Guillermina Cantú, com quem se casou. Guillermina ficou ao lado de Roland até a morte do ator em 15-5-1994, aos 88 anos, vitimado por um câncer. Antes de morrer Gilbert Roland, cujo apelido era ‘Amigo’, se definiu como “Um romântico com o sangue espanhol, o coração mexicano e a liberdade da América”.

3 comentários:

  1. Apesar de todas as mazelas que o marido traido Joseph Schenck lhe impôs, o latino Roland teve uma vida e tanto. Amou belas mulheres, era um bom vivant, bom amigo, pode-se ver isto no seu jeitão de ser, além de ter dado a volta por cima e feito muitos filmes de qualidade.
    O primeiro filme que vi com ele e que me despertou a atenção foi Rochedos da Morte, de Weeb, ao lado de Wagner. Gostei do seu jeito de trabalhar, sempre sorrindo e sem largar a cigarrilha. Dai por diante foi uma série de fitas, mas sempre como ator coadjuvante. Nunca vi um filme onde fosse o ator principal, coisa que deve ter ocorrido nas décadas de 30 e 40.
    Mas era um bom ator sim. Com aquele trejeito explicitamente latino e dando conta de seus recados. Viveu bem, pois viver 88 anos com uma vida agitada que ele deveria ter, não são poucos anos de vida. Gostaria que se reprisassem mais filmes antigos na TV, para que a mocidade de hoje veja quantos atores bons nós, mais velhos, cultuamos, tivemos a chance de ver trabalhando e acompanhando suas trajetórias de sucessos.
    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Concordo com o Jurandir. Gilbert Roland tinha uma grande pose e de uma figura viril. costumo chama-lo de, o Homem do bigodinho. tenho um ótimo filme com ele, Sartana não Perdoa mais não como ator principal, o protagonista foi o Espanhol George Martin.

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  2. não se faz mais filmes de faroeste como antigamente ou seja porque os melhores atores ja morreram ou se aposentaram ai vai alguns nomes charles bronson lee van clef franco nero bud espencer giuliano gemma ihul birne henri fonda clint eastwood terence hil morgan freman e muitos outros que eu não lembro no momento

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