Havia um cinéfilo na confraria dos amigos do western de São Paulo, de nome Antonio Ribeiro (nascido em Xiririca, hoje Eldorado, SP), que dizia que "John Payne era melhor ator que John Wayne". É uma afirmação discutível, mas que leva a lembrar o bom ator que John Payne era. Payne fez um pouco de tudo no cinema, participando de musicais, dramas, policiais, aventuras com muita ação e alguns faroestes, tornando-se um mocinho bastante querido pelos fãs do gênero. No dia de hoje John Payne comemoraria, se vivo fosse, cem anos de vida.
Mansão típica da Virginia. |
DA RIQUEZA À POBREZA - John Payne nasceu em 23-5-1912 na cidade de Roanoke, no Estado da Virginia, filho de uma família abastada que morava numa daquelas enormes mansões do Sul parecidas com ‘Tara’, de “E o Vento Levou”. A mãe do menino John Howard Payne havia sido cantora de ópera e acreditando que o filho tivesse também pendor musical o colocou ainda pequeno numa escola de canto. O jovem John Howard tinha mesmo vocação para ser artista, o que fez com que ingressasse na Columbia University para estudar Arte Dramática enquanto paralelamente continuva com as aulas de canto na Julliard School. Veio então o crack da Bolsa de Nova York e o pai de John foi um dos centenas de milhares de norte-americanos que dormiram ricos e amanheceram pobres. Mr. Payne não agüentou o baque e veio a falecer meses depois o que levou John Howard a começar a trabalhar, coisa que nunca havia feito ainda. Com a crise de empregos que se instalou no país, John Howard até que deu sorte quando conseguiu emprego como cantor num teatro vaudeville, unindo o necessário ao agradável. A sorte continuou ao lado de John Howard que foi descoberto por um caçador de talentos e levado, como ator, para a companhia Schubert Theater. Em seu início de carreira John Howard Payne atuava no teatro e também no rádio, melhorando sua renda e aumentando sua exposição junto ao público.
John Payne acima com Mae Clark em um de seus primeiros filmes; abaixo a lendária Stella Adler; Payne como Kid Nightingale. |
PAR ROMÂNTICO DA LENDÁRIA STELLA ADLER - Moço muito bonito e com ótima voz, só havia um destino para John Howard: o cinema. O primeiro contrato que assinou foi com Samuel Goldwyn, estreando em 1936 como coadjuvante no memorável “Fogo de Outono”, estrelado por Walter Huston e com direção de William Wyler. Estranhamente Goldwyn liberou o promissor John Howard Payne que foi contratado pelo diretor-produtor Boris Petroff para o principal papel em um musical escrito por um jovem jornalista chamado Samuel Fuller que, por sinal, era da mesma idade de Payne. O musical se chamou “Hats Off” e Payne teve a oportunidade de cantar a clássica canção de ninar “Twinkle, twinkle, little star”. “Love on Toast”, de 1937, foi o filme seguinte de John Payne que contracenou com uma atriz estreante no cinema chamada Stella Adler. Na década seguinte Stella viria a ser professora de Marlon Brando, James Dean, Marilyn Monroe, Paul Newman, Robert De Niro, Dustin Hoffman e tantos outros astros que estudaram no Actor’s Studio. Stella fez apenas três filmes como atriz e possivelmente o único ator a beijá-la no cinema foi John Payne. Na vida real John Payne se casou em 1937 com a atriz Anne Shirley. Para melhor competir com a esposa que fazia razoável sucesso, Payne excluiu o ‘Howard’ de batismo e adotou o nome artístico mais simples de John Payne. Com esse novo nome continuou a carreira com “Jazz Academia”, em 1938, comédia dirigida por Raoul Walsh. Payne atuou em seguida em produções da Warner Bros. como “No Mundo da Lua”, musical de Busby Berkeley; “Asas da Esquadra”, com Olivia de Havilland; “Demônio Sobre Rodas”, com Ann Sheridan; protagonizou um boxeur em “Kid Nightingale”, com Jane Wyman. John Payne, que sonhava alto, deixou a Warner Bros. quando Jack Warner o escalou para dois filmes B de uma hora de duração.
John Payne com Alice Faye, Carmen Miranda e Cesar Romero; abaixo à esquerda com Sonja Henie; com Betty Grable. |
GALÃ DOS MUSICAIS DA FOX - Em 1940 John Payne assinou contrato com a 20th Century-Fox e seus primeiros trabalhos nesse estúdio foram como coadjuvante em “Maryland”, estrelado por Walter Brennan e em “O Eterno Dom Juan”, com John Barrymore. As coisas começaram a melhorar com “Estrela Luminosa”, em que Payne contracenou com Linda Darnell, filme que tinha no elenco um outro galã do estúdio chamado George Montgmorey. Seguiram-se outros musicais: “A Vida é Uma Canção”, em que John Payne atuou com Alice Faye e Betty Grable; “Alô, América!”, com Alice Faye; “Quero Casar-me Contigo”, com a medalhista olímpica de patinação Sonja Henie e com a Orquestra de Glenn Miller; “Rapsódia da Ribalta”, com Betty Grable e Victor Mature; outra vez com Sonja Henie em “Bodas do Gelo”; “Aquilo Sim Era Vida”, novamente com Betty e Alice. Esses musicais da Fox eram todos muito parecidos com o galã Payne que por vezes se revezava com Don Ameche para beijar as louras Alice Faye, Betty Grable e Sonja Henie. Em “Aconteceu em Havana” lá estava Alice Faye outra vez ao lado de John Payne, mas esse é um filme especial porque havia uma explosiva revelação de alegria, talento e graça com a presença da Pequena Notável Carmen Miranda. Em meio a tantos musicais, John Payne estrelou dois dramas de guerra: “Lembra-te Daquele Dia”, com Claudette Colbert e “Defensores da Bandeira”, com Maureen O’Hara e Randolph Scott. Este filme marcou o primeiro dos quatro encontros de John Payne com Maureen nas telas.
Payne em "O Fio da Navalha", com Herbert Marshall, Gene Tierney e Tyrone Power; abaixo as ex-esposas atrizes Anne Shirley e Gloria DeHaven. |
DIVIDINDO A TELA COM TYRONE POWER - A eclosão da 2.ª Grande Guerra alterou bastante a vida de John Payne que já havia mudado com o fim de seu primeiro casamento em 1943. O casal John Payne-Anne Shirley teve uma filha e o maior sucesso de Anne no cinema foi “Até a Vista Querida”, com Dick Powell, que foi também seu último filme pois Anne Shirley abandonou a carreira de atriz para ser dona-de-casa. Em 1944 John Payne se casaria com uma estrelinha da MGM chamada Gloria DeHaven, isto quando já havia sido convocado para atuar como instrutor de vôo da Força Aérea Norte-Americana. Ao final da Guerra John Payne retornou à Fox que o escalou para “As Irmãs Dolly” mais um musical e mais uma vez ao lado de Betty Grable, que era então a atriz mais bem paga do cinema e tinha uma famosa foto de maiô em todas as barracas dos soldados de Tio Sam espalhados pelo mundo. Em 1946 veio o segundo encontro de John Payne com Maureen O’Hara no drama “Conflito Sentimental”. Nesse mesmo ano Payne atuou ao lado do principal galã da Fox, Tyrone Power, em “O Fio da Navalha” com Gene Tierney e Anne Baxter também no elenco. Anne Baxter conquistou um Oscar por seu desempenho neste drama que foi grande sucesso de crítica e de público. Ainda em 1946 Payne atuou em “Acorda e Sonha”, com June Haver, estrela lembrada por ter abandonado a carreira artística para se tornar freira. Em seguida Payne estrelaria o maior sucesso de sua carreira.
John Payne duas vezes com Maureen O'Hara; abaixo em "De Ilusão Também se Vive", com Natalie Wood e Edmund Gwenn. |
Payne em luta com Dan Duryea em "Senda de Sangue". |
A SÉRIE DE WESTERNS DOS ANOS 50 - Quando os faroestes feitos em série pelos pequenos estúdios agonizavam, começaram a ser feitos westerns, produções independentes de melhor qualidade. John Payne que ainda não havia participado de um western atuou pela primeira vez no gênero em “El Paso”, de 1949, com belo elenco composto por Gail Russell, Sterling Hayden, George Gabby Hayes e Dick Foran. Ao lado da linda Rhonda Fleming, Payne estrelou em 1950 “A Águia e o Falcão” (The Eagle and the Hawk). Em 1951 Payne atuou no faroeste “Passage West”, com Arleen Whelan. Todos estes três westerns foram dirigidos por Lewis R. Foster e produzidos pela Pine-Thomas Productions. A seguir Payne fez “Sangue do Sul” (The Vanquished), com Jan Sterling, western de 1953. Em 1954 John Payne se defrontou com Dan Duryea em “Senda de Sangue” (Rails into Laramie), em que a heroína era Mari Blanchard. Nesse mesmo ano John Payne voltou a ter Dan Duryea como inimigo, desta vez chamado McCarthy, no excepcional pequeno western de Allan Dwan “Homens Indomáveis” (Silver Lode), já comentado neste blog, tendo Lizabeth Scott como o interesse romântico. “Massacre Traiçoeiro” (Santa Fé Passage), de William Witney, é de 1955 e tem no elenco o charme de Faith Domergue, além de Rod Cameron e Slim Pickens. Allan Dwan dirigiu novamente John Payne que interpretou o jogador conhecido por 'Tennessee' em “A Audácia é Minha Lei” (Tennessee’s Partner), com Rhonda Fleming e Ronald Reagan, western de 1955. Nesse ano Payne foi dirigido por Joseph Kane em “Renegado Impiedoso” (The Road to Denver), com Lee J. Cobb. Em 1956, sob a direção de Alfred L. Werker e com Ben Johnson no elenco, John Payne estrelou “Sede de Matar” (Rebel in Town), com Ruth Roman como sua esposa no filme. Foram dez westerns naquela que foi a última grande década do gênero.
John Payne com John Smith, Ben Cooper, J. Carrol Naish e Ben Johnson em "Sede de Matar"; abaixo com Ruth Roman no mesmo filme; à direita com Dan Duryea em "Homens Indomáveis". |
Cenas de "Os Quatro Desconhecidos", com John Payne, Preston Foster, Lee van Cleef e Neville Brand; abaixo Payne ameaçado por Jack Elam e por Lee Van Cleef. |
POLICIAIS CLÁSSICOS - Na sua vida pessoal, o casamento de John Payne com Gloria DeHaven havia acabado em 1951, resultando em dois filhos. Em 1953 Payne se casou com Alexandra Crowell Curtis, a únicade suas três esposas que não era atriz. John Payne não fez apenas westerns depois que saiu da Fox e entre esses filmes estão: “O Tesouro Perdido”, com Rhonda Fleming; “A Fortaleza da Jamaica”, com Arlene Dahl; “E o Céu Ficou em Chamas” com a mocinha dos Westerns-B da Republic Lynne Roberts; “O Corsário dos Sete Mares”, com Donna Reed. Em 1952 John Payne fez o primeiro dos três filmes em que atuou sob a direção de Phil Karlson, o policial noir hoje clássico intitulado “Os Quatro Desconhecidos” (Kansas City Confidential), ao lado de Coleen Gray. O elenco de coadjuvantes deste filme que para muitos críticos é uma obra-prima conta com Preston Foster e seus capangas Neville Brand, Lee Van Cleef e Jack Elam. Phil Karlson dirigiu John Payne no excelente policial “A Morte Ronda o Cais”, com Evelyn Keyes. O terceiro filme de Payne com Karlson foi “A Ilha do Inferno”, com Mary Murphy. Rhonda Fleming era um par constante de John Payne, com quem atuou em “O Poder do Ódio”, de Allan Dwan, o mesmo diretor que o dirigiu em “Noite Sangrenta”, com Chuck Connors, ambos filmes de 1956. Com roteiro de Dalton Trumbo e direção de Byron haskin, John Payne atuou em 1956 no drama “Os Poderosos Também Caem”. Nesse ano Payne trabalhou em quatro filmes, todos de pequeno orçamento, ganhando bastante menos do que recebia na Fox, o que o levou a aceitar fazer o que muitos atores vinham fazendo que era estrelar uma série na TV.
O REVÓLVER INCANSÁVEL DA TV - Foi em 1957 que John Payne passou a interpretar ‘Vint Bonner’, na série “The Restless Gun”, estrelando os 77 episódios da série que permaneceu no ar por dois anos, com relativo sucesso. Uma curiosidade da série é que Dan Blocker teve participação em cinco episódios, antes de se transformar no 'Hoss Cartwright' de “Bonanza”. André De Toth era especialista em westerns, mas dirigiu John Payne no policial “Terror Oculto”. Em 1955 John Payne havia conseguido uma opção para filmar histórias de um escritor britânico que havia criado um agente chamado 'James Bond', pertencente ao Serviço Secreto de Inteligência da Inglaterra, agente que usava o número 007. O nome do escritor era Ian Fleming e Payne pagou durante nove meses a quantia mensal de mil dólares a Fleming, até que desistiu de utilizar as histórias do escritor que já havia lançado “Casino Royale”, “Live and Let Die”, “Moonraker” e estava lançando “Diamonds are Forever”. Certamente John Payne deixou de ficar rico quando desistiu da opção que havia conseguido.
A adorável Janet Leigh com John Payne. |
APOSENTADORIA TRANQUILA - Em 1961 John Payne foi atropelado por um automóvel em Nova York, passando dois anos em recuperação e tendo ficado com o rosto bastante marcado por cicatrizes que ele se recusou a corrigir com operações plásticas. Nos anos seguintes Payne fez algumas participações em série de TV como “Gunsmoke” e “Glenn Ford é a Lei”. Em 1968 Payne dirigiu “They Ran for Their Lives”, policial que estrelou e que tinha Scott Brady no elenco, filme que foi o último longa-metragem de John Payne. A derradeira a atuação do ator John Payne foi num episódio da série “Columbo” estrelada por Peter Falk, ao lado de Janet Leigh, uma excelente companhia para ele que sempre esteve ao lado dos mais belos rostos do cinema. Nascido rico e tendo passado por enormes dificuldades, John Payne se tornou um homem com situação econômica bastante tranquila, isto graças aos investimentos que fez em terras no Sul da Califórnia. Payne não teve filhos com a terceira esposa, com quem viveu até falecer em razão de problemas cardíacos em 6 de dezembro de 1989, aos 77 anos. A bela carreira de John Payne, ator que transitou com igual competência pelos mais diversos gêneros cinematográficos, merece ser lembrada com grande respeito, até mesmo porque há quem o considere "melhor que John Wayne".
Bom, não diria que Payne é melhor que o Wayne. De forma alguma. Mas ele é daqueles atores discretos, que não comprometem um fime ou personagem. Mas falta-lhe o carisma do Duke. Em "Homens Indomáveis" ele lembra o James Stewart em algumas cenas. Não estou me referindo ao talento, claro. Mas ao seu rosto mesmo.
ResponderExcluirDarci, muito grato por mais essa pequena biografia de um ator pouco, ou nunca, lembrado. Ler sobre Gary Cooper ou John Wayne é fácil e sobre eles encontramos textos variados na internet. Mas John Payne? Só aqui em seu blog.
Edson Paiva
Cada qual tem suas preferencias, conforme digo constantemente. E a do Antonio Ribeiro precisa ser reverenciada.
ResponderExcluirConheço muitos amigos que acham Audie Mutphy o melhor dos cawboys do cinema. Outros, e até eu também gosto muito, acham que o Randolph Scott foi o bamba. E daí por diante.
Para mim Cooper foi meu maior ídolo. Porém, tenho de por respeito demais na filmografia do Duke, com todos seus defeitos pessoais.
É uma verdadeira colheita de prazer quando tomo ciencia de fatos inéditos do cinema, seus astros e suas estrelas.
Eu, que eu tanto participei deste como cinéfilo doente, mas que desconhecia uma enormidade de passagens daqueles ídolos adorados. E com John Payne foi assim também.
Vejamos;A familia de Payne viveu numa daquelas mansões belissimas da foto. Seu pai perdeu sua fortuna na queda da bolsa em 1929. Faleceu poucos meses depois e seu filho, John Payne (que se parece muito com Ray Milland), foi cantor, trabalhou no teatro e veio para o cinema.
E um de seus primeiros papéis foi contracenando com uma garota, de nome Stella Adler, que mais tarde viria a ser professora de grandes e famosíssimos astros da tela, e que ele foi o unico ator a beijar esta mocinha no cinema.
Pode paracer simples, mas para mim é espetacular saber de tudo isso. Tudo é muito um presente para mim.
São passagens tão ricas e incrivielmente necessárias de saber, que chego a imaginar como teria sido tudo tão mais rico ainda se, naquela época, eu já tivesse ciencia de tudo isso.
Lendo esta resenha formidável, vejo que ele foi, de fato um ator muito requisitado e que fez filmes de todos os generos. Trabalhou ao lado de lindissimas estrelas e de grandes atores, e foi dirigido por muito bons diretores.
Um excepcional curriculum.
Revendo meus apontamentos descobri que assisti a seis filmes com John Payne.
Entretanto, não recordo dele desfrutar de grande cartaz na época de minha maior atividade cinemaniaca, que foram os anos 50 e 60.
Então, por uma questão de diferença de anos de seus sucessos e também por ser uma época onde eu valorizava muito astros como Lancaster, Douglas, Cooper, Madison, Scott, Murphy, dentre outros, que não sobrava muito espaço para alguém sem tanto conhecimento para mim como o Payne, haja visto que o pico de seus sucessos se deu em fins de 30 e nos anos 40.
A década de 50, onde fez muitos faroestes, não me foi premiado a satisfação de vê-lo em ação, o que não tira seu enorme valor, haja visto esta longa esteira de grandes filmes ao lado de outros grandes atores e atrizes.
jurandir_lima@bol.com.br
Paiva?
ResponderExcluirSabe de uma coisa que você somente vai perceber porque eu o estou pondo em alerta? Olhe para a data e os horários de nossas postagens aqui.
Irás perceber que, enquanto eu lia e fazia o meu comentário aqui, você fazia o mesmo aí no Sudeste. Tudo exatamente no mesmo instante.
Uma grande coincidencia, não?
Grande abraço, companheiro.
jurandir_lima@bol.com.br
Não é que é mesmo? Uma grande coincidência, Jurandir.
ExcluirEdson Paiva
Bem lembrada a semelhança de John Payne com o Ray Milland, Jurandir. Vi apenas três faroestes com o Payne mas sou daqueles que quando o cara faz mais que três já viro fã. E ele tem uma boa dezena deles, fora as participações em filmes de tv.
ResponderExcluirO ator vivo que mais admiro é o Robert de Niro. Fico chateado por ele nunca ter feito um western. Mas também ele é de uma geração em que o gênero já estava em seus estertores, nê? Mas custava ele interpretar um desses grandes fazendeiros ou barões do gado num faroeste qualquer?
Mas entre os cowboys famosos meu número 1 é o Randolph Scott. Talvez porque quando garoto ele era o que mais frequentava as "sessões da tarde" dos anos 80. O Scott, com aquela sua cara de pedra, fazia o pistoleiro perfeito. Pena que ele era sempre o mocinho e nunca fez um vilão propriamente dito. Certamente ficaria ótimo. Ainda nos anos 80 li um romance do americano Stephen King, chamado "O Talismã", em que o vilão de um mundo pararelo era um cowboy tinha o corpo e a fisionomia do Randolph Scott, vestindo-se todo de negro. Esse romance sempre me fez imaginar como ele poderia fazer um personagem "do mal" de forma bastante convincente.
Edson Paiva
Paiva;
ResponderExcluirComo conversa puxa conversa, vamos lá.
Estou de seu lado quando falas que o De Niro é o ator vivo mais admirado. É. E verdade.
Porém, o De Niro, que com todo aquele montão de talento e jeitão para desempenhar tipos diversos, e muito bem, cometeu um erro em sua carreira. Não um erro que eu nem você não cometesse, mas uma discrepancia que o tornou um ator muito comum.
Isto porque ele fez todo o tipo de filme que lhe apareceu pela frene. Ou seja; não selecionou seus papéis como muitos outros atores fizeram, preservando sua imagem para papéis que, de fato, lhe valia a pena.
Olha, Paiva: o De Niro fez cada filme, ou ponta, ou mesmo mera aparição, que eu chegava a censura-lo pessoalmente, de como era possivel um ator daquela estirpe se meter numa daquela!
No meu ver ele somente deveria fazer papéis como aquele de Os Intocáveis, A Missão, O Poderoso Chefão II, dentre mais umas dezenas de grandes personagens.
Más que ele sempre foi um ator diferenciado, isto foi.
Entretanto, no meu ver, o grande ator da atualidade, e já há um bom tempo, é o De Caprio. Ele é formidável e fica mais ator a cada novo papel que faz. Não deixe de ver "Foi Apenas um Sonho/08", do Sam Mendes, com ele ao lado da formidável Kete Winslet. Excelente o De Caprio, como podemos confirmar isso em: O Aviador, A Ilha do Medo, Prenda-me se For Capaz, Os Infiltrados, Diamante de Sangue, A Origem, etc.
Quanto ao Randy ele sempre foi aquele cawboy maravilhoso. Só vi uma pessoa que falou mal dele, que foi uma sobrinha minha, que disse que não gostava dele por aquele jeitão de machão dele, aquela cara sempre imutável e aquela forma de caminhar.
Mas ela não falava do ator e sim do homem. Além do mais ela não era cinéfila como somos. Apenas viu um filme ou dois com ele, pegou nele alguns detalhes e passou a detesta-lo.
Grande abraço
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir e Edson -
ResponderExcluirDuas questões: será que ganhando o que ganham os grandes atores precisam se submeter a certos trabalhos? Fazer um filme após o outro, como De Niro, quase sempre de qualidade duvidosa (falo mais pelo que leio a respeito pois vi poucos dos últimos filmes de Robert De Niro). E Al Pacino, que penso ser do mesmo nível ou até melhor ator que De Niro e segue caminho parecido. Outra questão: a falta de diretores de talento como a geração de De Palma, Coppola e Scorsese.
Até hoje não fui atrás de O Aviador que sei que é muito bom, mas assisti recentemente J. Edgar e o Jurandir tem razão quando fala bem de Leonardo Di Caprio. O moço conseguiu se desfazer daquela imagem que o marcou fortemente com Titanic e é parece mesmo ser um dos bons atores da atualidade.
Dã geração de Pacino e De Niro são também Jack Nicholson, Dustin Hoffman, Gene Hackman e Robert Duvall, o que basta para chamar de uma das melhores safras de atores que o cinema já teve. Safra que nada fica a dever àquelas da badalada Golden Age.
Darci
Edson -
ResponderExcluirAquele moço de Xiririca que eu citei tinha umas tiradas meio malucas. Certa vez disse que na década de 50 só houve três filmes que prestaram: Shane, O Maior Espetáculo da Terra e Scaramouche. Nunca conheci niguém tão radical, nem mesmo o Nicolau. John Payne era um ator versátil e que correspondia sempre. Gosto muito da interpretação dele em Homens Indomáveis, mas daí a afirmar que ele era melhor que John Wayne vai uma certa distância. Duke Wayne é o ator que teve mais livros publicados sobre sua vida. Mais até que os badalados Marilyn, James Dean e Elvis que também tem muito material impresso mas a maioria com fotos e mais fotos. Depois vem a questão da filmografia. Neste fim de semana o TCM vai passar oito westerns com John Wayne, não lembro de todos, mas estarão lá Rastros de Ódio, Liberty Valance, Bravura Indômita, Katie Elder, Legião Invencível e mais três também muito bons que não me recordo agora pois vi a chamada apenas uma vez. Não bastasse tudo isso, o grandalhão que faria aniversário amanhã ficou anos e anos seguidos na lista dos dez mais de bilheteria, muitas vezes em primeiro lugar, feito que até agora só Clint chegou perto. Há uma matéria comparativa aqui no Westerncinemania. Portanto o Toninho Ribeiro fez valer sua fama de radical.
Outro dia você falou bem do Tom Cruise. Como ele só agora está chegando nos 50 anos pode ainda ultrapassar Duke e Clint nessa lista dos maiores de todos os tempos. O endereço para checar é Quigley Publishing. Vale à pena.
Refazer Sete Homens é um risco enorme, ainda que a nova geração desconheça o western de Sturges. Naquele filme de 1960 estavam no elenco McQueen, Eli Wallach, James Coburn e o posudo Yul Brynner. Será que aparece gente assim para o remake?
Um abraço - Darci
Jurandir e Darci, vocês têm razão na crítica ao De Niro.
ResponderExcluirApós "Cassino" e "Fogo Contra Fogo", ambos lançados em 1995, ele participou de cerca de 40 FILMES. Isso mesmo, QUARENTA!!
Contam-se nos dedos de uma mão os que realmente fazem jus ao seu talento. O curioso é que ele nunca esteve em decadência, sempre recebeu muito por cada filme, é requisitado, todos querem com ele trabalhar, é um cara inteligente, entende de cinema, é produtor de sucesso e é também um bom diretor.
Ou seja, sua decisão de fazer qualquer tipo de filme é inexplicável sob qualquer ponto de vista.
Talvez ele seja um "workaholic" e precise desesperadamente estar diante de uma câmera. Só pode.
Uma outra explicação é que faça de tudo para arranjar grana suficiente para alavancar projetos pessoais como "O Bom Pastor", que ele promete ainda dirigir uma sequência, traçando assim um painel ambicioso da história da CIA e do serviço secreto americano.
Mas não importa. O fato é que ele deve ser maluco pois aceita qualquer papel insignificante em filmes horrendos sem necessidade.
Edson Paiva
Jurandir, sempre gostei do Di Caprio. Muito stêm preconceito contra ele porque virou um galã teen instantâneo graças a "Titanic". Mas tanto antes quanto depois desse filme (que acho muito bom) ele sempre fez escolhas ousadas. E sempre trabalhou com a nata dos diretores americanos. E continua assim até hoje. Ninguém faz quatro filmes (e tem mais um a caminho)com Scorsese impunemente, certo?
ResponderExcluirDarci, penso que o Cruise merece o status de grande ídolo. O rapaz é bom.
Sobre a refilmagem, superar o filme do Sturges é impossível. Mas pode sair algo bom daí. Tem que acertar o elenco. Existem bons atores que poderiam se incumbir dessa tarefa. Vai ser igual? Claro que não. Mas quem sabe se aproxime?
Pior é que vão refilmar "The Wild Bunch" também. Esse caso sim considero uma heresia absoluta.
Edson Paiva
E sobre os dois "Johns", Payne e Wayne, é mesmo sem lógica a comparação. Não tem como competir com "John Wayne" simplesmente porque ele era um personagem interpretado pelo senhor Marion Mitchell Morrison.
ResponderExcluirO senhor Morrison o interpretou em mais de uma centena de filmes de forma fantástica. Sempre o mesmo, com os mesmos maneirismos e até mesmo com a mesma roupa, o mesmo cavalo e o mesmo chapéu.
"John Wayne" é uma criação única, inigualável! Como competir com um ícone?
Por outro lado, nas poucas vezes em que o senhor Morrinson deixou o sensacional personagem "John Wayne" de lado ele nos brindou com outras criações excepcionais como "Ethan Edwards" e "Thomas Dunson".
Resumindo, ninguém jamais será maior que o Duke no cinema americano.
Edson Paiva
Darci, outra explosiva revelação ocorreu nas fotos de divulgação de Aconteceu em Havana. Cesar Romero gira Carmen Miranda e um fotógrafo viu a pequena notável... Vamos falar dos astros e seus filmes.
ResponderExcluirDe Niro e suas opções: Lembrei de um ator falando sobre a paixão por carros e quando encontrou uma raridade, ligou para sua garagem e pediu que seu mecânico particular o avaliasse. Foi informado que já possuía um carro igual. Ser rico é caro, coitados. Quem sabe o Edson esteja certo e o salário para o futuro produtor justificaria tantos filmes fracos.
De Niro acertou recentemente como o "feliz" capitão Shakespeare em Stardust e em 2010 no denso Stone, filme com diálogos e imagens fortes que não explicam tudo, ainda bem. Também gostei da segunda experiência como diretor, O Bom Pastor.
DiCaprio e De Niro atuaram juntos, O Despertar de Um Homem. Preciso ver a indicação do Jurandir, Foi Apenas um Sonho, de Sam Mendes. Este tem no currículo Estrada da Perdição e o notável Beleza Americana.
John Payne levou uma terrível flechada em Massacre Traiçoeiro, mas tinha Faith e quem o cuidasse: Slim Pickens. Bastou Tom Cruise passar para o time dos arqueiros e as flechas são mortais, os tiros não (O Último Samurai). Mas Cruise atuou sem comprometer no excepcional Magnólia. Filmes como este me afastam do saudosismo, embora seja um dever no faroeste, pois teimam em refilmar a base sólida de uma possível reconstrução. Uma exceção: O Álamo novo é bem melhor que o dirigido pelo... Como se chama o ator que rebola?
Ivan -
ResponderExcluirConfirma-se uma suspeita antiga que eu tinha. O amigo gaúcho jamais perdoou John Wayne porque este não teria aceitado trocar seu cinturão de cowboy por aquele cinto de inutilidades. Segundo comentou-se à época, Duke Wayne sabiamente recusou as propostas para interpretar Batman no seriado de 1949, mesmo porque ele teria que engordar para vestir a larga roupa do Homem Morcego. Quando Duke atingiu o peso ideal para ser Batman, optou-se por Michael Keaton, o Batman dos sonhos de batmaníacos que vivem bem ao sul do Equador. Por outro lado comenta-se que Kevin Kline tentou inutilmente imitar o inimitável andar do Duke em Silverado.
Um abraço - Darci
Peixoto?
ResponderExcluirO que é isso com o Duke, rapaz?!
Tomara que o Darci veja isso que você escreveu.
Sabe? Acho que você mexeu em formigueiro de formiga saúva, meu caro amigo! A cobra vai fumar! Cutucou onça com vara curta! Espere e verá. É só esperar um pouquinho só.
Amigo Peixoto: falando sério agora. Quando você diz que O Alamo é melhor do que o filme dirigido pelo ator que rebola, fala do filme Lee Hancock de 2004?
Se é isso sua opinião tem muito sentido, porque o filme de Wayne morreu, não teve folego para sobreviver 50 anos.
Ele pode ter sido bom, na época. Afinal tinha o Duke em alta, tinha algum sentido filmes com aquelas adições à historia real, tinha uma boa musica e alguns instantes hilários e outros assistiveis. Mas foi um filme sem folego suficiente.
E isso podemos ver no seu remake, do Hancock, que vence-o.
E o filme do Hancock, apesar de não ser lá estas maravilhas, tem bons efeitos, é mais direto, mais cru, com violencia mais presente, tem seguimento após o massacre do Forte, com o Huston vingando a chacina e esmigalhando Santana, mas peca no elenco, que o Alamo do Duke tem melhor.
Quanto a este filme do Cruise, Magnólia, você o recomenda?
É que tenho medo de ver alguns filmes com o Cruise.
Este filme que ele fez com a Diaz, Encontro Explosivo, Operação Valquiria e Leões e Cordeiros me deixaram de cabelos em pé com suas ultimas escolhas. Aqui para nós, mas são filmes muito fracos!
Quer saber meu ver, de verdade, Peixoto? Acho mesmo que, por incrível que possa paracer, o melhor filme que o Cruise fez, no que considero esta segunda fase de sua carreira, afora sua série Missão, foi mesmo O Ultimo Samurai.
Mas eu te digo porque O Ultimo Samurai foi bom; foi bom porque foram bons também; Tempos de Gloria, Nova York Sitiada, Lendas da Paixão e Diamante de Sangue, por exemplo.
E o que tem estes filmes em comum? Claro que o comando de um dos melhores cineastas americanos de ultimamente, que é muito bom Edward Zwick. Nada onde ele põe a mão deve deixar de ser visto.
Sinceramente eu o considero um Hawk's moderno. Possivelmente ainda, até um pouco melhor, já que temos base para tal comparação, pois as obras de ambos estão aí.
Grande abraço
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir, eu não gosto muito do Cruise, mas divergimos nos filmes, fico com Leões e Cordeiros e por último o Samurai. Ainda não vi Diamante de Sangue.
ExcluirGostaria que conferisse Beleza Americana e Magnólia (uma das indicações ao Oscar do Cruise), dois filmaços.
Aguardo tua opinião.
Um abraço.
Jurandir -
ResponderExcluirJá comentei o comentário do gaúcho. Ele está acima do seu comentário. Inspirado por aquele moço de Xiririca, despertou no gaúcho o adormecido lado antiDuke.
Creio que você se equivocou no filme Tempo de Guerra, de Edward Zwick. Nesse quem trabalha é Matthew Broderick e não Tom Cruise. Descobrimos os tantos fãs que o Tom Cruise possui mas não vejo ninguém lembrar de Rain Man e de Nascido em 4 de Julho, filmes em que Tom está bem.
Darci
Darci, eu tentei ser engraçado, porém gostei bem mais das tuas sacadas. Quantas coisas diriam de um Batman rebolador, mas um Dean Martin vestido de Robin e segurando um copo de whisky, colocaria ordem naquela bat-caverna, ajudado pelo fiel mordomo James Stewart. Sim, eu sei, Jerry Lewis ou Jill St. John ficam melhores de amarelo resplandecente.
ExcluirJurandir, acho você cometeu um sacrilégio ao dizer que o Zwick é um "Hawks moderno". Hawks tinha leveza no dirigir enquanto o Zwick tem a mão muito pesada. Fico sempre com a impressão que seus filmes poderiam ter meia hora a menos e assim seriam bem melhores. Sem contar que ele é chegado a um exagero dramático que a mim não me agrada. "O Último Samurai", um bom filme, poderia ser um filmaço se aquele final não fosse tao sentimental. Ele é um diretor correto mas é didático demais, como se seguisse um manual de como dirigir. E exagera na dose. Hawks??? Amigo, terá que pagar penitência por essa.
ResponderExcluirQue tal assistir "Era Uma Vez no Oeste" QUATRO vezes seguidas??
Jurandir, além dos filmes lembrados por você Tom Cruise também está ótimo em "Colateral" e em "A Cor do Dinheiro" onde ele encara com muita competência uma lenda como o Paul Newman. Sem tremer nem piscar. Claro que ele é mais limitado que o Di Caprio ou mesmo o Brad Pitt. Mas o rapaz é bom.
Edson Paiva
John Payne está muito bem em "A Audácia é Minha Lei". O tipo galante lhe caía como uma luva. Ainda mais como um "gambler" do velho Oeste com bigodinho e visual almofadinha.
ResponderExcluirRonald Reagan era seu parceiro de tela. Pena que fez pouquíssimos westerns. Ele tinha um jeitão de pistoleiro que poderia ter rendido mais faroestes. Quando na presidência dos EUA, e nas campanhas eleitorais, conseguiram caracterizá-lo como cowboy de forma pejorativa quando ele nunca foi de verdade um deles. Longa-metragens de faroestes ele tem cinco no máximo.
Como sempre em seus faroestes Rhonda Fleming ilumina a tela com seus cabelos cor de fogo. Imagino como os adolescentes dos anos 50 e 60 deveriam sonhar com ela. Dêem seus depoimentos a respeito, Darci e Jurandir.
Edson Paiva
Darci;
ResponderExcluirJamais falei em Tempos de Guerra do Zwick, interpretado pelo Cruise. O grande filme dele, Zwick, é com Broderick, Morgan, Washington e ect. E é Tempos de Gloria, conforme citei no meu comentário.
Mais ainda; quando citei os filmes, não os citei como sendo estrelados por Cruise. Falei dos filmes do Zuick em geral.
Quanto à comparação entre o Zwick e o Hawk1s, sou modesto para citar que posso ter exagerado. Mas é que sou fã dos filmes dele e o vejo como uma revelação nos ultimos tempos.
Observei agora que já havias comentado sobre o"homem" que detesta o Duke, para ele o ator/diretor que rebola. Fazer o que? É o gaucho quem fala e vamos respeitar.
Mas não fica bem ele ficar espalhando por aí que o Duke rebola. Afinal, não é somente você, Darci, quem gosta do bom cawboy.
jurandir_lima@bol.com.br
Edson -
ResponderExcluirA imagem de cowboy de Ronald Reagan, como você bem lembrou, foi usada na campanha para presidente e devia-se mais ao modo de vida dele do que à meia dúzia de faroestes que fez. Reagan possuía três ranchos e exagerando um pouco dizia-se que ele ficava mais no seu Rancho del Cielo do que no salão oval da Casa Branca. Reagan gostava de contar que sua primeira namorada havia sido uma égua chamada Tar Baby. Ele ficou depois com a filha e com a neta de Tar Baby, ou seja, três gerações de equinos. Tar Baby era o cavalo que ele fazia questão de montar em seus faroestes feitos nos anos 50. Fico imaginando ele conversando com dignatários do mundo todo falando a eles de cavalos e de seus ranchos. Por outro lado, John Wayne detestava cavalos. Apesar de montar excelentemente bem o Duke morria de medo de ser mordido ou derrubado de um deles. A perseguição de Ethan Edwards a cavalo a Debbie, que termina na gruta sem cortes, é antológica, bem como ele entrando montado na tenda de Scar.
O Reagan era mais um cowboy do que um mocinho. Pensando bem estava mais para bandido que para mocinho, como se viu em Os Assassinos.
Rhonda Fleming foi uma das mulheres mais bonitas do cinema de seu tempo e ainda hoje, aos 90 anos se conserva excepcionalmente bonita e ativa. E ela canta também bastante bem. Procure ouvir alguns dos standards da música norte-americana que ela gravou. Extremamente simpática Rhonda mantém uma secretária para não deixar nenhum fã sem resposta e sem fotos. Possuo um exemplar da extinta revista Wildest Western que ela mandou dos USA ao saber que havia no Brasil fãs de westerns. Nessa edição há uma longa entrevista com Rhonda. Artisticamente faltou alguma coisa a ela. Dava conta do recado mas não pode ser listada entre as grandes estrelas de Hollywood, mas liderava com folga o segundo escalão. E fez um punhado de westerns. Já foi abordado neste blog A Vingança deixa a Sua Marca, por ela estrelado com Guy Madison. Pra falar a verdade os adolescentes da minha idade, depois que esqueceram Rocky Lane e Roy Rogers sonhavam mesmo era com Sandra Dee...
Um abraço - Darci
Grande Paiva:
ResponderExcluirDe verdade como a Rhonda Fleming iluminava a tela com aquela cabeleira ruiva e aquele rostinho com contornos de inocente, onde não havia nada de inocencia ali.
Mas, o mais importante é que ela era mesmo muito bela e agradável. Mas, gostava também da Virginia Mayo, da Malone e mais uma outras, que inclui Gail Russel.
Olha, amigo: posso ter exagerado um pouco em comparar o Zwick com o Hawk's. Mas, é como disse ao Darci; acho o cineasta uma excessão entre os novos diretores nos EUA.
Concordo também que, em todos os seus filmes ele arrasta um melodramismo exagerado nos finais de seus filmes. Mas isso é desculpável, pelos bons trabalhos que vem fazendo.
Quanto ao Reagan, sempre o achei com cara muito mais de Presidente dos EUA do que de ator. O rapaz pouquissimo fez que pudessemos louva-lo pelo trabalho. Infelizmente.
Peixoto? Pegue essas aí;
ResponderExcluirVou rever Leões e Cordeiros, embora não lhe garanta que vou gostar dele desta vez. Quanto a Magnolia, vou brigar comigo e assisti-lo.
Não gosto de ver meus amigos, como você e o Paiva, falando bem de alguns filmes e eu torcendo o nariz para eles. Portanto, vou me sacrificar, como fiz com Era Uma Vez No Oeste, e rever estes filmes do Cuise.
Quanto ao Duke, sabia que pilheriava, que brincava.
Mas, tenho outra coisa para lhe dizer; ontem assisti a El Dorado, filme que o amigo aprecia mais que Onde Começa o Inferno. Mais ainda; todos o vêm, inclusise tu, como uma versão mais nova (são 8 anos de um para o outro) de Rio Bravo.
Bem; não consegui ver o que viu o amigo ser, em nada, uma fita melhor que Rio Bravo. No meu ver, que fique claro isso.
Certo que tem o Mitchum muito bem, alguns outros atores, também bem. É um filme bem feito, como tudo o que o Hawk's faz, mas muito diferente de Rio Bravo.
Não apenas por ter o Mitchum um beberrão como o Martin, um jovem, o Cann, como o Nelson, um ajudante como o Brennan, um homem preso como o Claude Akins e mesmo uma mocinha que muito se parece com a Angie Dickinson, ele mostra ser um Rio Bravo mais atual, como já ouvi comentario semelhante, até um Quiz.
Estes itens que enumero são particularidades selecionados por Hawk's, que ele acha que irão dar mais vida ao seu filme. Um conjunto de personagens diversos como aquele, claramente que iria dar ressalto no seu filme, assim deve pensar o Hawk's.
Mas ele não tem nada a ver com Rio Bravo, até no cenário, que tem muitas externas, que não é o caso do outro.
Fico à espera de sua contra resposta. Mas, caia devagar sobre o bahiano aqui, que somente tenta esticar e manter contatos.
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir -
ResponderExcluirConfesso que li seu comentário um tanto apressadamente e achei que você falava de Tom Cruise quando se referia a Edward Zwick, o diretor de Tempo de Glória, filme que gosto bastante.
omo não conheço quase nada desse diretor eu não quis emitir opinião sobre sua comparação, mas, depois de ler o comentário do Edson Paiva, que assiste praticamente a tudo, seja novo ou antigo, mais se consolidou a impressão que você fez uma comparação indevida. Penso mesmo que toda essa nova geração de diretores que sucedeu a geração liderada por Scorsese e Coppola (que ainda filmam), precisa comer muito feijão com arroz para serem chamados de cineastas, quanto mais comparados a Howard Hawks.
Quanto ao fato do Gaúcho falar mal do Duke eu sugiro que ele assista ao vídeo O Andar de John Wayne, que se encontra neste blog. É só clicar na lista na coluna à direita. Lá estão grandes atores tentando imitar o andar de John Wayne. E na imaginação desse Gaúcho ele vê John Wayne com a roupa de Batman e o Dean Martin como Robin e ainda com um copo na mão. Só faltou colocar a gatíssima Angie como Mulher-Gato. É isso que dá se exceder no chimarrão...
Concordo com você que El Dorado perde longe para Rio Bravo. Perde no velho, perde na mulher, perde no bêbado (apesar de Bob Mitchum estar muito bem), perde até no jovem e claro, nos bandidos. John Russell,Claude Akins, Pedro Gonzalez... Em Eldorado falta tudo que sobra em Rio Bravo, ou seja ritmo, espontaneidade e até mesmo a alegria que deve ter reinado no set. Conheço muita gente que prefere El Dorado a Rio Bravo mas é uma coisa que eu não consigo entender. É como querer comparar Rio Lobo com o próprio El Dorado, que é infinitamente melhor.
Acho que foi o Paiva quem falou do Paul Newman. Na minha opinião Newman era um bom ator, mas só isso. Não chegou nem perto de Brando, Monty Clift e outros de sua geração, incluindo o menosprezado Rock Hudson. Compararia Paul Newman a Tony Curtis, isto numa comparação bastante elogiosa para o Butch Cassidy.
Darci
Em "A Audácia é Minha Lei" a Rhonda aparece em uma banheira e mostra as suas belas e magníficas pernas. E não eram pernas de alguma dublê como sempre foi muito comum em Hollywood. Após essas cenas posso dizer que não eram só os cabelos e o rosto que ela possuía como encantamentos.
ResponderExcluirDarci, considero o Newman muito melhor que o Clift e páreo seríssimo para o Brando. Na verdade prefiro mais ele que o Brando. Brinquei com o Jurandir que ele havia cometido um sacrilégio na comparação Zwick/Hawks. Agora me parece que é você quem comete uma heresia em comparar Paul Newman com o Tony Curtis, com vantagem para o último.
Sempre vi o Newman, apesar do Actors Studios, como sendo da escola do Henry Fonda. Ou seja, o mínimo de tiques, caras e bocas e aquele sentimento intenso que parecia vir do fundo da alma, através dos olhos, dando consistência a qualquer personagem que fizesse.
Falando do Rock Hudson, concordo que era um dos grandes. E nunca foi reconhecido como tal. Era visto mais como astro popular, chamariz de bilheteria, que grande ator, certo? Assisti ontem à tarde a "O Segundo Rosto", do John Frankenheimer. É uma interpretação fantástica, num filme idem, e parece que nem ao Oscar ele foi indicado por ela. Perdoem-me a expressão mas isso é o que chamo de uma "puta sacanagem".
Darci, obrigado pelas informações sobre o Reagan. Ajudaram a entender melhor a fama de cowboy que ele tinha e que, se fosse apenas pelo cinema, seria injusta.
Edson Paiva
Jurandir, sugeri ao amigo Beleza Americana e não o filme dirigido por Robert Redford. Darci e baiano, o cordeirinho fraquinho superou o jovem leão de El Dorado? Nem como personagem! Já escrevi porque gosto deste faroeste.
ResponderExcluirComo também já disse, diante de tantos elogios gabaritados, estou cada vez mais animado (sem chimarrão) para rever Rio Bravo.
Edson –
ResponderExcluirPaul Newman foi lançado como um imitador mais bem acabado de Marlon Brando no início dos anos 50, mas ficou sempre no terreno da imitação. Como, segundo você, cometi uma heresia, já vou me preparando para pagar meus pecados. Vou assistir dez vezes aquela cena de Brando gritando ao pé da escada “Stella!!!!!!!!!!!!!!”. Depois mais dez vezes o mesmo Brando fazendo o discurso na escadaria do Senado. Como o pecado cometido foi grande vou assistir vinte vezes Monty Clift tocando o toque de silêncio no quartel em Pearl Harbor e mais dez vezes esse mesmo ator ouvindo a virulência de Raymond Burr quebrando o barco naquele tribunal em Um Lugar ao Sol. Penso que Paul Newman poderia ter assistido a essas sequências mais vezes para se aperfeiçoar com esses colegas do Actor’s. Se possível fosse um mestrado, então ele poderia rever (e se emocionar até às lágrimas) com Brando-Corleone ao ser comunicado da morte de Sonny no primeiro chefão.
Você disse que Newman era um ator da escola de Fonda, mas então ele deve ter faltado às aulas do quesito espontaneidade. Só para falar de personagens famosos do Velho Oeste, lembro do maravilhoso Wyatt Earp de Henry e lembro depois do patético Billy the Kid de Paul Newman. O que tem aquele espalhafatoso bandido de Newman do mágico minimalismo de Henry Fonda? Este dos poucos atores capazes de permitir que se veja a alma dos personagens que criou na tela. Nem juntando os maneirismos todos de James Dean, Sean Penn e por vezes do próprio Brando, algum ator seria capaz de fazer o que Newman fez naquele faroeste de Arthur Penn.
Certa vez perguntaram a Henry Fonda se ele não se chateava a cada vez que criava um personagem inesquecível no cinema, como Tom Joad, e era ignorado pela Academia. Fonda respondeu que um prêmio só seria criterioso se todos os concorrentes interpretassem o mesmo personagem. Wyatt Earp já foi interpretado muitas vezes no cinema por atores diferentes, mas a comparação é impossível pelos contextos diferentes de cada filme e pela recriação do personagem pela ótica do roteiro e do diretor. No entanto podemos imaginar Paul Newman com sua evidente limitação interpretando os referidos Kowalski, Marco Antonio, soldado Robert Lee Prewitt e mesmo Tom Joad ou Wyatt Earp.
Para mim Paul Newman não poderia nunca entrar no panteão dos grandes atores das décadas de ouro, como Brando, Fonda, Clift, Kirk Douglas, Burt Lancaster, Anthony Quinn, James Stewart, Robert Mitchum, Lee Marvin e alguns outros poucos. Para mim ele estaria no grupo de Glenn Ford e William Holden, perdendo mesmo para o mais novo e excelente Robert Sundance Kid Redford.
Darci
Edson -
ResponderExcluirTony Curtis e Paul Newman foram lançados como atores praticamente à mesma época. Ambos boas pintas, os estúdios optaram por utilizar Tony para as platéias mais juvenis com os muitos escapismos que ele estrelou. Newman chegou com mais pose e seus personagens sempre possibilitaram boas interpretações. Pois Tony com seu topete e tudo, quando solicitado a fazer papéis sérios como em Acorrentados, A Embriaguez do Sucesso e Só Ficou a Saudade provou que era muito mais do que um rosto bonito. E não é que ele, assim como Rock Hudson erambrilhantes em comédias? O mais próximo que atores de suas gerações chegaram perto de Cary Grant, o que não é pouco. E sabemos todos que fazer comédia é tão ou mais difícil que fazer dramas. O que o mundo riu com Tony em Quanto Mais Quente Melhor e Anáguas a Bordo só mesmo um ótimo ator (bem dirigido0 seria capaz de fazer. Paul Newman se obrigado a sair do território do homem atormentado ou rebelde encontraria sem dúvidas sérias dificuldades, ou alguém riu com ele nos momentos engraçados de Butch Cassidy e Golpe de Mestre?
Darci
Caramba, vocês trucidaram o Paul Newman!! Terei que defender o infeliz mais uma vez então.
ResponderExcluirJurandir, você disse, e com razão, que um personagem depende muitas vezes do contexto e época em que o filme foi realizado e da ótica do roteirista e do diretor de modo que uma comparação entre interpretações de um mesmo tipo muitas vezes fica difícil.
No entanto comparou a interpretação de dois personagens absolutamente distintos quanto Billy the Kid e Wyatt Earp. Fonda foi minimalista porque o Earp que chegou até nós era um homem maduro, duro, circunspecto. Burt Lancaster também o fez assim. Kevin Costner também. Se Paul Newman o interpretasse não seria diferente.
Já Billy the Kid era um moleque. Um jovem que morreu com 21 anos. Não tinha como fazê-lo como o Earp do Fonda, não acha? Kris Kristofferson também não o retratou como um jovem inconsequente e espalhafatoso? Por favor não cite, para contra-argumentar, o "Kid" tranquilo do Robert Taylor, hein? Esse não vale pois é da fase romântica de Hollywood.
Não lembro mais desse western com o Paul Newman pois o vi ainda muito jovem, há uns quase 30 anos. Mas li em algum lugar que o Arthur Penn queria com ele retratar a juventude rebelde do fim da década de 1950. Ou seja, como você mesmo disse, Newman pode ter simplesmente feito o que o Penn queria.
Jurandir, o Billy the Kid do Newman é do seu início de carreira, quando ele ainda era jovem, "mera cópia" do Brando, repleto dos maneirismos do Actors Studios. Mas essa interpretação que você vê como ruim é justamente a prova do quanto Paul Newman foi um grande ator. Porque ele aprendeu, se superou, conseguiu fugir do rótulo de mero imitador, largou os maneirismos, o overacting e se tornou rapidamente um ator consistente. E do início dos anos 60 em diante ele sempre foi um colosso, da escola sim do Henry Fonda, segundo penso. De imitador passou a ser uma referência aos mais jovens.
Paul Newman teve uma carreira de quase 6 décadas. Você encontra excelentes atuações dele em cada uma delas. E sempre teve prestígio, sempre teve grandes personagens , nunca foi decadente. Nem quando sua exaltada beleza e juventude já eram passado. Uma trajetória como a dele não é para qualquer um, meu amigo. Duvido que em sã consciência algum crítico diria que ele, excetuando seu início de carreira, foi um imitador ou que não teve vida própria na História do cinema.
Jurandir, Tony Curtis tinha um perfil realmente mais engraçado. Ainda que tenha feito alguns papéis dramáticos muito bem (ele também está ótimo em "O Homem que Odiava as Mulheres") quase sempre foi pro lado do humor ou de papéis sedutores. E resvalando na canastrice muitas vezes. Sua carreira não tem o fôlego da do Newman. Nem a mesma galeria de tipos inesquecíveis.
Não duvido que Newman faria bem uma comédia. E pode ter certeza que ri sim dele em "Butch Cassidy" e "Golpe de Mestre".
Seu estilo não era o de provocar gargalhadas como o do Curtis e sim muito mais sutil, mais elegante, mais leve. De nos fazer apenas sorrir. Um ator que fez tantos tipos difíceis e intensos como o de "Desafio à Corrupção" e depois dava uma leveza impressionante ao bandido cinematográfico de "Butch Cassidy" é necessariamente um dos grandes.
Como disse acima, quase 60 anos de grandes personagens faz com que ele tenha muito mais lastro que um Montgomery Clift, por exemplo. Muitas vezes "antiguidade é posto", não?
Edson Paiva
Ah , Jurandir, Clift, por exemplo, fazia bem tipos angustiados porque ELE era angustiado. Era sua natureza. Bastava ao diretor explorar bem seu rosto e olhares sofridos. Não precisava nem mesmo interpretar.
ExcluirNewman perder para o seu amigo Robert Redford? Aí você está querendo me tirar do sério. Redford sim, é um perfeito exemplo do que você e o Jurandir estão querendo imputar ao Newman: um ator correto e nada mais.
Edson Paiva
P.S. Como são boas essas divergências, não? Sempre acho interessante perceber que minha visão, que às vezes me iludo achando ser unânime, nada mais é que apenas um ponto de vista extremamente pessoal.
Edson Paiva
Olá, Edson -
ResponderExcluirVocê defendeu bastante bem o Paul Newman, até parecia "O Veredito". Em sã consciência ninguém pode negar que ele foi um excelente ator. Você lembrou bem das imagens de Wyatt Earp e de Billy the Kid levadas ao cinema. Apenas não comentou como Paul Newman se sairia naquelas citadas cenas antológicas de Brando e Clift.
Darci
Darci, se o Newman é excelente, esta agradável troca de opiniões perde um pouco a força. Quais seriam os adjetivos acima de excelente? Semi-Deuses, Deuses e por fim, Marlon Brando ou Kevin Kline? Hahaha.
ResponderExcluirPaul Newman é incapaz de estragar um filme. Vejo-o como um ator com mais "fotogenia" (na falta de uma palavra melhor) do que conteúdo dramático e principalmente cômico.
Aproveito tua comparação com Tony Curtis. Ambos estiveram lado a lado com outro ator de peso, ocupando o mesmo tempo e em excelentes filmes. Jack Lemmon almoçou Curtis e Newman foi jantado por Redford, em duas oportunidades. Claro, como bem lembrou o Edson, é apenas uma opinião. Acho Newman um bom ator e melhor do que Curtis.
Newman tem empatia com a câmera, preenche uma enorme tela e não desaponta, citaria além de O Veredito, nesta fase mais madura, Estrada da Perdição.
Quanto a faroestes, e não sei, Darci, se aceitarias certa "expansão" do gênero, acho a interpretação contida do fantástico personagem de Hombre, inferior ao desempenho de Newman no magnífico filme (faroeste?), O Indomado.
Darci, também faria uma defesa de William Holden, mas se ele está acima de excelente e ao lado de Glenn Ford e do ator que esqueceste, Adam West, deixo assim.
Falando em Batman, gostei da "roupa larga", claro que necessária para abrigar a volumosa barriga de Lowery em 1949 e indispensável para todo bom ator que se utiliza do seu diafragma avantajado, como em 1966.
Caro Ivan -
ResponderExcluirExcelente seria o limite dos comuns. Como o Edson situou Paul Newman no nível de Henry Fonda, ou seja, muito acima dos atores comuns, entendi que adjetivar Paul Newman como excelente estaria perfeito para ele que, sem dúvida está acima de ótimo e mais ainda acima de muito bom.
Você criou um neologismo quando perguntou o que viria depois de excelente, lembrando Brando. Talvez esse seja mesmo o limite de qualidade de interpretação de um ser humano, mas para se chegar a ser Brando há que ser antes extraordinário, fenomenal, colossal, grandioso, prodigioso e outros mais, patamares certamente alcançados pelo Adão West, a quem só resta chegar brandamente a Brando.
Magnífica lembrança a de Jack Lemmon, seguramente entre o grupo de Newman, Ford e Holden e o dos extraordinários, na minha opinião, é claro.
Darci
PARTE 1
ResponderExcluirCompanheiro Paiva:
Se prepara porque lá vem polvora, bala mesmo. E daquelas que sai do cano da magnum do Eastwood no seu Dirty Harry.
E vai em duas partes, já que tinha muito a falar e 4.096 caracteres foi pouco.
Digamos que dei uma exagerada quando comparei o Zwick ao grande Hawks. Dou o braço a torcer, porque acho mesmo que fui longe demais. É. O Hawk's é o Hawk's, e acabou a historia.
Mas, convenhamos; o Zwick é sim um grande diretor. Lendas da Paixão está aí para não me deixar mentir, e mais outros bons filmes dele.
Agora vamos a um outro ponto muito dolorido para muitos cinéfilos, e mais primordialmente para o amigo Paiva.
Porém, que desde já esteja claro que esta é uma opinião deste comentarista, e nada mais que isso;
Sobre o Paul Newman;
O Darci às vezes acerta. Muito raramente ele comete o ato de pontuar. Mas também pudera: o cara não entende NADA de cinema! Então não pode viver dando palpites corretos. OK?
Só que desta vez estou com ele. Desta vez ele foi no alvo. Sorte de principiante? Pode ser. Mas, que ele fez bastante pontaria desta vez e acertou, isso é verdade.
O Newman era mesmo, somente um ator. E posso até dizer mais; ele com suas atuações esterotipadas, nada mais fez na sua carreira senão se repetir.
Quando ele ainda não era tão famoso e fez, do excelente Wise, em 1956, Marcado Pela Sargeta, onde ele abusa de trejeitos, movimentos faciais, de cabeça, de corpo e de muitas outras coisas mais, ainda passou, já que era tudo novidade para o publico.
Mas, o cara passou a fazer as mesmas coisas nos seus demais filmes e virou um ator de um tipo só de interpretação.
Reparem ele em O Indomado, onde ele é o pior do muito bom elenco, como ele se repete em gestos, tal qual em Marcado Pela Sargeta!
E veja-se que este filme é de 1963, portanto sete anos depois do filme de Robert Wise. E ainda assim ele rastreava pela mesma trilha interpretativa.
E tais cliches ele somente deixou de apresentar quando pegava bons diretores, que precisavam dele para chamar bilheiteria, mas que tinham que faze-lo somente interpretar, fazer seu papel normalmente, sem todos os seus maus hábitos interpretativos.
jurandir_lima@bol.com.br
SEGUE NA PARTE 2 LOGO A SEGUIR.
PARTE 2
ResponderExcluirE alguns destes diretores posso citar sem medo de me tornar exigente demais com o ator, ou ficar muito marcado por quem ler esta matéria e for fã incondicional do Paul Newman.
Um deles foi George Roy Hill, em Golpe de Mestre/73, o Hitchcock em Cortina Rasgada/66 e Sam Mendes em Estrada Para Perdição/02, dentre mais uns poucos.
Nestes filmes ele atuou mesmo e não mostrou ser um ator de uma caracteristica só, um ator clicheirizado.
Sinto, caro Paiva. Sinto muito mesmo. Mas o Newman, até em Hombre, que foi um bom faroeste e não era lugar para se repetir em trejeitos, ele até ensaia seus naturais modos interpretativos. Preste atenção e comprovará o que digo. Era muita pose, olhares, comportamentos corporais, risinhos, etc.
Felizmente o Ritt o administrou com mais vigor e ele ficou um pouco contido de suas nuances interpretativas.
Agora, meu amigo: podemos comparar o Newman a um Brando, a um Cliff a um Hauffman, a um Hudson e, mesmo fora de sua época, a um DiCaprio? Sinto, mas não dá, está fora de propórito. E, para ele chegar perto de Henry Fonda ele vai ter de nascer umas cinco vezes. Não há como fazer esta comparação.
Fonda foi um dos atores mais perfeitos que conheci, enquanto o Newman, bem, o Newman...deixa para lá.
E serei mais direto, sincero, e até corro sérios riscos em dizer: o estereotipatizado Newman, se não tem um rosto bonitinho, uns belos olhos azuis e não fosse jovem como era como quando começou a carreira, ele morreria em O Cálice Sagrado.
E se ele não cursa o Actor Studio, aí sim, a vaca morreria presa na areia movediça, porque nem O Calice Sagrado existiria.
Porém, amigo Darci, dizer que Tony Curtis era melhor ator que o Newman, aí o amigo pilheria com o companheiro Paiva.
Em nome de Deus! Se o Newman já não era lá muita coisa, o Curtis, como ator, nunca existiu. Ele foi somente um rostinho bonito que se casou com a Janet.
Quer saber? Até o Randy era melhor que ele ou, no minimo, empatariam.
Agora; que a Rhonda Fleming era um demonio de bonita e que ela esmigalhou corações, isso a bela ruiva fez sim. Não há ser humano consciente que negue tal fato.
Grande abraço, amigo Paiva.
jurandir_lima@bol.com.br
Darci;
ResponderExcluirPara se fazer o que você faz, e bem como o faz, tem mesmo que ser este formidável observador que é, este detalhista apurado e um celebre apreciador de grandes/minimas cenas.
E cenas que somente são capturadas, como devem ser, por quem tem olhos de lince, olhos sequazes, visão enorme da arte que aprecia e uma pessoa de gosto e sensibilidade impecável.
Cito sempre pequenas e quase que imperceptiveis cenas de filmes, que terminam por torna-los os grandes filmes que foram, são e serão. São estas pequenas e, muitas vezes não bem vistas cenas, que terminam por construir a obra como ela se fez enorme como é.
São estes detalhes que nos fazem retornar a ver determinados filmes. E nestas revistas é que terminamos por descobrir nas obras mais qualidades do que as que já lhes haviamos posto.
E esta cena de Don Corleone é demais! O que Brando faz em cena quando tem noticias da morte de Sonny, pode ser considerado como "um momento do cinema".
Sua reação desta notícia é uma grandeza de perfeição tal, que aquele instante fica beirando a crua e dura realidade da dor de um pai ao perder um filho, de tanta força e qualidade que o ator despeja ali no seu personagem.
Aquilo ali é aula de interpretação, aquilo ali é ser um ator, e o mesmo mostrar o que é que é ser isso. MAGNIFICO! INCOMPARÁVEL! SOBERBO!
E basta um cinéfilo apanhar uma cena daquela, como você a pegou, para não precisar ver tantas e tantas vezes esses filmes que citas, para comprovar o que seu instinto cinematográfico já forjou em ti como bom apreciador de uma arte como esta.
Por exemplo: jamais o Mankiewicz daria para Newman fazer o Marco Antonio em Julio Cesar. JAMAIS!
Se asneirasse e o fizesse, nunca conheceriamos o que foi aquele instante de Brando naquela fita, o que ele faz naquelas escadarias!
São por estas coisas e outras mais, que teimo em dizer que cinema não é somente se esticar numa poltrona e ver um filme.
É preciso muito mais que isso. Ver um filme é preciso que se viva o que está sendo assistido, que o sinta no seu conteudo inteiro, que ele seja observado com a atenção e os olhos de quem ama o que está fazendo naquele instante.
Mesmo que alguns possam achar ao contrário mas, com todo o respeito que tenho a estes amigos e comentaristas do Mania por seu amor à Setima Arte e por suas sensacionais e espontâneas opiniões, que devem ser respeitadas.
E eu respeito suas opiniões, Paiva. Porém, não podemos escapulir destas verdades, embora o amigo tenha as suas, e que aqui somente as debatemos, discutimos e nos divertimos com esta troca de opiniões, informações e preferencias.
jurandir_lima@bol.com.br
Peixoto,
ResponderExcluirRetificando Leões e Cordeiros por Magnolia.
Erro de imprensa.
Peixoto? Viu o que o Edson Paiva disse, quase que num murmúrio? "Caramba. Vocês trucidaram o Paul Newman!"
E o amigo Paiva ainda nem leu o meu comentário!
Sabe que estou até com vontade de pedir ao Darci para exclui-lo antes que nosso Paiva o veja?
Mas tem uma coisa, gaucho; eu, que não valorizo tanto o Newman assim como o Paiva e você, assisti a quase todos os filmes dele.
Por esta razão disse o que disse no meu comentário feito ha pouco. Ele foi um poço de repetições interpretativa em quase todos seus filmes!
Que o amigo Paiva saiba me perdoar.
jurandir_lima@bol.com.br
Paiva?
ResponderExcluirNo comentário do amigo do dia 27/05, às 22.28 hs., o amigo tem certeza de que estava mesmo dando respostas a mim, Jurandir?
Sabe porque falo isso? Porque eu não fiz os comentários que o amigo responde. Nunca falei em Bill the Kid em qualquer comentário, e o amigo se reporta a mim em sua resposta.
Acaso não foi o Darci ou mesmo o Ivan Peixoto quem escreveu o artigo ao qual o amigo responde como se fosse eu?
Grande abraço, mas vem coisa para ti por aí, de hoje, 28/05. Mas tudo na paz, no bom papo entre bons amigo e cinefilos que gostam de falar de cinema.
Forte abraço do bahiano
jurandir_lima@bol.com.br
jurand
Jurandir, realmente me confundi e atribuí a você comentários do Darci. Mas como você corroborou tudo que ele escreveu então não errei tanto, nê?
ResponderExcluirDepois desse tiroteio todo eu fiquei sem fala, meu caro. Na verdade ri foi muito com pontos de vista tão diferentes. Se alguém que nunca viu Newman em ação ler nossos comentários pensará que alguém aqui está maluco e completamente equivocado quanto aos seus dotes interpretativos. Mas sabemos que não é nada disso.
Agora, por tudo que vi do Newman acho que ele conseguiria sim fazer o que Clift e Brando fizeram. Ns anos 50 não mas a partir dos 60 sim. Agora, Clift, com aquela cara de "maior abandonado", conseguiria fazer com a mesma elegância, energia e brilhantismo os personagens que Newman interpretou nos filmes do Roy Hill?
E o que disse do Newman, de ser repetitivo, penso ser também o caso do Brando. Ele sempre foi o mesmo em cena. Às vezes isso se encaixava perfeitamente no personagem em questão, como o caso do Don Corleone ou do Coronel Kurtz. Impossível negar que ele tinha presença em cena. Mas não adianta que tenho birra com ele. Sempre achei Burt Lancaster, por exemplo, melhor.
Agora, no quesito habilidade para drama e comédia, simultanemaente, estou com o Ivan. Jack Lemmon superava todos os que citamos até agora pois se enfileirarmos alternadamente uma sessão de filmes dramáticos e de comédias com ele ficaremos de queixo caído com a sua capacidade de nos fazer rir e chorar com a maior facilidade.
Brando e Clift (mais James Dean) têm a seu favor o fato de serem símbolos de uma época em transformação. Incorporaram mudanças sociais e de comportamentos. Viraram ícones inquestionáveis. Sem contar suas vidas pessoais, sempre em destaque, mais a postura (caso do Brando) de ser meio rebelde em relação ao "sistema". Isso engrandeceu enormemente seus nomes gerando uma simpatia que ía além de seus trabalhos na tela. Como esse campo de análises de interpretação costuma ser também muito subjetivo, acredito que Marlon Brandon, principalmente, se beneficiou desse estado de coisas.
O mesmo não aconteceu com Jack Lemmon, por exemplo. Lemmon é o que vemos em cena. Ele é os seus personagens. Nada mais. À imagem de Brando estão incorporadas diversas outras memórias, impressões e a História de seu tempo. Se conseguíssemos esquecer, ou não saber, quem foi Brando, assim como não sabemos quem foi Jack Lemmon (no sentido que tentei precisar acima) acho que a balança penderia para o segundo em termos de qualidade de interpretações.
Mas quem ousará um dia dizer, sem se perturbar, que jack Lemmon era melhor ator que Marlon Brando ?
Jurandir, você mandou bala não só para mim mas também prá cima do Darci ao espinafrar o Curtis. Você acordou com tudo, não? Será que a leitura da lista dos melhores que o Darci postou ontem à noite não contribuiu para essa vontade de atirar prá todo lado?
Abração, meu amigo!
Edson Paiva
Grande Paiva;
ResponderExcluirAinda estou sorrindo de sua tirada sobre ter confundido o comentário do Darci como se fosse meu e seu ponto de vista da manutenção do que falou, já que tenho similaridade com o que sente do Darci.
São de momentos como estes que tiramos as compensações destas trocas de opiniões e preferencias, já que soltamos e recebemos as criticas com naturalidade e na santa paz.
Quanto ao Brandon fica para mim então a frase que soltei para ti ao falar de Era Uma Vez No Oeste. Ou seja: "O Marlon Brando não é o seu ator, ele não faz a sua".
E isso é mais que natural, já que tal ocorrencia acontece com qualquer um, ou melhor, com todos.
Ninguém tem suas preferencias e que não deixe, também, de ter seus ascos, suas insuportabilidades, quer sejam filmes, atores, atrizes ou mesmo diretores.
Estas preferencias são coisas naturais, fazem parte das vidas de todos. O que seria do mundo, e de tudo de um modo geral, se todos gostassem das mesmas coisas? Não é verdade?
O delicioso, o salutar de tudo é como sempre repito: é o prazer destes contatos, a ansia oculta de sabermos o que pensa o outro, a satisfação de se notar correspondido e, o mais importante de tudo: a forma de como sabemos receber os informativos que vão de encontro aos nossos gostos.
O exemplo nítido de tudo isso é um pequeno comentário que fiz para o Ivan Peixoto quando falei para ele de uma frase sua, a qual me diverti com a tirada, onde você diz; "vocês trucidaram o Paul Newman". E acrescentei: "e ele ainda nem leu o meu comentário, que até gostaria de exclui-lo para não desgostar tanto o amigo Paiva".
Tudo numa santa brincadeira e satisfação, que é o que todos buscamos neste espaço.
Abraço do amigo bahiano
jurandir_lima@bol.com.br
Paiva;
ResponderExcluirNão tenha qualquer duvida que o Brando arrancou vantagens dos momentos de sua época.
O que enlevo no Brando, que sei também ter tido suas tiradas tal qual o Newman, são determinadas cenas que ele fazia e que comporto ser dificil um outro ator fazer similar.
Referente ao Lemmon, claro que estás cheio de razão. Ele era aquilo, quer na vida real, quer atuando.
E não acharia nenhuma aberração alguém um dia citar que ele foi mais ator que o Brando. Porque não? Afinal, o Lemmon era um ator completo, dono de talento invejável e, assim, merece nossas reverenciação.
Recorda que até faroeste ele fez? (Como Nasce Um Bravo). Assim como dramas, comédias e tudo o mais. E se saiu perfeito em tudo o que fez.
Falaste então com enorme propriedade de um grande ator. E este ponto desses contatos, será difícil alguém negar, vir de encontro.
Quando falas que Lancaster foi um ator mais ator que Brando, ninguém será capaz de lhe cair em cima com cacetadas. Por que? Porque todo bom cinéfilo está casado de saber disso.
Recorda quando elogiei o Darci por seu achado sobre a reação de Don Corleono ao saber da morte do filho Sonny?
Pois, com o Lancaster, também como prova do grande ator que foi, tenho uma cena simples, corriqueira e que nunca ninguém a comentou.
No filme Sem Lei e Sem Alma, quando ele chega no Saloon do amigo e diz que está em busca de noticias do paradeiro de Ringo. Naquele momento Lee Van Cleef, que esperava Doc para mata-lo, irado pela demora deste atira uma garrafa que se espatifa no balcão.
E é quando chama a atenção de Lancaster (Earp), que conversava com o dono do saloon.
Este então lhe explica que aquele sujeito inchado de ira era irmão do homem que Doc matara e que estava esperando por ele para dar o troco.
Earp então olha para ele, se levanta e, num gesto imperceptivel para o bandido, passa os olhos na arma que ele carregava escondida na bota, enquanto risca um fosforo na pilastra e acendo seu charuto, já que era proibido armas no local. E dali sai para dar esta noticia para Doc, no intento de uma troca de informações, uma vez este ter jogado cartas com Ringo.
São por cenas assim, pequenas, rápidas, mas de tamanho desempenhar, que conoto a grandeza destes grandes astros e o porque de os amarmos tanto.
jurandir_lima@bol.com.br
Sutilmente Lancaster,
Edson e Jurandir -
ResponderExcluirElegância, energia e brilhantismo em Butch Cassidy é um pouco demais... Tivesse dito cinismo e irreverência, tudo bem, além é claro do charme que vendeu mais ingresso a mulheres que nenhum outro faroeste. Cresci no tempo em que Brando ainda era magro e se bem me lembro os Hell's Angels abjuraram o único papel de jovem rebelde que Brando fez, ou seja, Johnny o motociclista mais família que o cinema já mostrou. Não por acaso os Hell's elegeram Chino (Lee Marvin) como ídolo de verdade. É só ver o filme e perceber quem é o rebelde nesse filme, seja nas falas ou na postura e certamente não é Brando. E uma jaqueta de couro de cobra pensada por Tennessee Williams não fez de Brando nenhum contestador. Marlon não cantava, não era capa de Cinelândia e nem Filmelândia. Suas estrepolias pessoais só vieram a público no Brasil com as biografias que escreveram sobre sua misteriosa vida. Ah, será Brando fazia a cabeça dos jovens com seus filmes? Não acredito que aquele Napoleão caricato, ou o bigodón de Zapata, ou o paraplégico da estréia no cinema, ou os supercílios arrebentados de Terry Malloy, ou o falso japa Sakini, ou o engravatado gângster, ou o major de Sayonara e menos ainda o Brando nazista e louro tenham influenciado o comportamento da minha geração. Gostava-se de Brando e falava-se de Brando por suas atuações nos filmes e não fora deles. Poucos atores legaram ao cinema em seus inícios de carreira um conjunto de interpretações em filmes que estão entre os melhores do cinema norte-americano: Uma Rua Chamada Desejo, o sublime Sindicato de Ladrões e Viva Zapata. Poder-se-ia dizer que teria sido a atuação política de Brando em defesa dos direitos humanos que influenciou a geração Kennedy, mas lembro que se vê sempre Brando ao lado de outros atores nessas passeatas, entre eles, pegando uma carona, Paul Newman. Verdade que depois de Don Corleone muito mais gente passou a venerar Brando - como ator!!! - gente mais nova que descobriu o que era verdadeiramente interpretar. Pacino conta que ficava hipnotizado vendo Brando interpretar. Per la Madonna, li aqui que Jack Lemmon seria melhor ator que Marlon Brando. Bom, já havia lido que Paul Newman também era melhor que Brando. Daqui a pouco Brando vai ser superado por Arnolds e Sylvesters.
Edson, você confessou sua birra com Brando. Aí fica difícil e me faz lembrar um amigo que não gostava de Sinatra e não assistia filmes dele de jeito algum...
Darci
Edson
ResponderExcluirPra valer mesmo Monty fez apenas 15 filmes em sua curta carreira e na minha opinião qualquer um deles seria suficiente para elevá-lo ao grupo dos maiores atores de todos os tempos. Você fala que Monty não conseguiria atuar com o brilhantismo, a elegância e a energia (?) que Paul Newman demonstrou nos filmes de Roy Hill. De fato não percebia nada disso em Montgomery Clift, mas sim uma capacidade quase exclusiva de compor personagens verdadeiramente humanos e não arrebatadores. Esses personagens ficaram bastante bem em Paul Newman, sem dúvida, enquanto a dor, a amargura, a angústia e a desilusão eram os territórios preferidos de Monty. Por outro lado, por mais que tivesse tentado em tantos filmes, o talento de Newman não daria para tanto. Conheço a maior parte dos filmes que Newman fez até 1980 e confesso que ele nunca conseguiu me emocionar como Clift emocionava. O mais perto que Paul chegou disso foi em Uma Lição para Não Esquecer, mas a emoção ficou mesmo por conta de Henry Fonda nesse filme dirigido por Newman. E olhe que o que não faltou na carreira de Paul Newman foram papéis dramáticos. Talvez o Jurandir tenha razão pois Paul Newman na grande maioria de seus filmes atuava sempre com a mesma e monótoma competência. A longevidade de uma carreira é apenas um dado e nem sempre pesa favoravelmente. Os abacaxis acabam sendo inevitáveis. Lamenta-se tanto a morte precoce de James Dean. Eu lamento mesmo a curta e trágica vida de Montgomery Clift, aquele que para você tem cara de maior abandonado. Quem diria que esse grande ator virasse um dia personagem de Cazuza...
Darci
Jurandir, do Clift vi apenas "Rio Vermelho", "A Um Passo da Eternidade", "Um Lugar ao Sol", "Freud - Além da Alma" e "A Tortura do Silêncio". É pouco, eu sei, mas é uma boa amostra do que ele fez no cinema. Jamais iria negar o talento dele. Ainda que eu tenha brincado com a cara de "maior abandonado" que ele tinha sei que ele era bom. Só acho que ele não mostrou muita diversidade de personagens para ser alçado a um panteão dos grandes grandes atores. Se tivesse vivido mais talvez isso acontecesse. Mas não aconteceu, nê?
ExcluirEdson Paiva
"...Brando superado pro Arnolds e Sylvesters". Quase caí da cadeira, Jurandir.
ResponderExcluirMas, ao contrário do que possa parecer, gosto do Brando. Minha birra é mais com a crença de que ele seria o maior ator americano. O que acaba fazendo com que eu o veja com menos boa vontade. Não estou debatendo isso apenas pelas posições de vocês. Mas é que existe uma quase unanimidade em relação a ele ser o maioral. E sempre impliquei com isso.
Mas ainda acho que aquela camiseta e jaqueta de couro viraram símbolo de uma certa juventude sim. Os "Hell Angels" podiam gostar do Marvin mas será que os demais jovens não idolatraram Brando por aquele personagem?
Mas quando chamei Brandon de rebelde não foi apenas pela questão da juventude e a imagem dela que ele ajudou a propagar mas sim pela sua posição dentro da indústria. Isso ajudou na sua imagem, digamos, "mística".
Darci e Jurandir, aproveito a oportunidade para perguntar a vocês que viveram o cinema nos anos 60 e 70: Brandon já era tudo isso ANTES de Dom Corleone?
Não estou polemizando aqui e sim sinceramente querendo saber como era visto Brando, principalmente pela crítica e seus pares, antes do filme do Coppola.
Porque aquele personagem é marcante, icônico, inesquecível e dúzias de outros adjetivos que poderíamos lembrar e o filme se tornou clássico instantâneo. Se Brando não tivesse interpretado Don Corleone ele teria essa imagem atual diante dos fãs e da crítica? Porque como você mesmo disse, Jurandir, o filme lhe deu uma nova legião de fãs. E não posso negar que se o personagem é inesquecível isso é graças à interpretação dele.
Curioso que Burt Lancaster foi um que quase pegou esse personagem, nê?
Jurandir, esses momentos de debate são muito interessantes para mim. E jamais perderia uma chance de aprender com vocês que não apenas gostam de ver filmes mas sim AMAM CINEMA.
Tenha certeza que apenas com a leitura dos comentários seus e do Darci nessa página eu percebi que preciso comer ainda muito feijão e angu com couve para estar á altura do conhecimento de vocês. E também ver e rever umas duas centenas de filmes, claro.
Continuo irredutível em relação ao talento de Paul Newman. Mas admito que o que escreveram sobre o Brando está me fazendo pensar bastante. Sobre o Brando não sobre o Newman, claro.
Prá encerrar, vou tentar achar uma explicação mais prosaica para a "pirraça" de vocês em relação ao Paul Newman. Não é ela causada por alguma namorada que vivia elogiando a beleza e os olhos inacreditáveis que ele tinha? Se foi eu compreeendo.
Um abraço,
Edson Paiva
Amigo Paiva;
ResponderExcluirSe o Montgomery Cliff, o formidável Monty, houvesse feito apenas Um Lugar ao Sol e A Um Passo da Eternidade, já teriamos muito a falar de sua quelidade como ator de cinema.
Mas ele fez mais Rio Vermelho, Rio Violento, Os Desajustados e Os Deuses Vencidos. Sem falar em Freud Alem D'Alma. E são todos estes filmes com qualidades incontestáveis, quer nos conteudos, direções ou no trabalho eficiente deste ator.
Daqui a pouco vamos dizer que Charlton Hestou não foi um grande ator e que teve foi muita sorte na vida ao receber as bençãos de fazer os filmes que fez.
Claro que a sorte o ajudou. Mas, se ele não fosse bom, seus filmes não se repetiriam da forma com ocorreu. Então podemos dizer; fez tudo aquilo porque tinha bagagem para fazer. Levou ajuda, sorte? Levou. Mas fez sua parte. E fez tudo muito bem.
E o pobre do Cliff que, além de trabalhar ao lado de grandões e ser um estreante, ainda tinha de lutar para suportar a irrascibilidade dos preconceituosos quanto à sua preferencia sexual? O que tem a ver uma coisa com outra?
É pouco isso? Mas ele lidava com tudo isso como se nada acontecesse fora das filmagens. Fazia seu trabalho e mostrava porque Hawk's o escolheu para dirigi-lo no seu primeiro filme.
É isso, amigo. E sem querer puxar brazas para sardinha de ninguém. Apenas pondo a verdade.
jurandir_lima@bol.com.br
Darci?
ResponderExcluirO caro Paiva está terrível! Precisamos de ajuda para dar de frente com a fera. Quase não estou aguentando mais as investidas arrasadoras do amigo e te pergunto; "ONDE ANDA O IVAN PEIXOTO QUE NÃO APARECE PARA NOS DAR UMA MÃOZINHA?"
Sim. Isto mesmo. Porque estamos precisando. O cara que cai em cima de nós feito um rolo compressor, está nos trucidando, e vai piorar!
Vamos. Procura o cara e diga a ele que estamos a precisar de auxilio para dar de frente com um amigo que escá caindo em cima de nós com a força de tres ou quatro furacões juntos.
Mas o gaucho só pensa em tomar chimarrão e fica se esquecendo que tem amigos e que estes amigos precisam dele!
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir, está de brincadeira? Eu aqui, solitário, debaixo de uma saraivada de balas e você ainda pede ajuda ao Ivan? Não tem pena deste seu pobre amigo mineiro?
ResponderExcluirVocê não tem ideia de como me sinto honrado em que gastem seu latim comigo, Jurandir. Olha só a argumentação do Darci. Tenho ou não tenho que me sentir grato por tanta e tão qualificada atenção?
Darci, a vida pessoal do Clift e particularmente os problemas enfrentados diante da incompreensão de sua sexualidade naquele tempo, só facilitavam, no meu modo de ver, suas interpretações. Porque um dos truques dos atores é buscar em suas memórias e vivências algo que os ajude em cena. E como ele fazia invariavelmente personagens trágicos e sofridos deveria ficar mais simples prá ele, não?
Concordaria com esse seu argumento se ele trocasse de personagens com John Wayne ou Randolph Scott (que segundo se diz tinha também preferências semelhantes às suas). Se Monty tivesse interpretado uns dois ou três personagens que normalmente ficavam com Burt Lancaster ou Lee Marvin aí sim nesse ponto eu lhe daria razão.
Vejam só como o pobre John Payne, a quem essa página é dedicada, ficou esquecido. O que mostra exatamente a diferença entre alguém que foi grandioso, a despeito das divergências sobre seu talento, de outro que passou sem deixar marcas.
Edson Paiva
P.S. Amigos, não esqueçam da questão que coloquei sobre a fama e prestígio do Brando antes de Don Corleone. Gostaria de ter as impressões de vocês que viveram aquele período.
Agora fiz o contrário. Atribuí ao Darci comentários seus, Jurandir. Viu como estou completamente zonzo? E você ainda pedindo ajuda ao Ivan...
ExcluirEdson Paiva
Jurandir, eu é que vou pedir tua ajuda para identificar um faroeste. Quem sabe a resposta não envolva John Payne...
ResponderExcluirUma dessas lembranças da infância, assistir faroestes com meu pai. Acho que no final dos anos 60 ou início da década de 70, uma cena em especial me marcou.
Separados por um riacho, o mocinho atirava em índios. A cada tiro, precisava carregar o fuzil. Neste momento a primeira tensão: Quatro índios correm em direção ao herói com machados e facas. Ele consegue carregá-lo, atinge um, mas inicia uma luta que termina numa longa fuga. Três índios o perseguiam correndo por inúmeras paisagens. Anoitece, alvorece e a maratona firme. Quando o inesperado acontece. Um índio tem um ataque cardíaco! Com direito a mão no coração para deixar bem claro que até cachimbo e sinal de fumaça fazem mal. Fim.
Não lembro mais nada. A memória pode estar distorcendo algum fato, mas convenhamos, um índio enfartando é inesquecível.
Baiano, pode me ajudar?
Peixoto?
ResponderExcluirDe uma cena mais ou menos assim, eu me lembro de Clark
Gable correndo de indios, numa fuga alucinante e a pés. E olhe que ele já não era nenhum rapazinho não. Deveria estar por seus 51/52 anos. Foi em Assim São os Fortes, de William A Wellman.
É uma fita feita todinha na floresta, pois ele é caçador de peles e se casa com uma india, que matam em um ataque que fazem a ele.
Só não recordo de nenhum indio tendo um ataque cardiaco. Muito menos se o ataque ocorreu pela fumaça do cachimbo ou dos sinais de fumaça que faziam para se comunicarem.
Mas, se não foi este, o Darci vai acertar.
jurandir_lima@bol.com.br
Paiva;
ResponderExcluirNão fui eu quem pos comparação entre Brando e o Stallone e também o Schwarzenegger. Foi o Darci, no final do seu comentário de 28/05 às 20.41hs.
Paiva? Este pessoal está cobriudo o cacete em você e ainda pedem ajuda a mais um. São uns carrascos que matam sem nem olhar na cara da vítima.
Olha, amigo; quanto à sua indagação quanto ao se o Brando já tinha cartaz suficiente antes do Poderoso Chefão/72 (foi isso?),eu acho que posso lhe mostrar algo rapidinho;Veja então;
Para lhe ser sincero eu não vi, porque não achei que ia gostar, Uma Rua Chamada Desejo. Não vi também Queimada. Mas este eu não vi porque não tive chance, porque sei que é bom.
Porem, um ator que faz um Viva Zapata como ele o fez, que tem uma postura cênica como teve, e tudo isso em 52, no inicio de sua carreira, é já para ir se pondo respeito no sujeito, não?
Julio Cesar/53, é um filme que dispensa comentários sobre sua atuação. (estou pondo os filmes que vi e dentro de ordem cronológica).
Então vem Sindicato de Ladrões/54. Preciso falar deste filme? Neste mesmo ano ele fez, ao lado da bela Jean Simmons, Desiree, O Amor de Napoleão. Um filme agradável e que não temos o direito de por máculas. É um filme bonzinho do Koster.
Vem então o filme onde ele engole Glenn Ford, que é Casa de Chá ao Luar de Agosto/56, do Daniel Mann. Uma comédia irresistivelmente comédia, e onde ele faz um japones tão perfeito que acho que até aos próprios japoneses ele enganou. Sensacional.
E segue-se o delicioso Sayonara/57, de Joshua Logan. Uma
delicia de comédia. Se não viu, procure ve-lo, junto com o anterior.
Ven então mais A Face Oculta/61, do qual não preciso falar.
Segue-se a O Grande Motim/62 que, se não é tão bom quanto o com Gable/35, do Frank Lloyd, não envergonha ninguém.
Aí vem o maravilhoso,o muito bom, Caçada Humana/66, de Arthur Penn, que considero o melhor filme deste diretor.
E tudo porque ele teve Brando no papel principal e onde ele, aquele xerife, (Brando) mostra o que ser um ator. Porque, aquela cena onde ele apanha dentro do gabinete e depois chega na porta com aquela cara toda inchada, quase sem poder ver nada e sem se suportar de pé, tentando amarrar seu cinturão com a arma, somente Marlon Brando seria capaz de fazer. Aliás, Caçada Humana é todo aquele filme porque Brando o fez assim.
Tem mais o Queimada/69, do qual pouco sei mas que, tenho certreza, é bastante filme, já que Gillo Pentecorvo sempre fez bom cinema (vide O Profundo Mar Azul).
E dentre estes que vi e adorei, seguem alguns, dentro deste periodo, até 72; Os Deuses Vencidos/58, Eles e Elas/55 de Mankiewicz, Quando Irmãos se Defrontam/63 (este eu não vi)
Então, caro Paiva? O homem precisa de curriculum melhor para ter aquela atuação em O Poderoso Chefão? Claro que ele já era BRANDO antes de Corleone.
E olhe que nem falei no muito visto O Ultimo Tango em Paris e A Condessa de Hong Kong, uma boa comédia de 1967, do Claplin.
Forte abraço, amigão. E estamos aqui.
Ah! reclame com o Darci sobre comparar Brando a Stalloni e o Arnold. Esse cara precisa de uma correção.
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir, respondi ao seu comentário sobre a homossexualidade do Montgomery Clift como se o Darci o tivesse escrito.
ResponderExcluirO que quero saber é se Marlon Brando, diante da crítica americana, brasileira e do resto do mundo, já tinha a fama que tem hoje antes de "o Poderoso Chefão" em termos de interpretação. Ou seja, se antes daquele filme ele já figurava como o maior ator americano como hoje fazem praticamente todos que se aventuram a dar esse palpite.
É apenas uma curiosidade. E vocês, por terem vivenciado as décadas anteriores ao filme e acompanhado o que se dizia sobre o mundo do cinema, poderiam me dar uma idéia de como eram as coisas.
Essa do ataque cardíaco do índio é sensacional. Temos que descobrir que filme é esse urgentemente!
Edson Paiva
Paiva;
ResponderExcluirO nosso Ivan Peixoto é o filósofo do Mania. Essas tiradas só saem dele. Também ri bastante sobre a doença que matou o indio.
E, quanto a pergunta que ele faz, já dei minha resposta, embora não tenha certeza se se trata de Assim São Os Fortes.
A respeito do que solicita de informação, fica muito dificil te atender. Naquela época, ou seja, antes de 1972, não havia tanta divulgação como a que temos hoje, nem debates como estes que fazemos para uma análise mais acurada. Hoje tudo é muito mais fácil e aberto.
Porém, pelo que ele já havia feito e seguiu sendo cogitado para fazer, é evidente que ele era muito reverenciado sim.
E quanto ao filme do gaucho, tem algum palpite?
Acho que só mesmo o Darci vai resolver esta parada.
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir, muito obrigado pela dica. Descartei qualquer seriado porque era uma cena em várias locações. Existe aquele filme do John Ford, Ao Rufar dos Tambores, com índios perseguindo o Henry Fonda, mas vamos com calma, se não quem infarta é o Darci.
ResponderExcluirEdson -
ResponderExcluirComo o Jurandir é mais velho que eu (dois meses mas é rsrsrsrs) deixei que ele, por ordem de idade, respondesse sobre Brando nos anos 50 e 60 pois tinha certeza que ele esgotaria o assunto, o que não aconteceu, ao meu ver. Quando comecei a ver cinema mais criticamente, por volta dos 15 anos, lá por 1959/60, foi então que percebi que as revistas especializadas falavam dos filmes de Marlon Brando com bastante respeito. Eu não havia assistido a nenhum deles ainda. Exatamente em 1960 foi inaugurado com muito alarde aqui em São Paulo o Cine Astor, no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Luxuosíssimo, o primeiro com poltronas com descanso de braços individuais (espectadores vizinhos não precisavam ficar brigando pelo espaço; casal de namorados se incomodava um pouco). E o Cine Astor escolheu para exibir Sindicato de Ladrões. Só conhecia esse filme das páginas de Filmelândia que apresentou seu roteiro numa edição de 1954. Os anúncios de jornais diziam que era um filme memorável e lá fui eu conhecer o tal de Marlon Brando. Desnecessário dizer que nunca antes havia visto uma atuação igual à de Brando em Sindicato de Ladrões que por muito tempo foi o melhor filme que havia assistido. Fiquei fã de Marlon Brando, claro. Como as reprises de filmes de maior qualidade artística não era muito comum, fiquei esperando um novo filme dele. Passou então Vidas em Fuga que era impróprio para menores mas aquela carteira de estudantes bem falsificada e mais a conivência dos porteiros permitiam a entrada. Aos 16 anos lembro ter visto entre outros filmes impróprios La Dolce Vita, Os Amantes (Louis Malle) e até Paixões Desenfreadas, com o casal Paul Newman. Entre as raras reprises passou em São Paulo Os Deuses Vencidos, que também assisti. Tanto Vidas em Fuga, que não entendi quase nada na época, quanto Os Deuses Vencidos deixavam claro que Marlon Brando era um excepcional ator, muito, mas muito acima dos maiores ídolos daqueles tempos como Rock Hudson, Tony Curtis e Paul Newman e que eram também os favoritos do público feminino que não falava de Marlon Brando. Em 1961 chegou a vez de assistir A Face Oculta, que a crítica malhou mas eu gostei demais e mais ainda de Marlon Brando. Veio então uma sequência de filmes com Marlon Brando: o belo O Grande Motim, impiedosamente malhado pela crítica; o drama político Quando os Irmãos se Defrontam; a engraçadíssima comédia Dois Farristas Irresistíveis, com David Niven no elenco e Brando me fez rir como nem Jerry Lewis conseguia; Morituri que não impressionou; o muito bom A Caçada Humana com outra grande atuação de Marlon Brando; e Sangue em Sonora que comprovou que Marlon era bom mesmo. Percebi que não perdia nenhum filme de Marlon Brando, mesmo que não encontrasse ninguém que dissesse que era fã dele, sem falar nos críticos que parecem que tinham birra com Brando pois só falavam mal de seus filmes. Puxa vida, será que Clark Gable havia sido um Christian Fletcher melhor que Brando? Não havia ainda assistido à primeira versão de O Grande Motim, mas sabia que não podia ser melhor, ao menos na interpretação daquele personagem. Para minha decepção não se reprisava mesmo os primeiros filmes de Brando. (Fim da 1.ª parte) - Darci
Edson -
ResponderExcluirParte 2- Que decepção ter visto Marlon Brando em Candy e em A Condessa de Hong Kong pois essas comédias eram positivamente ruins. Mas Brando foi o mesmo grande ator em Os Pecados de Todos Nós. Perdi A Noite do Dia Seguinte, que me parece foi lançado sem muita publicidade. A crítica dizia que um ator negro chamado Evaristo Marquez havia trabalhado melhor que Brando em Queimada. E o rapaz nem ator profissional era. A sala lotada de estudantes cabeludos com óculos redondos, barba, bolsa e poncho. Fui assistir a Noite do Dia seguinte que seria a continuação de Os Inocentes. Sala vazia. Ninguém queria saber de Henry James. E então aconteceram O Poderoso Chefão e O Último Tango em Paris para confirmar aquilo que já se sabia: Marlon Brando não tinha rival como ator cinematográfico. Aos poucos fui conseguindo ver os primeiros trabalhos de Brando no cinema, entre eles Glenn Ford dar um baile no irritante Brando japonês em Uma casa de Chá. Comprei então meu primeiro livro sobre cinema: The Films of Marlon Brando, de Tony Thomas, da Citadell. Em uma reprise na TV vi dublado Júlio César. Já no tempo do VHS foi a vez de conhecer Eles e Elas, Espíritos Indômitos, Sayonara e Viva Zapata! Eu acreditava que Brando não poderia crescer mais ainda no meu conceito como ator, isto até poder assistir, em VHS, Uma Rua Chamada Pecado. Brando ainda mais extraordinário que em Sindicato de Ladrões. Comecei então a prestar mais atenção em Laurence Olivier, para muitos o maior ator que a Humanidade pode ver. Puro esnobismo pois Olivier é, como sempre é lembrado, um ator shakesperiano autêntico. E daí? Vai fazer o Kowalski pois empostação na conta. Amigo Paiva, com o maior respeito à sua opinião, não há como comparar Paul Newman com Brando.
Quando começaram a sair livros sobre o comportamento de Marlon Brando, que você diz ser um modelo de uma geração, ele já estava com mais de 130 quilos e as influências eram outras. Mais uma coisa, a palavra gay muito adequadamente define o homossexual que normalmente é uma pessoa alegre. Mesmo nos anos 40 os gays de Hollywood pareciam ser bastante felizes, como mostra aquela foto de dois astros à beira da piscina. E Rock Hudson, Charles Laughton, César Romero e quase a metade dos atores norte-americanos estavam sempre alegres. Não vejo por que Montgomery Clift devia sofrer tanto em meio àquela alegria toda. Monty era bom demais ainda que fosse um prato cheio para o Dr. Sigmund.
Darci
Darci, fico muito grato por esses seus textos sobre o Brando. E sobre sua trajetória com ele. É mais interessante ler um depoimento assim, de quem acompanhou uma carreira ao longo do tempo, do que uma biografia repetitiva em alguma revista ou jornal.
ResponderExcluirFaz tempo que vi um filme do Brando. Os últimos foram "O Último Tango em Paris", há uns 10 anos e "Apocalipse Now", quando de seu relançamento na versão "redux" nos cinemas. Aquela aventura rotineira com o De Niro e o Edward Norton, apesar do elenco, não conta pois era uma mera pontinha.
Mas graças á internet tenho aqui vários filmes dele. Como utilizo esse meio constantemente vou fazendo uma pequena coleção. E vendo um filme atrás do outro. Tanto para matar a saudade de alguns quanto para ver pela primeira vez outros. Vou fazer assim que possível uma "Semana Marlon Brando". Excetuando "Uma Rua Chamada Pecado", que possuo, creio ter visto a maioria de seus filmes importantes. Mas isso foi há muito tempo, quando eu estava na faixa dos 20 anos. E na tv, dublados, o que tira boa parte da força da interpretação.
Essa troca de idéias foi muito importante para mim. Com certeza quando assistir a esses filmes o farei de mente aberta e com boa vontade. Graças a vocês.
De novo muito obrigado pela atenção, Darci. Agradecimentos extendidos a você também, Jurandir.
Um forte abraço,
Edson Paiva
P.S. Sobre o homossexualismo não sei se realmente eram alegres os artistas que precisavam muitas vezes esconder essa condição. Um ou outro talvez. Mas a maioria?
Ao pensar naquela época sempre lembro do magnífico filme "Longe do Paraíso", que usava os belos clássicos do Douglas Sirk como referência para mostrar o que havia por baixo da aparente normalidade daquela sociedade. Nele Dennis Quaid vivia um homem, homossexual, preso pelas convenções da época sofrendo por não poder viver plenamente seus desejos e tendo de se conformar com um casamento tradicional. Um sofrimento angustiante. Um filme emocionante e obrigatório. Penso que ele deva retratar de forma bem mais realista o que de fato acontecia nos anos 40 e 50 em relação ao homossexualismo.
Mas aí já é outra discussão, completamente fora de nosso tema principal que é cinema. E faroeste.
Darci;
ResponderExcluirNem todos os filmes de Brando eu assisti, conforme citas alguns que não mostrei.
Além do mais, mesmo os que assisti, preferi mostrar para o amigo Paiva os que mais me despertaram interesse, mais atenção, e os que foram, de fato, melhores.
Claro que não fiz um trabalho completo. E não fiz isso por mais de uma razão, apesar de o que mostrei ao Paiva já dar para ele uma noção que Brando já deveria ter notabilidade na época.
Apesar do bahiano ter dois meses a mais de vida que o carioca aí (rsrsrsrsr), precisamos lembrar que sou nordestino, que minha terra sempre foi menos aculturada, em tudo, que os irmãos do sul e sudeste.
E imagine, caro Darci: se ainda hoje somos (os nordestinos) um povo com muito atraso dentro de nossa pátria, isso por diversas razões (sociais, culturis, financeira, e mais), pense como era tudo na época à qual citei os filmes para o Paiva, a época de minha adolescencia, a mais bela fase da vida de um ser. Pense nisso. Veja o que deixei de ter, por absoluta falta de condioções de minha terra!
Darci? Eu, para ler por cinco minutos uma Cinelandia, por exemplo, tinha que pedir, melhor, adular, àqueles colegas com melhores condições financeira para adquiri-las, a me emprestarem. E como isso das revistas, era tudo o mais ,amigo, tudo! A barra aqui era mais densa, dificil, sofrida que por aí, onde os acessos a tudo era mais livre, onde todas as condições para uma vida melhor era fato notório.
Então, amigo, o que eu passei para o Paiva, o fiz porque sou cinéfilo mesmo. Daqueles que memorizam, que guardam na cuca tudo o que sabe de cinema. E veja; hoje ainda tenho a Internet que me auxilia mais. Porém, naquela época, era cuca, só cuca.
A vida por aqui era nó cego, amigo. Nó cego!
Não desmereço o amigo, não vai aqui criticas, não vai nada de mais a não ser a explanação de uma vida sem abastanças. E que jamais seja aventada questões de disputa ou indignação do lado do bahiano porque, além de vos querer bem como se a um irmão (mesmo brigão como és), eu o respeito como excelencia no que faz, independente do aperfeiçoamento que tenho absorvido mais e mais contigo sobre a arte que amo. Assim torna-se desnecessário qualquer imaginação de ira ou desagrado.
Tudo o que você fala, por mais insignificante que pense que possa ser, eu procuro absorver, guardar, aprender, me instruir mais. Não deixo nada passar em branco.
Mas, temos de ser sinceros e clarear; nunca tive, ao menos até os meus vinte e poucos anos, a mesma condição de vida que gostaria de ter, ou mesmo a que o bom companheiro, graças a Jesus, deve ter tido.
Daí eu somente poder oferecer o que tenho e o que as condições de vida que ganhei me condicionaram.
OBS; Fineza ler o escrito acima somente como mais um comentário ou uma resposta às muitas trocas de idéias.
PS: 1 - nem pensar Newman se igualar a Brando. Nem falar sequer vale a pena.
2 - Também não observei jamais razões para o Cliff sofrer tanto por sua condição sexual.
3 - Olivier pode ter sido um grande shakespeariano, mas muitos chegam a esquecer que o Richard Burton existiu e que ele era grandioso ator nesta área.
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir -
ResponderExcluirQuem somos nós para discutir atores que se aperfeiçoaram na arte dramática vivendo Hamlet, Yago, MacBeth e outros, mas Marlon Brando tirou de letra quando teve que interpretar no cinema um personagem de Shakespeare, o Marco Antonio. E se for para citar preferências nessa área, prefiro Peter O'Toole, para sempre e inesquecível Lawrence of Arabia. E ainda Paul Scofield, aquele que não vendeu sua alma, o nazista amante da arte de O Trem. Continuo acreditando que homossexualismmo não tenha levado ator nenhum ao inferno que foi a vida de Monty Clift. Imagine o Liberace se remoendo por ser homossexual com aquelemanto e candelabros que emolduravam seu largo sorriso.
Quanto a ter sido pobre, assim como o amigo baiano por aí, eu também passei por momentos em que tudo era difícil. Ainda bem que havia cineminha aos domingos e aquela infância de dar inveja na molecada moderna.
Darci
Darci;
ResponderExcluirParece que vivemos nos queixando de barriga cheia.
Acredita que cheiguei a esquecer que o Brasil de nossa época era o mesmo Brasil de norte a sul?
Sabe o que é, carioca? É que sou falastrão mesmo.
Mas que a barra pesou aqui pelo nordeste, pesou sim. Não foi moleza não. Mas, claro que éramos todos viventes de um Brasil tentando se firmar de pé e onde a miséria reinava.
Só que agora, que poderia ser o momento dele se plantar, acontece toda essa zorra que vemos acontecendo aí.
E quer saber de mais uma coisa? Vou me restringir ao direito de não dizer mais nada, pois assim a constituição me permite.
Abraço.
E não esquecer também do grande John Gielgud, de Hamlet/48, de Olivier, Julio Cesar/53, de Mankiewicz e Richard III/55, também de Olivier, sem falar em Joana D'Arc e outros monstros de filmes por aí.
jurandir_lima@bol.com.br
Parabéns pela memória, Jurandir. Assisti Assim são os Fortes e misturei este filme com Ao Rufar dos Tambores. E ainda matei um pobre índio.
ResponderExcluirNesta tua dica, Gable foge de vários índios e esta fuga termina com uma luta entre ele e um dos seus perseguidores em um rio. No final, outra cena presente na memória infantil, Gable precisa carregar rapidamente seu fuzil porque o líder indígena avança rapidamente em sua direção (interpretado por Montalban). Muito obrigado, baiano. Mas onde estão os três índios maratonistas neste mosaico?
Em Ao Rufar dos Tambores, Fonda foge deles. Logo que começou a emocionante perseguição, identifiquei os cenários e a bela fotografia. Chamei a esposa: - Olha um índio cardíaco! Quando dois deles diminuem o ritmo, um ainda tenta o sprint final para alcançar nosso herói. Tomba extenuado, de joelhos, mas a vida no campo é muito saudável, basta não brincar com abelhas e não brigar com o homem branco. Percebe-se no máximo um lamento, como se o extra esbaforido resmungasse: "Essa foi Fonda! Vai, Henry! Ser um grande ator na vida."