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5 de abril de 2012

RAY TEAL, O QUERIDO ‘XERIFE COFFEE’ DE BONANZA


Nascido em 1902 em Grand Rapids, no Michigan, Ray Teal estudou nas Universidades do Texas e da Califórnia, onde aprendeu a tocar sax alto. Com o dinheiro que ganhava como músico Ray custeava seus estudos e, terminada a Universidade, o jovem liderava a banda 'Ray Teal and the Floridians', animando festas e bailes. Tudo indicava que Harry James, Glenn Miller, Ray Anthony e os irmãos Jimmy e Tommy Dorsey teriam um concorrente na Costa Oeste, mas Ray Teal preferiu mesmo apostar na carreira de ator.

Ray Teal acima com Spencer Tracy e
Maximilian Schell em primeiro plano;
no centro multando William Holden;
abaixo o dandy Ray Teal
 com Yvonne De Carlo
ATOR PRESENTE EM GRANDES FILMES - Ray Teal que havia cursado Arte Dramática no famoso Pasadena Playhouse, guardou seu saxofone e se tornou um ator bastante versátil. Com a mesma facilidade com que interpretava um bandido cruel, Ray Teal interpretava homens bons, sheriffs, médicos, policiais, prefeitos ou simplesmente um cidadão comum, o característico homem simples de qualquer época ou cidade. A primeira aparição de Ray Teal nas telas foi comandando uma orquestra em “Sweetheart of the Navy”, estrelado por Cecilia Parker, em 1937. A partir daí foram quase 40 anos de carreira e mais de 300 filmes, quase a totalidade deles como coadjuvante, inclusive em três filmes de Marlon Brando: “Espíritos Indômitos” (em que é esmurrado pelo paraplégico Marlon Brando), “O Selvagem” (Ray Teal é o dono do café e pai de Mary Murphy) e “A Face Oculta” (One-Eyed Jacks). Ainda que mais lembrado por suas participações em faroestes, Ray Teal marcou presença em filmes de sucesso como “Sargento York”, com Gary Cooper; “A Mulher do Dia”, com Spencer Tracy e Katharine Hepburn; “Escola de Sereias”, com Esther Williams; “Sudão”, com Maria Montez; “Marujos do Amor”, com Gene Kelly e Frank Sinatra; “Capitão Kidd”, com Charles Laughton; “Os Melhores Anos de Nossas Vidas”, com James Stewart; “Confissão”, com Humphrey Bogart; “Brutalidade”, com Burt Lancaster; “Joana D’Arc”, com Ingrid Bergman; “A Caminho do Rio”, com Bob Hope-Bing Crosby; “Até o Céu tem Limites” (The Great Gatsby), com Alan Ladd; “A Cova da Serpente”, com Olivia De Havilland; “Sansão e Dalila”, com Victor Mature; “O Segredo das Jóias”, com Sterling Hayden; “A Montanha dos Sete Abutres”, com Kirk Douglas; “Tambores Distantes” (Distant Drums), com Gary Cooper; “Tributo de Sangue”, com William Holden; “Pecado e Redenção”, com Robert Taylor; “Meu Pecado foi Nascer”, com Clark Gable; “O Vento Será Tua Herança” e “Julgamento em Nuremberg”, ambos com Spencer Tracy. Neste último Ray Teal tem um importante papel como juiz que entende que os crimes nazistas foram uma consequência do contexto da guerra, tentando abrandar as penas dos acusados, posição contrária à do outro juiz interpretado por Spencer Tracy.

Ray Teal em "A Montanha dos Sete Abutres" com Kirk Douglas e
Jan Sterling ao fundo; abaixo duas vezes com Marlon Brando,
em "O Selvagem" e em "Espíritos Indômitos".

Ray Teal com Lorne Greene; depois com
Lorne e Pernell Roberts em "Bonanza";
 abaixo com Robert Sterling em
"O Linotipista Diabólico", personagem
de Burgess Meredith, ao fundo.
SERIADOS DO CINEMA E SÉRIES DE TV - Ray Teal fez quase todo tipo de trabalho no cinema, inclusive tendo participado de oito seriados: “A Volta do Zorro” (Zorro Rides Again), estrelado por John Carroll; “As Aventuras de Red Ryder” (The Adventures of Red Ryder), com Don ‘Red’ Barry; “Rádio Patrulha” (Radio Patrol), com Grant Withers; “A Volta do Besouro Verde” (The Green Hornet Strikes Again), com Warren Hull; “Don Wislow na Marinha” (Don Wislow of the Navy), com Don Terry; “Capitão Meia-Noite” (Captain Midnight), com Dave O’Brien; “Salteadores do Ouro” (Raiders of Ghost City), com Dennis Moore; “A Flecha Negra” (Black Arrow), com Robert Scott. Finda a fase dos seriados para o cinema, teve início a fase das séries de TV e Ray Teal participou de episódios de uma das séries pioneiras, que foi “The Lone Ranger”, que estreou em 1949. Mesclando seu trabalho de ator no cinema e na TV, Ray Teal levou sua competência para dezenas de séries, em participações especiais, como na série “Alfred Hitchcock Presents”, em que atuou em nada menos que oito episódios. Outras séries nas quais Ray Teal atuou inúmeras vezes foram “Disneylandia” (14 episódios); e “Lassie” (13 episódios). Uma série de TV hoje clássica foi “Além da Imaginação” e um episódio memorável foi “Printer’s Devil” (O Linotipista Diabólico), em que Burgess Meredith interpreta um linotipista que era o próprio demo. Teal interpretou o dono do jornal rival daquele que contratou o linotipista Meredith. Em 1960, a série “Bonanza” iniciava sua segunda temporada e mesmo sendo a série pioneira exibida em cores a audiência era baixa e “Bonanza” corria o sério risco de não emplacar uma terceira temporada. Tudo iria depender da audiência dos novos episódios que agora teriam, além dos quatro Cartwrights, também o personagem fixo do Sheriff de Virginia City. Ray Teal recebeu convite para interpretar o ‘Sheriff Roy Coffee’ e logo se tornou uma figura tão querida do público quanto Ben, Adam, Hoss e Little Joe. Coincidentemente a audiência passou a subir e “Bonanza” foi por vários anos a série campeã de audiência da televisão norte-americana. Ray Teal atuou num total de 94 episódios da série, o último deles em 1972. Vez por outra o Sheriff Roy Coffee de Virginia City (Ray Teal) tinha que viajar e era substituído por um delegado, mas não era a mesma coisa pois os telespectadores gostavam tanto do Sheriff Coffee quanto dos donos de La Ponderosa.

Ray Teal acima com Kirk Douglas e
John Agar; centro: com Scott Brady;
abaixo com John Wayne.
RAY TEAL NOS FAROESTES - Onde Ray Teal se sentia à vontade era nos westerns, sendo “Western Jamboree”, com Gene Autry, o primeiro faroeste de sua carreira, em 1938. Daí em diante Ray Teal foi visto em mais de uma centena de westerns dos quais vale enumerar os mais importantes como: “Viva Cisco Kid”, protagonizado por César Romero; “O Intrépido General Custer” (They Died with their Boots On), com Errol Flynn; “Gentil Tirano” (Billy the Kid), com Robert Taylor; “Tudo por uma Mulher” (Along Come Jones) com Gary Cooper; “Fúria Abrasadora” (Ramrod), com Joel McCrea; “No Velho Colorado” (The Man from Colorado), com Glenn Ford e William Holden; “A Voz da Honra” (Fury at Furnace Creek), com Victor Mature; “Abutres Humanos” (Whispering Smith), com Alan Ladd; “Embrutecidos pela Violência” (Along the Great Divide) e “A Um Passo da Morte” (The Indian Fighter), os dois com Kirk Douglas; “Winchester 73”, com James Stewart; “O Laço do Carrasco” (Hangman’s Knot), “Fúria ao Entardecer” (Rage at Dawn), “O Domador de Motins” (Forth Worth) e “Entardecer Sangrento” (Decision at Sundown), os quatro com Randolph Scott; “Bela e Bandida” (Montana Belle), com Jane Russell; “Duelo Sangrento” (The Kid from Texas), “O Renegado do Forte Petticoat” (The Guns of Fort Petticoat), “Quadrilha do Inferno” (Posse from Hell), “Balas para um Bandido” (Bullet for a Badman) os quatro com Audie Murphy; “Taggart”, com Dan Duryea; “Montanhas em Fogo” (The Burning Hills), com Tab Hunter; “Quando as Pistolas Decidem” (The Oklahoman) e “Audácia de um Estranho” (The Tall Stranger), com Joel McCrea; "Irmão Contra Irmão" (Saddle the Wind), com Robert Taylor;  e o anteriormente citado “A Face Oculta”. A carreira bem sucedida de Ray Teal como ator, especialmente de faroestes, não poderia ter fecho melhor pois foi ao lado de John Wayne em “Chisum” que Ray Teal se despediu dos faroestes no cinema, em 1970. Já na televisão o último filme de Ray Teal foi “O Enforcado”, com Steve Forrest com Teal interpretando um juiz. Ray Teal veio a falecer de causas naturais em 2 de abril de 1976, aos 74 anos de idade, após tornar-se um dos mais queridos coadjuvantes do cinema e da TV.


7 comentários:

  1. Não é nada fácil a vida desses eternos atores coadjuvantes. Podem estragar um filme, mas se não o fazem, passam despercebidos. Existem os atores ladrões de cena, que mesmo em pequenos papéis conseguem um merecido destaque.
    O Darci lembrou bem do juiz interpretado por Teal. Eu igualmente destaco o xerife de A Montanha dos Sete Abutres, no qual era necessário um bom ator para manter a vivacidade das cenas com Kirk Douglas e aqueles diálogos irônicos desse ótimo filme.
    Aproveito para elogiar um espetacular ator e uma grande série: Burgess Meredith e Twilight Zone (Além da Imaginação), citados pelo Darci. Um dos episódios mais elogiados dessa série chama-se "Time Enough at Last" com Burgess. Prefiro dois outros episódios, também com ele, o mencionado nesse artigo e "The Obsolete Man". Burgess interpreta o diabo naquele e um bibliotecário religioso neste, lutando sozinho contra um regime opressor. Burgess diferencia seus dois personagens opostos também pelo olhar, atuações que merecem ser conhecidas.

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  2. Amigos, linotipista que fui, de profissão, vim a conhecer o episódio de Além da Imaginação - O Linotipista Diabólico - através do amigo Ivan que me presenteou com uma cópia. E lá está Ray Teal correto como sempre. Darci

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  3. Darci, quanto lhe devo pela aula de cinema que me deu, alias que nos deu no comentário deixado em meu último Post ? EU NUNCA imaginava que Johnny Ray era surdo e agora sim entendo o porque realmente de suas interpretações exageradas. Nossa estou muito grato por suas informações,eu só sabia que ele era muito famoso, como cantor, mas os demais fatos que me disse: Novidades, te agradeço mais uma vez. Valeu.

    Agora vou ler sua matéria...

    Abraços

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  4. Face conhecida por atuar em dezenas de peliculas, Ray Teal, que apenas conhecia visualmente, sempre atuou como coadjuvante, jamais tendo um papel central.

    Mesmo assim, sempre esteve perfeito em suas aparições, dando desta forma sua contribuição para as fitas onde trabalhou.

    Ator que comparo, como por exemplo, com Brian Donlevy, Chill Wills e outras dezenas de artistas, que sempre atuaram como apoio aos astros principais e, muitas vezes ressaltando as atuações destes.

    Apesar de lamentar meu desagrado por não ter levado a carreira deste ator com mais atenção, não posso deixar de acrescentar sua boa contribuição ao mundo do cinema.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  5. Mesmo como coadjuvante era um contumaz ladrão de cenas o seriado "Bonanza" não era o mesmo sem ele...

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  6. Ray Teal joga no time de Jack Elam, Dan Dureya, Chill Wills, Royal Dano, Edgar Buchanan e outros grandes coadjuvantes com longa tradição em westerns.

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