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2 de abril de 2012

DORIS DAY E MARLON BRANDO – 3/4/1924


O dia 3 de abril é uma das datas que os cinéfilos nunca esquecem pois foi nesse dia e no mesmo ano de 1924 que nasceram dois dos maiores astros do cinema: Doris Day e Marlon Brando. Doris fez apenas dois westerns, isto considerando “Ardida como Pimenta” (Calamity Jane) um faroeste; Brando fez vários, sendo “A Face Oculta” (One-Eyed Jacks) não somente o melhor deles como também o único filme que Brando dirigiu em sua carreira.

O INESGOTÁVEL TALENTO DE DORIS DAY - “Ardida como Pimenta” é um filme inesquecível e que deu oportunidade a Doris de comprovar a brilhante artista que era, cantando, dançando, fazendo rir numa interpretação de incrível vitalidade exibindo uma inesgotável e graciosa energia. Western-comédia-musical, “Ardida como Pimenta” possibilitou ainda a Doris interpretar algumas canções que se tornaram clássicas como “The Black Hills of Dakota”, “The Deadwood Stage” e “Secret Love” que ganhou o Oscar de Melhor Canção Original de 1953. O outro western de Doris Day foi “A Indomável” (The Ballad of Josie), de 1967 e que não fez jus ao talento da grande atriz-cantora.




De onde veio a idéia do poncho...
MARLON BRANDO E O WESTERN-SPAGHETTI - O poncho e a cigarrilha usados por Clint Eastwood na trilogia dos dólares é até hoje a marca maior do Western-Spaghetti e foi sempre motivo de controvérsia. Clint afirma que ele mesmo foi o responsável pela escolha da roupa que utilizou em “Por um Punhado de Dólares” (Per um Pugno di Dollari). Já Sergio Leone afirmava que ele próprio elaborou o figurino do estranho sem nome que se chamava ‘Joe’. E pode até ser que desta vez Leone estivesse dizendo a verdade pois Clint Eastwood sequer fumava. E Leone diz que a idéia do poncho que ele criou foi imitada por Marlon Brando em “Sangue em Sonora” (The Appaloosa), western de 1966, em que Brando desfila o filme todo com um poncho e um imenso sombrero.

EXCENTRICIDADES DE BRANDO - Porém se Leone forçasse um pouco mais a memória iria lembrar que alguns anos antes, em “A Face Oculta”, Marlon Brando interpretando o bandido ‘Rio’ já havia usado uma espécie de poncho um pouco mais espesso, quase um cobertor. E na sequência em que ‘Rio’ é chicoteado por Dad Longworth (Karl Malden), Brando está vestido também com algo parecido com um poncho todo preto de tecido bem mais leve. “A Face Oculta”, western que foi bastante revalorizado nos últimos anos tendo hoje o status de clássico do gênero, foi um dos mais criativos faroestes do cinema. E muito dessa inventividade veio do temperamento excêntrico de Marlon Brando, como por exemplo sua paixão pelas coisas do México, que o levou a se casar com Movita Castañeda, atriz especializada em papéis de mexicana. Curiosamente Movita nasceu dentro de um trem que havia partido do México em direção a Nogales, Arizona, sendo considerada norte-americana de nascimento. Tudo na vida de Brando era diferente...


Hoje, 3 de abril, é um ótimo dia para lembrar dos admiráveis artistas que foram Marlon Brando e Doris Day e por que não aproveitar para rever filmes dessa inesquecível dupla nascida há 88 anos num dia como o de hoje.


Tudo OK com Marlon Brando.

5 comentários:

  1. É. Mais uma novidade para mim, saber que ambos nasceram em datas semelhantes. E mais; que ambos foram bons atores, fizeram grandes filmes, mas jamais trabalharam na mesma pelicula.

    Comprei, há mais de oito meses, Ardida Como Pimenta. Ainda Ontem ia por no video para ver, mas fiquei preso a um documentário nacional sobre como eram feitos os filmes mais antigos (adoro estes tipos de informações) e, para completar, emprestei seis filmes que adquiri, e ainda não os tinha visto, e Ardida foi no meio.

    Mas a bela atriz Doris Day está muito viva em minha memória.
    Desde seus deliciosos filmes em par com o bom Hudson, ao filme Teia de Renda Negra, onde tem um papel muito bom.
    Vi também seus dois faroestes.
    Tudo isso passando por O Homem que Sabia Demais, um filme onde o espectador se perde num enredo que nem o próprio diretor esclarece bem. E até acho que nem mesmo ele sabia direito tudo aquilo ali, já que é um filme que deixa a gente perdido em muitas coisas.

    Mas no fim saiu um filme bonito, pois o complemento dele, o Jimmy, onde está encanta.

    Mas ainda gosto mais dela do memorável e perfeito filme do Vidor, Ama-me ou Esquece-me. Um drama vigoroso, onde todo o desenrolar da fita lhe segura sem deixar piscar os olhos e onde Cagney e Mitchel estão muito bons.

    Já o Brando fez coisas melhores que ela. Isto no meu ponto de vista. Somente A Face Oculta suprime muitos dos simples filmes feitos pela adorável Day.
    Mas tem ainda Sangue em Sonora e o horrível filme de Penn, com Nicholson, Duelo de Gigantes.

    Duelo de Gigantes, A Ilha do Dr. Moreau e Don Juan de Marco são as 3 piores coisas que ele fez.
    O Ultimo Tango em Paris é algo à parte, já que foge completamente a tudo que se viu de Marlon Brando, apesar de ser um estilo próprio do Bertolucci. Vejam OS Sonhadores. E se premiem com a TOTAL beleza da bela Eva Green.

    No entanto, o homem (Brando) fez sim belissimos filmes. Temos A Face Oculta, vemos o Penn se redimindo e fazendo o ótimo Caçada Humana/66 (mesmo o tendo sido feito 10 anos antes de Duelo de Gigantes), O Poderoso Chefão, papel marcante em sua carreira, o fantástico Viva Zapata/52, do Zinneman, que considero o que fez de melhor na sua carreira junto com Julio Cesar. O delicioso Casa de Chá ao Luar de Agosto, onde ele está perfeito e, se o Ford não é Ford toma uma surra na fita, pois Brando dá um Show. Mas o Ford também dá o seu. Aquele banho que a gueixa queria dar nele, tentando-o despir, me fez dar belissimas gargalhadas.

    Tudo isso dentre um rosário de filmes muito elogiados como O Grande Motim e Queimadas, fita que não vi e que vivo correndo atrás. Gosto do Pontecorvo, que o dirigiu em Queimadas, e nunca me esqueço de O Profundo Mar Azul, uma fita para se ver e não esquecer de tão linda e emocionante que é

    Pusemos então dois grandes valores do cinema em voga. Cada um com seu estilo de trabalho e, mesmo sendo um homem e uma mulher, foram duas marcas que estão registradas para sempre na historia da Sétima Arte.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  2. Darci, você se empolgou ao dizer que Brando fez vários faroestes. Se considerarmos "Viva Zapata!" como um deles teremos... quatro!!
    Brando foi um ator impressionante em cena. Sua presença era muito marcante. Tenho minhas implicâncias com ele e seus cacoetes, alem da impressão de que sempre interpretava o mesmo personagem em todos os filmes. Sempre preferi Burt Lancaster, pra ficarmos numa mesma geração. Mas como negar o impacto de sua figura?

    Lembro de como adorava "Ardida Como Pimenta" quando garoto, nos nostálgicos tempos da "Sessão da Tarde". Filme ingênuo mas divertido. E ela cantando "Que Sera Sera" em "O Homem Que Sabia Demais" sempre será um momento inesquecível.
    Era um talento subestimado pela industria cinematográfica e pela crítica.

    Edson Paiva

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  3. Edson, você não deixa de ter razão. Quatro não chega a ser vários, mas há autores que consideram até mesmo Caçada Humana como western moderno, com o que não concordo. Quanto a Zapata, aí é entrar numa discussão infindável. Quase que Brando e Doris empatam até no número de westerns...

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  4. Darci,
    Data memorável para o cinema! Duas feras incontestáveis. Gosto dos dois westerns de Dóris Day, mas “Ardida como Pimenta” é uma delícia. A interpretação dela é magnífica. E um agradabilíssima diversão em família. A mulherada em casa ama esse filme. Os filmes de Brando são obrigatórios: Sindicato de Ladrões, Uma Rua chamada Pecado, A face oculta, Appaloosa...
    Sei que você detesta o Gorducho genial, Darci, mas eu creio que sem ele, esses filmes, com ou sem poncho, cigarrilha, seriam, provavelmente, só uns filminhos a mais. Ele fez as escolhas acertadas, quase sempre, os artistas cresciam com ele. Eastwood é o maior colhedor desses frutos, porque é americano, teve apoio, e é esperto. Até hoje, vemos Leone julgado como pessoa, não como artista. A proposta dele foi sair da linha americana, e isso não pode ser critério para julgarmos sua produção. Ele estava consciente de que deveria fazer a sua leitura, e a fez. Mas amar tanto como odiar tem um preço. Ele sabia que teria de pagar por um ou outro.
    Abraço!

    Lemarc

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  5. Olá, LeMarc, como posso odiar o Gorducho Genial? (você deve estar falando de Leone e não do Brando). Não foi esse gorducho genial que fez a trilogia dos doláres? Não foi ele que filmou C'Era Una Volta Il West? E não é dele também Era Uma Vez na América? As qualidades de Leone são irrefutáveis e o que o faroeste deve a ele é difícil de se avaliar sem ser injusto. Como todo gênio meio fora do peso (Brando, Welles) ele também era um excêntrico e tinha direito a ser assim..
    Um abraço - Darci

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