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25 de fevereiro de 2011

STELLA STEVENS, A GATA DE SAM PECKINPAH

Depois de deixar o público perplexo com “Meu Ódio Será sua Herança” (The Wild Bunch), o mundo ansiava para ver o que Sam Peckinpah, o John Ford da era Vietnã, apresentaria a seguir. E a ansiedade só aumentou com o curioso título do filme “The Ballad of Cable Hogue”, cuja tradução literal seria ‘A Balada do Cabo Hogue’, e que no Brasil chamou-se “A Morte não Manda Recado”. Decepcionados ficaram aqueles que esperavam novo banho de sangue estilizado pois “Cable Hogue” nada teve de violento. Ao contrário com muito humor Peckinpah contou uma história de amor entre um empreendedor dos novos tempos do Velho Oeste (Hogue) e uma prostituta (Hildy). Não são poucos os que consideram “A Morte não Manda Recado” o melhor filme de Peckinpah, com Jason Robards protagonizando o rude Cable Hogue com invulgar intensidade, lembrando bastante Humphrey Bogart em “O Tesouro de Sierra Madre”. Mas o que torna esse néo-western verdadeiramente agradável de assistir é a presença excitante de Stella Stevens naquela que certamente foi sua melhor atuação no cinema. Stella surgiu no início dos anos 60 como promessa de ser mais uma Marilyn Monroe e passou a ser notada após “O Professor Aloprado” (The Nutty Professor), com Jerry Lewis. Depois da sua enternecedora participação em “A Morte não Manda Recado” parecia certo que ela entraria para o time das grandes estrelas de Hollywood. Mas os bons papéis não vieram e Stella voltou a ser coadjuvante em “O Destino do Poseidon” (The Poseidon Adventure). A partir de então Stella Stevens nunca mais teve uma real oportunidade de desenvolver seu inegável talento de atriz. Certo dia, durante a filmagem de “A Morte não Manda Recado” Sam Peckinpah fez Stella chorar e desgostosa ela disse a Sam para arrumar outra atriz com manequim n.º “8”. Quando ela estava em seu trailler arrumando as malas para abandonar a produção, um mensageiro lhe trouxe uma pequena gatinha branca com um bilhete escrito: “Desculpe-me, minha gatinha. – Sam”. Ainda bem que tudo terminou em paz e esse belo e elegíaco filme de Peckinpah nos proporcionou uma das mais deliciosas interpretações de uma atriz num western. A provocante e inesquecível Hildy de Stella Stevens.

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