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15 de fevereiro de 2011

O COCHEIRO DE "NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS"

Aos cinco anos de idade ele se submeteu a uma cirurgia nas cordas vocais e, para o resto da vida, sua voz ficou incapaz de emitir duas palavras no mesmo tom. E mesmo assim essa voz seria a sua marca registrada, sendo imitada por mais de 150 milhões de pessoas nos USA nos anos 50. Seu nome: Andy Devine. Depois de atuar em mais de 70 filmes Andy teve uma grande oportunidade no cinema como o cocheiro ‘Buck’ de “No Tempo das Diligências”. Em seguida seu corpanzil e sua voz estridente foram vistos em todo tipo de filme, desde westerns até aventuras passadas no mundo árabe. Andy iria encontrar o sucesso de verdade na tela pequena, interpretando o Deputy Marshal (delegado) Jingle P. Jones na série “As Aventuras de Wild Bill Hickok”, estrelada por Guy Madison, série exibida por seis anos consecutivos na TV norte-americana. O infeliz cavalo do corpulento Andy penava bastante para carregar os 150 kg do ator, enquanto Wild Bill Hickok (Guy) se distanciava em perseguição aos bandidos. Nesse momento os Estados Unidos inteirinho deliravam ao ouvir o famoso bordão “Hey, Wild Bill, wait for meeee!” O sucesso era tão grande que Andy chegou a ter sua própria série na TV, chamada “Andy’s Gang”, em 1955. Nessa série repetia outro bordão famoso: “Hyia, Buck!”, igualzinho como havia feito numa boléia em “No Tempo das Diligências”. Foram 22 anos longe de John Ford, com quem voltaria a trabalhar em “Terra Bruta” (Two Rode Together), seguido do importante personagem ‘Marshal Link Appleyard’ na obra-prima “O Homem que Matou o Facínora” (The Man who Shot Liberty Valance). Seu último encontro com John Ford foi em Monument Valley no documentário “The American West of John Ford”, rodado em 1971. Uma das cenas imortais da história do 7.ª Arte, independente de gênero, será sempre a figura impressionante de John Wayne sobre uma diligência da Overland Stage Line disparando seu rifle contra os índios perseguidores, enquanto o gorducho cocheiro conduzia espetacularmente três parelhas de cavalos negros, imprimindo mais e mais velocidade à diligência e gritando freneticamente com sua voz desafinada: “HYIA, BUCK!!!” Era o inesquecível Andy Devine.

Um comentário:

  1. Tive a felicidade de assistir a dezenas de filmes com o ótimo Andy Devine e ouvir com risos a tonalidade engraçada de sua voz. Recordo pouco dele no seriado As Aventuras de Wild Bill Hickok, ao lado do sofrível Guy Madison. Porém, recordo dele muito vivamente em O homem que matou o facínora, no papel daquele xerife que dava mil desculpas para evitar de prender Libert Valence (Lee Marvin). No meu ver a melhor coisa que John Ford já fez.
    Infelizmente não temos mais o Devine, que nos deixou em 1977, e nem temos mais aqueles coadjuvantes com cacoetes comicos como ele fazia com perfeição e como fez Walter Brennan em El Dorado e em outras peliculas. Perdemos o que de melhor o bom cinema tinha, tendo todos nós, amantes da boa 7a. arte, ficar catando filmes antigos, quando desejamos ver algo que valha a pena. Necessitamos, urgente, que uma dessas emissoras a cabo crie um canal somente com filmes de faroeste. Garanto que irão se arrepender de não terem feito isto antes.
    jurandir_lima@bol.com.br

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