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30 de abril de 2013

ESTANTE DE FAROESTE – “ANY GUN CAN PLAY”, GUIA ESSENCIAL PARA OS EURO-WESTERNS



Os westerns produzidos na Europa possuem uma legião de admiradores. Pensando neles, muitos livros já foram escritos procurando ressaltar a importância desses filmes na história do cinema mundial. Até mesmo Sir Christopher John Frayling, Reitor do Royal College of Art da Inglaterra escreveu sobre euro-westerns, mais precisamente sobre o Spaghetti Western. Mas se você quiser ler o melhor trabalho sobre euro-westerns deve ler “Any Gun Can Play”, de autoria de Kevin Grant. Ao contrário do renomado Christopher Frayling, Kevin Grant é praticamente um desconhecido, possivelmente inglês, como Frayling. No entanto, para falar de “Any Gun Can Play”, é preciso abusar de superlativos, tamanha a qualidade dessa obra.


Lee Van Cleef
633 ilustrações - “Any Gun Can Play” tem o aparentemente pretensioso subtítulo ‘The Essential Guide to Euro-Westerns’ e em suas 480 páginas o autor faz um amplo e completo histórico do gênero que consagrou Sergio Leone. Se algum livro pode ser chamado de bíblia dos Spaghetti Westerns e dos westerns produzidos na Europa, esse livro é “Any Gun Can Play” com suas 450 ilustrações, às quais se somam outras 183 de uma 'Filmografia' em forma de apêndice. Dessas 450 ilustrações, 44 são fotos belíssimas de página inteira, retratando Franco Nero (três vezes), Lee Van Cleef (quatro vezes), Giuliano Gema (duas vezes), Clint Eastwood, Burt Reynolds, Frank Wolf, Robert Hussein, Jean-Louis Trintignant, Tomas Milian, Bret Halsey, George Eastman e Klaus Kinski. Duas atrizes são destacadas nessas páginas, Linda Veras e Raquel Welch em estupendo colorido que realça suas belezas. O livro apresenta 46 fotos em cores e incontáveis posteres de filmes, muitos deles também em cores. Duvido que alguém passe por esses cartazes sem admirar a arte dos desenhistas.

Linda Veras

Estilo fácil e fluente - Constatado o impressionante conteúdo fotográfico de “Any Gun Can Play” pode-se imaginar que o livro de Kevin Grant seja um volumoso álbum de fotografias. De fato, o que não falta no livro são fotos de encher os olhos, mas fotos que ilustram muita informação. Há no livro 50 páginas maciças de texto e centenas de outras páginas de texto ilustradas por fotos de tamanhos diversos, formando interessante diagramação. E que texto. O que se pretenda saber é comentado de forma didática, inteligente e com estilo fluente pelo autor. Kevin Grant dividiu seu livro em oito segmentos, que têm os seguintes títulos e subtítulos: Tiro ao alvo (O faroeste continental toma forma)Um tiro dado, um dólar ganho (O euro-western promove uma matança) – Parentes e religião (Rixas fraternas, padres problemáticos e temas recorrentes) – ‘Deus perdoa..., eu não’ (Filmes de ódio e vingança) ‘Não compre pão, compre dinamite’ (O contexto do western político) Cuidado com armas falsas (Superheroes do Spaghetti, alter-egos e impostores)Westerns híbridos (Influências do Horror, Humor e Artes Marciais)Desolação e reconstrução (Os anos crepusculares do gênero).

Cartazes de "El Chucho, Quién Sabe" (Gringo / A Bullet for the General) e
"Mille Dollari  Sul Nero" (Johnny Texas / Blood at Sundown).

Apêndices que valem outro livro - “Any Gun Can Play” traz dois apêndices que nem merecem assim ser chamados de tão completos que são e ambos poderiam ser editados em forma de livro. O primeiro apêndice, com 47 páginas é composto por 325 mini biografias, 183 delas acompanhadas de fotos dos biografados. O segundo apêndice, com 38 páginas, é uma filmografia do euro-westerns, contendo nada menos de 707 westerns produzidos ou filmados na Europa a partir de 1955. As duas primeiras produções são “El Coyote” e “La Justicia del Coyote”, ambas estreladas por Abel Salazar e dirigidas por Joaquin Romero Marchent. Os dois últimos filmes relacionadas nessa filmografia são do ano de 2009: “Doc West” (com Terence Hill e Ornella Muti) e “Lucky Luke” (com Jean Dujardin). Cada verbete da filmografia tem o título em Inglês, título original, diretor, produtor, roteirista, diretor de fotografia, autor da trilha sonora e elenco.

O cangaceiro 'Espedito' (Tomas Milian) em "Viva Cangaceiro",
exibido no Brasil como "Rebelião de Brutos".

Lembrando Antônio das Mortes - O título "Any Gun Can Play" foi emprestado do spaghetti "Vou, Mato e Volto" (Vado... l'Amazzo e Torno), "Any Gun Can Play" em Inglês e é uma sutil resposta àqueles que insistem em desprezar o subgênero Western-Spaghetti. Qualquer revólver pode disparar, qualquer país pode filmar faroestes. O livro de Kevin Grant é surpreendente no alcance de informações e até nosso Glauber Rocha é focalizado na influência do faroeste em seus filmes e na visão político-social dos mesmos. “Any Gun Can Play” é um trabalho de fôlego que resultou numa obra imprescindível para quem pretende se familiarizar com os euro-westerns ou mesmo encontrar análise aprofundada da história desse gênero cinematográfico. Minucioso sem ser cansativo e abrangente sem ser laudatório, é ainda um livro que dá enorme prazer de ser folheado pelas fotografias e cartazes escolhidos com enorme bom gosto. Publicado pela editora inglesa FAB Press e prefaciado por Franco Nero, “Any Gun Can Play” possui 480 páginas, como já foi dito, no tamanho 25,5cm x 19,5cm (altura x largura). Essencial em qualquer biblioteca de fãs de faroestes.

Última capa do livro de Kevin Grant, com foto de Franco Nero, que prefaciou o livro.

4 comentários:

  1. É impossível fugir da verdade e da morte. Um movimento cultural tão intenso, como o do euro-western, jamais poderia ficar confinado só à uma vaga lembrança dos seus fãs mais obstinados, como também não poderia só vir à tona, para receber bordoadas das tradicionais, cambalidas e requentadas críticas, esculpidas no mais puro e cego preconceito.
    Por que não garimpar algumas cerejas do bolo?
    Infelizmente ainda não tenho este livro, mas depois deste post, vou comprá-lo.
    A descrição do Darci sobre as ilustrações e fotos, corrobora e chancela o que já observávamos há tempos: a qualidade gráfica das ilustrações e a plasticidade das cenas dos euro-westerns.
    Quando garoto eu ficava muitas vezes no portão gradeado do cine Spark(Picos-Pi), "mirando" aqueles cartazes dos próximos filmes, achando o máximo.
    Há muita vida também além da trilogia dos dólares.
    OBS-"O cangaceiro Tomas Milian em "Viva Cangaceiro". Há um título no Brasil "Rebelião dos Brutos".
    Parabéns Darci. Abraços.
    Joailton-Caruaru.

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  2. Olá, Joailton
    Esse seu momento nostálgico me lembrou do Cine Olido, na Cinelândia Paulistana no início da década de 60. O Cine Olido estampava um cartaz de "Rocco e Seus Irmãos" há quase um ano, com o anúncio 'breve neste cinema'. Acontece que Sarita Montiel com "La Violetera" juntava filas intermináveis e fazia "Rocco" esperar. Pois quando "La Violetera" saiu finalmente de cartaz o Cine Olido passou a exibir outro filme da atriz espanhola, que igualmente fez muito sucesso. Quando o filme de Visconti foi exibido, muitos menores de idade já haviam atingido os 18 anos, podendo então assistir ao comentado filme italiano.
    Obrigado pela correção do título nacional de "Viva Cangaceiro".
    Darci

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  3. Obrigado Darci, pela indicação literaria. Graças a sua orientação, imediatamente procurei adquirir esse livro; E foi muito facil: pedi da Amazon na quarta/01 e ele chegou as minhas mãos nesta segunda/06. Rapidissímo. Numa primeira olhada, ele é tudo o que você disse e muito mais. Imagens sensacionais, biografias e filmografia de todos euro-westerns. Fantástico.
    Obrigado pela indicação e também pela adição do meu link em seu blog...

    Paulo
    www.eurowesternnobrasil.blogspot.com.br

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  4. Olá, Paulo
    Você optou pelo envio rápido. Eu tive que esperar um mês mas valeu à pena, como tentei mostrar na postagem. Parabéns pelo blog.
    Darci Fonseca

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