É difícil, senão impossível, falar de Nelson Pecoraro sem usar superlativos. Entrando para o Clube Amigos do Western em 1981, Nelson rapidamente, pelo seu amplo conhecimento tecnológico, passou a dominar a área mais importante da confraria, que era a projeção de filmes. Antes de Nelson as sessões ocorriam com a projeção em 16mm dos poucos e já desgastados filmes do acervo do fundador do clube, Dr. Aulo ‘Doc’ Barretti. Nelson conseguiu adquirir um lote enorme de filmes que a TV Cultura repassou para Ademar Carvalhaes, crítico e professor de Cinema, que havia falecido. No pacote Nelson pediu para ser incluída uma das máquinas de telecinagem e com isso mudou a vida de todos aqueles aficionados por faroestes, filmes clássicos (todos em preto e branco) e alguns seriados. Chegou o tempo do Vídeo Cassete Record e quando muitos nunca haviam sequer ouvido falar dessa modernidade, Nelson já passava os filmes telecinados para as fitas VHS que eram exibidas no clube com qualidade e variedade imensamente superior às projeções em 16mm. Passou-se mais um tempo e surgiu o DVD e com ele a possibilidade do uso de projetores modernos. O que era uma minúscula telinha virou uma tela muito maior que Nelson instalou para alegria dos sócios do CAW. Não só membros da confraria ficaram felizes com os conhecimentos de Nelson Pecoraro, mas também Paulo Tardin, comerciante de filmes do Rio de Janeiro e que visitando Nelson tomou aulas de como fazer telecinagens e cópias de filmes que passou a vender como água. Nelson, por seu lado, não tinha interesse nesse tipo de comércio e somente atendia os amigos quando estes lhe pediam determinadas cópias de filmes que só ele possuía. A preço de custo e não aos valores extorsivos que se praticava,
Nelson com os antigos projetores que tantos filmes exibiram no clube dos cowboys paulistanos |
Com toda essa importãncia é de se imaginar que Nelson fosse uma pessoa que se presumisse insubstituível. Mas não era assim pois a personalidade de Nelson Pecoraro era a de um homem discreto, quase sempre escondido atrás de um projetor ou no fundo da sala, raramente emitindo alguma opinião entre os tantos sabichões que havia no clube. Justamente ele que dos nove aos 20 anos de idade, depois de se mudar da cidade de Ibitinga (interior de São Paulo) para a Vila Prudente (bairro de SP), não deixava jamais, a não ser por razão de força maior, de frequentar o Cine Dom Bosco no seu bairro ou os cinemas maiores da vizinha São Caetano do Sul. Em sua conta foram mais de 500 sessões e muitas delas com programa duplo. O conhecimento como cinéfilo de Nelson não era fruto apenas das sessões que ele frequentava, mas também dos livros e revistas sobre cinema que ele desde cedo passou a colecionar. Quem pensa que Nelson, por ser apaixonado por tecnologia áudio-visual trabalhasse nessa área, se engana. Nelson durante toda sua idade adulta foi um representante comercial respeitadíssimo na empresa onde trabalhou por décadas, até se aposentar.
Nelson 'Pecos' Bill e 'Doc' Barretti, respectivamente o pioneiro e o fundador do Clube Amigos do Western |
E da mesma forma que Nelson amava o cinema, ele gostava de música e até mesmo de cantar, soltando a voz em árias que ele conhecia bem ou nos boleros que era seu gênero musical preferido. Seu vasto acervo, então o maior da confraria continha centenas de LPs e depois CDs. E filmes de gêneros variados e a prova disso é que só de filmes mexicanos, da fase áurea estrelada por Dolores Del Rio, Pedro Armendáris, Maria Félix, Emílio Fernández, Columba Dominguez e muitos outros, Nelson possuía quase uma centena de filmes. Um fato que muito alegrou os autor destas linhas foi quando da publicação da edição da revista ‘Pardner’ biografando Nelson Pecoraro. Logo a seguir à publicação, Nelson me pediu cinco cópias da revista para presentear filhos e parentes próximos. A própria filha de Pecoraro fez questão de agradecer dizendo-se emocionada ao ler o extenso relato sobre seu pai. Assim era Nelson Pecoraro, a viga mestra do Clube Amigos do Western, a quem o clube deve muito de sua existência e a quem os membros da confraria devem muito, igualmente. Se tivesse que definir Nelson Pecoraro eu diria: ‘Um Homem Generoso’. Um homem generoso, sempre pronto a ajudar no que fosse preciso a quem precisasse. Cowboy especial o Nelson Pecoraro. Muito especial.
Edição da revista 'Pardner' biografando Nelson Pecoraro e ele desenhado por Umberto 'Hoppy' Losso |
1.º) Os Brutos Também Amam (Shane), 1953 - Dir.: George Stevens
2.º) Paixão dos Fortes (My Darling Clementine), 1946 - Dir.: John Ford
3.º) Onde Começa o Inferno (Rio Bravo), 1959 - Dir.: Howard Hawks
4.º) O Galante Aventureiro (The Westerner), 1940 - Dir.: William Wyler
5.º) Região do Ódio (The Far Country), 1954 - Dir.: Anthony Mann
6.º) No Tempo das Diligências (Stagecoach), 1939 - Dir.: John Ford
7.º) Sem Lei e Sem Alma (Gunfight at the OK Corral), 1957 - Dir.: John Sturges
8.º) Matar ou Morrer (High Noon), 1952 - Dir.: Fred Zinnemann
9.º) Rastros de Ódio (The Searchers), 1956 - Dir.: John Ford
10.º) O Intrépido General Custer (They Died with Their Boots On), 1941 - Dir.: Raoul Walsh
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