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Lex Barker |
Quem nunca assistiu a um daqueles
seriados que faziam sucesso nas matinês nos anos 30, 40 e 50, deve assistir “A
Caravana da Morte” (The Man from Bitter Ridge), isto para ter ideia do ritmo
quase alucinante da ação idêntico àqueles filmes em capítulos. Alguém pode
torcer o nariz e dizer que o ator principal de “A Caravana da Morte” é o limitado
Lex Barker (canastrão para muitos, especialmente depois de Fellini mostrá-lo
assim em “La Dolce Vita”), ou ainda que esse é apenas um dos tantos rotineiros westerns
B que a Universal produzia. Porém há uma diferença pois o filme é dirigido
por Jack Arnold e isso conta muito. Mais lembrado pelos inúmeros clássicos de
ficção-científica que dirigiu na década de 50, Arnold é daqueles diretores que
com orçamento modestíssimo fazia filmes muito bons, inclusive westerns como
“Onde Imperam as Balas” (Red Sundown), com Rory Calhoun e “Balas que Não Erram”
(No Name on the Bullet), com Audie Murphy. Partindo de um tema muitas vezes
levado ao cinema, que é a luta entre criadores de gado e de carneiros, “A
Caravana da Morte”, tem muitos outros ingredientes que fazem dele um western
agradável de ser assistido especialmente por quem gosta de muita ação.
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Lex Barker e o rebanho. |
Criadores,
eleição e amor - Em “A Caravana da Morte” Jeff Carr (Lex Barker) é um
investigador de uma companhia de diligências que vai de Bitter Ridge a
Tomahawk, onde é acusado de pertencer a uma quadrilha de assaltantes. Desfeito
o equívoco, Jeff Carr descobre que o interessado em sua prisão (e morte) é
Ranse Jackman (John Dehner), que disputa em Tomahawk o cargo de xerife. Jackman
objetiva vencer o concorrente e atual xerife, o correto Walter Durnhan (Trevor
Bardette), para posteriormente enveredar pela política. Jackman defende os
criadores de gado e ordena que seus homens ataquem e destruam uma cooperativa
de criadores de carneiros, grupo liderado por Alec Black (Stephen McNally). Um
dos membros da cooperativa é a criadora Holly Kenton (Mara Corday), por quem
Jeff Carr é atraído, mesmo sabendo que Black pretende se casar com ela. Jeff
Carr se une aos criadores de carneiros cuja comunidade é atacada pelos homens
de Jackman que provocam a morte de um terço do rebanho. Conseguindo rechaçar o
ataque, Carr, Black, Holly e os demais criadores de carneiro dirigem-se a Tomahawk
e, justamente no dia da eleição para xerife, confrontam Jackman, e seu bando,
desmascarando o candidato e trazendo a paz para a cidade.
Nem
caravana, nem Bitter Ridge - Jeff Carr é o homem que chega da
cidade de Bitter Ridge, daí o título original “The Man from Bitter Ridge”, que
no Brasil foi chamado de “A Caravana da Morte”. Há de tudo no filme de Jack
Arnold, menos alguma caravana, o que torna o título nacional inteiramente sem
nexo, ainda mais que só no Brasil foi usada a palavra ‘caravana’. Mas não são apenas
os tituladores brasileiros que cometem absurdos, pois na Itália o filme recebeu
o título de “Duello a Bitter Ridge”,
sendo que essa cidade é apenas citada e nunca mostrada e o tiroteio principal
ocorre em Tomahawk. E que tiroteio! Com a cidade toda enfeitada por faixas e a
população preparada para a eleição, os criadores de carneiros ajudados por Jeff
Carr enfrentam os bandidos num ‘showdown’ digno de Sam Peckinpah. Essa
sequência encerra o western de Jack Arnold que tira o fôlego do espectador,
tantos são os momentos de ação, interrompidos somente pelo idílio entre Jeff
Carr e Holly Kenton.
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Perseguições de todos os tipos. |
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Mara Corday com Stephen McNally; abaixo a bela atriz. |
Atraente
e cobiçada criadora - No inconvincente triângulo amoroso
entre Carr, Holly e Alec Black reside o ponto mais fraco de “A Caravana da
Morte”, menos por culpa dos dois atores principais – Lex Barker e Stephen McNally
– mas sim pela escolha de Mara Corday. A provocante atriz desfila o tempo todo
em bem desenhados trajes de cowgirl que a tornam ainda mais atraente, sendo
difícil acreditar que uma mulher tão desejada pudesse se manter solteira. Ainda
assim a disputa pela moça gera diálogos divertidos entre os dois interessados,
resultando também em uma exibicionista e vigorosa luta entre Carr e Black,
machos exibindo forças para impressionar Holly Kenton. Sem perda de tempo,
porém, o roteiro propicia novas sequências de ação como perseguições em
pradarias, emboscadas, ataques inesperados com dinamites explodindo até mesmo
em meio ao rebanho de carneiros. Se a luta entre Carr e Black é bem encenada,
melhor ainda porque mais violenta é aquela travada entre os personagens de Lex
Barker e Myron Healey num beco escuro de Tomahawk.
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Lex Barker fica com Mara Corday ao final, para desconsolo de Stephen McNally, enquanto um surpreso Trevor Bardette observa o beijo final. |
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Quase enforcado Lex Barker conversa com Trevor Bardette enquanto Richard Garland e John Cliff observam; abaixo McNally, Ray Teal e Barker. |
Ação
trepidante e fluidez narrativa - Jack Arnold tem a preciosa ajuda da
câmara de Russel Metty com estupenda iluminação nas muitas sequências noturnas
e com os ângulos inusitados que o cinegrafista utiliza. Indicado como tendo 80
minutos de duração pelo site IMDb, a ótima cópia que serviu para esta resenha
possui 77 minutos desenvolvidos, como foi dito, em ritmo de seriado da Republic
Pictures. Em meio a tanta ação, Arnold não deixa escapar a história que flui graças
à admirável competência do diretor. Para melhorar ainda mais este western, a
Universal reuniu um ótimo elenco de atores coadjuvantes, destacando-se Trevor
Bardette, Myron Healey e, como não poderia deixar de ser, o bandidão John
Dehner com seu indisfarçável bem aparado bigode. Mas é o excelente Ray Teal
quem rouba com seu talento as cenas nas quais aparece. O bom ator Stephen
McNally não chega a intimidar Lex Barker que se impõe pela estampa do alto de
seus 1,93m de altura. E a bela Mara Corday, misto de Ava Gardner com Jean
Peters (pela sisudez) é a inevitável presença feminina. Mara chegou a ser
playmate da revista ‘Playboy’ e foi amiga de Clint Eastwood nos tempos em que o
ator fazia pontas na Universal. Clint deu pequenos papéis à já veterana Mara
Corday em quatro de seus filmes da Malpaso.
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John Dehner; Lex Barker e Ray Teal. |
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Campanha eleitoral nas ruas de Tomahawk. |
Poucos
faroestes e muitas sci-fis - “A Caravana da Morte” antecipa em
quase dez anos o processo de eleição no Velho Oeste que seria mostrado por John
Ford em “O Homem que Matou o Facínora” (The Man Who Shot Liberty Valance). No
filme de Jack Arnold o poderoso que compra a consciência dos eleitores com
massiva propaganda ao som de banda de
música é o vilão vivido por John Dehner. “A Caravana da Morte” faz a alegria de
quem quer ver um faroeste movimentado, longe dos psicologismos por vezes
cansativos que tomaram conta do gênero nos anos 50. E essa é justamente a
função dos pequenos e despretensiosos westerns que completavam programas duplos
dos cinemas naqueles tempos. Comprova ainda este faroeste, que Jack Arnold foi
um dos mestres do filme B, tendo em sua filmografia sucessos artísticos e de
público como “O Incrível Homem que Encolheu” e “O Monstro da Lagoa Negra”. Fãs
de faroestes lamentam que na melhor fase de sua carreira Arnold tenha se
dedicado mais à sci-fi que ao western, gênero no qual certamente poderia ter
feito mais filmes brilhantes como “A Caravana da Morte” e ser tão lembrado como
lembrado é Budd Boetticher.
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Por que mesmo "A Caravana da Morte"? |
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Cenas da luta violenta entre Lex Barker e Myron Healey (visto no centro). |
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Ângulos de câmara especiais escolhidos pelo cinegrafista Russell Metty. |
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Myron Healey prestes a encontrar a morte no confronto com Lex Barker. |
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Parece Sam Peckinpah, mas é Jack Arnold em ação. |
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Algumas cenas do movimentado "A Caravana da Morte" (The Man from Bitter Ridge). |
A cópia de "A Caravana da Morte" foi gentilmente cedida pelo cinéfilo Marcelo Cardoso.
Darci, gostei da resenha, se eu encontrar compro. Pelos bons atores, vê-se que as cenas de ação devem ser ótimas. Olha aí, o Marcelo, bom Carioca, dando aquela apoio ao Westerncinemania. Parabéns, amigo. Paulo...mineiro.
ResponderExcluirAssisti no YouTube. Cópia da sessão western da globo. Excelente western b.
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