No final da década de 40 a Republic
Pictures mantinha uma linha de produção dividida em quatro segmentos: Premiere Grade – De Luxe – Anniversary – Jubilee. Antes de ser produzido, um
filme da Republic era enquadrado num desses segmentos de acordo com seu custo
de produção e era Premiere Grade o
filme com custo de um milhão de dólares ou mais como os estrelados por John
Wayne; De Luxe era o filme com custo
entre 500 mil dólares e um milhão de dólares, seriados ou faroestes e policiais
de melhor qualidade; Anniversary era a classificação de um filme com custo
entre 50 mil e 100 mil dólares como os de Roy Rogers. E a classificação Jubilee era para os filmes cuja produção
se limitava a 50 mil dólares. Enquadravam-se na categoria Jubilee os Faroestes ‘B’ que raramente excediam esse limite. Mas
diferentemente dos filmes das demais categorias, os Faroestes ‘B’ eram lucro
garantido para o estúdio e um dos melhores exemplos eram os filmes de Allan 'Rocky' Lane cujas receitas líquidas eram sempre superiores a 500 mil dólares. E
como eram bons esses pequenos faroestes como “Delegado Sagaz” (Sundown in Santa
Fé).
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Monte Hale, substituído por Rocky Lane. |
Autor
de seriados clássicos - Vivia-se em 1948 os tempos dos
grandes filmes noir, com histórias intrincadas e tipos misteriosos, nunca
faltando mulheres louras e objetos sinistros e trágicos como o falcão maltês de
“Relíquia Macabra”. Pois “Delegado Sagaz” tem um pouco de tudo isso, numa
história escrita por Norman S. Hall. O incansável Norman S. Hall foi o autor de
alguns dos melhores roteiros escritos para seriados, como os clássicos “Flash
Gordon” (com Buster Crabbe), “As Aventuras do Capitão Marvel” (com Tom Tyler), “Os Tambores de
Fu-Manchu” (com Henry Brandon), “A Filha das Selvas” (com Frances Gifford), “O
Terror dos Espiões” (com Kane Richmond) e mais uma dezena de filmes em
capítulos. Finda a melhor fase dos seriados, Norman S. Hall passou a escrever
roteiros para os faroestes do segmento Jubilee
da Republic, ou seja, os mais baratos. “Delegado Sagaz” era um faroeste para
ser estrelado por Monte Hale e quando a produção já estava pela metade, eis que
Monte Hale fratura um braço. Para não perder tempo e nem o investimento já
feito, a Republic fez Allan Rocky Lane vestir a camisa com a gola amarrada de
Monte Hale, trocar sua calça jeans e assumir o personagem do filme refazendo cenas já filmadas com Monte Hale. N esse filmeRocky Lane
nem pode usar seu querido cavalo Black Jack e até Nuggett Clark não é seu
sidekick, interpretando outro personagem. A direção de “Delegado Sagaz” coube
ao prolífico R.G. Springsteen acostumado a dirigir Allan Rocky Lane, como o fez
em 14 westerns.
Roteiro
de filme de mistério – Em “Delegado Sagaz” Rocky Lane é um
agente governamental que recebe a missão de encontrar o bandido Walter Durant que
havia sido o líder da trama que levou ao assassinato de Lincoln. E Rocky Lane deveria
ainda desvendar a quadrilha que roubava cargas enviadas pelo Exército para o
México. A única pista existente deixada nos assaltos eram as adagas encontradas
após cada crime, geralmente cravadas nas costas de condutores de carroça. Chegando
em Santa Fé, Rocky Lane é designado ajudante do xerife Jim Wyatt (Russell
Simpson), cujo filho Tom (Rand Brooks) é noivo de Lola Gillette (Jean Dean),
filha do rancheiro Tracy Gillette (Roy Barcroft). Pai e filha Gillette
trabalham para John Stuart (Trevor Bardette), que não é outro senão o próprio
Walter Durant mudando de identidade para fugir da lei. A insinuante Lola usa o noivo para obter
as informações sobre as próximas cargas a serem roubadas. As adagas usadas para
os crimes tinham sempre a inscrição em Latim ‘Sic Semper Tyrannus’, cuja mais significativa tradução é ‘Morte
aos Tiranos’, frase gritada por John Wilkes Booth antes de assassinar Abraham
Lincoln. Essa é a ligação entre a adaga e o disfarçado Walter Durant que como o
maléfico John Stuart possui até mesmo uma ave apelidada ‘Jeb Stuart’. Como homem importante do Serviço de Inteligência e ainda ajudado por Horace Harvey (Eddy
Waller), Rocky Lane descobre que Tom e Lola estão envolvidos com John Stuart.
Depois de duas trocas de socos com Tom Owens (Lane Bradford), capataz de Tracy
Gillette e um confronto com o próprio Gillette, Rocky Lane liquida John
Stuart/Walter Durant, acabando com o terror e a onda de assaltos em Santa Fé.
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Acima Eddy Waller como impressor e Rocky Lane com camisa diferente; no centro o bandidão Lane Bradford mostrando sua habilidade; abaixo Russell Simpson como xerife e Eddy Waller olhando Minerva Urecal matando a sede.
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Roy Barcroft e Trevor Bardette, este pronto para matar Barcroft com a adaga; abaixo Rocky Lane com a arma misteriosa de "Delegado Sagaz". |
Roy
Barcroft, como segundo vilão – Além
do roteiro muito acima da média para um faroeste ‘B’, o que não falta em
“Delegado Sagaz” é ação de boa qualidade com perseguições e tiroteios. Mistério
verdadeiramente não há no filme pois um faroeste B tem que primar pela fácil
compreensão de sua história, mas a história é inegavelmente inteligente e por
isso mesmo satisfaz até mesmo um público diferente daquele infanto-juvenil ao qual eram destinados os
faroestes ‘B’. E acima de tudo está a figura de Rocky Lane, um dos grandes
mocinhos do cinema, sempre convincente como ator e nas lutas contra com os
bandidos. A lamentar que Rocky Lane não trave neste filme nenhuma daquelas
encarniçadas e antológicas lutas contra Roy Barcroft, lutas que eram as mais
emocionantes e violentas dos faroestes ‘B”. O principal adversário de Rocky
Lane em “Delegado Sagaz” é o grandalhão e também violento Lane Bradford. Em papel secundário, Barcroft é morto por uma
das adagas ‘Sic Semper Tyrannus’ de Trevor Bardette, o principal vilão. Neste
incomum faroeste o par romântico formado por Rand Brooks e pela loura Jean Dean
são foras-da-lei, restando apenas do lado dos bons o infeliz xerife
interpretado por Russell Simpson e Eddy Waller desta vez inesperadamente como
um gráfico do jornal pertencente ao bandidão Trevor Bardette. A veterana
Minerva Urecal é a responsável pelos momentos engraçados ao lado de Eddy Waller.
Se você gosta de um bom faroeste, seja sagaz como o delegado e não perca este
western de Rocky Lane que mesmo sem sua tradicional camisa com listras
verticais mostra porque possuía uma invejável legião de fãs.
Alguns filmes de Rock Lane foram exibidos lá na
ResponderExcluirdistante ADOLFO (cidade de sp)no final dos anos 50.
Rock era meu favorito,e nas brincadeiras de mocinho e bandido,eu queria ser êle.Sempre !!
Um gibi de Rock apareceu por lá.Lí 300 vezes,guardava com carinho. Era uma relíquia !!Foi meu grande ídolo !!
Anos mais tarde no CAW,pude assistir a muitos filmes do mocinho cowboy.A briga no final com Roy Barcroft era esperada com ansiedade !!E isto
se repetia em vários filmes !! Valeu !! Laudney
Laudney - No Cine Marconi, que eu frequentei na infância e que ficava no Bom Retiro, em São Paulo, não eram exibidos filmes da Republic. Portanto a meninada não conseguia ver na tela Rocky Lane, Roy Rogers, Rex Allen e outros. Passava muito Durango Kid e Tim Holt que não eram os favoritos da garotada justamente porque não tinham gibis próprios aqui no Brasil, ao contrário de Rocky Lane e Roy Rogers. Falo do ano de 1953, quando foi lançado o gibi de Rocky Lane e já havia o do Roy Rogers. Só consegui ver um filme de Rocky Lane numa matinê num cinema da Vila Mariana, onde morava um primo meu. Rocky Lane era meu mocinho de verdade favorito, uma vez que O Pequeno Sheriff só existia nos gibis... - Um abraço - Darci
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