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3 de agosto de 2019

PACTO DE HONRA (SASKATCHEWAN) – ALAN LADD NA POLÍCIA MONTADA


Alan Ladd e Raoul Walsh
A longa carreira de Raoul Walsh atingiu seu ápice nos anos 40 com alguns filmes memoráveis. Na década de 50 o veterano diretor não realizou, a rigor, nenhuma película marcante, mesmo nos westerns que foi um gênero que dominou como poucos. São de Walsh os excelentes “O Intrépido General Custer” (They Died with Their Boots On), “Golpe de Misericórdia” (Colorado Territory), “Sua Única Saída” (Pursued). Pode-se dizer que o mesmo aconteceu com Alan Ladd que nos anos 40 era o principal astro da Paramount, acumulando um sucesso atrás do outro, mesmo em produções medianas e com diretores pouco renomados. Em 1951 foi rodado o western que imortalizou Alan Ladd interpretando ‘Shane’, o pistoleiro dos vales perdidos, de “Os Brutos Também amam”, faroeste lançado somente em 1953. Assim como aconteceu com Walsh, Alan Ladd também experimentou o declínio de sua carreira após o êxito fenomenal do western de George Stevens. “Pacto de Honra” (Saskatchewan), de 1954, foi o único filme em que Alan Ladd foi dirigido por Raoul Walsh. Rodado nos belíssimos cenários naturais de Alberta, no Canadá, mostra um Alan Ladd visível e quase inexplicavelmente mais velho que o Shane que interpretara apenas três anos antes. Aventuras da Polícia Montada (Royal Northwest Mounted Police) canadense são sempre um atrativo especial, não só pela fulgurante farda vermelha, mas porque são westerns diferentes dos realizados nas conhecidas paisagens norte-americanas. Gary Cooper, Tyrone Power e Allan ‘Rocky’ Lane protagonizaram heróis da Polícia Montada no cinema antes de Alan Ladd. Em 1961 foi a vez de Robert Ryan viver uma aventura como Inspetor daquela força militar canadense.


Alan Ladd e Jay Silverheels
Alan Ladd e Robert Douglas
Motim na Polícia Montada - Thomas O’Rourke (Alan Ladd) é um Inspetor da Polícia Montada que foi criado pelo chefe da tribo Cree, sendo meio irmão do guerreiro Cajou (Jay Silverheels). Caçando raposas no Território do Rio Saskatchewan eles encontram Grace Markey (Shelley Winters), única sobrevivente da caravana massacrada pelos Sioux que atravessaram a fronteira Canadá- Estados Unidos. Grace é conduzida ao Forte Walsh da Polícia Montada onde também chega o delegado Carl Smith (Hugh O’Brian) que quer levá-la sob a acusação de ter matado um homem, um irmão de Smith. Entrementes os Sioux, que recentemente dizimaram o 7.º Regimento de Cavalaria comandado pelo General Custer em Little Big Horn, nos Estados Unidos, querem fazer uma aliança com os Crees para se fortalecerem ainda mais. O inexperiente Inspetor Benton (Robert Douglas), comandante do Forte, leva sua tropa para combater os Crees que viviam em paz com a Polícia Montada. Percebendo a insensatez de Benton, O’Rourke lidera uma rebelião, assume o comando do pelotão, refaz a paz com os Crees e enfrenta vitoriosamente os Sioux. Descobre-se também que Grace é inocente da acusação de assassinato, sendo o Marshal Carl Smith o verdadeiro culpado.

Os pouco inteligentes Sioux - Gil Doud, o autor da história e do roteiro, se permitiu algumas liberdades com a história ao colocar Sitting Bull e Crazy Horse em contato com os Crees com a intenção de aumentar o poderio Sioux na luta contra a Cavalaria norte-americana. Nada demais entre as tantas vezes que Hollywood contou a História a seu modo nesta década e nas anteriores. E mais uma vez os índios são mostrados como estúpidos a ponto de perderem suas canoas possibilitando a fuga dos soldados da Polícia Montada pelo Rio Saskatchewan. Enquanto se entregam à dança ao redor de uma fogueira os displicentes Siouxs têm suas canoas ‘tomadas emprestadas’ pelos soldados. Não ocorreu aos pele-vermelhas colocar um único índio para vigiar as canoas. Como normalmente acontece nos westerns que Hollywood produzia naqueles anos, uma figura feminina (Shelley Winters) é colocada na história de forma forçada e desnecessária, permitindo ainda que a Universal desse oportunidade de aparecer ao jovem ator Hugh O’Brian, que acabaria mais conhecido como o Wyatt Earp da série de sucesso da TV.

Robert Douglas
Militar insensato mas justo - Raoul Walsh desenvolve a contento a história até o clímax da batalha final. Em muito ajuda a fotografia dos estonteantes cenários naturais do Banff National Park, em Alberta, que seguramente dominam a tela por quase um terço do filme. A subtrama que tem os meio irmãos O’Rourke e Cajou como amigos inseparáveis e posteriormente como inimigos poderia ser melhor aproveitada. Nem tudo é perfeito na Polícia Montada e o conflito entre os oficiais gera o suspense que fica por conta da possível Corte Marcial a ser enfrentada por O’Rourke em razão de sua insubordinação ao comandante. Este, ao final, torna-se coerente e justo, esquecendo-se da humilhação a que foi submetido pelo subalterno. E para completar o final feliz O’Rourke não só faz as pazes com seu meio irmão como sucumbe aos encantos da bela Grace Markey. Como não poderia deixar de ser as sequências de ação são bem trabalhadas por Walsh, ele que nos deu o excepcional “Por um Punhado de Bravos”, um dos melhores filmes de guerra dos tempos da II Grande Guerra.


Alan Ladd e Shelley Winters
Shelley magra e Ladd inchado - Ainda que com o rosto um pouco inchado, longe das feições bonitas que tantas fãs conquistaram na década de 40, Alan Ladd está razoavelmente bem como o Inspetor da Polícia Montada. Em filmes de ação percebe-se menos sua limitação como ator dramático. Shelley Winters ainda magra passa o filme todo com um dos decotes mais generoso dos westerns, até claro, Claudia Cardinalle concentrar todos os olhares dos espectadores(as) em “Os Profissionais”. Excelente atriz, neste filme Shelley interpreta uma personagem irritante e cansativa. J. Carrol Naish, como Batoche, é o responsável pelas sequências de humor em suas discussões com a esposa índia mãe de seis filhos. Anthony Caruso é o índio Spotted Eagle quando poderia ser melhor aproveitado como o Inspetor vivido pelo inexpressivo Robert Douglas. Hugh O’Brian é o vilão e é sempre um prazer ver a simpatia de Jay Silverheels sem ser o ‘Tonto’ das aventuras com The Lone Ranger.

Alan Ladd e Hugh O'Brian; Shelley Winters

Alan Ladd e Hugh O'Brian
Filme para os fãs de Alan Ladd - “Pacto de Honra” deixa a impressão que poderia ser bastante melhor por ser um filme de Raoul Walsh, pelas locações belíssimas e por ter como heróis a lendária Royal Northwest Mounted Police. Se o espectador não for muito exigente ficará satisfeito com este western. Os fãs de Alan Ladd, por sua vez, não têm do que reclamar pois é bem melhor vê-lo cavalgando que como espadachim ou como par romântico de Sophia Loren. Boa distração para quem não se interessar pela história de “Pacto de Honra” é ver Ladd ficar mais alto ou mais baixo diante dos demais atores. Ladd com seus 1,63m alcança Hug O'Brian que media 1,83m de altura. SóShelley Winters reclamou deter que ficar em pisos mais baixos que os de Ladd para que este crescesse.

Um comentário:

  1. Filme mediano, mais vale apena assistir pela fotografia maravilhosa. Paisagens estonteantes.

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