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William Witney |
A Republic Pictures, o mais famoso dos
estúdios situados na Poverty Row (Rua da Pobreza) de Hollywood, era
pejorativamente chamado de ‘Repulsive Pictures’. Outros chamavam o estúdio de
propriedade de Herbert J. Yates de ‘Rapid Pictures’ devido ao ritmo frenético
de produção que lá imperava com filmes B sendo produzidos em cinco dias
(geralmente faroestes) e seriados com 15 episódios sendo realizados em dois
meses. Nada repulsivos e sim adorados pela faixa de público mais jovem, alguns
desses seriados se tornaram clássicos com suas sequências de ação inspirando
cineastas renomados. William Witney e John English eram diretores parceiros em
alguns dos melhores seriados da Republic Pictures e dividiam o trabalho de
direção da seguinte forma: enquanto English dava andamento à trama, Witney era
o responsável pelos eletrizantes momentos que faziam a alegria dos
espectadores. Quando a Republic Pictures deixou de produzir seriados
dedicando-se apenas à produção de filmes ‘A’ (“Depois do Vendaval” e “Johnny
Guitar” foram produzido pela Republic Pictures) e faroestes ‘B’. Witney que era
contratado do estúdio e que havia dirigido westerns estrelados por Roy Rogers,
dirigiu alguns dos melhores exemplares dessa série de filmes, aquela
protagonizada por Rex Allen. Antes de passar para a televisão Witney dirigiu
para a Republic mais diversos faroestes ‘B’ sendo que um deles, “Tropel de
Vingadores” (The Outcast), é uma autêntica aula de como, com pouco dinheiro, se
pode realizar um western de excelente nível.
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John Derek; Ben Cooper e Harry Carey Jr. |
Testamento
forjado - A história, de
autoria de Todhunter Ballard foi roteirizada por John K. Butler e Richard
Wormser, contando a história de Jet Cosgrave (John Derek) um jovem que retorna
a Colton, no Colorado, para tentar reaver sua parte numa fazenda. Um testamento
fraudulento o alijou da herança que ficou toda para seu tio, o Major Linton
Cosgrave (Jim Davis). Sabedor que o Major usa da força de seus capangas para
expandir seu pequeno império pecuário, Jet arregimenta um grupo para enfrentar
o Major. Este está de casamento marcado com Alice Austin (Catherine McLeod) uma
bela mulher do Leste, por quem Jet passa a se interessar como forma de provocar
o Major. Jet não contava que Linton Cosgrave aliciasse seus homens o que faz
com que Jet se alie ao pequeno fazendeiro Chad Polsen (Frank Ferguson) e a seus
filhos, inclusive a jovem Judy Polsen (Joan Evans) que se enamora de Jet.
Ataques de parte a parte terminam com o enfrentamento num duelo dos primos Jet
e Linton Cosgrave, porém este acaba sendo morto por seu advogado escroque
(Taylor Holmes). Ao final Alice, que havia desistido de se casar com o Major,
retorna para o Leste e Jet fica com Judy.
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James Millican; Taylor Homes e Jim Davis |
Western
frenético - O ritmo imposto por William Witney a “Tropel dos
Vingadores” é tão frenético que dá a impressão que se está assistindo a um dos
antigos seriados da Republic. Do início ao fim o que não falta é ação e da
melhor qualidade pois Witney era um mestre nisso e neste western contou com a
presença de John Derek em esplendorosa forma física cavalgando como, ou quase,
Slim Pickens. A cada oportunidade que a história oferece Witney permite a Slim mostrar
sua extraordinária habilidade como cowboy campeão de rodeios que havia sido e o
ex-sidekick de Rex Allen dá seus shows particulares. Em uma sequência que
merece replay Slim está sobre seu cavalo carregando ainda uma pesada sela toda ornamentada
com prata. Slim segura a sela com uma das mãos, as rédeas com a outra mão e salta do cavalo segurando a sela com uma mão
apenas, algo inimaginável para quem não seja cowboy de verdade como ele. Ver
John Derek cavalgando em perseguição a Bob Steele é um dos muitos momentos
emocionantes, ainda que nesta sequência ‘Battling Bob’ caia do cavalo e quebre
o pescoço, morrendo. Mas antes Steele teve uma das melhores oportunidades em
faroestes, interpretando um homicida psicótico, mercenário e sem escrúpulos que
muda de lado, passando a trabalhar para o Major Cosgrave. No entanto “Tropel
dos Vingadores” não é composto só de boas lutas, tiroteios e cavalgadas. Tem
também uma muito boa história.
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Slim Pickens; Slim cavalgando |
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John Derek com Catherine McLeod; John Derek com Joan Evans |
Duas
mulheres e um atrevido cowboy - Barões de gado que usam da força
para ampliar seus domínios, subjugando ou exterminando antagonistas foi eixo de
centenas de roteiros de faroestes. Este tem como diferença um testamento
forjado por um advogado embusteiro em conluio com o vilão trapaceiro. E o
‘desgarrado’ do título original (“The Outcast”) retorna para reclamar o que é
seu de direito. Volta com um respeitável grupo de pistoleiros ainda que menor
que o numeroso bando armado a serviço do desonesto Major Cosgrave. E a imagem
inicial deste western é não só promissora como inusitada, com o personagem de
Slim Pickens cuspindo na estátua do falecido Coronel Cosgrave, aquele que
usurpou as terras de seu pai. E há ainda uma interessante subtrama que é o
triângulo amoroso que se ocorre entre Jet, Judy e Alice. Witney desenvolve a
trama deixando a dúvida de qual será a escolha do herói Jet Cosgrave, até
porque Alice é mais bonita, refinada e sedutora, além de correta em suas
atitudes. E Alice demonstra não resistir à atração que o atrevido Jet exerce
sobre ela. Num final um tanto forçado Jet e July ficam juntos mesmo que o
cowboy não demonstre tanta satisfação.
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Nacho Galindo e John Derek; Hank Worden |
Mexicano
digno - Um elenco que tenha Slim Pickens e Bob Steele como
coadjuvantes já é atração suficiente, mas “Tropel dos Vingadores” conta ainda em
seu cast com Harry Carey Jr., James Millican, Nacho Galindo e uma pequena
participação de Hank Worden. Ben Cooper interpreta um jovem irritadiço
(especialidade de Richard Jaeckel). Tão criticado o cinema norte-americano pela
maneira depreciativa com que sempre via os mexicanos, neste western o mexicano
Curly, interpretado por Nacho Galindo é o único que se mantém fiel ao seu
patrão Jet e que ainda critica Dude Rankin (Bob Steele) pela frieza e covardia
de um assassinato de uma vítima indefesa, também mexicana. James Millican, o
correto ator dono de uma das mais belas vozes do cinema viria a falecer no ano
seguinte, em 1955. Jim Davis não demonstra a maldade necessária que John
Dehner, por exemplo, daria ao personagem. John Derek faz pose o tempo todo com
sua inegável bela estampa, mostrando que tinha tudo para ser o maior astro dos
faroestes ‘B’ nos anos 50, posto que acabou dividido entre o inexpressivo Audie
Murphy e o já cansado Randolph Scott. Das duas atrizes principais Catherine
McLeod se destaca até porque a Joan Evans falta graça.
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Jim Davis e John Derek |
Primoroso
pequeno western – Exibido também com o título inglês “
The Fortune Hunter”, “The Outcast” tem boa fotografia (no processo Trucolor,
infinitamente mais barato que o Technicolor), música eficiente, direção que é
uma brilhante lição de como realizar um excelente faroeste com emoção o tempo
todo e ainda boas atuações. Ou seja, tudo que um western precisa se encontra em
“Tropel dos Vingadores”, um pequeno clássico desse gênero de filme B. E
produzido pela ‘Repulsive Pictures’, como chamavam o estúdio mais amado pelos
meninos e jovens que frequentava as matinês dos anos 30, 40 e 50, a querida
Republic Pictures.
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John Derek; Bob Steele |
Bom western "B" com cenas violentas tipo "implícitas" principalmente entre o major e o advogado na foto acima... John Derek tem mais 2 bons westerns "Fora das grades" com o grande James Cagney e "Os mal encarados" com John Hodiak...!!!
ResponderExcluirSEM DÚVIDA ALGUMA UMA PEQUENA OBRA-PRIMA E TOTALMENTE IGNORADA PELOS ESPECIALISTAS. NOTA 10.
ResponderExcluirRealmente,ver Slim Pickens fazendo acrobaçias no cavalo é demais!
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