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29 de fevereiro de 2016

A LEI DA FUGA (COLORADO) – ROY ROGERS CONTRA AGENTES CONFEDERADOS


Roy Rogers
1940 foi um ano especial para Roy Rogers pois o estúdio que o mantinha sob contrato, a Republic Pictures, tentou elevá-lo à categoria de astro. Nesse ano Roy participou com destaque de “Comando Negro” (Dark Command), western sobre a Guerra Civil, atuando ao lado de John Wayne, outro ator que a Republic procurava guindar à condição de grande astro. Wayne deu certo e trilhou a mais espetacular carreira artística de todos os tempos em Hollywood. Já com Roy Rogers a tentativa do estúdio dirigido por Herbert J. Yates não surtiu o efeito desejado e o cowboy-cantor continuou a estrelar aqueles pequenos faroestes rodados em uma semana, à média de sete por ano. John Wayne nunca mais voltou a fazer um western B e Roy Rogers, mesmo continuando a cavalgar na chamada Poverty Row (Rua da Pobreza) conseguiu a façanha de estar entre os astros mais rentáveis do cinema. Na lista dos artistas de cinema que mais público atraíam nos anos 40, Roy apareceu em 22.º lugar em 1944; na 10.ª posição em 1945 e 1946; 12.º em 1947; 17.º em 1948; 18.º em 1949 e 19.º em 1950, último ano em que se destacou como atração de bilheteria. Em “Comando Negro” Roy Rogers interpreta um soldado confederado e nesse mesmo ano Roy atuou em “A Lei da Fuga” (Colorado), desta vez mudando de lado e aparecendo como um Tenente do exército da União, no filme que foi dirigido por Joseph Kane. Este diretor contratado da Republic dirigiu Roy Rogers em nada menos que 45 outros pequenos faroestes.


Acima Gabby Hayes e Roy Rogers;
abaixo Pauline Moore e Milburn Stone.
Agente Secreto no Colorado - Em “A Lei da Fuga”, o Alto Comando Militar yankee está preocupado com as tentativas do exército confederado em reequilibrar a Guerra Civil que indicava iminente vitória nortista. O Serviço Secreto do Exército incumbe o Tenente Jerry Burke (Roy Rogers) da missão secreta de desbaratar focos de resistência adversária no Colorado, território de vital importância para a definição da guerra. Jerry Burke ruma para Denver na mesma diligência em que está a jovem Lylah Sanford (Pauline Moore), reencontrando-se ainda com seu velho amigo ‘Gabby’ (George Hayes). Entre os articuladores do movimento sulista está Don Burke (Milburn Stone) que se faz passar por Capitão do Exército da União, infiltrando-se entre as forças nortistas no Colorado. Don Burke, que é noivo de Lylah Sanford, não contava encontrar com Jerry Burke, que é seu irmão e sabe da sua atuação como espião sulista. Jerry considera Don a ovelha negra da família e acredita que possa fazer dele um homem de bem. Com o rosto encoberto Don Burke assalta a diligência em que estão seu irmão, Lylah e Gabby, mas na fuga Don é alvejado no ombro por Jerry. Don Burke prossegue com as articulações com o grupo de simpatizantes sulistas mas seu irmão Jerry faz fracassar as manobras. Don é capturado e numa tentativa de fuga é morto por um tiro disparado pelo xerife Harkins (Fred Burns). Cessadas as articulações confederadas em Denver, o Tenente Jerry Burke é chamado de volta a Washington levando consigo sua agora noiva Lylah.

Acima Roy Rogers e Fred Burns;
abaixo Roy cantando e tocando.
Menos trabalho e música para Roy - “A Lei da Fuga” é um western de Roy Rogers com uma história interessante por fugir do lugar comum dos enredos dos westerns B e se situar no conflito entre Norte e Sul. Coloca dois irmãos em lados opostos com a mocinha pendendo entre ambos, o que torna o filme ainda mais saboroso pois o espectador torce para que ela não fique com o vilão e sim com o mocinho. O enredo mais complexo que de hábito reduz as ações e Roy Rogers não tem oportunidade de mostrar a força de seus punhos ou mesmo de longos galopes montando Trigger. Melhor que tudo, porém, é que a história não dá margem a Roy de enxertar muitos números musicais, mas para não perder o costume, o ex-membro do The Sons of the Pioneers que ainda não era ‘O Rei dos Cowboys’, canta “Night on the Prairie”, única canção que ele entoa. O excelente Milburn Stone interpreta o atormentado irmão de Roy, dividido entre honrar o nome da família e a causa na qual acredita. E num raro caso de homem mau que provoca a própria morte, o personagem de Stone intenta uma suicida fuga enquanto seu irmão no filme (Roy) se vê incapaz de atirar contra ele, no melhor momento de “A Lei da Fuga”. O roteiro pró-Norte de autoria de Louis Stevens e Harrison Jacobs faz com que os confederados pareçam uma quadrilha que intenta reverter o poder legítimo da União, o que deve ter desagradado e muito os sulistas de modo geral.

Acima Gabby Hayes e Maude Eburne;
abaixo Milburn Stone.
Um sidekick adorado - Milburn Stone revelou-se nos anos 30 um promissor ator, o que se confirmou nos anos 40 definindo-se como ator característico. Uma de suas pequenas mas marcantes participações foi em “A Mocidade de Lincoln”, dirigido por John Ford. A consagração de Milburn veio nos anos 50 com a série “Gunsmoke”, interpretando o mal-humorado e irônico Doc Adams em 604 dos 635 episódios da série western campeã de longevidade da TV norte-americana. A mocinha de “A Lei da Fuga” é a bonita e elegante Pauline Moore que foi consagrada modelo antes de se tornar atriz. Pauline foi a mocinha de quatro faroestes de Roy Rogers no ano de 1940. Entre a enorme lista de coadjuvantes conhecidos por seus rostos (ou bigode, como Hank Bell), está a engraçada Maude Eburne, que sofre as provocações do misógino Gabby Hayes. Roy Rogers revela-se um perfeito cowboy nos westerns em série da Republic e muito ajudou a companhia de George Gabby Hayes como seu, então, mais constante sidekick. Gabby foi o mais querido ‘boboca’ (de bobo ele não tinha nada) dos westerns B, confirmando, quando as oportunidades surgiam, que era ótimo ator.

O mais explorado dos mocinhos - Para que se tenha uma ideia do quanto os westerns de Roy Rogers faziam sucesso entre o público das matinês, merece ser lembrado que em seu primeiro contrato com a Republic Roy recebia 75 dólares por semana de trabalho. Em 1948, quando findou seu último contrato longo, Roy estava recebendo mil dólares por semana. A partir daí Roy passou a receber 60 mil dólares por dois anos de contrato. Quando a Republic percebeu que poderia perder a mina de dinheiro chamada Roy Rogers, em 1950, decidiu pagar ao ator 25 mil dólares por filme, até que o Rei dos Cowboys se bandeou para a televisão, onde passou a produzir sua própria série, isto depois de ser explorado por quase 20 anos pelo sovina Herbert J. Yates. Menos mal que o cinema ganhou uma coleção de bons westerns B como “A Lei da Fuga”.
À direita Pauline Moore e Milburn Stone.

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