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4 de dezembro de 2014

QUADRILHAS DOS FAROESTES – OLD MAN CLANTON E FILHOS EM “PAIXÃO DOS FORTES”


O mais famoso duelo da história do Velho Oeste norte-americano foi aquele travado no Curral OK às três horas da tarde do dia 26 de outubro de 1881. De um lado, com distintivos de representantes da lei, estavam três irmãos Earp e Doc Holliday que enfrentaram o cowboy Billy Clairbone, os irmãos Ike e Billy Clanton e os também irmãos Tom e Frank McLaury. Dentre os diversos filmes que focalizaram esse embate, o mais celebrado é “Paixão dos Fortes”, dirigido por John Ford. Mais celebrado, mas não o mais fiel aos fatos ocorridos naquela tarde em Tombstone, ainda que John Ford tenha afirmado que filmou exatamente aquilo que o próprio Wyatt Earp já no fim da vida aos 81 anos, em 1929, lhe havia contado. Uma das principais diferenças entre o filme e o fato foi a formação do bando que enfrentou a lei, grupo familiar formado pelos Clantons. Newman Haynes Clanton, chamado como Old Man Clanton é o pai de Ike (Joseph), Billy (William), Phin (Phineas) e Sam. Entre os sete filhos de Newman Clanton (duas mulheres) não havia nenhum com o nome ‘Sam’, criado para “Paixão dos Fortes”. Como neste western de John Ford os Clantons roubavam gado, formando uma quadrilha interpretada pelos seguintes atores:

WALTER BRENNANOld Man Clanton é o pai irascível e violento com os filhos que recebem chicotadas por qualquer erro que cometam. Walter Brennan é o mais premiado coadjuvante do cinema, tendo recebido três prêmios Oscar nos anos 1936, 1938 e 1940 respectivamente por “Meu Filho é Meu Rival”, “Romance do Sul” e “O Galante Aventureiro” (The Westerner). Neste último Brennan fez uma até hoje insuperável criação do Juiz Roy Bean. E por pouco o ator não leva para casa um quarto Oscar por sua participação em “Sargento York”, pelo qual foi também indicado ao prêmio. Walter Brennan ainda não havia sido dirigido por John Ford e após a experiência em “Paixão dos Fortes” declarou que jamais voltaria a trabalhar com Ford, o que realmente aconteceu. Se Brennan não se deu bem com Ford, o mesmo não aconteceu entre ele e Howard Hawks, com quem trabalhou em diversos filmes. Para os fãs de westerns o mais importante desses filmes foi “Onde Começa o Inferno” (Rio Bravo), em que Brennan interpretou de forma inesquecível o desdentado e aleijado Stumpy. Brennan protagonizou duas séries de TV: “The Real McCoys” (Vovô McCoy) e “The Guns of Will Sonnett” (Will Sonnett). Walter Brennan faleceu em 1974, aos 80 anos de idade.

GRANT WHITERSIke Clanton, o filho mais velho e no qual o pai mais confia. Alto (1,91m) e forte, este ator teve oportunidade de se tornar um grande astro, tendo inclusive se casado com uma das maiores estrelas dos anos 30 e 40, Loretta Young. O casamento durou apenas um ano e acabou sendo anulado pois Loretta tinha apenas 17 anos e não obteve a concordância de seus pais para o matrimônio. Entre as quatro esposas de Grant Whiters, a última delas foi a também atriz Estelita Rodriguez que atuou em diversos filmes de Roy Rogers e ainda em “Onde Começa o Inferno” (Rio Bravo). A carreira de Grant Whiters, iniciada no cinema mudo, foi muito prejudicada pelo vício do alcoolismo do ator. Mesmo assim Whiters atuou em aproximadamente 200 filmes, muitos deles como vilão em pequenos westerns. Ele é lembrado pelos cinéfilos mais antigos pelos heróis que viveu nos seriados “Guerreiros da Marinha” (1935), “Jim das Selvas” (1936) e “Radio Patrol” (1937). Grant Whiters voltou a trabalhar com John Ford em “Rio Bravo” (Rio Grande) e em “O Sol Brilha na Imensidão”. Grant cometeu suicídio em 1959, quando estava com 55 anos de idade.

JOHN IRELAND – O mulherengo Billy Clanton passa uma noite com Chihuahua (Linda Darnell) e esse encontro resulta que Wyatt Earp descobre o assassino de seu irmão James. John Ireland iniciou a carreira de ator na Broadway, em Nova York. Em 1945 estreou no cinema no filme de guerra “Um Passeio ao Sol”. Em 1946 fez seu primeiro western que foi exatamente “Paixão dos Fortes”. Em 1948 John Ireland se defrontou com John Wayne no clássico “Rio Vermelho”, de Howard Hawks, filme em que conheceu Joanne Dru, com quem se casou. Ireland foi Bob Ford, o assassino de Jesse James em “Eu Matei Jesse James”, de Samuel Fuller. Em 1950 atuou em “A Grande Ilusão”, interpretação que lhe valeu uma indicação para o Oscar. Na década de 50 John Ireland era presença constante em faroestes, sendo os mais importantes “A Volta de Jesse James” em protagoniza Jesse James; “O Último Caudilho” onde foi William Quantrill; “A Lei dos Brutos”, de Roger Corman. Ireland voltou ao tema ‘OK Corral’ em 1957 em “Sem Lei e Sem Alma”, interpretando Johnny Ringo. Ireland fechou a década como o gladiador Crixus em “Spartacus”. Atuou também no épico “A Queda do Império Romano”. Já com a carreira em declínio Ireland apareceu em diversos spaghetti-westerns. Em 1975 esteve ao lado de Robert Mitchum em “O Último dos Valentões”, remake do clássico “Farewell, my Lovely”. Quando John Ireland faleceu, em 1992, aos 78 anos, continuava em plena atividade participando de séries na TV.

FRED LIBBY – Phin Clanton dá a impresão de ser o mais sádico dos filhos do Old Man Clanton, mas não tem oportunidade no filme de exercitar totalmente seu lado cruel. Ator pouco conhecido, Fred Libby teve várias oportunidades para que sua carreira deslanchasse, mas infelizmente nunca conseguiu se sobressair como ator. Nascido em Hopedale, Massachusets, Fred Libby estreou no cinema dirigido por John Ford em “Paixão dos Fortes”. Seu próximo filme foi “Caravana de Bravos” (Wagon Master), o magnífico e pouco conhecido western de Ford sem atores do primeiro time de Hollywood (os astros mais conhecidos eram os coadjuvantes Ben Johnson, Ward Bond e Harry Carey Jr.). Fred Libby atuou em muitos outros filmes de John Ford como “O Céu Mandou Alguém”, “Legião Invencível”, “O Preço da Glória” e “Audazes e Malditos”. Atuou com John Wayne em “No Rastro do Bruxa Vermelha” e “O Lutador de Kentucky”. Com mais de 1,90 de altura, Fred Libby era sempre chamado para fazer figurações como guerreiro, guarda ou detetive, raramente conseguindo ter seu nome nos créditos. Sua última participação no cinema foi como um repórter em “O Homem de Alcatraz”, estrelado por Burt Lancaster, também sem receber crédito. Libby faleceu em 1987, aos 82 anos.

MICKEY SIMPSON – Quase sempre atrás dos outros irmãos, o grandalhão Sam, teve pouca oportunidade de aparecer e mostrar sua força em “Paixão dos Fortes”. Charles Henry Simpson nasceu em Rochester, no Estado de Nova York, filho de pais irlandeses e com o nome de Charles Henry Simpson. Aos 20 anos media 1,98 e muito forte lutou boxe antes de ser motorista de Claudette Colbert. Daí até atuar em filmes foi um pequeno passo. Com o nome de Mickey Simpson fez uma ponta em “No Tempo das Diligências” (Stagecoach), atuou em “Sangue de Heróis” (Fort Apache) em “Legião Invencível” (She Wore a Yellow Ribbon) e em “Caravana de Bravos” (Wagon Master), todos dirigidos pelo Mestre John Ford. Mickey Simpson travou uma violenta e memorável luta com Rock Hudson na famosa cena de racismo em uma lanchonete no final de “Assim Caminha a Humanidade” quando Hudson e Liz Taylor estão com os cabelos grisalhos. Simpson participou dos westerns “Sem Lei e Sem Alma” (Gunfight at the OK Corral), “Minha Vontade é Lei” (Warlock) e “Rio Conchos”. Mickey Simpson tinha uma certa semelhança com Johnny Weissmuller e atuou em “Tarzan e a Caçadora” estrelado por Weissmuller. O grandalhão Mickey Simpson faleceu aos 71 anos de idade em 1985.

Os Clantons de "My Darling Clementine": Walter Brennan, Grant Whiters,
Mickey Simpson, Fred Libby e John Ireland.


2 comentários:

  1. Interessante saber que o grande Brennan não se deu bem com Ford, apesar que, o difícil é saber se o insuportavelmente genioso e carrancudo diretos se deu bem com alguém um dia, pois sempre que vejo "Uma Cidade Contra o Xerife", tenho a impressão que Brennan está satirizando seu papel no filme de Ford, afinal o papel é muito parecido, claro, que numa pegada humorística, o que poderia ser uma "vingancinha" desse antológico ator. Abraço.
    Robson

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  2. Robson - Sua observação tem fundamento, mas os filhos de Brennan nesse filme não precisavam ser tão idiotizados rsrsrsrs. Lembro de Bruce Dern... Ford era triste mesmo... - Darci

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