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28 de novembro de 2013

O MISTÉRIO DO DESFILADEIRO (WILD HORSE STAMPEDE) - OS TRAIL BALZERS EM AÇÃO


Ídolos daqueles que foram crianças e adolescentes nos anos 30, Ken Maynard e Hoot Gibson cederam espaço na década de 40 para novos mocinhos que se firmavam na preferência da garotada. Entre os novos estavam Roy Rogers, Allan ‘Rocky’ Lane, Charles Starrett, Bill Elliott e outros do cast da Republic Pictures, todos mais jovens e mais magros que Maynard e Gibson. Mesmo estando os dois com muitos quilos a mais, a Monogram Pictures, rival da Republic tentou em 1943 uma série com a dupla de veteranos formando o ‘Trail Blazers’, trio que ajudava a manter a lei e a ordem no Velho Oeste. O terceiro nome do ‘Trail Blazers’ era Bob Baker. A primeira formação do ‘Trail Blazers’, reunida no faroeste “O Mistério do Desfiladeiro” (Wild Horse Stampede), teve Maynard e Gibson acompanhados por Bob Baker, que após esse primeiro filme foi substituído por Bob Steele. O ‘Trail Blazers’ cavalgaria ainda por mais cinco aventuras até se desfazer indicando os finais das carreiras de Ken Maynard e de Hoot Gibson como mocinhos. Bob Baker, que foi lançado como cowboy-cantor em 1937 e embora muito mais novo que Maynard e Gibson, daria adeus com “O Mistério do Desfiladeiro” à sua promissora carreira de mocinho.


Si Jenks ensina o 'flip-a-do-me' ao
delegado Bob Baker.
Si Jenks, instrutor de defesa pessoal - “O Mistério do Desfiladeiro” é exemplar ao mostrar como funcionava a parceria entre Ken Maynard e Hoot Gibson. Lembrando por vezes parcerias entre duplas cômicas, Gibson era o responsável pelas situações engraçadas, sempre sob o olhar sisudo, mau humorado e desconfiado de Ken Maynard, este sem nenhum talento para a comédia. Rico em situações engraçadas, este faroeste conta com a participação eficiente de Si Jenks, não como sidekick, mas responsável por momentos hilariantes. É Si Jenks quem ensina ao jovem delegado Bob Baker noções de defesa pessoal com o método ‘flip-a-do-me’. Após aprender as lições, Bob Baker vence o bandido Glenn Strange que é muito mais alto e mais forte que ele. Bob Baker não canta nenhuma canção, o que é uma pena pois seria uma boa oportunidade para ver se o simpático ator poderia concorrer com Roy Rogers e Gene Autry. Para enfrentar os mocinhos foi reunido um bando sob a liderança de Ian Keith, bando que tinha, entre outros, os capangas Tom London e Glenn Strange. Ao lado dos malfeitores o atrapalhado Robert McKenzie, mais para sidekick que para fora-da-lei. A mocinha Betty Miles mostra que sabia montar e também atirar, acompanhada pelo menino Don Stewart que montando seu pônei fazia inveja aos pequenos espectadores do filme.

Hoot Gibson e Ken Maynard autorizados
pelo delegado Bob Baker.
O esperto Hoot e o sisudo Maynard - Escrito por uma mulher (Frances Kavanaugh) e roteirizado por outra (Elizabeth Beecher), a trama de “O Mistério do Desfiladeiro” é um tanto diferente do lugar comum dos faroestes ‘B’ produzidos em série pois mostra os bandidos arquitetando planos para impedir a expansão da ferrovia. Normalmente os homens maus compravam terras que se valorizariam com a chegada da estrada de ferro, mas o que eles pretendem em “O Mistério do Desfiladeiro” é manter a empresa de diligências que não teria mais clientes com a chegada dos cavalos de ferro. O delegado da cidade (Bob Baker) que é um rigoroso seguidor da legislação contida em seu livro de leis é incapaz de conter a ação dos malfeitores o que é conseguido com a chegada à cidade da dupla Ken Maynard e Hoot Gibson. Os dois desbaratam a quadrilha com uma série de truques quase todos eles saídos da cabeça de Hoot Gibson. Mais que a esperteza, destaca-se a comicidade na sequência em que Gibson se faz passar por vários bandidos ao mesmo tempo; e Ken Maynard ludibriando através de um blefe os homens maus na mesa de pôquer para descobrir cédulas de dinheiro marcado é igualmente uma jogada inteligente. O que não se entende é a implicância de Maynard para com Gibson mesmo este sendo comprovadamente mais esperto que o dono do cavalo branco Tarzan.

Cenas mescladas às cenas de arquivo.
A habilidade dos mocinhos e dos dublês - Bastante movimentado e com as cenas de ação tendo como stuntmen Ben Corbett e o excepcional Clyff Lyons, o ritmo de “O Mistério do Desfiladeiro” é incessante. As poucas pausas nas cenas de ação com perseguições e lutas no saloon ocorrem com a presença de Si Jenks, um precursor dos mascates no Oeste, vendendo livros, facas, gravatas e providenciais revólveres que salvam Hoot e Ken na hora certa. Mesmo fora de forma os dois veteranos atores tentam exibir suas habilidades ao montar, cavalgar e laçar. Há mesmo uma sequência num curral com Maynard, ao som de música circense, demonstrando a habilidade que o levou a ser uma das grandes atrações de circos que percorriam as cidades norte-americanas. No cinema dificilmente a garotada iria se preocupar em verificar se aqueles mocinhos que faziam proezas eletrizantes em seus cavalos e prostravam com seus punhos os bandidos eram mesmo Maynard e Gibson ou seus substitutos. A idade de ambos exigia que a Monogram escalasse os melhores dublês para substituí-los para aquelas cenas empolgantes. O diretor de “O Mistério do Desfiladeiro” é Alan Jones e parte do mérito do filme deve ser creditado ao editor Frederick Bain que mesclou as muitas cenas de arquivo com outras em que se vê Maynard, Gibson e Betty Miles. Excelente faroeste ‘B’ produzido por um estúdio pobre e com elenco de veteranos, “O Mistério do Desfiladeiro” merece ter seus 59 minutos assistidos ao menos para se conhecer os mocinhos Ken Maynard e Hoot Gibson.

Todos no mesmo tiroteio: Hoot Gibson e Ken Maynard (acima); Bob Baker
e Betty Miles (centro); Tom London, Ian Keith e Glenn Strange (abaixo).

Trabalhos de Ben Corbett, dublando Ken Maynard.

Cliff Lyons substitui Ken Maynard na luta no saloon; note-se que o cartaz
é uma propaganda da cerveja 'Buffalo Beer'; ao lado acrobacia do dubleê.



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