|
A arte de José Bernardo começou devido à cadela 'Érica'. |
José Bernardo é um artesão
cujas mãos produzem magicamente objetos verdadeiramente artísticos, entre eles
seus famosos e disputados quepes e bonés. Pespontador de profissão, certo dia
Bernardo ganhou um presente de um sobrinho que viajara para os Estados Unidos.
Era um quepe militar daqueles que se via nos filmes sobre a Guerra de Secessão
norte-americana. Bernardo gostou do presente e até o usava enquanto pespontava
os cada vez mais raros sapatos que lhe eram encomendados. Bernardo possuía um
cachorro da raça Collie de nome Érica que, quando Bernardo se preparava para
sair, lhe trazia na boca o quepe. Tantas vezes isso aconteceu que o quepe foi
ficando manchado e mesmo machucado na aba pelos dentes de Érica. Foi então que
Bernardo decidiu fazer um quepe novo para substituir aquele made-in-USA que,
verdade seja dita, era de péssima qualidade. Confeccionar o novo quepe deu
bastante trabalho mas após montar, costurar, desmontar e descosturar três vezes
o projeto, surgiu o primeiro quepe produzido pelas hábeis mãos do veterano pespontador.
|
"Tempo de Glória", primeiro filme cujos quepes serviram de modelo para o designer José Bernardo. |
Redescobrindo
os faroestes – Coincidentemente, semanas depois a filha de José Bernardo
retirou numa locadora um filme muito elogiado pela crítica, chamado “Tempo de
Glória” (Glory), dirigido por Edward Zwick. Bernardo assistiu com especial
atenção ao filme que se desenrolava durante a Guerra de Secessão e pode
observar melhor os quepes usados pelos atores Denzel Washington, Morgan Freeman
e Matthew Broderick. Bernardo se animou, tirou uma cópia do pôster do estojo do
VHS com fotos dos atores e a partir desses modelos confeccionou mais três
quepes cada um mais perfeito que o anterior. O pespontador trabalhava (e ainda
trabalha), desde 1959, portanto há 53 anos, em sua oficina numa sala de um
antigo e bonito prédio tombado no centro de São Paulo. Na entrada do prédio
havia uma vitrine e nela alguns modelos de sapatos que Bernardo fabricava. Para
enfeitar a vitrina o artesão colocou os quepes ao lado dos sapatos. Foi o que
bastou pois para surpresa de Bernardo, logo ele teve que dedicar a maior parte
de seu tempo para atender a pedidos de novos quepes. Bernardo sentiu-se
obrigado a saber um pouco mais sobre a Civil War e passou a direcionar os
filmes que assistia para o gênero western, mais precisamente para aqueles que
falavam sobre a guerra fratricida de triste lembrança para os norte-americanos
mas que possibilitou a Hollywood produzir grandes filmes.
|
José Bernardo em frente ao prédio centenário, no centro de São Paulo, no qual mantém sua oficina há mais de 50 anos. Na foto Bernardo está ladeado pelo editor deste blog e pelo amigo Hélio Ferrari. Nesse edifício funcionou durante muitas
décadas a famosa Confeitaria Vienense frequentada pela elite da sociedade
paulistana. Hoje o Edifício da Paz, foi tombado pela Municipalidade. |
|
José Bernardo ao lado de Aulo 'Doc' Barretti. |
O
apelido de ‘Mestre’ – Orientado por clientes que gostavam
de cinema, Bernardo viu muitos filmes que não havia visto para melhor observar
os quepes. Reviu também filmes que havia assistido, como “A General” (de Buster
Keaton), “E o Vento Levou” e “O Intrépido General Custer” porque igualmente se
passavam durante a Guerra de Secessão. A década de 90 não era ainda um tempo em
que a Internet estava ao alcance de tantos brasileiros e com a parca literatura
que havia sobre o assunto, foi o cinema, através do VHS e mais tarde do DVD, que
ajudaram Bernardo. Os clientes lhe pediam para confeccionar não só quepes mas
também bonés dos mais variados tipos e pouco a pouco Bernardo passou a ser conhecido
e chamado pelos clientes e amigos como “Mestre”. E seu trabalho comprovava que
mais que um simples artesão ele era mesmo um artista, merecendo o epiteto de
“Mestre Bernardo”. Sem jamais ter se preocupado em contabilizar os números de seu
trabalho, Mestre Bernardo acredita que já confeccionou mais de mil quepes e
outro tanto entre bonés e gorros dos mais variados modelos. Mestre Bernardo já
foi entrevistado por inúmeros órgãos de imprensa, porém quem quiser conhecer um
pouco mais sobre seu trabalho pode visitar o blog
É importante lembrar que aos 81 anos de
idade e passando por um problema de artrite, José Bernardo não mais consegue
atender aos inúmeros pedidos para confeccionar novos quepes.
|
José Bernardo como sargento do Exército Confederado. |
Top-Ten dirigido – José Bernardo reconhece que não
é o que se costuma chamar de cinéfilo e até relutou para listar os dez westerns
que mais o impressionaram. Muito modesto, Bernardo diz que não assistiu a
tantos faroestes como seria necessário para ter seu nome ao lado dos profundos
conhecedores do gênero que já elaboraram seus Top-Tens especialmente para o WESTERNCINEMANIA. Mesmo assim, pela
importância de seu trabalho, é muito interessante conhecer a preferência de
Mestre Bernardo, a quem o leitor pode saber um pouco de sua infância lendo o ‘Cine
Saudade’ postado abaixo de seu Top-Ten Westerns que é o seguinte, listado
sem ordem de preferência:
No
Tempo das Diligências (Stagecoach), 1939 – John Ford
O Intrépido General Custer (They Died With Their Boots On), 1941 – Raoul Walsh
Sangue de Heróis (Fort Apache), 1948 – John Ford
Legião Invencível (She Wore a Yellow Ribbon), 1949 – John Ford
Matar ou Morrer (High Noon), 1952 – Fred Zinnemann
Tempo
de Glória (Glory), 1989 – Edward Zwick
Dança com Lobos (Dances with Wolves), 1990 – Kevin Kostner
Anjos
Assassinos (Gettysburg), 1993 – Ronald F. Maxwell
Soldados
Búfalos (Buffalo Soldiers), 1997 – Charles Haid
Deuses e Generais (Gods and Generals), 2003 – Ronald F. Maxwell
Como se pode observar, há na lista de José Bernardo
uma predominância de filmes sobre a Guerra de Secessão e sobre o exército
norte-americano nos tempos do Velho Oeste. Mas ao lado destes, no gosto do
Mestre há lugar também para alguns grandes clássicos do faroeste.
|
Jô Soares apresentando seu programa usando um quepe de José Bernardo; abaixo Chico Anísio que também usava um quepe confederado confeccionado por José Bernardo; Jô Soares entrevistando José Bernardo. |
Deuses e generais é um filme para ser descoberto pelos amantes do cinema western (apesar de não ser um western em sua total concepção). 219 minutos de uma saga muito bem narrada com o trio principal dando um show de interpretação. Esta produção de Ted Turner alcançou indices de audiencia elevados inclusive na sua reprise nos EUA. A forma que o filme é contado é bem didática e as cenas de combate mostram uma visão de guerra muito diferente nos filmes que versam sobre o assunto Guerra Norte/Sul. Vale um comentário e quem sabe um grande artigo do Darci. Pena que até hoje não consegui assistir Gettysburg. Não encontrei para gravar. Parabens ao cinefilo que lembrou um grande filme. Merece uma atenão especial e pretendo reve-lo amanhã. Pena que até agora (17:38) ninguem tenha feito comentários sobre a lista. Até de repente. Em tempo, só lamento a inclusão de Soldados Búfalos que achei muito fraco, mas gosto é uma coisa individual e devemos respeitar. Ainda bem que na lista não tem ERA UMA VEZ NO OESTE. O filme chato.
ResponderExcluirOntem antes do jogo do meu querido BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS revi OS COWBOYS. É lamentavel como a critica da época (inclusive o renomado Leonard Maltin) não aceitaram o filme. Aqui no RJ a critica da época achou um western simples e destacaram somente a atuação de Bruce Dern. OS COWBOYS sem ser um filme que está no meu TOP 10 é simplesmente admiravel. A forma covarde que matam o DUKE na minha opinião está nas melhores cenas de filmes western. Penso que Rydell deve ter pedido licança a Wayne para fazer esta cena. Admirável os garotos e o joven Carradine faz sua primeira aparição na tela. John Willians fez uma trilha de acordo com as passagens da musica tipica do velho oeste. Dos onze garotos contratados é dificil mencionar quem está mal. E o injustiçado Roscoe, sensacional. O artigo que Darci escreveu sobre este filme em 2011 sintetiza bem todo o filme. Ocupo este espaço escrevendo sobre este pequeno clássico, pois geralmente as pessoas não voltam e escrevem nos artigos antes publicados. Espero que os cinefilos que frequentam este blog se manifestem mais, pois atualmente estou lendo muito pouco sobre eles. Até derepente.
ResponderExcluirDarci, gostaria de saber a sua opinião e quem sabe escrever sobre um western moderno em preto e branco dirigido pelo tresloucado Jim Jarmusch camado DEAD MAN/HOMEM MORTO de 1995 estrelado por Johnny Depp, Lance Hericksen, Gabriel Byrne Alfred Molina e acho que o ultimo filme feito por Robert Mitchum. O que me intriga neste filme que toas as listas internacionais colocam ele entre os mekhores westerns de todos os tempos, inclusive o AMERICAN FILM. O filme é monotono e totalmente ao contrario da situação. O npersonagem de Depp chama-se William Blake como se ele fosse o grande escritor americano. A musica e de Neil Young. Não vou escrever muito sobre ele, mas gostaria da sua opinião. Todos os grandes livros americanos sobre filmes de western mencionam este filme. Vale uma assistida por todos e se você puder, de a sua. Obrigado.
ResponderExcluirOlá, Campos
ResponderExcluirGostei muito de Dead Man. Poucos filmes conseguem uma atmosfera tão angustiante como esse estranho western. Claro que o que mais contribuiu para isso foi a música de Neil Young, mas Johnny Depp como o desesperado homem marcado está incrível. E Bob Mitchum aterrador. Aquele quadro dele na parede não é fácil de esquecer. Pena que o maluco Jarmusch não repetiu a dose com outro western. É o tipo de filme que não agrada a todos os gostos mas eu gostei muito. Daí a considerar um dos melhores de todos os tempos também não... - Darci
Campos - O canal TCM exibiu recentemente Gettysburg. Brevemente farei uma resenha desse filme e do primeiro que foi Deuses e Generais mas que foi filmado posteriormente. Coisa que só Ted Turner pode explicar. E ele já declarou que o terceiro da trilogia não mais será filmado. Uma pena. - Darci
ResponderExcluirCompreensível que os filmes escolhidos pelo Mestre Bernardo sejam aqueles mais ligados ao seu ofício, e, não sei se por isso, mas sua lista se tornou uma das mais originais já publicadas pelo Westerncinemania. Quanto aos quepes e bonés do artista, dei uma olhada, e são, de fato, trabalhos de mestre.
ResponderExcluirE me metendo na conversa sem ser convidado, registro aqui também minha admiração por Dead Man, um filme diferente, cheio de simbolismo; mas realmente, Darci, pra figurar entre os genuínos clássicos fica meio complicado.
Abraço!
Vinícius Lemarc
Preciso do contato do sr.José Bernardo. Preciso de um quepe. Idoso doente. Grata
ResponderExcluirSr. José Bernardo É uma pessoa que você não vai esquecer nunca , um verdeiro cavalheiro, o quepe que você me deu guardo a sete chaves , não dou não empresto . Grande abraço Bernardo.
ResponderExcluirJoaquim
Boa noite amigo! Como faço para adquirir o boné, terceiro da esquerda para direita,azul com a bandeira USA. Muitíssimo obrigado.
ResponderExcluirMeu e-mail egasfiscal@hotmail.com
ResponderExcluirBoa noite amigo! Como faço para adquirir o boné, terceiro da esquerda para direita,azul com a bandeira USA. Muitíssimo obrigado.
ResponderExcluir