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18 de abril de 2011

JAMES STEWART- ANTHONY MANN - O FIM DE UMA PARCERIA E DE UMA AMIZADE


James Stewart foi um dos atores com que os diretores mais gostavam de trabalhar. Stewart atuou três vezes com Frank Capra: em “A Felicidade Não se Compra”, “A Mulher faz o Homem” e “Do Mundo Nada se Leva”. Com o Mestre do Suspense, Alfred Hitchcock, Jimmy atuou quatro vezes: “O Homem que Sabia Demais”, “Janela Indiscreta”, “Festim Diabólico” e “Um Corpo que Cai”. Com John Ford a parceria teve que esperar até os anos 60, quando se encontraram em “Terra Bruta”, depois em “O Homem que Matou o Facínora” e ainda em “Crepúsculo de Uma Raça”. Portanto Jimmy e Jack se reuniram três vezes, descontado “A Conquista do Oeste”, que teve três diretores e James Stewart não participou do episódio dirigido por Ford. Outra parceria de James Stewart, esta menos notável, foi com Andrew V. McLaglen, que resultou em quatro filmes, associação iniciada promissoramente com “Shenandoah” e seguida por “Raça Brava”, “O Preço de um Covarde” e finalizada com a comédia “O Olho da Justiça”. Porém, com todo o respeito a Ford, Hitchcock e a Capra, a mais celebrada parceria de James Stewart foi mesmo com Anthony Mann.

No final da década de 40 a carreira de James Stewart estava meio incerta e ele não era, naquele momento, nenhum campeão de bilheteria. Anthony Mann, por sua vez, já dirigia há mais de dez anos e até então não havia sido reconhecido como grande diretor. No ano de 1950, Mann, aos 44 anos e com fôlego de adolescente dirigiu nada menos que quatro filmes, três deles os westerns “Almas em Fúria”, “O Caminho do Diabo” e “Winchester 73”. E este último foi o que marcou o início da profícua parceria entre James Stewart-Anthony Mann. “Winchester 73” foi aclamado como um dos melhores westerns até então filmados, o que fez com que se reunissem em outros sete filmes, entre eles mais quatro grandes westerns: “E o Sangue Semeou a Terra”, “O Preço de Um Homem”, “Região do Ódio” e “Um Certo Capitão Lockhart”. Esses cinco faroestes são tão bons que é difícil dizer qual o melhor. Cada crítico tem pelo menos um deles na sua lista particular de melhores de todos os tempos, ainda que “Winchester 73” e “O Preço de um Homem” sejam normalmente os mais lembrados. Em todos esses filmes o diretor Anthony Mann deu às personagens vividas por James Stewart uma profunda complexidade psicológica como jamais o ator havia experimentado. Stewart se especializara nos papéis de modelo do bom homem norte-americano que geralmente interpretava. E a parceria Stewart-Mann parecia ter um longo futuro pela frente, até que... tudo na vida acaba, até mesmo algumas grandes amizades.

NA PASSAGEM DA NOITE O FIM DA PARCERIA

O próximo encontro de Anthony Mann com James Stewart, seria no western “A Passagem da Noite” (Night Passage). Jimmy estava no auge de sua popularidade como ator, tendo sido o astro campeão de bilheteria em 1955 e aparecendo todos os anos na lista dos top-ten. “A Passagem da Noite” tinha tudo para ser mais um grande sucesso pois o roteiro era do consagrado Borden Chase e o elenco contava, além de Stewart, com os nomes de Audie Murphy, Dan Duryea, Brandon De Wilde, Jay C. Flippen e os bandidos Robert J. Wilke e Jack Elam. Impossível não dar certo, pensavam todos. As filmagens foram iniciadas e logo Anthony Mann demonstrou claramente que não gostara da história. Com menos de dez dias de produção, Mann surpreendeu a todos se desligando do filme pois iria dirigir “O Homem dos Olhos Frios”, com roteiro de Dudley Nichols (roteirista de “No Tempo das Diligências”). James Stewart, que tinha interesse financeiro nos lucros de “A Passagem da Noite” ficou inconformado com a atitude do amigo Anthony Mann, sentindo-se traído por ele. Nem “A Passagem da Noite” e nem “O Homem dos Olhos Frios” resultaram em grandes westerns, mas o pior mesmo foi o rompimento da parceria Mann-Stewart que tantos bons filmes havia dado. Anthony Mann ainda viria a fazer um western memorável que foi “O Homem do Oeste”, em que o papel de Link Jones era talhado para James Stewart. No entanto Link Jones foi interpretado por um bastante envelhecido e já doente Gary Cooper, de quem Mann extraiu uma muito digna atuação em mais um grande western com a assinatura de Anthony Mann.

Depois desse episódio Anthony Mann passaria pelo dissabor de ser despedido por Kirk Douglas, quando dirigia “Spartacus”. Por incrível que possa parecer, Douglas alegou como razão para a dispensa de Mann a falta de competência daquele que foi um dos mais competentes diretores norte-americanos. Porém o conceito de Anthony Mann se manteve elevado, tanto que ele dirigiria outras superproduções como “Cimarron”, “El Cid” e “A Queda do Império Romano”. E voltaria a se encontrar com Kirk Douglas em “Os Heróis de Telemark”, penúltimo filme da carreira de Anthony Mann, que viria a falecer em 1967, aos 61 anos de idade, deixando um perfeito Royal Straight Flush de westerns em parceria com James Stewart.

Os amigos James Stewart e Anthony Mann durante as filmagens
de "Um Certo Capitão Lockhart" e "Região do Ódio".
Na segunda foto estão ao lado de Walter Brennan.

3 comentários:

  1. ERRATA; Por um erro de colocação ao imprimir o comentário acima no blog, solicito que o mesmo se torne inválido em função do mesmo ter sido impresso incompleto, ficando válido o comentário abaixo.

    James Stewart foi um homem abençoado. Com quase todos os diretores que trabalhou, jamais fez um filme apenas com o mesmo. Isto já ocorria desde os tempos de muito jovem, nas comédias deliciosas que fez, até quando Mann descobriu ser o magrão um bom ator no genero que dominava, que era o faroeste, ao filmar com o mesmo Winchester 73, em 50.
    E quase nao solta mais o Jimmy.
    Porém com o Jimmy tinha uma coisa sagrada; ele, simplesmente, era muito bom em tudo o que fazia, fosse em que genero fosse, fosse nas mãos de que diretor fosse, dessem a ele o papel que dessem. O homem nasceu para o cinema, no cinema ele viveu e no cinema fez o que de melhor qualquer outro ator fez.
    Criatura gentil, de comportamento morno e de uma educação extrema, além de companheiro inigualável nos arredores da vida em geral ou nos sets de filmagemns, Jimmy costumeiramente abocanhava amizades sobre amizades, dando de si o que lhe era possível na ajuda a seus companheiros de profissão, enquanto se aperfeiçoava cada vez mais na arte de atuar. Nunca se sentia um ator completo, precisando sempre de ver-se melhor em cada novo trabalho que fazia.
    Foram mais de 50 anos de legado que nos deixou em fitas memoráveis e inesquecíveis. Este mesmo tempo utilizou para contagiar a todos com sua simpatia e senso de coleguismo. Foram 50 anos de bom caratismo, de bom senso, de criterios apurados, de amor dedicado a todos de um modo geral. Enfim foram mais de 50 anos de uma dedicação incomum ao trabalho, aos seres humanos e à sétima arte, onde, irrepreensivelmente, trabalhou com todo amor, destilando o maior carinho e simpatia em cada passo que suas longas e magras pernas davam.
    Mann o apanhou e com ele fez aquelas belas fitas quase que artesanais. McLaglen quase não o solta para outro diretor ao trabalhar com ele, fazendo agradáveis fitas e me fazendo enxergar nesta dupla o filme O Preço de um Covarde como seu melhor serviço. O filho de Victor McLaglen, companheiro inseparável de John Ford, tendo participação ativamente em muitos de seus trabalhos, virou um fã aberto daquela bela criatura e ator.
    Ainda falando de O Preço de um Covarde, aquela cena em que Jimmy, depois de NAO conseguir enforcar a quadrilha de seu irmão, e ainda tomar uma porrada de um de seus membros na fuga, o banco que ele assalta ao sair da cidade é um momento mágico no cinema. Talvez não pela cena em si, mas pela atuação de Jimmy no assalto. Hilariante, bem feita e uma das mais deliciosas cenas do cinema. Acredito que somente um ator como ele conseguiria fazer aquela cena como ela foi confeccionada. Um achado de perfeição.
    Vem então o Ford, falo sem sequencias, ecredito, uns quatro filmes.
    O Jimmy era tão fantástico ator que até o Gene Kelly o dirigiu em Cheyenne, um filme muito gostoso de ver e onde Stewart dá um show. A coisa não parou aí, porque o perfeito Henry Koster o apanha para a deliciosa comédia Minha Querida Brigite, dando o Jimmy mais um show de interpretação. E para não ir mais longe, nosso adorado James Stewart trabalhou com os mais famosos diretores de Hollywood, como; Cecil B de Mille (O maior espetáculo da terra), com Delmer Davis em Região do Ódio, e quase mais que todos os grandes diretores do mundo do cinema.
    Mas, afinal; quem é resistível a confeccionar um bom filme? Que diretor é capaz de não desejar imprimir à sua obra uma qualidade excepcional? Quem não quer trabalhar com um ator do calibre do Stewart e que, como resultado final, iria ter um grande filme finalizado?
    Nenhum.
    Nenhum mesmo.
    Assim, louvores mil a este astro maravilhoso, dono do mais puro estigma do bem e sinalizador da perfeição na arte de atuar. Amemos o James Stewarte, porque não estaremos nunca amando alguém a quem não devessemos amar, principalmente dentro da setima arte.
    Falarei mais profundamente sobre o grande Anthony Mann em outro comentário neste mesmo tópico.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  2. Assisti a dezessete filmes dirigidos por Mann. Desses dezessete 10 deles foram faroestes, cinco deles com James Stewar e mais Borrasca e Musica e Lágrima com o mesmo ator.
    Como efeito, podemos ratificar a informação do editor acima, de que Mann gostava mesmo de trabalhar com o Jimmy, e o fez mais que os outros, que também seguiam esta linha.
    Mann era um mestre em conduzir historias de faroeste e sabia como por na gema do filme substancias que enchiam o grande publico de interesse.
    Concordo também com o editor que dos 5 faroestes que fizeram juntos fica difícil por um deles acima de outro, já que todos têm a mesma qualidade.Porém, ainda acho que o Mann se saiu um pouco melhor no seu, acredito, penultimo western, que foi O Homem do Oeste. E em discordancia com o nosso editor cito apenas que não sei se Jimmy no papel de Cooper, que ele, o editor, cita como doente e envelhecido e, no entanto, tem uma interpretação tão grandiosa de sua carreira, somente não acima de Kane de Matar ou Morrer.
    O Homem do Oeste é um faroeste tão fascinante que todos que nele trabalham têm seus papeis em relevo, até como o caso de Jack Lord, sem citar Cobb, Julie e Denner. Não acredito que esta fita sob o auspicio de um outro diretor senão Mann, e com o Cooper perfeitissimo, assim como todo o elenco, sairia algo com a perfeição que saiu. E note-se; uma fita com uma história simples e muito comum e que se transformou naquele beleza de faroeste.
    Porém o Mann era um mestre nesse gênero. Teve um ligeiro decrescimo de qualidade em O homem dos olhos frios e Cimarrom, este último por alguma coisa que fica difícil se explicar, já que a narrativa de Ferber é ótima, o elenco mais que perfeito e tudo o mais. Enfim...
    Mas nada disso tira o enorme valor deste mestre que, até o grandioso El Cid nos deu, oferecendo a Sophia Lorem uma de suas melhores presenças de sua carreira, independente de ser uma fita brilhante e de uma grandeza sem par.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  3. Jurandir, você tem razão. A interpretação de Gary Cooper é perfeita, mas alguma razão levou Anthony Mann a querer James Stewart em "O Homem do Oeste", mesmo depois do estremecimento ocorrido entre eles. O que vale é que o filme resultou num excelente westerns, um dos melhores de Anthony Mann e ninguém sentiu saudade de James Stewart...

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