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20 de julho de 2011

"BELA BANDIDA" (MONTANA BELLE) - JANE RUSSELL É UMA VOLÚVEL BELLE STARR


Jane Russell foi descoberta por Howard Hughes, com quem assinou um longo contrato de exclusividade. Em 1948 Hughes cedeu a atriz ao produtor Howard Welsch que produziu “Montana Belle”, ao custo final de 525 mil dólares. Welsch entregou o filme à Republic Pictures para que este estúdio o distribuísse, mas a Republic esqueceu “Montana Belle” nas prateleiras. Em 1952 o produtor Welsch conseguiu vender o filme para a RKO, então presidida por ninguém menos que Howard Hughes, pelo preço amigo de 875 mil dólares. Esse negócio deu a Welsch o lucro bastante interessante de 350 mil dólares, numa das transações mais estranhas da história de Hollywood e na qual o excêntrico milionário Hughes tinha que estar envolvido. Este western foi dirigido pelo veterano Allan Dwan, que dirigiu seu primeiro filme em 1911, quando o cinema ainda engatinhava. Orson Welles costumava brincar dizendo que Allan Dwan começara a dirigir quando foi inventada a luz elétrica... Dwan dirigiu um total de 405 filmes, entre eles o cultuado western “Homens Indomáveis” (Silver Lode), de 1954, com John Payne e Dan Duryea. Mas “Montana Belle” está longe de um dia virar um cult.

NENHUM COMPROMISSO COM A HISTÓRIA - Lançado no Brasil como “Bela Bandida” esse western transforma em obra de ficção a vida rocambolesca de Myra Maybelle Shirley, a lendária ‘Belle Starr’ (Jane Russell) que surge no filme sendo resgatada da prisão pelo bando dos Irmãos Dalton. No esconderijo do bando ela se enamora de Bob Dalton (Scott Brady) que se enfurece com as investidas de Mac (Forrest Tucker) sobre Belle Starr. Mac é membro do bando, assim como Ringo (Jack Lambert). Os dois querem abandonar a quadrilha comandada por Bob Dalton (Ray Teal) e convencem Belle Starr a primeiro assaltar o saloon The Bird Cage, de Tom Bradfield (George Brent) e mais tarde ludibriarem Bradfield. A quadrilha de Belle Starr torna-se então mais famosa que a dos Daltons. Belle Starr, Mac e Ringo empregam-se no The Bird Cage mas Bradfield não só reconhece Belle Starr mas também se apaixona por ela. Mesmo apaixonado Bradfield alia-se a um figurão da cidade chamado Matt Towner (John Litel) e juntos tramam uma cilada para capturar os dois bandos. anunciam que há um milhão de dólares no Territorial Bank. Os Daltons conseguem sequestrar Belle Starr e todos voltam a ser uma só quadrilha disposta a se apossar da pequena fortuna.  Quando Belle Starr, Mac e Bob Dalton estão dentro do estabelecimento são surpreendidos pela força policial da cidade. Belle Starr mesmo ferida consegue escapar com a ajuda de Mac e Bob, sendo resgatada por Tom Bradfield, enquanto Mac, Bob e Ringo são mortos. Seduzida pela possibilidade de uma vida honesta. a volúvel bandida parte com Bradfield mas acaba presa, disposta porém a cumprir pena e casar-se com Tom Bradfield. O enredo de Horace McCoy e Norman S. Hall está a milhas de distância da verdadeira história de Belle Starr, fazendo acreditar que Belle é uma bandida arrependida, como quando diz para Bob Dalton: "Eu fui casada com bandidos e eles sempre morrem." E para justificar sua guinada em direção à Lei, diz para Tom Bradfield: "Os bandidos um dia sairão de moda, por isso é preciso mudar."  O roteiro no entanto proporciona excelentes cenas de ação em que Allan Dwan é mestre, entre elas a luta entre Scott Brady e Forrest Tucker, a perseguição a Belle Starr e o assalto ao Territorial Bank. Isto já bastaria para tornar “Bela e Bandida” um movimentado western B, mas o filme tem muito mais bons momentos, entre eles as duas agradáveis canções interpretadas pela própria Jane Russell e um fantástico elenco de apoio.



ELENCO CONHECIDÍSSIMO - Qualquer western que traga em seu cast Jack Lambert, John Litel, Ray Teal,  Dick Elliott e Stanley Andrews, todos em bons papéis, torna-se imediatamente agradável. Dois destaques são: Andy Devine com engraçadíssima atuação não desgrudando da garrafa ou de um copo e esquecendo-se que existem portas, tentando a todo momento passar seu corpanzil pelas pequenas janelas. E o outro destaque é Roy Barcroft como o ferreiro que orienta o trabalho dos bandidos. Entre os muitos rostos conhecidos que fazem figuração em “Bela Bandida” estão Hank Bell, George Chesebro, Iron Eyes Cody, Frank Ellis, Kenneth MacDonald, Dennis Moore, Rex Lease, Glenn Strange, Pierce Lyden, Frank Ellis e Greg Barton, todos com incontáveis participações nas séries de westerns da Republic Pictures e redondezas. Dos atores principais Scott Brady é o que brilha menos, com destaque maior para Forrest Tucker, vilão dos melhores. A escolha do irlandês George Brent foi equivocada pois ele não está à vontade como par romântico de Jane Russell. Brent foi veterano galã dos filmes de Bette Davis, sendo chamado para substituir Brian Donlevy que era o preferido para interpretar Tom Bradfield. Porém Brent está pesado e muito maduro para a exuberância de Jane Russell. A estrela do filme é Jane Russell, atriz que se sai razoavelmente bem apenas em comédias. Vê-la travestida como homem para cometer assaltos ou com uma extravagante peruca loura torna “Bela Bandida” um western ainda mais divertido. Jane também não foi a primeira escolha para interpretar Belle Starr, papel que estava reservado para Ann Sheridan, mas “Bela Bandida” acabou sendo um dos destaques da carreira da bonita Jane Russell. Produção bastante acima da média dos westerns de menor orçamento, “Bela Bandida” é daqueles faroestes que se assistido sem maiores preocupações com rigores históricos ou coerência das situações agrada o fã menos exigente que não quer sequer saber porque o filme chamou-se originalmente "Montana Belle" se não há nenhuma referência no filme a esse estado norte-americano...

Jane Russell em dois momentos como Belle Starr; acima com Scott Brady.

2 comentários:

  1. LOnge de chegar perto da história real Belle Starr, Hollywood caprichava nas ficções em que a história era com essa bandida, até as atrizes eram belíssimas.

    Eu também fiquei chocada quando li o artigo anterior, a mulher era ruim mesmo. Ser amante até do próprio filho e ainda maltratá-lo... A família que constituiu também ser de bandidos... Bem, história do Velho Oeste e surpreendentemente real.

    Já o cinema gostava de glamourizar as coisas, sem contar naquele famoso código que proibia cenas ousadas. Ficarei agora à espera do próximo post. Um otimo dia.

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  2. Não sei absolutamente nada sobre este filme, exceto o que acabo de ler. Mas, saber que Jane Russel estrela um filme, apenas isso me dá suficiente motivação para eu correr atrás da fita para vê-la.
    Assisti a poucos filmes com a atriz. Vi um onde ele e Mitchum fazem par, outro com ela sendo corista e o de Howard Hughes, O Proscrito.
    A respeito da historia que nossa amiga M cita sobre a verdadeira Belle Star, não consigo achar onde a mesma apanhou os dados que cita, já que li o trecho acima com toda a atenção e nada captei a respeito da vida real da bandida e sua familia.
    Quando a Scott Brady, o ator era mesmo meio sem sal. Não sei como conseguiu fazer tantos filmes. Já o Forrest Tucker era sim um excelente vilão e um bom ator. Esteve muito bem em Bandeirantes do Norte, ao lado de Tracy e em Virtude Selvagem, onde Peck é o ator principal.
    Construiu uma carreira longa e diversificada, alternando seus papéis entre estar contra ou ao lado da lei, sendo que a area de melhor participação em sua cinematografia foi sempre o faroeste.
    jurandir_lima@bol.com.br

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