Acima George Sherman; abaixo Lilian Gish e Audie Murphy em "O Passado Não Perdoa" |
O final da década de 50 foi um período bastante
agitado para Audie Murphy. Em 1959 ele iniciou a experiência de estrelar uma
série para a televisão, tentando concorrer com os bem sucedidos programas “Caravana”,
“Gunsmoke” e “Maverick”. Nesse mesmo ano, além de se dedicar à frustrada série intitulada
“Whispering Smith”, Audie atuou em dois longa-metragens: “O Passado Não Perdoa”
(The Unforgiven) e “Com o Dedo no Gatilho”. Trabalhar com John Huston proporcionou
a Audie Murphy aquela que é considerada sua melhor atuação no cinema, enquanto
no segundo filme desse ano ele foi dirigido por George Sherman. Veterano
especialista em westerns, tendo dirigido John Wayne quando este ainda era um
quase desconhecido cowboy, Sherman realizou um pequeno faroeste acima da média
entre os tantos estrelados pelo herói de guerra. “Com o Dedo no Gatilho” foi baseado
no livro “Outlaw Marshal”, de autoria de Roy Hogan e para produzir este western
a Universal Pictures despendeu 500 mil dólares, exatos 10% do que custou “O
Passado Não Perdoa”. Proporcionalmente o faroeste de Sherman foi mais lucrativo
que o de John Huston e também mais que a fracassada série de TV na qual Murphy
se aventurou.
Audie Murphy (acima) e Stephen McNally |
Um
xerife patife - Baseado no livro “Outlaw Marshal” de autoria de Roy
Hogan, “Com o Dedo no Gatilho” narra uma história interessante em que o homem
da lei age como bandido. Quando acampava em local ermo o negociante de cavalos Clay
Santell (Audie Murphy) é atacado por Travers (Jan Merlin), um assassino procurado
pela justiça. O rifle de Travers com a coronha em detalhes prateados fica em
poder de Santell que acaba sendo confundido com o assassino na pequena cidade
onde ele chega. Deckett (Stephen McNally) é o xerife local, reconhece que
Santell não é Travers mas alimenta o equívoco vendo na captura do inocente o
reconhecimento de sua eficiência. Santell escapa do xerife com a ajuda de Janet
(Felicia Farr), uma professora, e isso propicia a Deckett decretar a busca preferencialmente
morto de Santell. Janet morou em uma estação de diligências em local de difícil
acesso e, acreditando na inocência de Santell, ajuda-o na fuga do grupo
perseguidor. Quando são alcançados reaparece o verdadeiro Travers e o confronto
passa a ser entre este, o xerife e Santell, que acaba levando a melhor.
Audie Murphy e Felicia farr |
Heroi
pouco heroico - “Com o Dedo no Gatilho” poderia ser um western rotineiro,
típico filme para programa duplo, entre tantos que Audie Murphy filmou na Universal.
O interessante argumento, somado à competência de George Sherman ajudam a
diferenciá-lo, sem contar que há ainda a presença de um conhecido elenco de veteranos
coadjuvantes. O ponto que mais chama a atenção é que Murphy está distante da
figura heroica e imbatível de outros filmes. Já de início é derrubado com uma
formidável coronhada (que não lhe deixa nenhuma marca) e vê o estranho a quem
ajudou fugir levando seu cavalo. Na sequência a série de mal-entendidos o leva
a fugir incessantemente com o auxílio de uma mulher, caso contrário não
escaparia de seus perseguidores. Desarmado, quando afinal consegue uma arma esta
está descarregada e ele tem pela frente não mais o xerife malfeitor mas o próprio
assassino procurado pela Justiça. Apenas na sequência final em que Travers mata
o xerife Deckett é que Murphy tem oportunidade de se sair bem disparando e
liquidando o bandido. O grande feito de Sherman foi justamente conseguir manter
o ritmo do filme transformando o personagem de Audie Murphy em uma pessoa
comum, humana e nem sempre capaz dos esperados feitos em um filme de ação.
Allan 'Rocky' Lane; Lane com Stephen McNally |
A
presença de Rocky Lane - Os 82 minutos de “Com o Dedo no
Gatilho” não permitem maiores aprofundamentos aos personagens coadjuvantes e o
filme desperdiça a presença sempre marcante de Robert Middleton em uma
sequência que lembra “O Homem do Oeste) (Man of the West), o clássico de Anthony
Mann. Além de Middleton este faroeste traz em seu elenco, em rápidas aparições,
Bob Steele e Kermit Maynard; em papéis um pouco maiores o fordiano John Qualen
e o inesquecível Allan ‘Rocky’ Lane da memorável série de westerns-B da Republic
Pictures. Após o fim da referida série, 1m 1953, Allan Lane participou de
apenas três filmes sem muito destaque e neste foi o que pode ser visto mais
tempo na tela. O sempre correto Stephen McNally poderia dar uma dimensão maior
ao patife xerife que interpreta mas não se esforça muito para isso. O mesmo
ocorre com a linda Felicia Farr que dá a impressão de não estar à vontade em um
filme menor que seu talento. Audie Murphy dentro de suas limitações dramáticas
está muito bem como o perseguido pelo equívoco.
Felicia Farr e Robert Middleton |
Audie Murphy |
Declínio
de Audie Murphy - A virada da década representaria o
início do declínio de Audie Murphy, declínio que coincidiu com o do próprio
western feito em série estrelados por Randolph Scott (aposentou-se), Rory
Calhoun, George Montgomery e o mais representativo de todos que foi o próprio Audie.
Uma pena que passaram a rarear os faroestes produzidos para programas duplos
nos cinemas, dando lugar para a invasão do western-spaghetti que, pelo bem ou
pelo mal, supriu o gênero ao longo de outros dez anos.
����
ResponderExcluirMais uma excelente matéria e que venham mais.
ResponderExcluirNão entendo porque diminuíram sensivelmente as publicações......
ResponderExcluirAmigo Darci, pra mim, ao lado de Traição Cruel, Tambores da morte e Balas que não erram, este é um dos melhores westerns de Audie Murphy. Dali para frente, ele só fez mais um filme digno de nota, que foi Matar por dever, justamente, em 1960, quando pipocaram os spaguetti westerns, que acabaram por decretar o ocaso do western americano.
ResponderExcluirboanoite voce ven faroeste se vender qual o preço
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