UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

5 de agosto de 2012

WARD BOND, COADJUVANTE EXCEPCIONAL


Ele pode ter sido um homem com muitos defeitos, o que não o impediu de ser o melhor amigo de John Ford e de John Wayne. E isso não é pouco. Ator talentoso raramente reconhecido como excelente intérprete seja dramático ou cômico. Fazia parte do primeiríssimo time de coadjuvantes, daqueles que astros e estrelas não querem ter por perto pois terão inevitavelmente a cena roubada. Ward Bond foi o inconfundível tipo bruto com uma ponta de ternuira que permaneceu para sempre na memória dos verdadeiros cinéfilos.

Bond e Wayne numa cena de
"Em Continência", de 1929;
abaixo o atleta John Wayne.
INÍCIO COM O AMIGO JOHN WAYNE – Wardell Edwin Bond nasceu em Belkman, no Estado de Nebraska, em 9 de abril de 1903. Filho de um madeireiro, conseguiu chegar à Universidade do Sul da Califórnia. Lá conheceu um aluno chamado Marion Robert Morrison, com quem dividia quarto e como atletas do time de futebol americano enfrentavam parrudos adversários como eles. Marion que anos depois seria conhecido como John Wayne tinha 1,93 e Wardell, um pouco mais baixo, tinha 1,89, porém muito mais forte que o magrelo Marion. Para seu filme “Em Continência” (Salute), rodado em 1929, o diretor John Ford contratou o time de futebol da U.S.C. e num daqueles lampejos de genialidade tão constantes em sua vida, Ford deu especial destaque a dois dos atletas, justamente os colegas de quarto Wardell e Marion. A partir de então as carreiras de Wardell e Marion (John Wayne) estariam sempre ligadas de alguma forma à do famoso diretor. Em 1930 John Wayne seria elevado à condição de astro principal em “A Grande Jornada” (The Big Trail), dirigido por Raoul Walsh, western que tinha no elenco Ward Bond como coadjuvante, condição em que raras vezes no decorrer de uma brilhante carreira deixaria de estar.

Acima Ward Bond rendido por Buck
Jones em "Prêmio de Consolação";
abaixo os mocinhos Ken Maynard,
Johnny Mack Brown e Tim McCoy.
BEM EM QUALQUER LADO DA LEI – Estava na cara que o truculento Ward Bond jamais venceria como galã no cinema, mas como homem mau em faroestes, gângster ou detetive em policiais, tinha longo futuro. E coloque filmes e mais filmes nesse ‘longo futuro’. Depois de apanhar bastante nos anos 30 em faroestes de Buck Jones, George O’Brien, Ken Maynard, e Tim McCoy, Ward Bond passou a mostrar seu rosto feioso e corpanzil em filmes policiais. Nestes apanhou ou ajudou heróis como Johnny Mack Brown, Bruce Cabot, Warner Baxter, Franchot Tone, Paul Muni, nem sempre tão fortes como ele. Em “G-Men Contra o Império do Crime”, o G-Men era o baixinho James Cagney e Ward Bond mais uma vez bandido. Como agente da lei Bond se destacava como policial incorruptível. Nos anos 30 Ward Bond apareceu em quase 200 filmes, na maioria deles em papéis pequenos, mas sua sorte começaria a mudar na segunda metade daquela década.

Bond e Wayne em "Conflito". A mocinha
é Jean Rogers, futura Dale Arden.
TEMPOS MELHORES - Em 1935 Ward Bond casou-se pela primeira vez e a moça se chamava Doris Sellers. A amizade com John Wayne se estreitava cada vez mais pois os dois gostavam de beber o quanto aguentassem e tinham idéias políticas afinadas. Iniciava-se um dos tempos mais negros para a Humanidade, com regimes totalitários impondo-se em muitos países. Wayne e Bond entendiam que nada no mundo poderia ameaçar os decantados ideais de liberdade norte-americanos, ainda que a ótica deles tornasse essa visão política bastante discutível. Tanto Ward Bond quanto John Wayne procuravam se afirmar em suas carreiras no cinema, Bond com papéis mais importantes e Duke tentando fugir dos faroestes quase todos iguais que estrelava. Encontraram-se e se enfrentaram, em 1936, num ringue em “Conflito”, filme ‘B’ sobre boxe. A dura vida de coadjuvante fez com que Bond interpretasse um gladiador em “Os Últimos Dias de Pompéia” de 1935, com Preston Foster, e um guarda mogol em “As Aventuras de Marco Polo” de 1938, estrelado por Gary Cooper. John Wayne teria de esperar até 1939 para atuar novamente num grande filme que foi “No Tempo das Diligências”. Enquanto isso Ward Bond se tornava cada vez mais conhecido com sua presença mesmo pequena em sucessos como “Beco Sem Saída”, “Levada da Breca” e “Do Mundo Nada se Leva”.

Acima Humphrey Bogart e Ward Bond em "A Lei do Mais
Forte"; abaixo Bond com Olivia De Havilland, Clark
Gable e Leslie Howard em "E o Vento Levou".
FORD STOCK COMPANY - 1939 foi um ano de ouro para o cinema e também para Ward Bond que participou de “Uma Cidade que Surge” (Errol Flynn), “A Lei do Mais Forte” (James Cagney), “O Filho de Frankenstein” (Boris Karloff), “Confissões de um Espião Nazista” (Edward G. Robinson), “Aliança de Aço” (Barbara Stanwyck-Joel McCrea), “E o Vento Levou”, “A Lei da Fronteira” (Randolph Scott). Mais importantes que todos esses filmes foram “Ao Rufar dos Tambores” e “A Juventude de Lincoln”, estrelados por Henry Fonda e dirigidos por John Ford. A partir desses dois trabalhos Ward Bond incorporou-se à famosa Ford Stock Company, atuando em muitos filmes dirigidos pelo premiado diretor. Nos anos 40 Ward Bond foi dirigido por Ford em “As Vinhas da Ira”, “A Longa Viagem de Volta”, “Caminho Áspero”, “Fomos os Sacrificados”, “Paixão dos Fortes”, “O Fugitivo”, “Sangue de Heróis” e “O Céu Mandou Alguém”. John Ford daria a Ward Bond o papel principal na obra-prima “Caravana de Bravos”, consolidando a grande amizade.


George Sanders e Ward Bond em "Vieram Dinamitar a América";
abaixo Bond com Gene Tierney em "Caminho Áspero".

Acima Ward Bond e Errol Flynn; abaixo
"Relíquia Macabra", vendo-se Bogart,
Mary Astor, Peter Lorre e Ward Bond.
INCANSÁVEL COADJUVANTE – Diferentemente da quase totalidade dos artistas de cinema, Ward Bond nunca assinou aqueles famosos contratos de sete anos com os estúdios, o que permitiu que ele trabalhasse muito e para diferentes patrões. Graças à essa liberdade, nos anos 40 Bond era um coadjuvante dos mais requisitados tendo atuado também em “Kit Carson” (Jon Hall), “A Estrada de Santa Fé”, “Caravana do Ouro”, “O Ídolo do Público” (todos com Errol Flynn), “Sargento York” e “Os Inconquistáveis”  (Gary Cooper), “Relíquia Macabra” (Humphrey Bogart), “Adorável Inimiga” e “Dakota” (os dois com John Wayne), “Paixão Selvagem” (Dana Andrews), “A Felicidade Não se Compra” (James Stewart), “Joana D’Arc” (Ingrid Bergman), “O Amanhça que não Virá” (James Cagney). Em meio a tantos grandes filmes, Ward Bond atuou em pequenos westerns como “Armas Fumegantes”, com o cantor-band-leader Vaughn Monroe e “Tropel de Bárbaros”, com Bruce Cabot como Wild Bill Hickok. Curiosamente nesses dois faroestes Bond interpretou xerifes.


Duke e Bond em "Adorável Inimiga"; abaixo cena de "O Amanhã que não Virá",
vendo-se Ward Bond, Luther Adler, James Cagney, Barton MacLane,
Helena Carter e Steve Brodie.


Os radicais de direita Gary Cooper e
Ward Bond em "Sargento York".
O REACIONÁRIO WARD BOND - A partir de 1942, enquanto metade dos astros norte-americanos estava na II Guerra Mundial, Ward Bond e John Wayne permaneceram em Hollywood. Ward Bond bem que tentou se alistar mas os exames constataram sua epilepsia, o que apenas amigos como John Ford e John Wayne sabiam. John Ford, com quase 50 anos de idade foi para a Marinha e nunca perdoou o Duke por este não ter lutado, mas contemporizava com Ward Bond pois sabia de seu problema de saúde. Em 1943 Ward Bond interpretou o chefe do FBI em “Vieram Dinamitar a América”, desaparecido filme de espionagem estrelado por George Sanders. Viver na tela o chefe do Federal Bureau of Investigation deve ter dado grande prazer a Ward Bond e feito crescer as idéias reacionárias que compartilhava com John Wayne. Tanto isso é verdade que juntamente com outros conservadores de direita como Gary Cooper, Clark Gable, Adolphe Menjou, Cecil B. DeMille, Victor McLaglen, Ronald Reagan, Barbara Stanwyck, Ginger Rogers, Walt Disney, King Vidor e muitos outros, fundaram a famigerada MPA. Desse enorme grupo Ward Bond era o mais radical, agressivo e vociferador na exposição das intenções da MPA. Essa sigla identificava a associação chamada Motion Picture Alliance for the Preservation of American Ideals. E os ideais norte-americanos a serem preservados eram os mesmos que levaram o senador Joseph McCarthy a escrever a mais negra página da história de Hollywood com o expurgo profissional de tantos escritores e artistas suspeitos de divergir do idealismo político de Bond, Duke e companhia. Na fase mais aguda da ‘caça às bruxas’, Ward Bond era o presidente da MPA.

John Ford zombava de Ward Bond de todas as maneiras.
Aqui alguns desenhos que Ford fez com Bond como modelo.
WARD ‘BUNDÃO’ – O homem Ward Bond pode, com justiça, ser acusado de reacionário politicamente. Muitos não gostavam dele por ser egocêntrico, estúpido, arrogante, beberrão e o ator com a boca mais suja do cinema. Situação rotineira era Ward Bond num restaurante achar que a comida estava fria ou ruim e mandar o garçon enfiar a comida em local impronunciável. Havia ainda outro aspecto negativo na personalidade de Ward Bond que era impossível deixar de notar: ele era um bem acabado e não disfarçado puxa-saco de John Ford. O diretor gostava de contar piadas mas as estragava todas por não saber contá-las. Mas as constrangedoras piadas de Ford eram seguidas da mais sonora gargalhada vinda da garganta vigorosa de Ward Bond. Não por acaso, Bond e Duke eram os melhores amigos de John Ford que não perdia a ocasião para fazer chacotas com os dois. Ford tinha especial predileção em fazer zombarias com o volumo traseiro de Bond e devido a isso Ford o chamava carinhosa ou desprezivelmente como ‘Bundão’. Mesmo estando longe de ser um galã, Ward Bond se achava irresistível para as mulheres tentando conquistar quantas pudesse. Separou-se da primeira esposa em 1944 e só voltou a se casar em 1954, com Mary Louise May. Quando John Wayne casou-se pela segunda vez, o padrinho desse malfadado casamento foi Ward Bond.

Ward Bond, Victor McLaglen, John Wayne, Maureen
O'Hara e Barry Fitzgerald, elenco de "Depois do
Vendaval"; James Cagney, William Powell, Henry
Fonda, Bond e Jack Lemmon, elenco de
"Mister Roberts".
A ÚLTIMA DÉCADA – Depois da desastrosa ‘caça às bruxas’, Ward Bond ficou marcado em Hollywood e passou a ter dificuldades em encontrar trabalho numa Hollywood agora mais liberal, o que nunca havia acontecido antes. Mesmo assim Bond participou de um número razoável de filmes, muitos não-westerns como “Cinzas que não Queimam”, com Robert Ryan; “Águas Traiçoeiras”, com John Wayne; “Grito de Sangue”, com John Derek; “Sangue da Terra”, com Barbara Stanwyck, Gary Cooper e Anthony Quinn; “Bichinho de Estimação”, com Frances Dee; “A História de Bob Mathias” com o próprio atleta Mathias; “Pilastras do Céu”, com Jeff Chandler; “Bonequinha Chinesa”, com Victor Mature. Somam-se a esses os dirigidos por John Ford: “A Paixão de uma Vida”, com Tyrone Power; “Asas de Águia”, com John Wayne; “Mister Roberts”, com Henry Fonda. Porém nenhum desses filmes pode ser comparado à sublime obra-prima “Depois do Vendaval”, de John Ford com John Wayne e Maureen O’Hara, em que Bond teve papel destacado.

Acima Ward Bond em "Johnny Guitar",
com Mercedes McCambridge; abaixo
Bond em "Ódio Contra Ódio".
OS ÚLTIMOS WESTERNS - A figura de Ward Bond é mais associada ao faroeste e nos anos 50 ele atuou nos westerns “A Vingança de Jesse James”, com Wendell Corey; “Resistência Heróica”, com Gregory Peck; “Vivendo no Inferno” e “Johnny Guitar”, ambos com Sterling Hayden; “No Reino das Sombras”, com Barbara Stanwyck; “Caminhos Ásperos”, com John Wayne; “Um Homem Solitário”, de e com Ray Milland; “Código de Armas”, com Dale Robertson. Em “Valentão é Apelido”, com Bob Hope, Ward Bond interpretou o Major Seth Adams, personagem que criou na televisão. Assim como já havia ocorrido com “Johnny Guitar”, em 1957 Ward Bond aceitou atuar em “Ódio Contra Ódio”, filme de Joseph E. Lewis com nuances políticas que praticamente puniam o pensamento político de Bond. Um ano antes, em 1956, Ward Bond interpretou o Reverendo-Capitão Samuel Johnston Clayton em “Rastros de Ódio”, para muitos o melhor filme de John Ford e o melhor de todos os faroestes. Ward Bond tem nesse western uma de suas melhores atuações comprovando o excelente ator que nunca deixou de ser. Apropriadamente a carreira de Ward Bond no cinema se encerrou com sua pequena participação em outro grande western que foi “Onde Começa o Inferno”.

Ward Bond e Robert Horton, astros do
seriado "Caravana".
FINALMENTE ÍDOLO COM “CARAVANA” - A segunda metade da década de 50 mudou bastante a vida de Ward Bond. Sua saúde se agravou e além da epilepsia ele tinha pressão alta, o que o levou a tomar doses cavalares de anfetaminas, menores apenas que os muitos cigarros que fumava e álcool que ingeria. Eterno coadjuvante, Ward Bond viu surgir em 1957 a maior oportunidade de sua carreira, quando foi convidado a interpretar o Major Seth Adams no seriado de TV “Caravana” (Wagon Train). O sucesso da série transformou Ward Bond num dos artistas mais famosos e queridos da TV, tanto que sequer pode atender ao convite do amigo John Wayne para atuar em “O Álamo”. O épico de Duke foi filmado exatamente quando se iniciava a segunda temporada de “Caravana”, que era programa líder de audiência e Ward Bond era a figura principal da série, cuidando inclusive da produção da mesma. Tão bem sucedido era o programa que a presença de Ward Bond era requisitada em todo país para que se apresentasse em rodeios, sendo muito bem pago para isso. Em novembro de 1960 Ward Bond viajou para Dallas, no Texas, para uma dessas exibições onde seria também homenageado pelo time de futebol local, o Dallas Cowboy.

Duke, Ford e Bond, amigos de verdade.
A TRISTEZA DE DUKE E PAPPY - No dia 5 de novembro, Ward Bond estava no banheiro do quarto de um hotel em Dallas quando sofreu um fulminante ataque cardíaco. Sua esposa aflita não sabia o que fazer. John Ford filmava “Terra Bruta” em Brackettville, também no Texas e foi avisado da morte de Bond por Ken Curtis e Harry Carey Jr. John ficou calado por vários minutos e depois explodiu: “Son-of-a-bitch!”. Em seguida Ford falou: “Pobre Maisie. (esposa de Ward). Ela está sozinha em Dallas e precisa de nós”. Ford largou as filmagens de “Terra Bruta”, fretou um avião para Dallas e cuidou pessoalmente do traslado do corpo para Los Angeles. No funeral de Ward Bond estava presente boa parte da Ford Stock Company. The Sons of the Pioneers cantou um hino religioso, o mesmo fazendo Harry Carey Jr. e Ken Curtis. John Wayne com lágrimas nos olhos e a voz embargada fez o discurso de despedida do amigo. John Ford consternado permaneceu em respeitoso silêncio durante toda a cerimônia. Duke e Pappy perdiam o melhor amigo e o cinema deixou de contar com um excepcional ator coadjuvante.

Cena importante de "Rastros de Ódio". A expressão de reprovação de Ward Bond
só poderia ser conseguida por um grande ator como ele.

Virgil Earp (Tim Holt) morto para desespero de Morgan Earp (Ward Bond)
e de Wyatt Earp (Henry Fonda) na obra-prima "Paixão dos Fortes".
Parte do elenco sem grandes astros de "Caravana de Bravos": Hank Worden,
Ward Bond, James Arness, Charles Kemper (sentado), Fred Libby,
Mickey Simpson e Jane Darwell.

en Johnson e Ward Bond à frente da caravana no sublime "Caravana de Bravos".

Cena do baile de "Sangue de Heróis". À frente Shirley Temple, Ward Bond,
Irene Rich, Henry Fonda. Nas outras filas Anna Lee, Victor McLaglen,
George O'Brien, Jack Pennick e Mickey Simpson.

"Sangue de Heróis": Henry Fonda, John Wayne, George O'Brien e Ward Bond.

"Ao Rufar dos Tambores": Ward Bond, Francis Ford (de costas),
Claudette Colbert e Henry Fonda.

"Caminhos Ásperos" (Hondo): Lee Aaker, Geraldine Page, John Wayne
e Ward Bond.

"A Felicidade não se Compra": Ward Bond, James Stewart e Frank Faylen.

"Domínio de Bárbaros": Pedro Armendáriz, Henry Fonda e Ward Bond.

"Águas Traiçoeiras": Ward Bond, Philip Carey, Patricia Neal e John Wayne.


Ward Bond imitando o 'Pappy'.



6 comentários:

  1. Fiquei pasmo, Darci, não sabia que todos os citados eram reacionários, de direita... só conhecia a fama de Wayne.


    O Falcão Maltês

    ResponderExcluir
  2. Darci !! Muito boa a matéria sobre Ward Bond , ator que
    aprendemos a gostar, nos seus inúmeros filmes,quase sempre
    como coadjuvante. Como Borgnine,sempre era bom ver Bond atuando.
    Um abraço !!
    Lau Shane Mioli

    ResponderExcluir
  3. De uma forma geral eu prefiro esquecer os defeitos das pessoas, já que isto é uma coisa comum nos homens.
    Prefiro desnudar os atores na sua arte, ainda mais se o ator é um da magnitude do Bond, que realizou trabalhos que deixaram saudades.

    Já conhecia alguma coisa da vida deste astro.
    Mas, desconhecia que era epiléptico, que foi amigo do Duke desde muito jovens, que eram partidários de ideais politicos, que eram beberrões de marca maior, que era puxa sacos do Ford, que era emérito criado de casos, que era egocentrico e brigão, assim como, que ele e o Duke praticaram esportes juntos.

    Ótimo me cientificar de mais estes pontos de sua vida, da qual somente lamento sua ida aos 57, idade jovem para a atualidde, porém já bem madura para a época.

    Fiquei também espantado com a quantidade de filmes que fez. Se já na decada de 30 havia trabalhado, mesmo que em papéis menores, em cerca de 200 filmes, sua filmografia então deve ser uma das mais extensas do cinema.

    Outro ponto desta resenha que me havia postado surpresas foi ele ter feito 7 filmes em 39.
    No entanto, quando li que no ano seguinte, 1940, ele trabalhou em 15 filmes ou mais, isto realmente me fez observar que ele era muito mais do que imaginva pois, tantas requisições para trabalhos era uma prova de que era um ator muito perfeito e que desempenhava os mais diversos personagens muito a contento de todos, principalmente produtores e diretores.

    Com certeza, o fumo, o alcool, sua epilepsia e um geral desregramento da vida lhe antecipou o fim.

    E eu que achava que Wilson Grey, que li ter feito mais de 250 filmes, era um dos atores que mais filmes fez no cinema, agora percebo que o Bond caminhou muito longe deste, já que, se apenas na década de 30 fez uns 200, em mais quase vinte de trabalho deve ter ultrapassado esta marca muito fácil.

    Fez muitos trabalhos excelentes. Porem, para mim, aquele olhar que despejou sobre Ethan Edwards (Duke) em Rastros de Ódio, reprovando mudamente um beijo que dava na cunhada, e sua atuação firme e vigorosa em Johnny Guitar, são seus dois melhores momentos no cinema.
    jurandir_lima@bol.com.br

    ResponderExcluir
  4. Jurandir
    O grande Jorge Tyler Cavalcanti me ensinou a separar a obra do autor. O que Ward Bond foi ou fez perde importância diante de seus trabalhos como ator. E os que você lembrou estão mesmo entre os melhores.
    Darci

    ResponderExcluir
  5. Ward Bond sempre foi um dos meus atores favoritos mesmo trabalhando apenas como coadjuvante. Aliás, na lista de coadjuvantes maravilhosos ele não está sozinho, pois temos ou já tivemos pessoas do calibre de Ingrid Bergman (Assassinato no Expresso oriente), Woopy Goldberb (Ghost), Meryl Streep (Kramer vs Kramer), Robert De Niro (O Poderoso Chefão II), Jack Lemmon e muitos outros.

    Eu nunca gostei de pessoas egocêntricas, arrogantes e/ou ignorantes, mas também aprendi a separar a obra final do seu autor, pois sobre "ter defeitos", todos nós também temos os nossos. E, sempre quando eu via o nome de Ward Bond nos créditos de um filme, eu ficava apenas com este pensamento na minha mente: "Eu tenho que ver esse filme".

    No cinema, e como estou falando do estilo "FAROESTE" - coisa de macho, Ward Bond passava a imagem de um homem viril que resolvia seus próprios problemas e que também não tinha medo de ninguém - coisa que só víamos nos mocinhos (Audie Murphy e Randolph Scott). Neste estilo de filme a sua imagem não era de um "abobado" e nem atrapalhado, metido a "engraçadinho" ou cheio de dúvidas como às vezes o eram John Wayne, Montgomery Clift, Henry Fonda ou James Stewart - Sobre estes que eu citei, deixo claro que eles eram ÓTIMOS (meus favoritos também), mas devido ao motivo de serem protagonistas e também pela exigência do texto e do diretor, eles tinham que "regar" os filmes nos quais atuavam com alguma "gracinha" ou "neurose."
    Voltando a Ward Bond, eu também lamento que ele tenha partido com apenas 57 anos.

    É isso aí
    Abraços.

    ResponderExcluir
  6. Olá, Nilton
    Ideologia à parte, Ward Bond foi um dos melhores atores coadjuvantes de sua geração. E para sorte dos fãs de faroestes, este foi o gênero em que ele mais atuou.
    Abraços - Darci Fonseca

    ResponderExcluir