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11 de junho de 2011

O 'BORACHÓN' DEAN MARTIN EM "RIO BRAVO"



Nas filmagens de westerns era normal os atores irem ao guarda-roupa dos estúdios e escolherem as roupas que iriam usar no filme. Na produção de faroestes os figurinistas praticamente só trabalhavam nos trajes femininos. Nos guarda-roupas dos estúdios havia de tudo: chapéus, camisas, calças, coletes, paletós, botas, esporas, cinturões de todos os tipos, lenços, enfim qualquer coisa que um personagem do Velho Oeste precisasse usar. Claro que os figurantes recebiam algumas instruções do assistente de direção enquanto os astros do filme e os coadjuvantes principais já haviam lido os roteiros antes de começar as filmagens. Em “Onde Começa o Inferno” ocorreu uma situação bastante engraçada com Dean Martin. O ex-parceiro de Jerry Lewis já havia feito um western antes, uma comédia chamada “O Rei do Laço” (Pardners), um dos últimos filmes da dupla. Dean tentava recomeçar sua carreira como ator pois em Hollywood todos acreditavam que dali para frente, aquele canastrão sem Jerry a seu lado apenas sobreviveria como excelente cantor que era. Em “Deus Sabe Quanto Amei”, de 1958, Dean demonstrou que era muito melhor ator do que todos pensavam e passou o filme inteiro trajado com texana elegância e com um enorme chapéu de cowboy na cabeça.

Dean Martin, bom copo e bom ator
Em 1959 Dino iria participar de seu primeiro western de verdade e ao lado de John Wayne. O papel de Dean Martin era de um bêbado ajudante de sheriff a quem todos chamavam de ‘Borachón’. Dean apareceu para o primeiro dia de filmagens vestido com roupas muito parecidas com as que havia usado em “O Rei do Laço”, onde ele e Jerry interpretavam cowboys de butique. Howard Hawks olhou para John Wayne que estava bem de acordo como ‘John T. Chance’, inclusive usando o famoso cinto que ganhara de Hawks em "Rio Vermelho"; Walter Brennan entendia-se telepaticamente com Hawks e este sorriu satisfatoriamente quando viu Old Brennan vestido como ‘Stumpy’; Hawks examinou Ricky Nelson que estava ótimo como o jovem pistoleiro ‘Colorado Ryan’. E então o diretor olhou para o ‘Borachón’ Dude que parecia ter emprestado a camisa de Roy Rogers, Gene Autry ou Rex Allen. Hawks pacientemente falou para o ator: “Dino, neste filme você é um bêbado que mendiga por um trago. Um pária que procura um níquel na escarradeira. Gasta tudo que consegue em whiskey e todos debocham de você. Volte ao guarda-roupa do estúdio, procure as roupas mais surradas que você encontrar e então volte aqui.” Meia hora depois Dean Martin retornou com paletó e chapéu tão surrados e sujos que nem ninguém usaria. Só faltavam as moscas voando ao redor do ator. Hawks aprovou e disse que o que mais havia gostado era da camiseta velha de minerador que Dino colocou sob o paletó e que completou perfeitamente o ‘Borachón’ Dude. Assim vestido Dean Martin praticamente roubou o filme de John Wayne que era o astro principal. Quentin Tarantino gosta de dizer que quando arruma uma namorada, a primeira coisa que faz é assistir com ela “Onde Começa o Inferno”. Se a moça não gostar desse faroeste Tarantino diz que então não tem namoro. “Onde Começa o Inferno” é o que se pode chamar sem medo de obra-prima e Dino viria a fazer muitos outros westerns, nenhum deles, porém, tão divertido e perefeito quanto “Rio Bravo".

Um comentário:

  1. Não sei se foi o ultimo western de Brian Keith. Porém foi sim,o derradeiro de Martin o filme Os renegados.
    Um bom cantor, um excelente ator, que provou ao mundo que não era Jerry Lewis quem o carregava. Tão logo desfez a dupla de mais de 15 fitas, fez o bom Deus Sabe Qto Amei, um serviço coadjuvante, mas de relevo e louvado pelas criticas. Porém Martin se projetou melhor nos faroestes que fez, onde sempre aparece bem, principalmente em Rio Bravo, Os Filhos de Kate Eldler e O Preço de um Covarde, coincidentemente, dirigido por Mc Laglen, o mesmo que fez o ultimo western com o bom ator.
    Não digo que roubou a fita Rio Bravo de Duke, porém afirmo que ele ali foi fundamental. E até arrisco dizer que Hawks falou para si mesmo que jamais faria melhor escolha para o papel do alcoolatra Dino. Em O Preço de um Covarde, ao lado de Stewart, não meteu vergonha, tendo um desempenho perfeito. E em K Elder, novamente ao lado de Duke, teve sua vez de mostrar porque precisava se separar de J Lewis. Até Mitchum deve ter se sentido muito bem ao trabalhar com ele em Poker de Sangue, como Peppard em A noite dos Pistoleiros. Mas andou meio perdido nos 4 Herios do Texas e Os 3 Sargentos. Fazia parte da troupe de Sinatra. Não tinha nada a perder portanto, fazendo estas duas peliculas que somente se vê uma vez e se esquece.
    Um ator bom de drama, de faroestes,de comédias e enfim, não se descompletou ao se afastar de Lewis. Muito ao contrario; deu uma guinada em sua carreira com excelentes interpretações e nos dando muitos bons filmes.
    jurandir_lima@bol.com.br

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