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27 de março de 2011

O "BAIXINHO" CHARLES BRONSON

John Carradine e o "baixinho" Charles Bronson
em "Revolta em Boot Hill"
Atores de pequena estatura nunca se deram muito bem em Hollywood e as poucas exceções lembradas, como é o caso de James Cagney (1,66), Edward G. Robinson (1,65), Al Pacino e James Dean (1,70), servem para confirmar essa regra. Para atuar em faroestes as dificuldades eram ainda maiores pois além de socar os bandidos os cowboys tinham que montar em altos cavalos. Audie Murphy e Alan Ladd, ambos com 1,66, reconhecidos mocinhos da tela, nunca se deixaram intimidar e nem de utilizar os famosos truques cinematográficos. Em seus filmes, salvo engano, Murphy e Ladd nunca foram chamados de “Baixinhos”. A altura de Charles Bronson, de acordo com a fonte, varia de 1,73 até 1,80. No começo da carreira Charles era mais baixo, tendo feito papéis de índio usando mocassins que não comportavam as plataformas como as dos sapatos que Paul Kersey (seu personagem da série “Desejo de matar”) usava e que elevavam substancialmente sua estatura. Mas mesmo se considerarmos que Bronson media 1,73, não era propriamente baixo para os padrões do cinema nos anos 50. Surpreendentemente no western “Revolta em Boot Hill” (Showdown at Boot Hill), de 1957, Bronson é chamado o tempo todo de “baixinho”, “nanico” e outros nomes nada engrandecedores já que ele era o mocinho do filme em que quase todos em Boot Hill lhe são hostis. Dirigido por Gene Fowler Jr. este foi um dos primeiros filmes em que Charles Bronson, como o Deputy U.S. Marshal Luke Welsh, lidera o elenco, muito antes de se tornar o campeão de bilheteria que foi nos anos 70 e 80. “Revolta em Boot Hill” é um pequeno e interessante faroeste em branco e preto, com elenco onde o grande destaque é John Carradine interpretando Doc Weber, o médico, barbeiro e agente funerário da cidadezinha. Luke Welsh tem a missão de identificar um bandido que acabara de matar, só não contando que toda a população de Boot Hill iria se recusar a identificar o malfeitor, desaparecendo com qualquer prova de quem era ele. Com a forte personalidade que desenvolveu nos filmes, Bronson enfrenta toda a cidade e o fato de ser caracterizado como “baixinho”, em nada afeta sua valentia, valorizando bastante “Revolta em Boot Hill”. E toda a população daquela cidade com nome de cemitério, unida na tentativa de acobertar uma verdade constrangedora para eles próprios, rendem-se afinal ao homem que desprezivelmente trataram. Charles Bronson foi um dos nomes sondados por Sergio Leone para ser ‘The Strange’ em “Por um Punhado de Dólares”, papel que acabou ficando nas mãos de Clint Eastwood (1,88). Interpretando ‘Harmonica’ em “Era uma Vez no Oeste”, também de Leone, catapultou definitivamente Charles Bronson para o merecido estrelato, tão difícil para os baixinhos.

3 comentários:

  1. Segue sendo válido o dito;"de onde menos se espera, daí é que sai".
    Era este um ditado corriqueiro na linguagem de minha avó materna. Jovens, eu e meus irmãos, nunca demos muita importancia a este ou outros ditos seus.
    Porém, hoje vejo o quanto ele é verdadeiro. Já pude constatar isto em diversas ocasiões e a coisa volta agora a acontecer quando assisti ao filme do para mim desconhecido, Gene Fowler, Revolta em Boot Hill.
    Confesso que me dispus a assisti-lo porque sou fã de faroestes, mas não levava o filme muitos créditos em mim. E eis que o mesmo me surpreendeu.
    Trata-se de um faroeste B, bem amarradinho, com algumas boas interpretações (John Carradine está como sempre muito presente), um desenrolar cativante e que vai ganhando tensão à proporção que as coisas vão ganhando conhecimentos.
    Achei válido o tempo que fiquei diante da TV por mais de uma razão. Além de não conhecer o diretor Fowler, quase todo o elenco tb me é desconhecido. Porém todos fazem seus papéis muito bem, inclusive aquela senhora Bonaventura, dona de uma loja, que é de uma simpatia incomparável. Quando ela força Bronson, que apenas escorregava os olhos nas prateleiras da loja, a dizer o que desejava, fica limpido seu encanto pessoal. E ela segue remexendo aqui e ali até que ele diz o que deseja. E ela o atende. Na sua volta à loja ela, envolta em toda aquela simpatia e gentileza, lhe presenteia com uma camisola que ele deveria dar à moça que ela sabe o estar namorando.
    Gestos simples, porém de uma ternura incomum.
    Bronson, de quem nunca se deve esperar muito, desenvolve seu papel sem atropelos, marcando sua destreza com o revolver no duelo que trava no inicio do filme com o bandido que foi prender ou matar, já que era um caçador de recompensas, apesar de homem da lei. E é aí que a cidade inteira lhe volta as costa, negando para ele a identidade do bandido que matara, impedindo assim do mesmo aparesentar provas de seu trabalho e apanhar a tão sonhada recompensa.
    Um filme agradável e que se assiste de bom grado, já que é uma fita meio despretenciosa, porém realizada com um percebível carinho, que termina impondo à mesma uma realização com um aceite sem reclames demais.
    Acredito que, se melhor elaborado, se a cores e com um orçamento maior (deve ter tido um orçamento mísero), teria saído um filme mais bem acabado, menos escuro e com um pouco de mais requinte e primoramento. No entanto, ele fica, mesmo em sua simplicidade, alguma coisa de senso apreciável e até bem feito.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  2. Excelente Charles Bronson, inesquecível. Descanse em paz.

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  3. Baixinho para o padrão dos Western, pois a sua altura é o normal para a maioria dos homens. Mas realmente ninguém repara esse fato quando assiste uma obra como Era Uma Vez no Oeste:INESQUECÍVEL!

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