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4 de março de 2011

NICHOLAS RAY, O PACIENTE DIRETOR DE "JOHNNY GUITAR"

“Johnny Guitar” é um dos westerns considerados “melhor de todos os tempos” na enquete feita pela revista “Pardner”, em 1998 (vide blog Revista Pardner). Quando lançado, “Johnny Guitar” não chamou muito a atenção pois Nicholas Ray ainda não havia sido elevado à condição de “autor” pela crítica francesa e François Truffaut ainda não declarara que esse era seu western favorito. Pouco a pouco “Johnny Guitar” ganhou a condição de cult e posteriormente de clássico do gênero. Mas não foi fácil para Ray terminar as filmagens pois o ambiente no estúdio era o pior possível. Sterling Hayden chegou a declarar: “Não há dinheiro suficiente em Hollywood para eu atuar em outro filme com Joan Crawford. E olhe que eu gosto de dinheiro!” Mercedes McCambridge, por sua vez, afirmou: “Eu mantive minha boca fechada por 25 anos, mas agora que ela não está mais viva eu posso falar que Joan Crawford era um ovo podre. Sempre embriagada, mulher má e achando-se a 'abelha rainha'. Muita gente já falou mal dela mas ninguém passou o que eu passei com ela em “Johnny Guitar”. E o que Joan dizia para mim eu jamais vou poder repetir pois sou uma pessoa educada.” Joan Crawford, por sua vez sempre se referiu a Mercedes como uma fofoqueira que no set de filmagen jogava todos contra ela, Joan. Dizia que sequer podia ouvir a irritante voz de Mercedes. De fato Mercedes possuía uma voz rouquenha que acabou sendo usada no filme “O Exorcista” quando dublou a demoníaca voz da atriz Linda Blair. Outros artistas que atuaram em “Johnny Guitar” diziam que o ambiente nas filmagens era insuportável devido às desavenças entre as duas atrizes. Certo dia, após mais uma briga entre elas, Joan meio alterada pela bebida rasgou vários vestidos que Mercedes usava no filme. A guerra travada por Joan e Mercedes não é percebida no transcorrer do filme pois ambas são inimigas na história, disputam o mesmo homem e tratam-se com hostilidade o tempo todo, até se matarem, no final. Muitos analisam a relação de Vienna (Joan) com Emma (Mercedes) como sendo de amor e ódio. Ambas eram excelentes atrizes e receberam o prêmio Oscar por atuações em outros filmes. Se alguém chamar Nicholas Ray de gênio, não será sem razão pois mesmo com as duas explosivas atrizes ele realizou um grande filme.

6 comentários:

  1. Tenho muito pouco a comentar sobre este artigo. Entretanto sempre li sobre o comportamento explosivo e até insuportável de Joan Crawford. Acho até que este foi um dos dois ou tres filmes que vi com a mesma. Nunca me agradou fisionomicamente, embora não lhe arranque o mérito de uma boa atriz.
    Quanto a Sterling Hayden, sempre soube o dito cujo ser um boa vida e que trabalhava apenas porque precisava pagar suas contas. Mas era sim, um bom ator. Vi muitos bons filmes com o mesmo e era um de meus atores preferidos. Quanto a Mercedes o que sei dela é que era uma muito boa atriz (vide seu trabalho em Giant, onde faz a irmã de Rock Hudson). Agora, falar de Nicholas Ray é uma outra coisa. Este sim, temos muito para falar. E não apenas nós, comentaristas sem muita qualificação, mas muita gente de qualidade dentro do ramo, como Winderes, Trafford, comentaristas valorizados e de nome, e também eu, um grande apreciador de tudo o que fez. Quem vai negar que ele fez o melhor filme sobre Jesse James (Quem foi JJ?). Alguém vai desalhinhavar o valor de Sangue Sobre a Neve, No Silencio da Noite, A Bela do Bas Fond, com a belissima Cid Charisse? Quem vai negar a classe de um Johnny Guitar, de um Juventude Transviada ou mesmo de um 55 Dias em Pequim? E estamos quase esquecendo do fabuloso Rei dos Reis, aquela monumental obra sobre Cristo, onde o vidente Ray tinha certeza de que Jeffrey Hunter havia nascido para aquele papel, apesar das inúmeras oposições.O homem está entre os dez mais consagrados diretores de Hollywood, vejam bem, no meu ver. Querem tirar uma prova? Revejam seus filmes, mesmo antes de, como falou nosso Darci, antes de Trafford ou Winderes por seu conceito nas nuvens. Vejam e confirmem que enorme homem de direção era esta criatura.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  2. Darci
    acabei de conhecer o blog por intermédio de um amigo e parabenizo pelo belo trabalho que vem desenvolvendo em prol deste gênero cinematofráfico que tem um número sem fim de seguidores pelo mundo.
    Gostaria que conhecesse o meu blog que tem o mesmo seguimento (Europeu) com muita música e curiosidades sobre o assunto.
    www.bangbangitaliana.blogspot.com
    de.sanches@hotmail.com
    Edelzio Sanches

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  3. Olá, Edelzio
    Obrigado pelas palavras entusiasmadoras. Quero e muito conhecer seu blog para trocarmos algumas idéias sobre cinema.
    Um abraço do Darci

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  4. Bom Baiano Jurandir
    Às vezes é interessante imaginar como seria um filme com outro ator ou atriz. Já pensou em Barbara Stanwyck como Vienna?
    KH

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  5. Barbara como Viena seria somente lucro para todos como; paz para Sterling Hayden, menos dor de cabeça para Ray, menos intrigas com Mercedes, um set sem qualquer problemas e, principalmente, tenho certeza de que tudo seria muito melhor até a pelicula própria.
    A Barbara sempre fez muito bem seus papeis (não digo que a Joan não o fez), mas com o amor que a Barbara destinava aos seus personagens e à sua profissão, tenho certeza de que veriamos um Johnny Guitar muito, muito melhor.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  6. Jurandir
    Barbara era conhecida como "The Cattle Queen", que bem poderia ser traduzido por "A Rainha do Western". Todos que a conheceram ressaltaram o grande ser humano que ela era. - DF
    darci.fonseca@yahoo.com.br

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